09/07/2019

MONGAGUÁ

A plataforma de pesca, um dos pontos turísticos mais frequentados de Mongaguá. Registro de 2024 por NALDRONE.



 OS PRIMEIROS CRIADORES DAS POLIS ATLÂNTICAS


O SÍTIO MONGAGUÁ



Benedito Calixto. Bairro de Mongaguá. 1917. um óleo sobre tela de 30x68 cm. Coleção particular
Imagem in CD-ROM Benedito Calixto -150 anos, editado em 2003 pela Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto, Santos/SP


Até o século XIX o Brasil era essencialmente um país rural, agrícola e dono – até hoje – de uma imensidão de terras de dimensões continentais. Isso sempre deu aos brasileiros uma sensação de orgulho e poder, sentimento que se tornaria a base política e econômica das nossas elites cujo status-quo é a propriedade latifundiária, extensa e especulativa. Já os estrangeiros imigrantes, sobretudo os europeus que precisaram abandonar seus países envolvidos em graves crises, a imensidão agrária do Brasil tinha, e ainda tem, um outro significado. Para eles terra não era apenas um status-quo da aristocracia rural. O imigrante enxerga na terra um capital de imenso potencial de lucro, de raiz e de giro, lastro econômico que tem um outro tipo de poder: o investimento dinâmico.

Na transição do século XIX para o século XX, o Brasil inicia também uma fase de transição do mundo rural para o mundo urbano e essa mudança vai ser marcada pela vinda de imigrantes que vão redirecionar os negócios nacionais por meio das novas tecnologias de transporte e urbanização. Foi a era das ferrovias e da fundação dos estações-patrimônios, cidades fundadas sobre os dormentes das linhas de trem. As ferrovias estimulavam sequencialmente a ocupação de terras inóspitas, o desmatamento, o fatiamento territorial por meio das novas fazendas e sítios e finalmente a colonização humana e comercial, nos mesmos moldes iniciados pelos portugueses com as capitanias, sesmarias e arraiais vicentinos do século XVI.

Nesse novo período, industrial tardio, os capitalistas nacionais e estrangeiros vão enxergar uma diversidade de negócios e oportunidades, quase todos ligados ao desenvolvimento urbano. Muitas cidades do interior paulista foram fundadas e desenvolvidas a partir das ferrovias e suas estações de embarque e desembarque. Mas isso não bastava. Era necessário buscar e fomentar o povoamento.
O Coronel Alfredo Marcondes, da região oeste, entusiasmado com as novas tendências dos negócios agrários do início do século XX, ia pessoalmente à Capital e, na estação da E.F. Sorocabana, organizava um escritório improvisado para aliciar migrantes e imigrantes a se mudarem para a região de Presidente Prudente, sua base territorial. João Gomes Martins, imigrante português da Ilha da Madeira, aproveitando a chegada dos trilhos da E.F.Sorocabana em 1924, transferiu sua base de negócios da Capital para o interior com a Companhia de Colonização Martins, adquirindo uma extensa faixa de terras que deu origem ao município de Martinópolis e várias pequenas cidades da região.
 
Na mesma época , na Europa, o empresário tcheco Jan Antonin Bata, dono do império industrial dos calçados, já planeja vir para o Brasil fundar cidades e expandir seus negócios no interior paulista e no Mato Grosso. E conseguiu. Repetindo sua vocação de gerador de cidades no leste europeu, no Brasil ele adquiriu a Companhia de Viação São Paulo-Mato Grosso, dona do Porto Tibiriçá e da Estrada Boiadeira.-, ligando Tibiriçá a Indiana e Martinópolis. O porto Tibiriçá foi fundado pelo Capitão Francisco Whitaker e o Coronel Paulino Carlos, fundador de São Carlos do Pinhal. Jan Antonin Bata fundou diversas cidades como Batatuba (SP), Bataguasú e Bataiporã , no então estado de Mato Grosso. Bata pretendia criar uma extensa rede de ferrovias ligando as fazendas de gado às pequenas cidades, pequenas bases industriais para alimentar suas fábricas e lojas de calçados já espalhadas pelo mundo.

Foi nesse contexto, tirando proveito do fluxo ferroviário, que surgiram no litoral paulista os visionários, espíritos aventureiros e empreendedores figuras históricas como Fernando Árens, Cel. Francisco Rodrigues Seckler,  Heitor Sanchez e Júlio Secco de Carvalho, urbanizadores de Praia Grande, Solemar e Mongaguá – bairro e distrito de São Vicente. O mesmo fenômeno aconteceu no litoral norte quando foi fundada em 1893 a Vila Balneária do Guarujá, iniciativa de empresários tradicionais e estrangeiros radicados em São Paulo e Santos. São Sebastião, Ilha Bela, Ubatuba e Caraguatatuba, então pequenos núcleos caiçaras, ganharam incremento urbano com a construção de uma estrada ligando São dos Campos ao litoral. Esse caminho rodoviário primitivo que foi transformado na Rodovia dos Tamoios foi realizado pelo serviço braçal de 30 homens, soldados da Força Pública sob o comando do jovem oficial Edgard Pereira Armond, idealizador da estrada.

EVOLUÇÃO E TRANFORMAÇÃO POLICO-TERRITORIAL


Dinâmica dos territórios jurídicos nos três períodos políticos do Brasil. Dalmo Duque. 


Desmembramentos históricos dos municípios da Baixada Santista a partir da Capitania de São Vicente. Fonte: CIDE-Central Integrada de Dados e Estatísticas do Município de Praia Grande com base no IGC e IBGE.


Heranças fundiárias do período colonial: Certidão de propriedade de Manuel Paulino Gomes - de 26 de fevereiro de 1961 - publicada no jornal Cidade de Santos em 25 de julho de 1967. Arquivo Digital da Biblioteca Nacional.





AS ORIGENS E LEGADO URBANO DE ÁRENS

MANO FRONBERG


O jovem Fernando Árens Júnior nos anos 1920. Foto Portal Nogueirense.


“Frederico Guilherme Fernando Árens, filho de alemães, nasceu em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Engenheiro formado na cidade alemã de Hamburgo, em 1878 estabeleceu-se em Campinas com uma fábrica de carruagens e máquinas agrícolas. Casado com Felisbina Teixeira Nogueira Garcia, em 18 de abril de 1880 torna-se pai de Fernando Árens Júnior, jovem que aos sete anos segue para Hamburgo, onde cursa o secundário e faz aprendizado em fundição e montagem de máquinas. Volta para o Brasil em 1895, ingressando na Escola Politécnica.

Em 1904, Fernando casa-se com Lavínia Caldas, natural de Vassouras, Rio de Janeiro, sendo admitido como sócio de seu pai e tios na firma Árens & Irmãos. Um ano depois, em 1905, Fernando faz seu primeiro loteamento em terras herdadas da mãe. À propriedade dá o nome de Sítio Novo. Sem inclinação para a lavoura, resolve loteá-la e dar início a uma cidade, que conhecemos hoje por Artur Nogueira. Nesse loteamento, reservou espaço para a construção de uma igreja – atual Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores – um local para a Estação do Trem e pensou também na captação e em um reservatório de água para o povoado, que deveria ser na cachoeira de sua propriedade. Em 1908, construiu o prédio onde está atualmente instalada a Prefeitura de Artur Nogueira. À rua principal do loteamento deu seu nome, Fernando Árens Júnior, estabelecendo assim o início da cidade.

Fernando tinha gosto pela aventura. Em 1910, vai para a Baixada Santista, até então, apenas mata, e em 1911 realiza a primeira compra de terras no litoral, contíguas ao Sítio Mongaguá, organizando, a seguir, a “Companhia Melhoramentos de Praia Grande”, para urbanização da orla praiana. Funda a cidade de Mongaguá.

Com lucro apurado no primeiro loteamento da Praia Grande, hoje cidade de Mongaguá, Fernando comprou, em 1913, o Sítio Traição, com cerca de quatrocentos e quarenta e dois hectares de campo entre os córregos Uberaba e Traição, a Oeste da Vila Mariana e entre a primitiva estrada para Santo Amaro e Jabaquara. Pouco mais da quarta parte dessas terras acabaram vendidas, para custear o acerto de divisas e iniciar melhoramentos necessários. 

Fernando fundou, então, a “Companhia Territorial Paulista” e organizou o loteamento da área, à qual deu o nome de “Indianópolis”. Em uma época em que as máquinas de terraplanagem ainda estavam para serem inventadas, passou a executar esse trabalho com ferramentas manuais – enxadão, machado e picaretas – transportando a terra em carrocinhas puxadas por burros. Traçou a avenida principal, quase uma reta, sobre o espigão do Morro do Uberaba e a batizou com o nome da filha Aracy. Um mês após a constituição da companhia, efetuou a primeira venda de terrenos já urbanizados.

Ao fundar esse que hoje é um dos mais bonitos e habitáveis bairros de São Paulo, Fernando doou terreno para a construção da primeira igreja com culto à padroeira do Brasil, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida de Indianópolis; doou o terreno do Hospital da Cruz Vermelha Brasileira e para a construção do Club Suíço, na Avenida Aracy, atual Avenida Indianópolis.



Detalhes do Mapa da Companhia de Melhoramentos de Praia Grande. Planta Geral da Praia Grande
Nome do Autor: Aurides César Marques. Ano: 1950. Arquivo Público do Estado de São Paulo. 


O INVENTOR 


No mesmo ano em que iniciou o loteamento de Indianópolis, Fernando foi procurado pelo mecânico francês Dimitri Sensaud de Lavoud; dizendo-se aviador, este lhe relatou peripécia que teria sofrido ao pilotar um aeroplano cujo motor fundira. Ao abri-lo para reparos, Dimitri disse ter encontrado em seu interior um pequeno anel de estanho, que supunha ter se formado pela centrifugação a que fora submetido pelo motor. Sugeria o francês que Fernando, aproveitando a ideia, projetasse uma máquina para a fabricação de anéis de segmento, de larga aplicação nos motores de explosão que começavam a ser fabricados em larga escala para a indústria automobilística, que desabrochava espetacularmente. Ora, se conseguisse fazer o anel, por que não ampliá-lo também para tubos de ferro, material fartamente utilizado na época e de difícil execução.

Assim raciocinou Árens e inventou, ao cabo de algumas semanas, uma máquina para a fundição de tubos de ferro por centrifugação, o que veio reduzir o penoso processo utilizado até então, de mais de uma dezena de horas, para alguns minutos. A máquina original foi por ele construída na oficina naval, em Santos, da firma paulistana de J. Martin, onde foi inaugurada com grande sucesso.
A máquina foi patenteada, no Brasil, em nome de ambos e Fernando constituiu, a seguir, para explorar o invento, a Companhia Brasileira de Metalurgia, localizando-a no Bairro de Indianópolis, onde até hoje (Metalúrgica Barbará) se encontra.

A companhia se desenvolveu e em 1914 Fernando voltava a Mongaguá, preocupado com a urbanização praiana. Ali, utilizando-se, ao que se sabe pela primeira vez no mundo, o processo de aterro hidráulico, retirava terra de um barranco por meio de jato de água expelido de um canhão e dirigia a lama daí proveniente para a depressão de um terreno a ser preenchido. O canhão serviu ainda, por volta de 1932, para aterrar grande área no Cambuci, São Paulo, pela firma Pegado e Souza.

Em 1916, Árens retornou para o que era então conhecido apenas como “Estação Artur Nogueira”, no município de Mogi Mirim e trabalhou para que a localidade passasse a distrito. O jornal “A Comarca” registrou seu esforço em vários artigos desse ano e abriu dois deles da seguinte forma: “Árens Júnior, Novo Distrito de Paz”. Uma pálida homenagem ao grande benfeitor dessa terra.

Em 30 de dezembro de 1916, pela Lei nº 1542, Mogi Mirim ganhou um novo distrito, não Árens Júnior, mas Artur Nogueira, outro benemérito que impulsionou o crescimento da região. Em 1917, Árens comprou uma serraria em Itanhaém e contratou o arruamento e saneamento da parte alagadiça da vila onde ela se localizava, recebendo seu pagamento em terrenos.

Encerrado esse trabalho, terminou também a Primeira Guerra Mundial e Árens foi para Nova York e Toronto tratar da venda de sua patente para a fabricação de tubos, quando foi surpreendido pelo fato de seu sócio na mesma, Dimitri, já tê-la vendido, à sua revelia, apenas em seu próprio nome. Após três meses de litigação no estrangeiro, parte dos quais hospitalizado devido a malária, Fernando concordou em ceder os direitos que lhe haviam sido subtraídos. Deixou a seu sócio os direitos de patente para os Estados Unidos e Canadá, reservando para si os direitos para o resto do mundo, inclusive para os melhoramentos que viesse a introduzir no processo; tudo isso mediante a indenização de um milhão de dólares em ações da United States Cast Iron Corporation, empresa à qual seu sócio primitivo cedera os direitos.

De volta ao Brasil, Fernando delegou aos sócios a gestão de seus empreendimentos e levou a família para Hamburgo, instalando-a posteriormente na Inglaterra, por dois anos e por mais dois, ainda, na Suíça. Enquanto isso, cuidou do aperfeiçoamento do processo de centrifugação e venda do mesmo a diversos países, notadamente Inglaterra, Suíça e Itália.

Mas o trabalho de Fernando foi novamente explorado por pessoas de pouco escrúpulo. Na Inglaterra, o engenheiro Hume, da fábrica Stanton Ironworks, de quem ele se tornara amigo, com sua concordância e cooperação adaptou o processo para a fabricação de bueiros de concreto armado, patenteando-o em seu próprio nome. Na Alemanha, tendo contratado um “desenhista” para auxiliá-lo na preparação da documentação necessária à patente pretendida, tarde demais Fernando verificou que esse era, nada mais nada menos, engenheiro e diretor de importantíssima fábrica de tubos, que consegue impugnar seu intento.

Ainda na Alemanha, Fernando não esqueceu de seus projetos brasileiros e incumbe um engenheiro da fábrica Voight, de turbinas, de vir ao Brasil com a finalidade de instalar uma usina hidráulica em Mongaguá, para suprimento de energia elétrica a essa vila e à de Itanhaém, para a qual estendeu linha transmissora.

Em 1924, retornou ao Brasil, sendo nomeado para prover o abastecimento de gêneros da cidade de São Paulo, assolada pela revolução encabeçada pelo General Isidoro Dias Lopes, que estourou dia 05 de junho.

Três anos depois, em 1927, fundou a S/A Autoestrada, para a construção de uma estrada de concreto, 
com 24 metros de largura e 13,5 km de extensão, ligando São Paulo a Santo Amaro e o Ibirapuera a Santa Sofia.

Idealizou o Parque do Ibirapuera, na área então conhecida como “invernada dos bombeiros”, ideia aceita pelo prefeito José Pires do Rio, seu amigo e colega, o qual lhe pedira simples arruamento para a formação de novo bairro.

De volta ao litoral, planejou o transporte por cabo aéreo, numa extensão de 5 km, da fazenda Rondônia, na Bacia do Rio Aguapeú, à estação ferroviária da Praia Grande, hoje Mongaguá. A operação reduziu a uma hora o que por terra seria transportado em um dia.

Exaurido pelo investimento na autoestrada, carente de retorno devido à crise mundial gerada pelo “crack” da Bolsa de Nova York e por sucessivos ataques de malária contraída no litoral, em 1931, Fernando vendeu sua indústria de tubos, até então a maior fundição do Brasil, ao empresário gaúcho Baldomero Barbará.

Sobrevinda a Revolução Constitucionalista de 32, Fernando iniciou a produção de sal em Mongaguá, com água bombeada do mar, a fim de abastecer São Paulo de um elemento de primeira necessidade que fora tolhido pelas forças getulistas. Ali mesmo começou, como pioneiro, a secagem de bananas, a cujo produto deu o nome de “banana passa”, processo que mais tarde transfere a seu amigo e ex-sócio, Luís Franco Amaral Júnior, o qual o batiza novamente, dessa vez de “banana flakes”.

Em 1935, com as finanças e a saúde combalidas, defendeu-se, anos a fio, das investidas, principalmente de grileiros acobertados por funcionários corruptos, objetivando despojá-lo das propriedades que vinha adquirindo desde a mocidade.

Aos 62 anos, sem jamais ter se recuperado física e financeiramente, Fernando Árens Júnior morre em São Paulo, no dia 05 de setembro de 1942, vitimado de câncer no rim. Fernando teve quatro filhos: Aracy, Odila, Renato e Mariana. Aracy, que foi esposa de Caio Luiz Pereira de Souza, filho do ex-presidente da República Washington Luís, foi quem nos forneceu as informações a respeito de seu pai. Aracy Árens faleceu em 28 de novembro de 2013, aos 108 anos de idade. (Portal Nogueirense )


*

AGENOR DE CAMPOS




Marcelo Dianno: 

"Escola Agenor de Campos, Açougue Agenor de Campos, Padaria Agenor de Campos e por fim um bairro inteiro chamado Agenor de Campos .... 

Mas e o homem AGENOR DE CAMPOS ? Quem foi ?

Quando encontrei os documentos do Sr. Agenor de Campos no que sobrou do espolio da antiga FEPASA, percebi que foi um homem simples, funcionário da E. F. Sorocabana, mas que teve sua importância em Mongaguá.

Projetou as antigas linhas de Trolley, que traziam a produção de bananas de Mongaguá para a ferrovia, de onde seguiam ao Porto de Santos para exportação.

O detalhe curioso é que a Estação Ferroviária do Bairro não existia, o trem parou uma vez ali simplesmente para os funcionários da ferrovia seguirem para a casa do Sr. Agenor em virtude de um churrasco. Para o maquinista saber onde parar foi colocada uma faixa: “AGENOR DE CAMPOS”. Passou a ser uma parada eventual e posteriormente uma Estação Ferroviária oficial.
A partir daí toda uma região que cresceu ao redor passou a ter essa denominação". 


Transporte de produção do bananal da Fazenda Birigui, em Agenor de Campos. Anos 1950



Fachadas da Escola Estadual "Agenor de Campos" (1976), projeto do escritório de arquitetura de João Batista Vilanova Artigas. R. Aimorés P Coroados, 46 - Agenor de Campos, Mongaguá. 
Acervo da Biblioteca da FAUUSP. Fonte: ARQUIGRAFIA





UM POUCO DE HISTÓRIA

MÁTERIA COMEMORATIVA DO JORNAL CIDADE DE SANTOS 
EDIÇÃO DE DOMINGO, 07 DE DEZEMBRO DE 1969


Os índios guaranis encontraram um rio de muito peixe, perto do mar. Era o Mongaguá que significa água limbosa. Fizeram um acampamento perto de outro rio, o Aguapeú. Depois vieram os colonizadores que faziam do Mongaguá lugar para pouso. A água excelente, muito limpa e peixe à vontade,
O homem branco e o índio começaram a se entender. Trocavam presentes e as primeiras cabanas dos colonizado- res foram surgindo, ao lado do rio.

Emissários de Martin Afonso de Souza, capitães do mato e Jesuítas faziam de Mongaguá um abrigo. Mas ninguém se fixava por lá, porque era um lugar multo isolado e a febre, castigo do rio, um perigo para os mais fracos.
 
Pelo ano de 1776, o sítio de Mongaguá foi arrematado em hasta publica, tornando-se propriedade do coronel Bonifácio José de Andrada, pai do patriarca da Independência. O sítio de Mongaguá tinha 400 braças de frente para o mar. Em 1814 foi vendido ao padre João Batista Ferreira; em 1847 a Antônio Gonçalves Nobre; 1857, vendido a Manuel Bernardes Muniz; em 1892 ao doutor Heitor Peixoto. Mongaguá, naquela época, estava parte na Capitania de São Vicente, parte na de Itanhaém. Estas eram as divisas do sítio.

Por volta de 1900, que tinha choupanas nas barrancas do rio, trocava o nome do sitio. Os viajantes ficaram conhecendo o local como o Porto do Firminio, Porto de Antônio Pedro, do Lourenço da Silva, dos Passos, nomes dos que moravam por lá.

Quando foi criado o Correio do Imperador, para as viagens até Cananéla à pé, o mensageiro queria chegar a Mongaguá para o repouso. Entregava as encomendas e seguia viagem, passando sebo nas canelas, para evitar as queimaduras provoca- das pela maresia. Apesar de o sitio de Mongaguá englobar terras dos Campos do Alto da Serra, onde ainda hoje moram multos indíos, as propriedades, em pequenos terrenos, ficavam sempre perto do mar.

A cidade de Mongaguá tem sua história formada mesmo com a criação da Companhia Melhoramentos da Praia Grande, que em 1913 pretendeu construir um loteamento modelo, com a instalação de um balneário. Mas, como os habitantes da capital ainda não tinham se acostumado com a nova onda que surgia na época férias, o balneário não foi para a frente.

Foi instalada água encanada, serviço de luz, mas o balneário desapareceu. Mesmo assim, os sócios da Companhia Melhoramentos da Praia Grande conseguiram formar núcleos de população, como os bairros que até hoje existem: Jardim Aguapeú, Vila Arens, Jardim Caiaú, Mongaguá (o centro da cidade) e a Vila Sorocabana.

Em 1952,Mongaguá passa a ter História Oficial quando fol constituído o Distrito de Mongaguá, entre São Vicente e Itanhaém. Hoje, a cidade fica entre Praia Grande e Itanhaém, porque Praia Grande desligou-se de São Vicente.

Os mongaguaenses não conseguiram representação na Câmara de Itanhaém, por causa da excessiva divisão de votos. Para Mongaguá isto não era nada bom. Depois, com a pressão dos representantes de Peruíbe que também queriam apoio na câmara de Itanhaém, para liberação de ambas as localidades, isto foi conseguido.

Em dezembro de 1957, foi empossada a primeira diretoria da Associação de Amigos de Mongaguá que encaminhou um abaixo-assinado para a Assembleia Legislativa do Estado, através do deputado Pinheiro Junior.

Houve muita discussão naquela época. Houve gente que não acreditava na capacidade de Mongaguá em viver separada de Itanhaém. Mas, nem o Legislativo nem o Executivo de Itanhaém apresentou obstáculo para a emancipação de Mongaguá.

Então, marcaram um plebiscito para dia 7 de dezembro de 1959 quando 122 eleitores, os úni- cos inscritos votaram. Quatro votos contra e Mongaguá passou a município por lei assinada no dia 31 de dezembro de 1958, pelo Governador do Estado.

A eleição foi feita logo depois e foram eleitos para prefeito Cesário Pereira Filho e vice Vahan Yaraglian. Na segunda eleição, o prefeito foi o advogado João de Barros Teixeira e o vice, Nilton de Oliveira Neto.

O prefeito atual, também advogado, Atilho João Fumo e o vice-prefeito, Aldo Ferrigno, eleitos no ano passado.



Chafariz Anchieta. A Última restauração foi feita pelo Instituto Histórico e Cultural de Mongaguá em parceria com a  SABESP e entregue para a Prefeitura. Primeira captação de água da Vila de Mongaguá. Casa da Memória. 

***

MONGAGUÁ


Seu nome vem de uma palavra indígena que significa “água pegajosa”. No século XVI, segundo historiadores, emissários de Martim Afonso de Souza, em suas viagens pelo #litoral paulista, paravam em #Mongaguá para descansar. Aos poucos, foram surgindo moradores fixos e, consequentemente, as primeiras propriedades. Parte do território atual situava-se, naquela época, na Capitania de São Vicente e outra na Capitania de Itanhaém. Após a Segunda Guerra Mundial é que Mongaguá começou a se desenvolver. A construção da rodovia Padre Manoel da Nóbrega, ligando Mongaguá a São Paulo, deu um grande impulso ao crescimento do distrito. Em 24 de Dezembro de 1948 foi criado o Distrito de Mongaguá, pela Lei nº 233. Mongaguá, que pertencia a São Vicente, foi incorporada ao município de Itanhaém. Em 1977, Mongaguá foi elevada à categoria de Estância Balneária, pela Lei Estadual 1.482, publicada no Diário Oficial, no dia 7 de dezembro de 1977.



Primeiro ônibus  que passou pela Vila de Mongaguá. Comprado pela Associação dos Proprietários da Praia Grande, presidida pelo Coronel Francisco Rodrigues Seckler. Acervo: Vera Seckler- Casa da Memória de Mongaguá.


*



Coronel Francisco Rodrigues Seckler (Membro da Guarda Nacional). Foi homenageado pelo então deputado estadual Dr. André Franco Montoro recebendo seu nome na estação ferroviária de Mongaguá no centro da cidade. Foi um dos desbravadores da Vila de Mongaguá chegando aqui por volta de 1915. Em São Paulo foi vereador e Presidente da Câmara Municipal. A pedido da sua esposa Brasília Teixeira Seckler, construiu a Capelinha de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em 1922.  (Vera Seckler, Casa da Memória de Mongaguá)


Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, construída pelos pioneiros Brasília e Francisco Rodrigues Seckler,


Francisco Rodrigues Seckler, Brasília Teixeira Seckler e seus filhos Maria e José. 1910.



Brasília Teixeira Seckler, senhora à frente do seu tempo. A primeira sala de alfabetização da Vila de Mongaguá. Conheceu Don Pedro II, passou pela Lei Áurea, pela Proclamação da República, pela Semana da Arte Moderna, Revolução de 32, as duas guerras mundiais, ditaduras enfim era uma biblioteca viva. Mulher culta, faleceu aos 100 anos completamente lúcida. Eu e meus amigos estudamos uma parte da história do Brasil com detalhes que só ela contava. Vera Seckler.


  ·

O CENTENÁRIO DE ANNA SECKLER TAVARES DE LIMA


MARCELO DIANO


Capítulo do meu último livro: Sant'Anna de Itaquera- Don'Anna de Mongaguá.

Alguns poucos que conhecem a história de Mongaguá puderam silenciosamente celebrar em março de 2014, o centenário de nascimento de uma grande mulher, que por suas obras demonstrou seu amor incondicional pela cidade. Anna Seckler Tavares de Lima, a “Dona Neca”, nasceu em São Paulo, e era filha do Coronel Francisco Rodrigues Seckler, grande investidor de terras na zona leste de São Paulo. O Coronel Seckler chegou a possuir terras em Itaquera, São João Clímaco e São Bernardo. Crescida em um lar abastado, a jovem Anna pode desfrutar da clássica São Paulo do início do Século XX, onde ainda se podia passear aos finais de semana pela região central da cidade. Nestas ocasiões, Anna se vestia impecavelmente com chapéu e luvas combinando com o vestido, pelo Viaduto do Chá, programa muito apreciado pela sociedade paulistana daquele tempo.

Anna adoeceu quando criança, e como promessa feita para seu restabelecimento, em 1918 seus pais construíram a Igreja de Sant’Anna em Itaquera, no local onde havia uma antiga capelinha. Hoje é a Igreja Matriz de Sant’Anna, referência como o templo católico mais conhecido na região.
O Coronel Seckler chegou a ser diretor da Faculdade de Pharmácia e Odontologia de São Paulo, onde Anna concluiu seu curso de farmacologia. Como ampliação dos investimentos em terras, a família chegou à antiga Vila de Mongaguá, e na década de 1920 adquiriram as fazendas Promissão e Rondônia, que englobavam áreas da Serra do Mar até a praia. Foi nesta ocasião que Anna percebeu a necessidade de ajudar voluntariamente a carente população local.

Sua mãe Brasília criou a primeira capelinha de Mongaguá em 1922, a Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e em um imóvel à beira mar, seu pai improvisou a primeira sala de aula da região para alfabetizar as crianças. A jovem Anna, junto com a amiga Maria Helena Mendes Cordeiro, percorria a cavalo a zona rural da cidade convocando as crianças para as aulas, e juntas foram pioneiras da educação em Mongaguá. A imagem de Anna montada em sua égua “Bolívia”, adentrando matos e cruzando brejos, retrata a obstinação de quem queria fazer o bem, para as pessoas e para o lugar que escolheu para amar.

Utilizando seus conhecimentos na área da saúde, Anna também cuidava das pessoas curando algumas moléstias, naqueles tempos que não havia médicos e hospitais.

A antiga capelinha de 1922, após a criação da Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida, ficou abandonada e deteriorando-se por muito tempo. Anna criou a Comissão para a Restauração e Conservação da Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, e como presidente, conseguiu a construção de um novo prédio, o qual permanece até hoje no local original, com praça interna e amplo jardim.

Por ter presenciado o desenvolvimento da antiga Vila de Mongaguá e envolvida sentimentalmente com a cidade e a população, Anna sentiu a necessidade de reunir pessoas e criar ações no sentido de preservar a história da cidade. Para tanto passou a guardar fotos e objetos na intenção de criar um museu. Não chegou a presenciar a realização deste sonho, mas o que conseguiu juntar serviu como ponto de partida para a criação da Casa da Memória de Mongaguá.

Em agosto de 1999 Anna passou a fazer parte da memória e da história que ela tanto lutou para resgatar. 

*




"Imagine como seria Mongaguá nos anos 1920, e sob a visão de uma criança que contempla uma natureza intacta, tribos de índios a beira mar, e toda sorte de animais da Mata Atlântica quase intocada, cruzando o quintal de casa.

A ferrovia recém chegada, e o início da formação de uma vila, que posteriormente se tornaria o município de Mongaguá. Dona LOURDES SECKLER FILIPPINI contemplou tudo isso, brincava no quintal de Fernando Arens Junior, fundador da cidade, e o descrevia nos menores detalhes.

É mãe do Duílio, o conhecido “Dudu Samba”.

Dona Lourdes várias vezes me concedeu entrevistas e muito colaborou na elaboração dos meus livros. 

Foi minha grande professora nesta matéria que inventamos: Mongagualogia.

Partiu um dia, deixando suas pegadas nesta terra através de seus relatos, que tive o privilégio de filmar e escrever". (Marcelo Dianno)

*

A PRIMEIRA CASA VERANISTA



Primeira casa veranista, construída em madeira, na orla de Mongaguá no final da década de 1940. Relíquia enviada pela Yara e o Marco. Casa de madeira da av. Ademar de Barros perto da Av. São Paulo. Vera Seckler. Casa Memória de Mongaguá.


O córrego que ainda se vê na foto é o Caiaú. Hoje canalizado sob a Avenida São Paulo, deságua no Rio Mongaguá. (Marcelo Dianno)



Sr. Ludwig Meyer ( Luiz) que construiu a casinha de madeira da Av. Ademar de Barros em 1950.

*


MONGAGUÁ EM 1969

ENTRE O MORRO E O MAR, A CALMA DE 11 ANOS


CIDADE SANTOS, DOMINGO 7 DE DEZEMBRO DE 1969



São 13 quilômetros de praia, de mar bonito e muito limpo, só no Município de Mongaguá, Dois metros acima do mar nos 131 quilômetros quadrados, ares do município que tem mais ou menos 15 mil habitantes, com uma arrecadação anual de NC$ 1.000.000,00.

O maior problema de Mongaguá é que 80 por cento das terras pertencem a poucas pessoas. Ela é dividida pela es- trada de rodagem a Pedro Taques e fica a 20 quilo- metros de Itanhaém e a mesma distância da Praia Grande, no quilometro 88 da rodovia,

Quando a estrada de ferro da Sorocabana chegou, a cidade progrediu. Multos funcionários da ferrovia compraram terras por lá e construíram casas de temporada. Do lado do mar, são os poucos proprietários que moram geralmente em São Paulo. Do outro lado da estrada, são os funcionários da Sorocabana e gente que mora na região, servida pela ferrovia.

Acontece então que os nascidos em Mongaguá e gente que reside 14, há muito tempo, ou tem uma pequena faixa de terra ou então mora de casa alugada.

Mongaguanense não tinha para onde ir. Então surgiu uma ideia: construir a cidade alta, no morro que existe em frente à entrada principal da cidade, em terrenos do Estado, onde existia antigamente uma fazenda.

"Esta é a única saída que temos, porque os proprietários não querem vender as terras e não têm muito interesse que a cidade cresça. O negócio deles é vir aqui passar as férias e deixar as áreas valorizando", afirma o presidente da Comissão Municipal de Esportes, Cultura e Turismo de Mongaguá, Miguel Lopes da Silva,

MORADOR E TURISTA

Apesar do morador de Mongaguá sentir que sua vida está limitada, que não pode comprar mais terras, porque ninguém quer vender nada, ele gosta do turista, sua principal e para que não dizer, sua única fonte de renda. O município também vive da banana e sua industrialização, mas isto não representa muito.

Todos esperam a temporada, quando o dinheiro corre mais fácil, com muita gente que desce a Serra para ver as praias bonitas de Mongaguá, e pescar no Poço das Antas que tem uma cachoeira de água limpa e árvores grandes que ficam ao lado do rio.

Os turistas construíram um clube, há 15 anos, o Itapoán, com 300 sócios - somente 6 moradores da cidade. As melhores festas são no Itapoán, quando os turistas da Capital e do interior do Estado se divertem.

Depois da ponte sobre o rio Mongaguá, fica o clube. dos moradores da cidade que só tem um ano de vida, c a Sociedade Recreativa Mongaguá com 190 sócios, e ninguém de fora. Foram os veteranos que fundaram.

Mongaguá recebe o turista com alegria. Ele pode representar, para o comércio de 128 firmas, sendo 3 indústrias de blocos e 3 pedreiras, a féria do ano todo. Fora da temporada, só os bares e restaurantes da praça, têm movimento regular. O resto fica esperando as próximas férias, para vender seus pro- dutos.

E SE CHOVER?

O comercio de Mongaguá depende também de São Pedro. Nos fins de semana, o movimento cresce, porque tem turista que chega. Mas, os produtos são comprados na Capital, porque não há Industria de gêneros alimentícios. O comerciante fica sempre em dúvida quanto à I quantidade que deve comprar. Se chove, ele pode perder todo o estoque, ninguém vai para Mongaguá com chuva. Se não chove, quem comprou pouco, perde uma oportunidade de fazer um bom movimento, porque seu estoque era pequeno para a procura.

Mongaguá é cidade bonita, que conserva ainda as ruas sem asfalto, poucas são calçadas. Isto se explica: a rede de esgotos ainda não está concluída.

CERVEJA NÃO FALTA

Cerveja não podia faltar em Mongaguá. O calor é de- mais e turista gosta de ficar nos bares, principalmente os da praça. 8ão dois depósitos de bebidas na cidade, para atender principalmente os turistas que no último carnaval deixaram 120 milhões de cruzeiros velhos no clube Itapoán.

Se o turista ou morador da cidade não se senta para tomar uma cerveja à noite, ele pode ir às duas boites que existem, que para os mais tradicionais é um verdadeiro absurdo: cidade tão pequena e pacata com duas boites.

Uma volta na praça é também um programa para as noites de calor. Durante a temporada muita gente circulando, os paqueras e os casais passeando. Fora da temporada, as rodinhas dos moradores que se reúnem para um bate-papo.

O cinema é outro programa. O filme muda cada dois dias, porque o movimento é pequeno e não comporta mais tempo de exibição de um mesmo filme. Ele fica na praça principal e tem capacidade para 600 pessoas.

PRAIA E CACHOEIRA

Durante o dia, o melhor em Mongaguá é ir à praia, nos seus 13 quilômetros de areia, Um mar de ondas constantes e muitos pescadores estão esperando você.

Mongaguá, em junho é tempo de pescar tainhas. E a Comissão de Turismo quer fazer até um concurso, com a praia iluminada, para ver quem pesca mais. No rio Mongaguá, outro lugar de boa pescaria, perto do Poço das Antas que vai se unir com o rio, os peixes são o robalo, caratinga (filhote de tainha), parati e a tainha.

ESCOLAS, MEDICOS E POLICIA

Mongaguá tem cinco estabelecimentos de ensino. O Ginásio Estadual, que funciona à noite, o ginásio Manoel da Nobrega, particular, o Grupo Escolar Estadual, a Escola Isolada Estadual e Escola Municipal.

Acontece que no ginásio estadual, os alunos só podem fazer até a primeira série - não há professores. Este ano estão matriculados 30 alunos que terminam curso no Manoel da Nobrega ou em Itanhaém. No primário, em todas as escolas municipais, estão matricula- das 720 crianças.

No programa do prefeito, para o próximo ano, está a construção e ampliação deste ginásio para que os estudantes possam ter os 4 anos do curso.

O Manoel da Nóbrega tem 160 alunos, cursando o primário e ginásio. Quando o garoto termina o ginásio, se quiser continuar os estudos tem que vir para Santos ou São Vicente porque naquela região não existem escolas em nível de 2º ciclo.

No serviço médico a Prefeitura tem um convenio com a Santa Casa de Santos para atender os casos mais graves. Mas mantem, no município, um Pronto

Socorro enquanto o Estado mantém o PAMS- Posto de Assistência Médico-Sanitária. Cinco médicos prestam serviços na cidade.

Existem uma Guarda Municipal para cuidar dos logradouros públicos e dar serviço na Prefeitura. Destacamento Policial Militar, anexo à Delegacia que tem delegado efetivo, o doutor Francisco Loup Filho. O comando do Destacamento é do cabo Arnaldo de Almeida, que mora em São Vicente e diz que a cidade é tranquila. Mongaguá é assim mesmo, a maioria dos que trabalham 14, reside fora da cidade. Em Santos, São Vicente, na Praia Grande e mesmo da capital há gente que trabaIha em Mongaguá.

A PRAÇA, UM PALANQUE, UM COMICIO

A praça principal de Mongaguá já conseguiu reunir duas mil pessoas em dia de comício político, numa das últimas eleições, para eleger o prefeito.

Dizem até que mongaguaense não pode ver palanque que já quer tomar a tribuna e falar para o povo. Na praça, há ainda, o ponto de taxis -só de peruas kombi, porque turista chega na cidade com a esposa, filhos, sogra e até vizinhos.

O município tem só um hotel, é perto dos pinheiros, para o lado de Itanhaém, com acomodação para 35 a 40 pessoas. A diária é de 18 cruzeiros novos no quarto e 21 no apartamento, com refeição completa. Mas, na temporada, há um aumento de 20% na diária. É o Vila Atlântica Hotel. Na praça existia um outro hotel que foi demolido, para que se construísse a ponte que liga os dois lados da cidade atravessando o rio Mongaguá, perto da praia.

 


Desfile cívico no início dos anos 1970 .  Escola Manoel da Nóbrega. 

*


 
Primeira casa de Alvenaria, patrimônio da família Loureiro: Dona Antonieta e Dr. Raul. 
Casa da Memória de Mongaguá.


ROMEU LOUREIRO


Raul Romeu Loureiro, advogado, promotor público de São Roque, conheceu Mongaguá através de sua amizade com Fernando Arens, e aqui chegou em 1927. Sua casa ficava em frente ao mar, um quarteirão antes do Hotel Balneário Marinho. Teve participação direta na criação do Distrito da Paz, acompanhando pessoalmente este desmembramento de São Vicente SP. Foi presidente da Associação Amigos de Mongaguá. Redigiu o 1º documento para a Assembleia Legislativa sugerindo a emancipação de Mongaguá SP. Integrou junto com Francisco Rodrigues Seckler a Associação dos Proprietários da Praia Grande. Escreveu o 1º livro sobre a Cidade “Anotações para a História de Mongaguá”. Em 1945 criaram em sua casa o Clube Amigos da Onça com a finalidade de criar festas, eventos e brincadeiras. Dançavam em um barracão. Construiu a Igreja Nossa Senhora Aparecida a pedido de sua esposa dona Antonieta. Foi bacharel no cargo de Procurador Chefe da Procuradoria Fiscal do Departamento Jurídico e Fazenda do Estado de SP.







Primeira sala de alfabetização construída pelo Coronel Seckler onde a Maria Helena Mendes ensinava os caiçaras e os índios a escrever. Década de 30. ( local atual na Rua Brasília Teixeira Seckler e ficava no meio da rua). Vera Seckler.


AS  PONTES DE MONGAGUÁ





Ponte em Agenor de Campos. Na época - idos de 1964 - existia uma ferrovia que levava até as fazendas de bananas, segundo relato de Antônio Bega Jr. Foto restaurada do acervo Família Béga.

O ANTIGO E O MODERNO PODERIAM ESTAR JUNTOS




"O moderno pode conviver lado a lado com o antigo ? É uma tendência mundial hoje o progresso avançar, sem portanto destruir o passado. Em Mongaguá tivemos uma "Ponte Pênsil" sobre o Rio Mongaguá. Servia apenas para pedestres, e favorecia principalmente os fiéis da Igreja Matriz que moravam do lado oposto. Porém, foi necessário a construção de uma ponte maior para dar seguimento ao fluxo de automóveis da Avenida São Paulo. Mas .... será que foi necessário a demolição da outra ? A antiga ponte não poderia ter sido preservada como monumento histórico ? As duas pontes não poderiam conviver lado a lado como em Florianópolis, onde a Ponte Hercílio Luz, cartão postal da cidade foi mantida mesmo depois da construção da ponte nova ? Em MONGAGUÁ pouco tempo as pontes conviveram juntas. Poucas fotos como estas aqui mostram lado a lado o antigo e o moderno". (Marcelo Dianno).


Ponte Pênsil . Casa da Memória de Mongaguá.


Ponte ferroviária sobre o rio Mongaguá.


Anúncio de loteamento Jardim Praia Grande na imprensa paulistana nos anos 1960.


Acima, a ponte ferroviária entre os bairros do Centro e Pedreira. Embaixo, a linha ferroviária cruzando a cidade.




Anúncio do loteamento Jardim Maria Luiza tendo como marcos de referência o bairro, a estação  da E.F. Sorocabana e o hotel, todos denominados Praia Grande.



Avenida do Telégrafo (atual São Paulo) esquina com a rua Brasília Teixeira Seckler.


Bomba de gasolina na Avenida Marina. Anos 1960. 


Portal da estação ferroviária. Registro dos anos 1960. Casa da Memória de Mongaguá.




O PRIMEIRO PREFEITO



José Cesário Pereira Filho: o primeiro prefeito. Casa da Memória de Mongaguá.


.





Fotos: Casa da Memória de Mongaguá.




Foto Postal Colombo  dos anos 1960. Acervo do Arquivo Nacional. Rio de Janeiro





MAIS RECENTE

A CIVILIZAÇÃO DOS PORTOS

   Banner.  São Vicente e Santos em 1615, em gravura do roteiro do Almirante Joris Van Spilberg idealizada pelo ilustrador Jan Janes. Fonte:...