GUARUJÁ E O VERANISMO ARISTOCRÁTICO
DALMO DUQUE
De todas as cidades veranistas da Baixada Santista, o Guarujá foi que mais tempo sustentou o status de balneário aristocrático. Sua origem politica, fruto de um empreendimento privado e de investimentos volumosos, atraiu a alta burguesia paulistana e interiorana, compondo um dos mais sofisticados balneários da América do Sul. As primeiras chácaras e chalés luxuosos e bucólicos logo foram sucedidos por mansões à beira mar, onde não era raro observar a presença de iates caríssimos nas baías e enseadas, aviões particulares aterrizando nas praias quase selvagens e também helicópteros com campos de pouso exclusivos nas propriedades..
Durante seis décadas o balneário não teve governo popular e era gerida por um condomínio oligárquico - as Prefeituras Sanitárias - que sustentavam os serviços públicos juntamente com suas propriedades locais.
Na medida que o veranismo se expande, Guarujá vai perdendo o seu aspecto exclusivista para atender as classes médias, sempre em busca de ascensão, seduzidas pelo luxo reinante no balneário. Como nas demais cidades praianas próximas, ocorre ali um acentuado processo de verticalização na orla e o desaparecimento gradual das antigas mansões, como já havia acontecido com os chalés de madeira do final do século XIX.
Outra mudança importante foi o crescimento gradual do complexo portuário de Santos, instalado na margem esquerda do canal - Bocaina e Vicente de Carvalho - que deu ao município um aspecto econômico totalmente diferente da sua vocação praiana turística e veranista e que atualmente já cogita sua emancipação política. Ali também funciona há décadas a Base Aérea de Santos, originalmente construída para defesa militar do porto e do complexo industrial de Cubatão.
O hábito de frequentar praias veio da Europa há mais de 100 anos, cujas estações quentes são verdadeiros refúgio dos invernos rigorosos. O mesmo acontece na América do Norte, quando os veranistas buscam em determinadas épocas do ano lugares quentes para repouso e extroversão.
O último grande impulso veranista na região aconteceu com a construção da terceira pista da rodovia dos Imigrantes, que já completou uma década. Uma quarta pista, formada só por túneis, já está nos planos da concessionária dessa auto-estrada, para uso exclusivo de automóveis de pequeno porte, liberando as demais para uso de cargas portuárias e industriais. Antes que cheguem os grandes aeroportos civis e de cargas, as rodovias ainda representam o grande fluxo de transporte de ligação entre o planalto e o litoral..
O veranismo continua sendo o costume de frequentar sazonalmente as praias litorâneas. Existem praias fluviais interioranas, porém as do litoral têm um atrativo especial, que é a imensidão e a diversidade dos oceanos, que absorvem os tons azulíneos do céu e também o verde intenso das matas próximas às orlas. Essa particularidade da estética geográfica praiana mexe com a imaginação e o temperamento humano, sempre estimulado pela visão lúdica do infinito e a necessidade social e psicológica de lazer o repouso próximo da natureza. O veranismo litorâneo preencheu essa lacuna da psiquê e sua atração natural pelo Nascente, assim como o sertão, no sentido oposto, preenche a atração pelo Poente. Tornou-se também um grande e próspero negócio turístico.
Essa foi a grande mudança de costumes que despertou os moradores das cidades brasileiras- pequenas, média e grandes- a cultivarem as praias e os balneários atlânticos. Isso aconteceu de maneira tímida já nos meados do século XIX e cresceu vertiginosamente no século seguinte, marcado por uma intensa mudança de hábitos e costumes.
A proximidade geográfica de algumas metrópoles com o litoral paulista, até então provinciano e bucólico, foi a grande causa da explosão veranista de massa, marcado pelos surtos imobiliários e também estimulada pelas facilidades de acesso por meio das ferrovias e rodovias. Futuramente esse acesso será certamente transformado pela facilidade do transporte aéreo.
Muitas cidades do litoral, que nasceram como pequenos núcleos de veraneio, se transformaram em cidades altamente populosas, de moradias fixas. Esse fenômeno foi bem rápido e mais perceptível no litoral paulista, sobretudo nas localidades mais próximas dos municípios da Grande São Paulo e que se transformaram em grandes consumidores de temporadas sazonais e também de fins-de-semana. Esse é o perfil da Baixada Santista e o Guarujá que, juntamente com Santos, São Vicente e Praia Grande, são peças-chaves dessa cada vez mais complexa conurbação.
Para melhor compreender as origens do Guarujá e como esse território foi se transformando geograficamente em função da diversidade de interesses e fatos decorrentes, é necessário pontuar suas quatro principais fases e características históricas:
Guarujá Natural, período pré-histórico, comum a todas as localidades da região.
Guarujá Colonial, parte das Capitania de São Vicente e São Paulo
Guarujá Imperial, território distrital de Santos, assim como Bertioga.
Guarujá Republicana, cidade emancipada.
Nenhum lugar cresce e se desenvolve sem que ocorra paralelamente a ampliação dos núcleos periféricos, onde habitam os que prestam serviços aos ocupantes mais abastados. Como aconteceu com São Vicente, cujos imóveis veranistas foram sendo gradualmente ocupados por moradores fixos, o Guarujá aos poucos vai se tornando uma cidade dormitório de trabalhadores da região. O mesmo vem acontecendo com Praia Grande. Paralelamente, desde os primeiro tempos da formação balneária, ocorreu gradualmente uma ocupação periférica formada por uma população de baixa renda sem nenhuma conformidade territorial atraída pela rápida transformação urbana não somente no Guarujá mas também em Santos e ao polo industrial de Cubatão. A proximidade periférica do Guarujá com Santos e a facilidade de acesso pelas balsas e pequenas embarcações na Ponta da Praia e no centro portuário de acelerou essa ocupação. Outro fator importante dessa ocupação periférica oposta à ocupação veranista foi desenvolvimento da margem esquerda do porto , da entrada do canal no Itapema até a antiga Bocaina, depois oficialmente denominada Vicente de Carvalho. Essa mudança de nome já foi uma afirmação politica santista para esvaziar a crescente ideia de emancipação daquele núcleo e que seria estendida à orla nos anos 1950.
Esse novo Guarujá, surgido nos pós-guerra, de pouco menos de três décadas, também teria seu período de declínio e transformação, com a migração das classes altas para regiões mais isoladas do litoral norte; ou então para outros países, considerados mais privativos e seguros. A Flórida foi um desses alvos do êxodo dessa elite.
EVOLUÇÃO E TRANFORMAÇÃO POLÍTICO-TERRITORIAL
Dinâmica dos territórios jurídicos nos três períodos políticos do Brasil. Dalmo Duque.
Desmembramentos históricos dos municípios da Baixada Santista a partir da Capitania de São Vicente. Fonte: CIDE-Central Integrada de Dados e Estatísticas do Município de Praia Grande com base no IGC e IBGE.
Praia do Pernambuco, anos 1950. CEDOM
Passeio das freiras veranistas em direção ao Edifício sobre as Ondas. CEDOM.
Marina do Guarujá. CEDOM
Praia da Enseada. Emerson Fittipaldi, Olivia Harrison e George Harrison no Guarujá, no verão de 1979, próximo da ocasião do GP Brasil de Fórmula 1 daquele ano. George Harrison faleceu em 2001.
Créditos: Fábio Brasil. Arquivo Histórico do Guarujá.
Foto de 1904 mostra como era a natureza praticamente intacta antes da urbanização do Centro Pitangueiras. Esse é o Morro do Pitiú e a passagem para a Pitangueiras/Astúrias. Na imagem, é possível ver a chegada das águas que vinham do pequeno córrego que existia onde hoje se encontra a avenida Leomil. Esta foto foi publicada na Revista Kósmos, na edição de Maio do quarto ano do século XX. O autor da fotografia foi J. Marques Pereira que fez outras imagens da baixada santista nesta viagem. Fonte: Novo Milênio.
Hóspedes do Grande Hotel la Plage nos anos 1930. Arquivo Histórico do Guarujá.
Estação de Trem da Praia das Pitangueiras. Chegada do trem a vapor na Estação Guarujá em 1916 e, ao lado esquerdo, o Grande Hotel de La Plage. Estação inaugurada em 1893, foi demolida em 1935 e ficava exatamente no encontro da Rua Petrópolis com o calçadão das Pitangueiras. O Hotel, em sua última versão, havia sido inaugurado em 1913, e foi demolido em 1962. Ficava entre as ruas Petrópolis e Cav. Nami Jafet. Arquivo Histórico do Guarujá.
Funcionários da Ferrovia Itapema-Pitangueiras nos anos 1930. Arquivo Histórico do Guarujá.
Edição do Estadão de 1924 propagando a mais nova atração balneária do Guarujá. Arquivo Histórico do Guarujá.
Bonde 5 atravessando a cidade. No rodapé pode-se ler, abreviada, "Estrada de Ferro Guarujá", uma das várias denominações aplicadas a essa via férrea. O bonde rebocava um carro de passageiros aberto, indicando ser época de grande afluxo de passageiros. Foto: acervo de Octávio Luís Bertacin, neto do engenheiro Ettore Bertacin (encarregado pela Casa Siemens de eletrificar a via), enviada a Antônio Gorni e disponibilizada no site Tramway do Guarujá. Novo Milênio.
Dois registros do Révellion 1919 no Grande Hotel et De La Plage. Primeira Grande festa dos novos proprietários da Cia. Guarujá, que mudara de acionistas no mês anterior. Era o fim do grupo estrangeiro capitaneado por Percival Farquhar e o início da administração do Comendador Puglisi. O nome Grande Hotel et De La Plage foi usado a partir de 1913, e durou até a década de 1920. Depois, funcionou como Grande Hotel Guarujá, até fevereiro de 1962, sua última temporada de verão, antes de ser demolido, a partir de março daquele ano. CEDOM. Fotos: Jorge Luiz e texto de Enrique Dias
Oswald de Andrade esposa, em Guarujá, na década de 1930. Um dos mais famosos modernistas da Semana de Arte Moderna de 1922, posando para uma fotografia na calçada do Jardim da Orla da Praia das Pitangueiras, ao lado de sua terceira esposa, a poetisa Julieta Bárbara Guerrini de Andrade, com quem ficou casado de 1936 a 1940. Fonte do texto: Enrique Dias e fotografia do Acervo do MIS.
Restaurante do Grande Hotel la Plage. Arquivo Histórico do Guarujá.
9 de julho de 1932. Foto do acervo da Família Miranda que estava em férias no Grand Hotel, na temporada de Inverno de 1932. Posando entre eles, o Inventor Alberto Santos Dumont, exatamente duas semanas antes de sua morte. Foto: Gilda Neves. Hóspede fixo do antigo Grande Hotel la Plage em 1932, o inventor e empresário Alberto Santos Dumont não resistiu á solidão e melancolia e cometeu suicídio por enforcamento no seu apartamento. Arquivo Histórico do Guarujá.
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PEQUENA HISTÓRIA DO GUARUJÁ
FRANCISCO MARTINS DOS SANTOS (1972)
Guarujá era habitado por índios desde dois mil anos antes de Cristo, conforme atestam estudos do historiador Paulo Duarte que, na década 50, pesquisou os sambaquis do “Mar-Casado”, na praia de Pernambuco e do “Buracão”, no canal de Bertioga.
Os nativos alimentavam-se basicamente de ostras e frutos do mar e chamavam a ilha, na época do descobrimento, de “Guahibê”, ou “Ilha do Sol”.
“A primeira notícia documental que se tem da ilha é de 1502, quando a Armada de André Gonçalves e Américo Vespúcio, a 22 de janeiro daquele ano, ancorou junto à sua costa ocidental (atualmente co-nhecida como “praia da Pouca Farinha”) fundando ao mesmo tempo o porto de São Vicente.
Assim, na primeira descrição de 1527, assinalava-se aquilo que seria o Porto das Naus, da futura Capitania de São Vicente, junto à costa remansosa da ilha de Guaibê e na segunda assinalava a Praia do Góis (a praia da Ilha do Sol) hoje parte do município de Guarujá, onde primeiro fundeou Martim Afonso.
Estevam da Costa, vindo em 1535, como reza aquela escri-tura é , assim, o primeiro povoador e agricultor português documentado da ilha de Guaibê ou Santo Amaro, embora o nobre Jorge Ferreira o precedesse de dois ou três anos, fixando-se no Itapema (atualmente Vicente de Carvalho) sem escritura ou Carta de Sesmaria , ali se instalando com plantações e criações. São esses homens, portanto, os fundadores da colonização portuguêsa da ilha de Santo Amaro, podendo qualquer deles ser apontado como primeiro povoador – Jorge Ferreira sem documentação conhecida, em 1532/33 e Estevam da Costa, em 1535/36, podendo-se afirmar, consequentemente, que a vida social e agrícola da Ilha do Sol teve início entre os anos de 1532 e 1536.
Estevam da Costa desapareceria do cenário vicentino ao fim de alguns anos. Jorge Ferreira permaneceria: seria Capitão-Mór, Governador das Capitanias de São Vicente e Santo Amaro de 1556 a 1557 pela primeira vez e de 1567 a 1569 , pela segunda, deixando vasta prole de seu casamento com uma filha de João Ramalho.
Em 1699, ao fim da primeira grande indústria que fora a dos engenhos de açúcar, teria início em Santo Amaro uma indústria também categorizada, a do óleo de baleia, instalada no extremo norte insular
No século XIX a ilha de Santo Amaro virou entreposto de escravos e, mesmo depois da proibição do tráfico, navios negreiros atracavam furtivamente na praia da Enseada, que até hoje conserva alguns dos barracões usados para abrigar os africanos. A praia do Tombo era usada para descartar escravos velhos ou doentes.
A praia e sítio do Perequê em meados do século XIX era talvez a maior e mais famosa propriedade agrícola de toda ilha, com enorme frente e fundos até o rio da Bertioga. Pertencia então a Valencio Augusto Teixeira Leomil, que, entre outros negócios, dedicava-se ao tráfico de escravos, chegando a ser processado, condenado e a fugir do Brasil por alguns anos para a prescrição da sentença. Esse Valencio Teixeira Leomil ficaria ligado à história do Guarujá moderno pelo seu tino comercial, pois pediria à Câmara de Santos, em 1890, a concessão por 70 anos para instalar uma linha de trens de ferro do estuário de Santos até o Guarujá e à praia do Perequê, sua antiga propriedade. Obtida a concessão, poucos meses depois já a venderia à Companhia Balneária da Ilha de Santo Amaro, da qual seria Diretor Fiscal nos próximos tempos e aí, já em nome desta Companhia, obteria ele duas grandes áreas de marinha, no estuário de Santos (entre os rios “do meio” e “Santo Amaro”) e, ao fim da “Praia do Guarujá, para utilização e instalações da nova empresa.
Dai se daria a aproximação com os fundadores da futura cidade de Guarujá, o Dr. Elias Chaves e seu primo, Dr. Elias Fausto Pacheco Jordão, que entre 1890 e 1892 era sócio-gerente da Companhia Prado Chaves, uma das maiores firmas de exportação de café na cidade de Santos, pertencente a Elias Chaves, que foi quem pediu a ele que planejasse a construção da cidade balneária. Elias Chaves, após contratar com Valêncio Teixeira Leomil a compra de sua concessão para estabelecimento de uma estrada de ferro na ilha de Santo Amaro, fundou a Companhia Balneária, na mesma ilha, tornando Elias Fausto seu presidente e dando a Valêncio a posição de Diretor Fiscal, organizando em seguida os planos maiores para instalação da Vila Balneária do Guarujá, sobre traçado de sua autoria.
A encomenda feita por Elias Fausto nos Estados Unidos (alguns afirmam ter sido no Canadá) consistia numa cidade completa, do melhor pinho da Geórgia (equivalente ao pinho de Riga), um hotel com 50 quartos e mais várias salas, como a de refeições, bar, leitura (living e sala de estar); e ainda uma igreja, um cassino e mais 46 casas de residência, ou grandes chalés americanos, tudo desmontável e de grande qualidade (os chalés, em boa parte, existiam até a década de 60 em excelente estado de conservação e habitabilidade).
Enquanto não chegava dos Estados Unidos a vultosa encomenda, tratou o Dr. Elias Fausto de providenciar a construção de uma pequena estrada de ferro, que a princípio ia até a chamada Balneária, junto ao rio do meio, no estuário de Santos (hoje Ferry-Boat e princípio da avenida Adhemar de Barros) e mais tarde até o Itapema, à nova estação dos trens e das barcas ali construída. Para maior conforto dos passageiros e visitantes, ele mandou vir também duas amplas barcas a que deu os nomes de “Cidade de Santos” e “Cidade de São Paulo”, que inicialmente partiriam do Valongo, junto à Estação de Estrada de Ferro (Santos-Jundiaí) e aportariam ao portão da Balneária.
A estação de chegada da pequena linha férrea permaneceu durante mais de trinta anos junto à antiga Praia de Laranjeiras (ou Pitangueiras) quase em frente ao Hotel, passando depois para a rua Mario Ribeiro.
A inauguração desse hotel e da cidade de Guarujá verificou-se no dia 2 de setembro de 1893, com grande solenidade, vindo de São Paulo para esse fim o Presidente do Estado, Dr. Bernardino de Campos e seu ajudante de ordens, Luiz Alves da Gama Bastos, o secretário do interior, Dr. Cesario Mota Jr, o Bispo Dom Joaquim Arcoverde, Elias Chaves, seu primo Dr. Elias Fausto, presidente da Companhia e o Dr. Vicente de Carvalho (que havia sido pouco antes Secretário do Interior). A chegada dos visitantes e convidados verificou-se às 11 horas e trinta e cinco (da manhã) entre a alegria, as saudações e os foguetes dos representantes locais e muitos populares, principalmente pescadores de todas as praias vizinhas.
Para a montagem e direção inicial do hotel viera da Argentina Monsieur D’Huíque, o qual, com a competência e a prática que lhe apregoavam , organizou todos os serviços satisfazendo de fato e encantando toda a aristocrática frequência do então denominado Grande Hotel de “La Plage”, com o conforto de uma grande hospedagem.
Pouco tempo, entretanto, durou o belo hotel de madeira. Violento incêndio o devorou certo dia e novo hotel de tijolos, pedra e cal foi levantado em seu lugar, o qual teria por gerente em seus primeiros tempos o ilustrado Dr. Eulálio da Costa Carvalho, homem de cultura, energia e tino administrativo, que nele se instalou com suas filhas, fazendo-o progredir e criar fama.
Vários gerentes de alto nível teve o estabelecimento hoteleiro, que era como que a alma da pequena cidade balneária e por vezes com função diretiva também na Companhia, principalmente após a morte do velho Valencio Teixeira Leomil, ocorrida em 1900, aos 82 anos de idade. Como João Constantino Janacópulos, o celebrizado cidadão greco-brasileiro. Entretanto, os mais famosos chefes do Grande Hotel foram sem dúvida Daniel Souquiéres, fundador da célebre “Rotisseria Sportman”, em Santos e Vicente Rossatti, arrendatário do célebre Trianon, na avenida Paulista e do Bar Municipal, ambos em São Paulo, figura co-nhecidíssima e popular, Mestre de hotelaria e grande organizador de banquetes festivos e oficiais.
O Hotel, diga-se de passagem, era o grande animador do Guarujá, hospedando grandes figuras nacionais e internacionais, no comércio, na indústria, na política, nas finanças e animando o cassino de jogo, que era a usina financeira de toda a empresa e se apresentava então magnífico, cheio de lustres de cristal, vitrôs e dourados, estofados de couro da Rússia e tapetes da Pérsia. E dessa altura, em que o Guarujá esplendia em belezas naturais, o afreguezamento e a presença constante de notáveis figuras da indústria paulista como o Conde Francisco Matarazzo e depois seu filho, Conde Chiquinho, o Cavaleiro Ugliengo, o Dr. Ricardo Severo, o comendador Nicola Puglisi, o Conde Crespi e tantos mais, que deram maior progresso ao Guarujá, chegando alguns, como o Comendador Puglisi, à direção da Companhia Guarujá e à construção dos primeiros palácios residenciais da estância.
As melhores famílias de Santos e São Paulo, entre 1920 e 1930, ocupavam a maioria dos chalés americanos e adquiriram terrenos no loteamento inicial e em outros que foram surgindo no corpo central da nova cidade, que já possuia um cinema, um pequeno parque zoológico no velho bosque junto ao morro, muitas charretes pelas praias e dois importantes recreios, o das pedras, onde está hoje o edifício Sobre as Ondas, e o das Astúrias, altos, pitorescos e famosos por suas peixadas.
Não são de esquecer, como figuras conhecidíssimas e progressistas do Guarujá dessa época intermediária, o velho José Maria Gonzalez (o Zé Maria) que funcionando em vários setores da Companhia, mas principalmente no Cassino e na movimentação da grande roleta, fora também o iniciador das construções no outro lado da vila, além da linha de ferro, onde mantinha um bar e mercearia e algumas casas, sendo uma aquela em que residia com sua numerosa família. Até o campo de futebol, movimentado pelos filhos (Guarujá Futebol Clube) parecia ser obra sua; o velho Souza, português, residente nas bases do Tegereba, estabelecido com bar e mercearia, senhor de algumas outras propriedades no local que tinha seu nome (Vila Souza) ; o coronel Maia Filho, conferente da Alfândega de Santos, dono de uma granja de leite (a “Leiteria Modelo) , em verdadeiro sítio comprado aos herdeiros da família Chaves; o velho Fairchild, americano de Santos que passa por ter sido o primeiro morador da nova vila; Juventino Malheiros, que mais tarde seria o primeiro prefeito da Estância e mais alguns vultos representativos da primeira e da segunda épocas da Vila de 1893.
A nova fase, definitiva, do Guarujá é recente e teve início com as primeiras graduações recebidas após sua elevação a Distrito de Paz, por lei de primeiro de março de 1923, abrangendo todo o território da ilha e, principalmente, com sua desagregação do município de Santos até constituir-se em cidade e município.
Em 30 de junho de 1926, a lei 21.84 assinada pelo Dr. Carlos de Campos, transformava o Guarujá em Prefeitura Sanitária, sendo seu primeiro prefeito Juventino Malheiros, que ali residia desde muitos anos, sucedido por outros ao correr dos anos. Em 1931, o coronel João Alberto Lins de Barros, interventor federal em São Paulo, aboliu a categoria pelo decreto número 4.844, de 21 de janeiro, integrando Guarujá novamente a Santos, até que três anos e meio depois, em meados de 1934, o Governador Armando Salles de Oliveira, pelo decreto 1.525 de 30 de junho de 1934, criou a Estância Balneária de Guarujá, nomeando como seu prefeito o Dr. Ciro de Mello Pupo. Vários prefeitos sanitários teve então o Guarujá, como o Dr. Artur Costa, o Dr. José Costa e Silva Sobrinho, o Dr. Alvaro Parente e outros, até 1947, quando a lei orgânica dos municípios, promulgada em 18 de setembro, passou Guarujá de prefeitura sanitária a município, sendo seu primeiro governo municipal eleito para o período de 1948 a 1951.
Estava chegada então a fase áurea do Guarujá, cuja alavanca principal seria, de fato, embora pouco percebida, a construção da Via Anchieta, que se completaria com a Via Anhanguera na ligação e na aproximação de todo o “interland” paulista ao litoral do Estado
A abertura da estrada de rodagem Guarujá- Bertioga, dobrando à esquerda na velha fazendinha do Perequê, de tanta tradição na ilha, junto ao velho solar e à antiquíssima Capela dos Escravos (modernamente da cantora Bidú Sayão, viúva de Walter Mocchi) atingindo o rio Bertioga e seguindo pela costa de dentro, através dos sítios de projeção no passado (Cachoeira, Ribeira, Jabaquara, Cortume, Ponte Grossa, São Pedro, Buracão, Pedrinha, J. Ferreira, Ponta Grossa, Laranjeiras e outros) até frontear a velha Bertioga, onde desde então passou a funcionar a balsa de travessia (ou Ferry-Boat) assim como a abertura de estradas melhores em todos os sentidos e direções, favoreceu a expansão turística e o aproveitamento total da Estância pela articulação num só corpo de todos os pontos magníficos, principalmente Iporanga de um lado, e praia do Bueno, Monduba e Guaiúba do outro.
Coincidiam os últimos fatos históricos de Guarujá com grande expansão litorânea do Estado, que atingiria Caraguatatuba, São Sebastião, Ilha Bela e Ubatuba, criando a necessidade de proteção aos pescadores, assustados pelo progresso e prejudicados por ele, afugentados de seus antigos lugares, vencidos pela valorização extrema e imprevista de suas terras, pelas técnicas mo-dernas de pesca e pelas grandes organizações pesqueiras, em sua maior parte.”
Trechos da publicação “Pequena História do Guarujá”, do Prof. Francisco Martim dos Santos”.
Novo Milênio.
1940. Chalé Nº 19. Foi demolido em 1980 juntamente com o seu vizinho Nº 20. Ficava na Rua Mario Ribeiro na esquina com a Rua Benjamin Constant. Foi construído em 1893. Seu último proprietário foi Nelson Mendes Caldeira. CEDOM.
Chalé da Villa Balneária, cuja primeira proprietária, foi dona Veridiana da Silva Prado. No início dos anos 1900, a propriedade foi comprada por J. H. Fairchild. Essa casa localizava-se na esquina da Petrópolis (Avenida Quatro) com Mário Ribeiro (Alameda Cunhambebe). Neste local, hoje, encontram-se além dos Edifícios Águas Lindas e Lia Prime, vários comércios como: Restaurante Pérola do Atlântico, Papelaria Kids Paper, Delicias Árabes, entre outros. Fonte: Texto de Enrique Dias.
Foto: Grupo Guarujá e suas Histórias.
Itapema antigo. Ano: 1947. Chalé na Rua Senador Salgado Filho, hoje seria aquela entrada que é depois do terminal dos ônibus. Vicente de Carvalho/Itapema. Fonte: Guarujá e suas Histórias
Ruínas de um chalé na praia do Saco do Major. CEDOM
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ANTÔNIO PRADO, UM DOS FUNDADORES DO BALNEÁRIO
Detalhe da primeira página do jornal santista A Tribuna em 24 de abril de 1929
Embora o sobrenome Prado esteja ligado diretamente à criação do balneário de Guarujá, e a personalidade tenha merecido destaque nacional nos tempos do Império e da República, não mereceu ainda sua lembrança para a denominação de uma via pública neste município (mas foi lembrado para uma rua em Santos).
O conselheiro Antônio da Silva Prado nasceu em São Paulo a 25 de fevereiro de 1840 e se formou pela Faculdade de Direito de São Paulo a 22 de novembro de 1861. Jornalista, foi proprietário do Correio Paulistano e - junto com Rodrigues Augusto da Silva - fundou o jornal O Paiz, no Rio de Janeiro. Conselheiro do Império, quando se tornou em 1885 ministro da Agricultura, assinou a lei que concedeu liberdade incondicional aos escravos maiores de 60 anos.
Foi deputado à Assembleia Provincial de S. Paulo, em 1865; deputado à Câmara dos Deputados em 1869, 1870, 1871 e 1874; presidente da Câmara Municipal de S. Paulo; senador em 1887 e 1888 e presidente da Assembleia Provincial de S. Paulo.
Proclamada a República, publicou manifesto de apoio ao Governo Provisório e exerceu durante 35 anos o cargo de presidente da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Foi fundador do Jóquei Clube, do Velódromo, do Automóvel Clube. Também foi prefeito de São Paulo nos períodos de 1889-1890 e 1901-1904, além de exercer a presidência do Banco do Estado de São Paulo. Foi diretor, ainda, do Banco do Comércio e Indústria.
Presidente da firma Prado, Chaves e Cia., de que participavam seu cunhado Elias Chaves, parentes e amigos - quase todos grandes produtores de café e empresários urbanos de sucesso -, o conselheiro Antonio Prado ajudou a constituir a Companhia Balneária da Ilha de Santo Amaro, que em 1892 decidiu organizar um conjunto turístico no local hoje ocupado pelo centro da cidade do Guarujá. Esta companhia ficou sob a presidência de Elias Fausto Pacheco Jordão, que era o gerente da firma Prado, Chaves e Cia. Todo em madeira importada (pinho da Geórgia), o conjunto incluiu um grande hotel, 46 casas residenciais, igreja, cassino, estação ferroviária e uma linha férrea ligando com o canal do porto de Santos) em frente ao terminal da S.P. Railway), que foi inaugurada em 2 de setembro de 1893. O hotel foi destruído por um incêndio em 1897. Em 1910, o conselheiro Antonio Prado vendeu o conjunto de Guarujá para um grupo econômico representado pelo grande aventureiro das finanças internacionais, Percival Farquhar (mais lembrado como o construtor da ferrovia Madeira-Mamoré).
Antônio Prado faleceu a 23 de abril de 1929, no Rio de Janeiro. No dia seguinte, em sua primeira página, o jornal santista A Tribuna destacou o fato:
FALECEU O CONSELHEIRO ANTÔNIO DA SILVA PRADO
As fases da agonia do venerando paulista - O seu passamento - Manifestações de pesar - Trasladação do corpo para São Paulo
Após muitos dias de longa e dolorosa agonia, faleceu o conselheiro Antonio Prado, que era a encarnação das tradições paulistas do Segundo Império, a figura mais representativa dos paulistas do Brasil monárquico.
A sua figura inconfundível projetou-se, desde os primeiros tempos de sua vida de homem formado, no cenário paulistano, já como simples advogado, já como político militante.
A família Silva Prado de há muito conserva, em S. Paulo, uma posição de merecido destaque, jamais excedido: em todos os departamentos da atividade paulista ela mantinha representantes que honravam a cultura e a operosidade peculiares aos paulistas.
Astípide de uma nova mocidade, então promissora de novos batalhadores em prol do nome de sua terra e de seu país, o conselheiro Antonio Prado se desdobrou numa plêiade de notabilidades no mundo das letras, da política e do jornalismo - Eduardo Prado, Caio Prado, Antonio Prado Junior, Martinho e Martinico Prado, e, mais longe, Armando Prado, que consolidaram o nome e a glória dessa privilegiada família, tão ligada a todas as fases modernas da história de S. Paulo.
No Gabinete Saraiva, Antonio Prado assinalou magnificamente a sua atuação em face do grave problema da Escravidão, o que é solene desmentido ao que se procura faze acreditar em contrário de sua sobranceria e desinteresse; na administração da Companhia Paulista de Vias Férreas de S. Paulo e na prefeitura de . Paulo, fez-se admirar o administrador emérito; e nas relações sociais, na família, o cavalheiro elegante e fino, o pai afetuoso e bom, que se constituiu paradigma na culta e inquieta capital paulista.
(...) no gabinete de 20 de agosto de 1885, que lhe confiou a pasta da Agricultura, em cuja função se tornou Conselheiro de Estado do Império. Seus serviços ao gabinete Saraiva contribuíram poderosamente para a votação da lei de 25 de setembro de 1885, que declarou livre o escravo que atingisse os 65 anos. Foi o primeiro passo para a abolição da escravatura que, perseverantemente, defendeu, pela imprensa de São Paulo e do Rio, coadjuvado por seu chefe de gabinete, o dr. F. L. Gusmão Lobo, figura por demais saliente na propaganda antiescravocrata no Brasil.
Em 1887, o dr. Antonio Prado foi eleito senador do Império (...)
Todos os filhos do conselheiro Antonio Prado estão no Rio e assistiram ao seu traspasse. São eles: Paulo, Antonio, Luis, Sylvio, Herminia e Nazareth. Todos eles, inclusive mesmo o prefeito, irão hoje, à noite, a São Paulo, acompanhando os sagrados despojos do seu pai. - H. R.
Um trem especial organizado pela Central do Brasil
RIO, 23 - A chefia do movimento da Central do Brasil mandou organizar, para hoje à noite, um trem especial, que deverá conduzir a família, amigos e admiradores do ilustre extinto.
Esse especial sairá momentos antes do Luxo Paulista. - H. R.
Comparecimento à estação Pedro II dos admiradores do extinto
RIO, 23 - Foram convidados todos os membros dos diretórios central e regionais da Seção Universitária e os filiados em geral do Partido Democrático, a comparecerem às 21 horas à estação D. Pedro II, de onde serão trasladados para S. Paulo, em trem especial, os despojos do conselheiro Antônio Prado. - H. R.
(...)
Novo Milênio.
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RESUMO HISTÓRICO E CRONOLÓGICO - PODER LEGISLATIVO
GUARUJÁ, A PÉROLA DO ATLÂNTICO
A ocupação da Ilha de Santo Amaro, onde está localizada Guarujá e Vicente de Carvalho, data de aproximadamente 3.900 anos atrás. Os primeiros habitantes foram os Homens dos Sambaquis, semi-nômades, que viviam da coleta de alimentos, de caça e principalmente dos produtos do mar. Não conheciam a agricultura. Os Sambaquis existentes na Ilha foram destruídos para a construção de estradas e construção civil, eram montes formados por acúmulos de conchas , provavelmente construídos para enterrar os mortos, ou para rituais religiosos ou rituais festivos.
Os índios Tupi originários da Ásia, cerca de 2000 anos atrás não moravam na Ilha, mas vinham aqui tomar banho de mar e apanhar sal. Moravam no Planalto, hoje São Paulo.
Os Tupi deram o nome: Ilha de Guaibê ou Guaru-ya. Guaibê significa lugar de carangueijo (Azevedo Marques) ou Cipó de Amarrar (Gaspar Soares de Souza), Guaru-ya significa Passagem Estreita (João Mendes de Almeida) ou Viveiro de Sapos ou Rãs (Frei Gaspar da Madre).
Os primeiros colonizadores portugueses ao chegarem a região trouxeram outra pronúncia ao nome Guaru-ya, que passou a ser Guarujá. José Adorno, ao construir uma capela em 1544 na região, em homenagem a Santo Amaro, deu o nome definitivo a Ilha que abrigava Guarujá.
Em 1893, Guarujá foi promovida a Vila Balneária de Guarujá. Para isso foram encomendados dos Estados Unidos um hotel, uma igreja, um cassino e 46 chalés residenciais desmontáveis. Além de receber serviços de água, esgoto e luz elétrica.
Em 30 de Junho de 1934 a cidade recebeu o título de Estância Balneária e em 1947 passou a ser considerada município devido ao seu crescimento contínuo.
Com uma natureza exuberante espalhada por 27 praias com belezas totalmente diferentes que atraiam os turistas para a região, Guarujá foi reconhecido internacionalmente, na década de 70, com o título de “Pérola do Atlântico”.
CRONOLOGIA HISTÓRICA DA ILHA DE SANTO AMARO
1502 - Expedição de Gaspar Lemos ou André Gonçalves, trazia Américo Vespúcio que avistara a Ilha Guarujá, indo em direção a Ilha Goiaó, atual São Vicente.
1532 - Expedição de Martin Afonso de Souza chega a São Vicente, juntamente com Pedro Lopes de Souza.
1540 - Fundação do primeiro povoado da Ilha de Santo Amaro (nome européio) por Estevam da Costa e Jorge Ferreira.
1545 - Instalação do primeiro engenho de cana-de-açúcar, construção da Capela de Nossa Senhora da Apresentação, e a construção da Capela Santo Amaro (dando nome definitivo a Ilha).
1552 - Braz Cubas substituiu um fortim de madeira erguido por Martin Afonso de Souza, em defesa contra os piratas, na entrada da Barra de Bertioga, pela Fortaleza de São Felipe.
1553 - Hans Staden, comandante do Forte São Felipe, naufraga e é capturado pelos índios Tamoios. Milagrosamente libertado retorna a Europa onde escreveu a obra "Duas viagens ao Brasil, 1547-1555".
1584 - Após a invasão do Pirata Inglês, Edward Fenton constrói-se a Fortaleza da Barra Grande.
1670 - Início da construção da Fortaleza do Itapema.
1699 - Fundação da primeira indústria da região, Armação das Baleias (1699-1830), no Canal de Bertioga.
1715 - Primeiro êxodo rural.
1765 - Primeiro Censo acusa 536 moradores.
1860 - A família Miguel Francisco Bueno Chaves adquire o Sitio da Glória.
1892 - A Companhia Prado Chaves adquire junto à Praia das Pitangueiras e parte do Sitio da Glória, extensa s áreas de terra. Começa a urbanização (Vila Balneária).
1893 - 4 de Setembro, inaugurada a Vila Balneária.
1897 - Incêndio destrói o Grande Hotel (reconstruído passou a chamar Grande Hotel La Plage).
1911 - Plantações de bananas, riquezas agrícolas da região.
1920 - Fase áurea do jogo e do turismo.
1923 - Criado o Distrito de Paz de Guarujá (a Ilha continuou um distrito de Santos até 1934).
1934 - Emancipação Administrativa em 30 de Junho (autonomia municipal).
1940 - Construção do Forte dos Andradas.
1948 - Instalada a Câmara Municipal de Guarujá.
1953 - Criado o Distrito de Vicente de Carvalho (antigo Itapema).
1962 - Criada a Comarca de Guarujá.
1965 - Instalado o Fórum da Cidade de Guarujá.
PODER LEGISLATIVO -1ª LEGISLATURA DA CIDADE
Data Inicial: 01/01/1948 - Data Final: 31/12/1951
Data Eleição: 01/01/1948
1ª Legislatura - 1948/1951: Abílio Franco, Agenor Lavoisier Assis, Américo Sega, Aurélio Sório, Celeste Stipanich, Francisco Arnaldo Gimenez , Hércules Archangelo Bertoldi, Jayme Daige Jayme Vasques, João de Souza, Jorge Moura, Leôncio Camargo Filho, Lidio Martins Corrêa, Manoel Martins, Mario da Silva, Paulo Paiva, Raphael Vitiello, Roberto Gelsomini.
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RESUMO HISTÓRICO E CRONOLÓGICO - PODER EXECUTIVO
A cidade de Guarujá, situada na Ilha de Santo Amaro, foi visitada pela primeira vez no dia 22 de Janeiro de 1502 pelos exploradores portugueses André Gonçalves, Américo Vespúcio e suas armadas. Mais precisamente, essa visita ocorreu na parte ocidental da ilha, conhecida atualmente como Praia Santa Cruz dos Navegantes.
Contudo, devido à topografia, hostilidade indígena e áreas pantanosas a cidade ficou por mais de 300 anos abandonada. Tendo apenas a extração de óleo de baleia, pesca e poucos engenhos de açúcar como atividade econômica.
Com o passar do tempo as pessoas que viviam dessa economia foram formando um pequeno povoado, sendo assim, por um decreto imperial de 1832, Guarujá passou a condição de Vila.
Em 1893, Guarujá foi promovida a Vila Balneária de Guarujá. Para isso foram encomendados dos Estados Unidos um hotel, uma igreja, um cassino e 46 chalés residenciais desmontáveis. Além de receber serviços de água, esgoto e luz elétrica.
Em 30 de Junho de 1934 a cidade recebeu o título de Estância Balneária e em 1947 passou a ser considerada município devido ao seu crescimento contínuo.
Com uma natureza exuberante espalhada por 27 praias com belezas totalmente diferentes que atraiam os turistas para a região, Guarujá foi reconhecido internacionalmente, na década de 70, com o título de “Pérola do Atlântico”.
Atualmente a cidade continua a ser referência nacional na qualidade de suas praias, o desenvolvimento econômico das últimas décadas trouxe grandes investimentos ao setor portuário, náutico, hoteleiro, empresarial, imobiliário e do comércio. Hoje Guarujá é o destino ideal para quem quer desfrutar das belezas naturais e garantir e um passeio com muita diversão e cultura.
ILHA DO ARVOREDO
A ilha do arvoredo está localizada em frente à praia de Pernambuco, a 1,6 km da costa. Com uma área de 36 mil metros quadrados, a ilha serve de palco para pesquisas ecológicas e científicas. Foi cedida em 1950 pelo Serviço de Patrimônio da União ao engenheiro mecânico Fernando Eduardo Lee para fins científicos. Após a morte do seu idealizador em 1994, a ilha passou a ser administrada pela Universidade de Ribeirão Preto que atualmente está à frente da direção da Fundação que leva o nome do engenheiro. A ilha é auto sustentável, com sistemas de captação de água potável, energia solar e eólica, o acesso à ilha é feito pelo mar e pela phoenix de concreto que está a mais de trinta metros de altura e serve como trava para o guindaste que iça os visitantes através de uma cesta. A visitação ao local é controlada pela fundação.
PAVILHÃO DA MARIA FUMAÇA
Para facilitar o acesso dos turistas à Estância Balneária de Guarujá, em 1892 foi iniciada a construção do Tramway do Guarujá. Sendo esta inaugurada em 2 de setembro de 1893. Os turistas que se destinavam ao Guarujá naquela época tomavam um pequeno vapor no porto de Santos, chamado Cidade de São Paulo, que atravessava o estuário até o Itapema. Lá havia uma estação onde os turistas pegavam a Maria Fumaça, trem a vapor que seguia até a frente do Grande Hotel, na praia das Pitangueiras. O trem do Guarujá incluía também um pequeno ramal entre o Guarujá e o atual bairro de Santa Rosa, em frente ao bairro da Ponta da Praia em Santos, com extensão aproximada de três quilômetros. No final da década de 1910 esse ramal foi desativado, sendo construída uma estrada de rodagem. Em 19 de Janeiro de 1918 é implantado um serviço de balsas entre a Ponta da Praia e Santa Rosa, viabilizando o tráfego direto de automóveis entre Santos e o Guarujá. Quase quarenta anos depois, é desativado o Tramway do Guarujá. O serviço de transporte sobre acabou em 13 de julho de 1956. A visitação é gratuita e o pavilhão está exposto no cruzamento da Avenida Puglise com a Avenida Leomil no centro da cidade.
ARMAÇÃO DAS BALEIAS
Localizada na margem do canal de Bertioga, a Armação das Baleias foi um importante marco econômico colonial nos séculos XVIII e XIX. Local que tinha como sua atividade a extração do óleo de baleia, destinado à iluminação pública e ao aproveitamento de seus derivados. Foi a primeira indústria extrativista que funcionou na Ilha de Santo Amaro. A indústria dos produtos de baleia foi uma das permitidas neste período, aqui no Brasil pelos portugueses. Havia uma sucursal da Armação das Baleias na Praia do Góes, hoje inexistente.
ERMIDA DO GUAIBÊ
A Capela do século XVI é encontrada na região próxima à armação das Baleias feita de pedra e óleo de baleia, atualmente em ruínas, é tida como capela quinhentista de Santo Antônio, construída por José Adorno, frequentada pelo Padre Anchieta que nela haveria rezado missas e catequizado índios. O cruzeiro de pedra do século XVI pertencente à Ermida, encontra-se no Museu Paulista (Museu do Ipiranga) na cidade de São Paulo.
SAMBAQUI
Guarujá abriga um dos sambaquis (aglomerados de conchas) mais antigos do país, segundo arqueólogos da USP – Universidade de São Paulo, estas estruturas foram construídas por civilizações pré-históricas há mais de 8 mil anos com intuito de ser um local sagrado e de rituais fúnebres. Foi batizado pelos estudiosos como Sambaqui Monte Cabrão e também já foi registrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como parte de um sítio arqueológico na cidade.
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VICENTE DE CARVALHO: BOCAINA E ITAPEMA
Farol do Itapema. Arquivo Histórico do Guarujá.
Vicente de Carvalho é um distrito do município brasileiro de Guarujá, que integra a Região Metropolitana da Baixada Santista, no litoral do estado de São Paulo. O atual bairro do Itapema, em Vicente de Carvalho, foi o local da Ilha de Santo Amaro onde se fixou o povoador Jorge Ferreira, um dos fundadores de Santos, e onde no mesmo século XVI foi construído o Forte da Vera Cruz de Itapema, para defesa do porto de Santos e da então vila fronteira. Mais tarde (fins do século XIX), foi construída a pouca distância do velho Forte a Estação das Barcas de Guarujá, até hoje existente.
O topônimo procede do chamado tupi: Ita "pedra", Pê "quebrar, torcer, dobrar", e o sufixo Ma (breve) para formar "supino" (como ensina João Mendes de Almeida), com o significado de "Morro quebrado mais de uma vez" ou "pedra muito quebrada", aludindo aos pequenos morros ali existentes, que pareciam quebrados três vezes, acompanhados de grandes pedras como satélites.
Esses morrotes muito conhecidos e seus pedrouços vêm sendo destruídos há muito tempo, utilizados em aterros e empedramentos diversos, na Base de Aviação da Bocaina, em Itapema e em Vicente de Carvalho, a nova localidade (distrito de Guarujá) que começando no Itapema, propriamente dito, segue pela várzea do Paecará (que comumente grafam: Pae-Cará), ligando-se a Conceiçãozinha e ao ferry-boat.
O Forte do Itapema, único monumento histórico de Vicente de Carvalho, está atualmente em estado de abandono, correndo o risco de desaparecer. Em 2016 foi firmado um acordo entre a prefeitura de Guarujá e a União para revitalização do Forte.
Formação administrativa
Decreto nº 15.540 de 15/01/1946 - Fica criada no distrito de Guarujá, município do mesmo nome, a 2.ª subdelegacia de Polícia, com sede no bairro do Itapema.
Distrito criado pela Lei n° 2.456 de 30/12/1953, com sede no povoado de Itapema e terras desmembradas do distrito sede de Guarujá.
Pedidos de emancipação. Os habitantes de Vicente de Carvalho já manifestaram (e continuam a manifestar) seu desejo de que o nome do seu distrito e futura cidade volte a ser Itapema ou melhor Porto Itapema, nome que invoca a sua vocação portuária.
Em 2013 o distrito entrou com novo pedido de emancipação. Um grupo de moradores, empresários, profissionais liberais e comerciantes se uniram e criaram o Movimento Pela Emancipação Politica-Administrativa de Vicente de Carvalho - MEVC, tendo como presidente o Corretor de Imóveis Clayton Cesar Leite Rodrigues. O Movimento continua atuante com reuniões periódicas e em 2018 uma nova tentativa de votação da Lei entrará em pauta no Congresso, os emancipacionistas acreditam que conseguirão aprovar a lei e sancioná-la. Wikipedia.
Pae Cará - Vicente de Carvalho, 1960. "Rua aberta do bairro Pae Cará, sem qualquer melhoramento público. As casas, construídas de madeira serrada e cobertas de telha, alinham-se afastadas da rua. Observar as pequenas pontes à entrada das casas; elas servem para transpor as valas de drenagem, abertas ao longo das ruas.", Diva Beltrão de Medeiros /
Viver em Guarujá.
Vicente de Carvalho, avenida Santos Dumont.
Cinema Grande do Itapema, próximo à Estação das Barcas. Anos 1960. O proprietário era José Nunes. Além das sessões de cinema, neste local, também ocorreram os famosos bailes de Carnaval. CEDOM.
Armazém da distribuidora de alimentos Cobal em Vicente de Carvalho. Anos 1980. COBAL – A Companhia Brasileira de Alimentos foi um órgão do Ministério da Agricultura criado em 1962 e extinto em 1990. Tinha o objetivo de promover o abastecimento estatal nas grandes metrópoles de artigos hortifrutigranjeiros, assim abrindo postos de varejo por todo o país.
Itapema. Comemoração do Tri, Copa do Mundo de 1970. CEDOM
Vicente de Carvalho.1964. Avenida Thiago Ferreira, entre as Ruas Francisco Alves e Amazonas, ali iniciava o comércio. Ao lado esquerdo Casa de Carnes Itapema em frente no lado direito Panificadora Vera Cruz.. Fonte: Grupo Guarujá e suas histórias.
RAÍZES, HISTÓRIA E MEMÓRIA
Textos e imagens: Wikipédia, Novo Milênio e Cedom Guarujá
Geografia marcante
Guarujá é um município brasileiro do estado de São Paulo. Localiza-se na Região Metropolitana da Baixada Santista. Geograficamente, situa-se na Ilha de Santo Amaro, terceira maior ilha do litoral paulista. O município é formado pela sede e pelo distrito de Vicente de Carvalho.
É um dos quinze municípios paulistas considerados estâncias balneárias pelo estado de São Paulo, por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por lei estadual. Tal status garante a esses municípios uma verba maior por parte do Estado para a promoção do turismo regional. O município também adquire o direito de agregar junto a seu nome o título de estância balneária, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais.
O termo "Guarujá" é derivado do termo tupi agûarausá, que designa um tipo de caranguejo, o guaruçá.
Apesar de ser comum empregar o artigo definido antes do nome da cidade, este uso não é correto. Deve-se portanto dizer "Tenho casa em Guarujá" e não "Tenho casa no Guarujá".
Antecedentes
Período colonial
Em 22 de janeiro de 1502, os primeiros europeus pisaram na ilha. André Gonçalves e Américo Vespúcio aportaram na praia de Santa Cruz dos Navegantes, depois seguindo viagem à ilha de São Vicente.
A ilha, pantanosa e acidentada, não atrai a atenção dos colonizadores portugueses, que preferem centrar esforços na vizinha ilha de São Vicente, esta mais ampla e salubre e contando com um acesso privilegiado ao Planalto Paulistano, através de trilhas indígenas. Apesar do desinteresse, alguns colonos portugueses acabaram se instalando na costa ocidental de Santo Amaro, sobrevivendo de agricultura de subsistência, pesca e reparos de embarcações utilizadas no estuário de Santos.
Em 1543, quando da primeira divisão territorial brasileira, toda a região entre a ilha de Santo Amaro e a barra do rio Juqueririê (futuros municípios de Guarujá, Bertioga e parte de São Sebastião) é concedida a Pero Lopes de Sousa por seu irmão Martim Afonso de Sousa, sob o nome de capitania de Santo Amaro. A capitania, sem recursos naturais de importância e sem ligações com o Planalto, não se desenvolve. As únicas ações visando a ocupar o território são a construção dos fortes de São João e São Filipe, destinados a proteção do porto do Santos, uma beneficiadora de óleo de baleia no extremo norte da ilha, na desembocadura do Canal de Bertioga, e a ação de alguns grupos de jesuítas para a catequese de índios.
Mapa das ilhas de São Vicente e Santo Amaro, com suas respectivas áreas continentais serranas no século XVI. Memória Santista.
Século XIX
O balneário de Guarujá em 1894.
Durante toda a fase colonial e imperial, a ilha não atrai atenção, sendo povoada apenas por colonos pontuais e por pequenos sítios destinados a esconder escravos contrabandeados da África. No fim do século XIX, o surgimento do turismo, o desenvolvimento da economia paulista e a existência de um acesso ferroviário rápido e fácil entre o litoral e o Planalto Paulista, provocam um novo interesse pela ilha de Santo Amaro.
Em 1892, surge a Companhia Prado Chaves, que tem por finalidade a criação de uma vila balneária na praia de Pitangueiras e a exploração do turismo na ilha. Para a vila, são encomendadas 46 casas de madeira nos Estados Unidos e um hotel de luxo, contando inclusive com um cassino. O hotel, batizado de La Plage, foi também construído com a mesma madeira com que foram feitas as casas. Além da vila, a Companhia construiu uma linha férrea ligando o estuário de Santos à praia de Pitangueiras, batizada de Tramway de Guarujá, bem como o primeiro serviço regular de navegação entre Santos e Guarujá.
O empreendimento é inaugurado em 2 de setembro de 1893 e torna-se reduto da classe alta paulistana durante o verão, inclusive com a presença do presidente do Estado e de seus secretários. Esta data é também considerada a de fundação do município, quando Guarujá foi promovido a Vila Balneária.
Século XX
Em 1911, a companhia é adquirida pelo empresário norte-americano Percival Farquhar (foto acima, Percival Farqhart, New York Times, 22 de setembro de 1912 , passando a se denominar Companhia Guarujá. O novo Grand Hôtel de la Plage foi reinaugurado em 1912, tendo sido um marco para o turismo de luxo no Brasil. O sucesso do hotel e a reputação de Guarujá como destino de verão da classe alta paulistana levam a um contínuo desenvolvimento da vila durante a primeira metade do século XX. Neste mesmo hotel, em 1932, morreria o aeronauta e inventor brasileiro Alberto Santos Dumont, onde havia se hospedado após sérios problemas de saúde.
Em 1923, a vila foi transformada em distrito de paz e, em 30 de junho de 1926, o distrito tornou-se prefeitura sanitária, separando-se de Santos.
A primeira prefeita sanitária de Guarujá, Sra. Renata Crespi da Silva Prado.
Arquivo Histórico do Guarujá.
Jardim frontal do Grande Hotel la Plage, com a presença constante de fotógrafos de turismo. CEDOM.
Arquivo Histórico do Guarujá.
Hall de entrada do Grande Hotel la Plage nos anos 1940. Arquivo Histórico do Guarujá.
A eletrificação foi inaugurada a 11 de janeiro de 1925. Com a eletrificação da linha, bondes elétricos passaram a circular, junto às locomotivas a vapor. Os equipamentos usados na eletrificação foram fornecidos pela Siemens; as obras foram dirigidas pelo engenheiro Ettore Bertacin, da Casa Siemens de São Paulo, e tiveram duração de oito meses. A subestação elétrica principal, que também abastecia o distrito de Itapema, estava localizada "próximo das torres grandes da Companhia Docas de Santos", recebendo a corrente em 40 000 volts e transformando-a em 6 600 volts. A subestação retificadora, que reduzia e retificava a corrente alternada de 6,6 kV para 750 volts a ser usada na linha de contato, situava-se no quilômetro quatro da via férrea, ou seja, próximo à metade de seu percurso, no bairro da Conceiçãozinha. Todo o material rodante era de origem alemã, tendo sido produzido pelas firmas Siemens e M.A.N. - Maschinenfabrik Augusburg Nürnberg. Foram adquiridos dois bondes de 106 HP, numerados #3 e #9, e uma locomotiva elétrica de 106 HP para tracionar trens de carga. Esta máquina, com 18 t de peso, tinha capacidade de tracionar trens de 47 toneladas de carga a uma velocidade de 45 km/h.
Em 1930, esta empresa adquiriu mais dois bondes da M.A.N., numerados #5 e #7, e construiu um ramal de três quilômetros até o Sítio Cachoeira para o transporte de carga, com extensão aproximada de 2,5 km. O bonde #3 seria sucateado após um acidente ocorrido na década de 1930.
Em 1931, a prefeitura sanitária é extinta, com a reintegração da ilha ao território de Santos e Guarujá volta a ter autonomia apenas em 30 de junho de 1934, no antigo status de "prefeitura sanitária". Com a deterioração da estação férrea original de Guarujá, construída em 1893 entre a praia e o Grande Hotel, foi necessário construir uma nova e o local escolhido foi outro: o antigo pátio de cargas do bonde, na avenida Leomil, a dois quarteirões da praia.
Em 30 de junho de 1934 foi criada a Estância Balneária de Guarujá, evento que motivou a realização de melhorias no serviço do Tramway de Guarujá. Decidiu-se então construir uma nova estação e oficinas, localizadas agora na Av. Leomil, a dois quarteirões da praia. Elas foram inauguradas a 21 de dezembro de 1935. Com a inauguração do novo prédio, o velho foi desativado e demolido. Os bondes foram transferidos para a Estrada de Ferro Campos do Jordão, onde são usados até hoje, e uma de suas locomotivas está exposta na avenida Leomil, em Pitangueiras, em Guarujá.
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Periódicos e Revistas.
Varanda do Grande Hotel la Plage no início do século XX. Arquivo Histórico do Guarujá.
O balneário de Guarujá em 1894. Instituto Moreira Salles.
A ERA DO TURISMO PRAIANO. Guarujá, a "Pérola do Atlântico", em fins do século XIX, por Guilherme Gaensly. O surgimento da Vila Balneária Guarujá, na Ilha de Santo Amaro, que se tornou em fins do século XIX e início do século XX, o destino de verão mais disputado da classe alta paulistana, não passou despercebido pelo fotógrafo suíço Guilherme Gaensly (1843 – 1928), que a fotografou em torno de 1894, ano em que ele e seu sócio desde 1882, Rodolpho Lindemann (c. 1852 – 19?), abriram uma filial da próspera empresa Gaensly & Lindemann, em São Paulo, onde Gaensly havia ido morar. Ele havia chegado em Salvador com cinco anos e, em 1871, após um período de aprendizado no ateliê de Alberto Henschel (1827 – 1882) na capital baiana, estabeleceu-se como fotógrafo. Destacou-se como retratista e como fotógrafo de paisagens urbanas e rurais. Em São Paulo, foi contemporâneo dos fotógrafos Valério Vieira (1862 – 1941), do austríaco Otto Rudolf Quaas (c. 1862 – c. 1930) e do húngaro José Wollsack (1847 – 1927), dentre outros. Acervo: Brasiliana Fotográfica.
Cabinas de banhistas em 1897. Guarujá ainda era distrito de Santos, quando esta foto foi tirada, em 1897 - época em que as famílias da alta sociedade paulista começaram a adotar uma solução original para se defenderem do sol em suas tardes de veraneio naquelas praias. Elias Chaves importou dos Estados Unidos alguns chalés de madeira então considerados elegantes, que (conforme então divulgado) ofereciam o conforto de uma vivenda e ainda podiam levar os banhistas, sobre rodas, até a beira da água, evitando que eles se bronzeassem - o que, na época, era tido como antiestético e vulgar, além de envelhecer prematuramente as pessoas que se expunham ao sol. Publicação original: Novo Milênio.
Anúncio do Grande Hotel, publicado em um jornal de São Paulo, em 20 de julho de 1897. Esse primeiro edifício do Grande Hotel foi o importado dos Estados Unidos e menos de quatro meses depois foi destruído por um incêndio. “A História de Guarujá – Fase Urbana – 1890-1956 – Volume 1”, do escritor Enrique Dias. CEDOM Guarujá.
Duas imagens muito representativas sobre a Primeira Capela urbana da cidade de Guarujá. Construída em madeira, foi importada dos Estados Unidos, quando da montagem da Vila Balnearia, em 1892, e inaugurada no ano seguinte. Na primeira imagem, detalhe da lateral da igreja com um grupo de crianças posando para o fotógrafo, que deveria estar postado bem no meio da Rua Mário Ribeiro, que na época, se chamava Alameda Cunhambebe, praticamente onde hoje, se encontra a Drogaria São Paulo, e mirando a lente da câmera no sentido da Avenida Puglisi. A Rua Mário Ribeiro ainda não havia sido asfaltada, mas já tinha calçada com meio fio. Do lado esquerdo da foto, passando a fachada lateral da igreja, temos a Rua Petrópolis (então, Avenida 4) e em seguida um chalé*, onde, atualmente, se encontra uma padaria. Na segunda imagem, temos a fachada frontal desta capela, que foi destruída completamente em um incêndio ocorrido, em 1924. Neste local, atualmente, encontra-se o Edifício Boulevard, sendo que a capela tinha a sua entrada principal voltada para Rua Petrópolis. Estas imagens devem ser de uma data muito próxima a 1910. Arquivo Histórico do Guarujá.
Guarujá dos primeiros tempos veranistas. Capela do Balneário. Arquivo Histórico do Guarujá.
A imagem da fachada principal da Capela e algumas informações foram extraídas do Capítulo “Da Capela à Matriz”, do livro “A História de Guarujá – Fase Urbana – 1890-1956 – Volume 1”, do historiador, pesquisador e escritor, Enrique Dias. Segundo a saudosa Dona Mercedes “Pipe” Damin, em entrevista ao historiador Enrique Dias, quando a igreja pegou fogo, em 1924, a imagem de Santo Amaro resgatada por Atílio Gelsomini, foi levada para o interior do chalé, que na época era propriedade de uma senhora chamada Mariazinha. Como a igreja ficou completamente destruída, dona Mariazinha cedeu a sua sala de estar para que nela adaptassem um pequeno altar. Nesse local seriam realizadas as missas até que um prédio, também adaptado, ficasse pronto. O local ficava na esquina da Avenida Puglisi com a Avenida Leomil. CEDOM.
Cartão postal do início do século XX mostrando a recente urbanização do balneário. Arquivo Histórico do Guarujá.
Prédio da primeira prefeitura de Guarujá. Ficava na Rua Petrópolis ate a esquina com a Rua Mario Ribeiro. Construída na década de 1930 e demolida no final da década de 1960. Hoje no local, Ed. Boulevard. Cedom Guarujá.
Estações de conversão dos trens entre a Bocaina e a orla. Arquivo Histórico do Guarujá.
Arquivo Histórico do Guarujá.
Estação turística de bandes nas Pitangueiras nos anos 1950.Arquivo Histórico do Guarujá.
Praça das Bandeiras (Jardins do Grande Hotel. Composição do trem a caminho da Estação Itapema. Nesta época, o sistema funcionava com o material rodante comprado em 1892. A famosa locomotiva, Maria Fumaça, que está em exposição na Av. Leomil, pode ser esta da foto. Infelizmente, a imagem não permite identificar o número da mesma. Fonte da Foto: Estações e Ferrovias do Brasil.
Trem da linha Itapema-Guarujá nos anos 1930. Cedom
Arquivo Histórico do Guarujá.
Arquivo Histórico do Guarujá.
Arquivo Histórico do Guarujá.
Tarde de matinê no Cine Guarujá nos anos 1960. Arquivo Histórico do Guarujá.
Desfile de Modas no Hotel La Plage: Modelo e acervo: Yara Ferrantti de Souza. Arquivo Histórico do Guarujá.
AS OBRAS SOCIAIS DOM DOMÊNICO
Construção das instalações da Faculdade Dom Domênico. Arquivo Histórico do Guarujá.
Cidade de Santos, 16 de julho de 1967. Hemeroteca Digital da BN
Dom Domênico Ragoni benzendo as novas ambulâncias (Chevrolet, modelo Amazonas), ao lado do Prefeito Domingos de Souza. Guarujá e suas histórias.
Obra sociais lideradas pelo padre Domênico Rangoni: acima o Ninho Maternal e embaixo o Hospital Santo Amaro. Arquivo Histórico do Guarujá.
Hospital Santo Amaro, 1965. Arquivo Histórico do Guarujá.
Arquivo Histórico do Guarujá.
Álbum de recordações. Data: Anos 1960. Info: Colaboradoras do Padre Domênico: Dona Maria Sachs, Dona Juliana, Dona Bernadete, Dona Teresa e Dona Marinete.. Créditos: Rita Rosas. CEDOM.
Arquivo Histórico do Guarujá. Arquivo Histórico do Guarujá.
Almoço de confraternização dos funcionários do Hospital Santo Amaro. Arquivo Histórico do Guarujá.
Arquivo Histórico do Guarujá. Arquivo Histórico do Guarujá.
Formatura da 1ª Turma da Faculdade de Enfermagem. Arquivo Histórico do Guarujá. Arquivo Histórico do Guarujá.
COLÕNIA DE FÉRIAS AACD
Inauguração da Colônia de Férias da AACD. Jornal Cidade de Santos, 8 de fevereiro de 1971.
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
Leiteria Ideal. Ficava na esquina da Rua Quintino Bocaiúva com a Rua Mário Ribeiro. Hoje no local está o Ed. Mauí. Nos anos 1930 e 1940, pertenceu à Família Araújo. Nos anos 1960, já mais parecida com uma venda, tinha como proprietários o Sr. Manolo (Manoel Araújo) e sua esposa, Olívia Rosa Araújo. Cedom Guarujá
Anúncio da revista Manchete, 1950. Propagandas Antigas.
Sorveteria e lotérica nos anos 1940. Cedom
Praia do Tombo. Cartão postal doado por Ricardo Lousada. Cedom Guarujá.
Guarujá em 1907. Cedom. Loteamento na Praia da Enseada nos anos 1950. . Fonte: Eduardo Dantas. Cedom
Comunidade caiçara da praia do Tombo nos ano 1970. Arquivo Histórico do Guarujá. Procissão de Santo Amaro nos anos 1950. Arquivo Histórico do Guarujá.
Enchente nos anos 1960 no centro da cidade. Arquivo Histórico do Guarujá.
Loteamento do Guaiuba em 1953. Cedom.
Praia do Guaiúba, 1965. Foto de Susanne Tonon. Comentário de João Pecchiore; "Cheguei em 1969 como professor primário da Escola Estadual de Emergência da Praia do Tombo. Não havia prédios. Na rua, que hoje se chama Alexandre Migues, só tinha o CRPI e a Imobiliária do Sr. Alexandre Migues, o Bar do Tunico, o Antiquário da Dona Angélica e um açougue; as casas de madeira, dos pescadores, na areia da praia do Tombo e casas de veraneio. Muitos pais de alunos eram caseiros ou pescadores. Os filhos de Dona Angélica, mãe da Belmira, João e Ricardo, foram meus alunos".Arquivo Histórico do Guarujá.
Matéria do jornal Cidade de Santos mostrando as condições precárias de urbanização periférica do Guarujá. Edição de 24 de janeiro de 1967. Hemeroteca Digital BN
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NOTÍCIA DENUNCIA A BUSCA DE UMA IDENTIDADE
Nos anos 1960, no auge do seu desenvolvimento e glamour veranista aristocrático, Guarujá denuncia sua crise cultural, sai em busca do resgate da sua identidade e chama a atenção dos veículo de comunicação interessados na exploração comercial dessa lacuna. Essa notícia do jornal o Estado de São Paulo, dá claros sinais dessa procura e funciona como propaganda dessa ideia. Guarujá á adulta e não conhece sua própria história. Não fabrica história como se fosse um produto-objeto comercial, mas essa era intenção de alguns grupos políticos que precisavam legitimar suas intenções de controle da máquina pública de governo. Esse problema não foi solucionado, visto que na sucessão das décadas, a cidade foi sendo ocupada por populações forasteiras e cada vez menos conectada com a sua memoria social. Até hoje, Guarujá até hoje sofre essa carência e busca reafirmar, como em outras épocas, a sua verdadeira raiz. O veranismo e o turismo contribuíram e muito para a construção dessa identidade social. Hoje essa busca concentra-se na independência dos tribunos municipais veranistas, voltando para a Margem Esquerda do Porto de Santos, em Vicente de Carvalho. É uma herança do Porto do Pré-Sal, que sucederia o Porto das Indústrias, abortado ou suspenso pela crise política iniciada pelo impeachment da Presidente Dilma Roussef e que culminou com a prisão do presidente Lula. A rápida passagem da família de Lula como moradores da periferia portuária da cidade e depois as denúncias eleitorais de que o mesmo possuía imóveis de luxo na cidade entraram para a história recente da cidade. Lula voltou à presidência, aliado ao ex-governador e adversário Geraldo Alkmin. A dúvida agora é a seguinte: Guarujá espera a volta do Porto do Pré-sal ou entra de cabeça na autonomia local do Porto das Industrias? É uma capítulo ainda não escrito e ne vivido da sua história. (DDS)
HISTORIOGRAFIA, MEMÓRIA E IDENTIDADE
Obras com registros biográficos e memorais do Guarujá. CEDOM
BIBLIOGRAFIA GUARUJÁ
Confira, abaixo, a lista de livros que o CEDOM identificou com conteúdos sobre a nossa História, assim como, alguns que foram ambientados na Ilha de Santo Amaro. Na lista encontram-se livros especificamente sobre a História de Guarujá ou que contenham capítulos ou seções, dedicadas a nossa História. Os livros identificados com a sigla EA, antes do nome, estão em nosso acervo. Caso você tenha algum livro que ainda não possuímos e queira fazer uma doação, basta entrar em contato com o CEDOM, pelo WhatsApp (13) 99623-4836.
Também queremos saber, de nossos amigos, se vocês conhecem outros livros que não estão nesta lista, para nos indicar.
Ajude o CEDOM a resgatar a História de nossa cidade.
- LIVROS DE HISTÓRIA
EA A História de Santos
Autor: Francisco Martins dos Santos
Ano: 1932
O Caiçara
Autor: Baronesa Esther Karwinsky
Ano: 1993
EA Pérola ao Sol
Autores: Mônica de Barros Damasceno e Paulo Mota
Ano: 1990
EA Três Momentos de uma mesma História
Autor: Ângela Omati Aguiar Vaz
Ano: 2003
EA A História de Guarujá – Volume 1 – Fase Urbana 1890-1956
Autor: Enrique Dias
Ano: 2021
EA História do Transporte Urbano no Brasil: bondes e trólebus
Autor: Valdemar Correia Stiel
Ano: 1984
EA Diário de Navegação: Pero Lopes e a expedição de Martim Afonso de Sousa
Autor: Vallandro Keating e Ricardo Maranhão
Ano: 1532
EA Lembranças de São Paulo: O litoral paulista nos cartões postais e álbuns de lembranças
Autor: João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo
Ano: 2001
EA Il Brasile Attuale
Autor: Arthur Dias
Ano: 1907
Arquitetura Moderna na Praia – Residências na Praia de Pernambuco, Guarujá.
Autor: Maurício Azenha Dias
Ano: 2009
- LIVROS AMBIENTADOS EM GUARUJÁ
EA O Caiçara
Autor: João Batista Coelho (João Phoca)
Ano: 1917
O Guarujá e Eu
Autor: Eduardo Etzel
Ano: 19??
Meus Cinquenta Anos na Cia Prado Chaves
Autor: Pedro L. P. Sousa
Ano: 19??
Vida e Luta de Três Gerações
Autor: Albertina Fernandes Lopes
Ano: 1977
EA Viagem ao Brasil
Autor: Hans Staden
Ano: 1557
EA Fidel com a Dele e Eu com a Minha
Autor: Enrique Dias
Ano: 2009
EA Guarujasando
Autor: Enrique Dias
Ano: 2021
Sob a Luz do Candieiro
Autor: Natanaels Silva Santos
Ano: ????
Guarujá O Sonho de Uma Sociedade
Autor: Carlos Alfio Blaschi
Ano: 2022
EA O Senhor dos Protestos
Autor: Carlúcio Antonio da Silva
Ano: 20??
EA Meu Banco Azul
Autor: Yara de Moraes
Ano: 2019
EA Os Homens da Ilha
Autor: Wendel Alexsander Dalitesi Costa
Ano: 2021
- LIVROS SOBRE PERSONAGENS DE GUARUJÁ
EA Don Domênico – O Grande Benfeitor de Guarujá
Autores: João José de Oliveira Pecchiore, Jordan Goes Paixão Santos, e, Marcos Costa Nobre.
Ano: 2023
- LIVROS DE GÊNERO VARIADOS
EA Pelas Tardes Azuis de Verão Eu Irei
Autora: Alice Mazzini
Ano: 2020
EA Bem-vindo à Fortaleza de Santo Amaro
Autor: Eldo Rogério Secomandi
Ano: 2016
EA Guarujá Jequitimar: uma pérola no Atlântico
Autor: Grupo Silvio Santos
Ano: ????
EA Guarujá História e Fotografias
Autor: Geraldo Anhaia Mello
Ano: 20??
EA Guarujá Ilha do Sol
Autor: Clivio Modesto de Moraes Vieria
Ano: 2004
EA Álbum de Photographias do Estado de São Paulo 1892
Autor: Boris Kossoy
Ano: 1984
EA Reflexos do Real Invisível
Autor: Wega Nery
Ano: 1987
Versos D’Alma
Autor: Lydio Martins Corrêa
Ano: 1984
O Guarujá sempre esteve associado à elite paulista que, a partir do final do século XIX o escolhe como local de veraneio. Até o final dos anos 1980, foi ali que a burguesia do estado mais rico do país construiu seu endereço à beira mar, tornando o município um dos mais sofisticados balneários brasileiros. Essa ocupação que se deu em diversos estágios, culminou com o loteamento da Praia de Pernambuco, onde foram projetadas casas pelos principais arquitetos brasileiros da época. Neste livro, o arquiteto e professor Maurício Azenha Dias faz uma leitura da ocupação do município até o loteamento da Praia de Pernambuco e analisa casas paradigmáticas construídas no local entre 1959 e 1989, estabelecendo uma relação entre a casa construída para morar e a destinada ao lazer.
Ano: 2009. ISBN: 9788579160158. Dimensões: 21 x 23 cm. Qtd. páginas: 172
O FORTE DOS ANDRADAS
O Forte dos Andradas começou a ser construído em 1934 pelo tenente-coronel de Engenharia João Luís Monteiro de Barros e foi inaugurado em 10 de novembro de 1942, constituindo-se a principal defesa da entrada da Baía de Santos ao sul da Ilha de Santo Amaro. Recebeu esse nome em homenagem aos irmãos Andradas (José Bonifácio, Antônio Carlos e Martim Francisco) que tiveram muita importância durante o período imperial.
Em 1947 as prefeituras sanitárias são extintas e Guarujá torna-se município de pleno direito. O fim dos jogos de azar no governo de Eurico Gaspar Dutra e a construção da via Anchieta, ligando a Baixada Santista a São Paulo, modificam a ocupação da ilha. A antiga vila balneária se adensa com a chegada de maiores quantidades de turistas e novos moradores. Edifícios começam a surgir na orla de Pitangueiras e Astúrias e praias até então desertas, como Enseada, Pernambuco e a própria Perequê começam a ser visitadas. Paralelamente, migrantes nordestinos vão para a ilha à procura de emprego, fixando-se na região do velho forte de Itapema, dando origem ao distrito de Vicente de Carvalho.
Entre as décadas de 1970 e 1980, Guarujá cresce descontroladamente. Toda a orla da cidade entre as praias do Tombo e Pernambuco é ocupada por diversos loteamentos e edifícios, sem a necessária contrapartida de infraestrutura. O milagre econômico dos anos 1970, a construção da Rodovia Piaçagüera-Guarujá, ligando a ilha diretamente à Via Anchieta e em menor grau às novas rodovias Rio-Santos e Mogi-Bertioga (dando o acesso ao Vale do Paraíba e ao Litoral Norte) provocam a explosão do turismo e da migração para a ilha. A qualidade ambiental vai caindo, com a poluição das águas e a ocupação de áreas sensíveis como morros e mangues. O número cada vez maior de turistas, moradores e migrantes sobrecarrega Guarujá.
Um dos principais pontos de referência da cidade de Guarujá é o Morro do Maluf, entre as praias de Pitangueiras e Enseada. O morro pertencia a Edmundo Maluf, industrial em São Paulo, solteiro, que tinha casa na ladeira do morro e dava festas memoráveis, agitando os fins de semana de Guarujá. A situação se torna crítica no final da década de 1980 e início de 1990, quando milhões de turistas visitam a ilha todos os verões, provocando o colapso da infraestrutura, com cortes de eletricidade, falta de água e poluição das praias. Extensas áreas do município são ocupadas por favelas, habitadas pelos migrantes em busca de novas oportunidades e a criminalidade toma corpo. O cenário caótico leva a uma profunda crise no turismo e na economia de Guarujá, que perde turistas e investimentos para o Litoral Norte e até mesmo para outras cidades da Baixada Santista.
A segunda metade da década de 1990 vê uma recuperação progressiva do balneário, com investimentos em saneamento, habitação, infraestrutura e até mesmo efeitos benéficos da divisão do total de turistas com outras regiões, reduzindo a sobrecarga na cidade. Paulatinamente, Guarujá começa a receber novos investimentos e a desenvolver o turismo de negócios e a prestação de serviços, visando a expandir sua base econômica e se tornar menos dependente do turismo sazonal.
Cidade de Santos. Hemeroteca Digital BN
"Ontem (12.01.1980), Guarujá deixou de ser um festival apenas de sol, sal, mulheres bonitas e "colunáveis". O Festival de Verão, da Secretaria de Estado da Cultura e da Prefeitura da cidade, foi inaugurado com um concerto ao ar livre, na praia de Pitangueiras, pela Orquestra Sinfônica Brasileira, sob regência de Isaac Karabchevski. Também em Pitangueiras houve um show de Hermeto Pascoal e, no calçadão da orla, uma roda de samba. Às 21 horas foi dado um concerto de música de câmara no Teatro Municipal Procópio Ferreira. Programas assim vão-se realizar até o dia 9 de fevereiro, aproximando turistas e moradores da música popular e erudita, teatro e circo, folclore, exposições, feiras de livro, filmes, "a maior abrangência possível", como disse o secretário Cunha Bueno, da Cultura. "Ao contrário do que se verifica normalmente, com festivas dirigidos para uma só área de manifestação cultural, procuramos dar ao Festival de Verão do Guarujá a maior abrangência possível com o duplo objetivo de atender às mais diferentes preferências e promover a integração harmônica das várias atividades culturais. Orçado em 15 milhões de cruzeiros - 2,5% do orçamento da Secretaria para 1980 -, o festival, representa também um estimulo ao turismo, não apenas no Guarujá, mas em toda a Baixada Santista", afirmou Cunha Bueno. -Jornal Shopping News de 13 de janeiro de 1980.