08/07/2019

ONDE TUDO COMEÇOU - Wlamir Marques





"COMO VAI VOCÊ ?(123)

SÁBADO,  16/03/24- "A PASSAGEM"


Se me perguntarem como estou passando, a resposta é imediata: Estou sobrevivendo! É isso mesmo, sem fingimentos não tem sido tão fácil carregar nas costas 86 anos. Aos poucos vou perdendo minha juventude para o tempo. Esse não perdoa, fere e assopra, engana e trai.
Tudo é uma questão de auto conhecimento. Não conheço as palavras mais exatas que definam o meu tempo. Intimamente sinto-me muito bem, sem dores e nem sou contaminado pelos excessos do cotidiano. Luto pra tentar superar os traumas de um passado distante no tempo.
Muito me orgulho da minha cabeça, essa não me falha. Muitas vezes cansada, mas ainda é uma exímia batalhadora. Nas horas mais propicias manda-me ordens, dando-me a graça da vida e da esperança. Sou uma expectativa? Uma espera ? O amanhã ? Sei lá, nunca passei por isso.
O tempo sempre vencerá. Aos poucos conseguirá destruir todas as minhas barreiras. Suportar as suas consequências é o grande segredo da vida. O desafio é permanente, cabe à cada um decidir o seu próprio destino. A luta é inglória. Vamos aos céus deixando rastros de saudades.
Mas sou perseverante, sempre fui um homem de brios, sou a minha única esperança. Vou ao encontro do SENHOR contando sempre com a minha sólida sensatez. Sem substituto, busco ansioso pela minha honrosa passagem, esperando sempre "Encontra-lo" do outro lado! WM.



"VISÃO DISTORCIDA"- (122) 

SÁBADO, 17-02-2024 "ERROS E ACERTOS" 

Se alguém pensa que na minha vida tudo deu certo, está redondamente enganado. Nem tudo foi flores e nem tudo foi espinho. Muitas vezes aceitei certos tipos de trabalho só pra ganhar dinheiro. O basquete me pagava 20% das minhas necessidades, o restante vinha do meu trabalho. Fui funcionário publico federal por doze anos (56/68) trabalhando nos correios. De 62 até 68 trabalhei no DCT da capital. Não era fácil conciliar o trabalho com os jogos e treinos no Corinthians. Muitas vezes saia do trabalho e ia direto para o Pacaembu. O maior adversário era eu mesmo. Trabalhei durante 12 anos no Colégio São Luiz como professor de educação física. Acordava às 6 horas da manhã e só voltava pra casa à noite. Nunca gostei de dar aulas para o 1º e o 2º graus, mas eu precisava ganhar dinheiro. Foi meu 1º trabalho como professor de educação física. Trabalhei na UMC de Mogi das Cruzes por duas temporadas. Saí pelos horários incompatíveis. Trabalhei na Unesp de Rio Claro à pedidos da alta direção. Pedi demissão por inveja de alguns professores. Dei aulas um semestre e me escolheram para ser o paraninfo. Isso gerou ciúmes. Ali fiquei mais 5 anos indo e vindo de São Paulo 3 vezes por semana. Após tudo isso pedi demissão. Fui contratado pra ser professor em Itapetininga. No primeiro dia de aula o diretor me disse que não havia quadra para as aulas praticas. Até hoje me esperam para a 2ª aula. Nada foi fácil em minha vida. Eram outros tempos. Trabalhar e jogar era o que restava a um jovem cheio de amor ao que fazia. Querem mais detalhes ? Um dia eu conto porque aos 51 anos de idade fui submetido a uma cirurgia cardíaca. Hoje aos 86 sinto-me otimamente bem! WM

"A HONRA RECONHECIDA" (120)

-25/11/23- SÁBADO. "OBIGADO PELO TEMPO"


Quando o Sr. Henry me ligou da FIBA anunciando que eu havia sido escolhido para fazer parte do Hall da Fama de 2023, foi um momento de grande emoção. Ao observar a minha titulação, ele emocionou-se ao saber que a minha carreira fazia jus ao receber aquele tão honroso premio.
Ele constatou que nenhum atleta do basquete mundial possuia uma titulação igual a minha. Ser duas vezes campeão do mundo, duas vezes vice e duas medalhas olimpicas de bronze, era um feito inigualável na história da Fiba. Pelo telefone notei a sua emoção ao me comunicar de tal feito.
Ele estranhou ter passado tanto tempo sem o reconhecimento da FIBA. A entidade teve que recuar no tempo para atender um pedido da atual CBB. É assim que funciona o Hall da Fama da Fiba. Tem que haver um pedido da entidade maior do país e, só após isso é feita a averiguação do mérito.
Desejo afirmar que o empenho da CBB nesse caso foi primordial. Sem a sua anuência e a sua insistência, jamais eu receberia tão honrosa premiação. Outras diretorias passaram pela CBB, mas nenhuma interessou-se em enviar à FIBA tamanha e importante recomendação de um atleta brasileiro.
Humildemente hoje me sinto honrado. Foram 20 anos de luta sobre a égide de uma entidade soberana. Ser eternizado no basquete mundial é para poucos, mesmo que eu venha receber esse premio tão tardiamente. A minha história foi escrita ao pé da letra. Muito obrigado pelo tempo! 



E.C. Corinthians Paulista inaugurou nesta semana (9 de novembro de 2023) o busto do seu maior atleta do basquete, o calunga Wlamir Marques, que já tem seu nome eternizado nesse estádio poliesportivo. Wlamir começou sua carreira nas quadras do E.C. Tumiaru e no São Vicente. Praia Clube. Passou pelo XV de Piracicaba, compôs a seleção Brasileira e no Corinthians encerrou sua brilhante carreira. Formou várias gerações como professor universitário. Está perpetuado internacionalmente no Hall da Fama da. FIBA.


"TEMPOS DE CRIANÇA"  (120)-28/10/23- SÁBADO
"LEMBRANÇAS"


Lembro da minha primeira entrada em uma quadra de basquete. Era nadador do Tumiaru e algumas vezes o técnico Zéquinha levava-nos para fazer exercícios físicos em sua quadra de basquete. Ali comecei a me ligar no "bola ao cesto". Era uma quadra ainda feita de saibro.
Mais tarde vi a quadra ser cimentada. Era uma quadra oficial onde o Tumiaru jogava toda a sua trajetória esportiva no basquete. Assisti vários jogos da equipe adulta e o meu sonho era fazer parte daquele enredo. Em 1951 disputei o meu 1º campeonato infantil naquela quadra.
Disputamos um tornei inicio no ginásio da Atlética Santista em Santos e, na final contra o Internacional vencemos por 19 x 12 e eu fiz os 19 pontos do Tumiaru. No dia seguinte o jornal "A Tribuna" publicou uma nota exigindo que a Liga Santista impedisse a minha participação.
Como impedir? Eu estava dentro da idade e tinha todo o direito de disputar qualquer campeonato. Esse foi o meu primeiro e único torneio que eu disputei na base, o resto foi só com as equipes adultas. Nos anos de 1952/53 fui bi campeão brasileiro juvenil com a seleção paulista.
O salto foi muito grande e rápido, pois em Dezembro de 1953 fui convocado pela primeira vez para uma seleção brasileira adulta. Já não pertencia mais ao Tumiaru. No dia 27/11/53 fui transferido para a cidade de Piracicaba. Ali dediquei 9 anos da minha carreira atlética.
Essa é uma outra história que merece um carinho todo especial. Em Piracicaba eu casei e tive a felicidade de ter os meus dois filhos Wlamir Jr e Susi, além da minha esposa Cecilia (in memoriam). Muitos acham que eu nasci em Piracicaba, mas sou vicentino e calunga com muita honra! WM.

 "TEMPOS DE CRIANÇA IV (119)"- 21/10/23- SÁBADO


"LEMBRANÇAS"

Jamais vou esquecer da radio novela "O DIREITO DE NASCER", um grande sucesso. Sem a televisão era o que tínhamos para ouvir e nada pra ver, o resto ficava na nossa imaginação. À partir das 19 horas todas as rádios acionadas, não podíamos perder um capitulo, o país parava.

Minha mãe ouvia a novela em duas rádios. Na Rádio Nacional do Rio de Janeiro e na Tupi de São Paulo. Lembro das vezes que minha mãe me pedia pra comprar gelo à fim de abastecer a nossa geladeira de madeira. Embrulhávamos o gelo em folhas de jornal para durar mais tempo.

Geladeira elétrica só as importadas. Foi quando meu pai comprou uma com o nome de Marquete. São Vicente naqueles tempos era famosa também pelas sorveterias muito procuradas pelos turistas. Sempre que podia eu comprava picolés de amendoim, deliciosos.

Todo domingo de manhã minha mãe me levava na escola dominical da igreja presbiteriana independente de Santos. Ia contrariado, preferia estar na praia. Naqueles tempos eu andava muito de bonde. Uma vez ou outra de ônibus. Durante a guerra havia blecautes na orla santista?

Ficávamos às escuras para não dar visões aos submarinos alemães que rondavam as nossas praias. Naqueles tempos a Ilha Porchat era desabitada e eu adorava dar a volta pelas pedras e mergulhar da pedra do Tarzan. São Lembranças de uma infância audaciosa e muito feliz! Saudades! WM.



TEMPOS DE CRIANÇA III (118). 14-10-2023.


LEMBRANÇAS


Hoje retorno aos primórdios da minha infância em São Vicente. Estou nos anos 40. Dessa década possuo imagens que nunca se apagaram. Lembro da minha mãe me levando ao Colégio D. Pedro ll. Ali aprendi o be a ba da vida. Aprendi a ler e a escrever muito rapidamente.

Essa escola ficava na Rua Martim Afonso e eu ia à pé em busca de conhecimento. Eu morava na Rua 13 de Maio esquina com Rua Ipiranga. Era muito próximo. Quase não haviam ruas calçadas. Muitos terrenos baldios à espera dos investimentos. Bem mais tarde chegou o asfalto.

Vivi nessa década o fim da 2ª guerra mundial com muita comemoração nas ruas. Também aprendi a andar de bicicleta. Fui um audaz andarilho, não havia distância que me impedisse. Foi quando comecei a frequentar o Tumiaru para treinar natação e ouvi pela 1ª vez falarem em basquete.

O Brasil foi medalha de bronze em Londres (1948). Foi o principal motivo do meu envolvimento com a bola laranja. Fui um frequentador assíduo das matinês no Cine Anchieta. Muita torcida pelo Durango Kid e outros heróis. Vi o Zepellin voando sobre a minha cabeça, sensacional.

Muitas vezes mergulhei da Ponte Pensil e subi nas arvores ao redor em busca do Jambolão. Uma fruta deixando marcas roxas na boca. Também comi Jambo, Amora, Carambola, Abil e tantas outras frutas silvestres. Empinei pipas e corri atrás de balões, hoje totalmente proibidos.

O tema não se esgota. Ainda há muita coisa a ser dita. São passagens da minha vida que não quero esquecer. Se me permitirem quero continuar, não desejo esquecer do meu passado. Só pra lembrar: Eu nasci na sede do E.C.Beira Mar e ali dei inicio à minha carreira esportiva. Saudades! WM.

TEMPOS DE CRIANÇA II (117)- 07/10/23

"VENCI MEU TEMPO"
Dando continuidade às minhas recordações, lembro que nasci em São Vicente no dia 16 de Julho de 1937. Sou calunga nato, vim do mar, do sol e do céu azul. Fui rato de praia e assíduo frequentador do Gonzaguinha. Queimado de sol, caminhava descalço pelas ruas daquela velha cidade.
São Vicente foi fundada por Martim Afonso de Souza no dia 22 de Janeiro de 1532. É a cidade mais antiga do Brasil. Morei sob seu teto até o dia 27/11/53, quando mudei para Piracicaba à fim de jogar basquete. Ali encerrei a minha infância e iniciei uma empolgante carreira atlética.
Em 1952, ainda com 15 anos, fui convocado para uma seleção santista à fim de jogar basquete na Argentina ? Muito novinho fui ao encontro dos campeões do mundo de 1950. Enfrentei-os de igual para igual sem qualquer tipo de receios. Um assombrado Davi enfrentando Golias.
Fui convidado a ficar por lá, mas isso nunca aconteceu. Naqueles tempos São Vicente era um celeiro de craques, deixando até hoje saudades inesquecíveis. Fomos e voltamos de navio para a Argentina. Era um navio cargueiro com passageiros dispostos a enfrentar todos os desafios.
Seu nome era "Corrientes". Demorava três dias pra ir e três pra voltar, mas balançava muito, nunca me senti bem dentro daquela barca. No ano de 1952 disputei o meu primeiro Jogos Abertos do Interior em Ribeirão Preto. Defendi com muito orgulho a minha querida São Vicente.
Aos poucos as histórias vão clareando em minha cabeça. Lembrando, exponho as aventuras de uma linda infância. Não é tão fácil recordar momentos vividos há 70 anos atrás. Sem requintes de vaidades, fui um jovem ambicioso com os pés no chão. Que bom, venci meu tempo!  WM.


"TEMPOS DE CRIANÇA I-(116)"- 30/09/23-

"LEMBRANÇAS"

Hoje retorno aos meus tempos de infância. Muito já foi dito sobre a minha vida atlética, mas guardo em minha memória fatos que não posso deixar de contar antes que desapareçam da minha cabeça. Por exemplo: vocês sabiam que se eu nascesse menina meu nome seria Wilma?
Juro que eu gostaria de ser chamada de Wilminha. Vocês sabiam que ao me transferir para Piracicaba eu tinha uma namorada em Santos? Que seu nome era Abigail ? Vocês sabiam que o 1º arremesso que eu fiz à cesta foi com uma bolinha de tênis ? Foi a minha1ª entrada em uma quadra.
Vocês sabiam que por mais que eu desse bola para as meninas de São Paulo nunca me aceitaram ? Vocês sabiam que pra mim jogar basquete pela escola eu fugia de casa? Minha mãe não deixava. Sabiam que eu colecionei figurinhas de jogadores de futebol e joguei muito bafa-bafa?
As figurinhas vinham enroladas em uma bala. A bala chamava-se Futebol. A bala era ruim, mas quando eu tirava uma figurinha carimbada era uma festa. Vocês sabiam que eu nunca enchi um álbum ? Na metade eu desistia. Sabiam que em Santos eu torcia para a Portuguesa Santista ?
Vocês sabiam que meu pai um dia me levou pra assistir um jogo de futebol entre o Jabaquara x Corinthians. No Jabuca jogavam o Gilmar (goleiro), o Ciciá e o Balthazar. Em seguida os três vieram para o Corinthians. O Ciciá era a sensação e os outros dois vieram à reboque.
O Ciciá não deu certo, mas os outros dois fizeram história no clube. Gilmar foi o goleiro bi campeão do mundo e o Balthazar recebeu o apelido de "Cabecinha de Ouro". O Claudio centrava e o Balthazar completava. Sabiam que o meu esporte preferido era o Atletismo ? Depois eu conto mais! WM.

"GEMA" (115)- 26/08/23. "A ESCOLHA"

Hoje retorno à década de 40 quando aos 7 anos de idade iniciei à minha carreira escolar no Colégio D. Pedro ll em São Vicente. Ali aprendi o be a ba. Em seguida fui para uma escola municipal à fim de terminar o curso primário. Até ali fui um ótimo aluno, sem falhas e sem outros objetivos.
Depois prestei exame de admissão e entrei no Colégio Martim Afonso. Naquele tempo era uma escola particular pertencente à família Bicudo. Mais tarde o Estado o encampou e passou a chamar-se "Ginásio Estadual Martim Afonso", mais conhecido como "GEMA". Alí fiz o curso ginasial.
Aos 11 anos comecei a gostar de esportes e dei inicio à pratica de varias modalidades. Nadava no Tumiaru e ali também iniciei no vôlei e no basquete. Com isso comecei a jogar vôlei e basquete no Gema. Praticava o atletismo na praia, e no gol defendia o E.C.Beira Mar na várzea.
À partir dali deixei de ser um bom aluno. Minha cabeça deu uma reviravolta e passei a me dedicar ao esporte de forma mais intensa. Um certo dia comecei a sentir palpitações cardíacas e à conselho médico diminui as minhas atividades. Fiquei só com o basquete, meu preferido.
Próximo das quadras, foi a melhor escolha. Muito cedo comecei a me destacar e não deu outra. Aos 16 anos fiz a minha transferência para Piracicaba. Em seguida fui convocado pela 1ª vez para uma seleção brasileira adulta, atuando por quase 20 anos de forma ininterrupta! 




"COMEÇO INCERTO" (114)- 05/08/23
"A GRANDE OPÇÃO"

Ainda garoto, morando em São Vicente, fui impelido pela minha mãe a praticar natação. Aos dez anos de idade dei as primeiras braçadas em um coxo infestado de lodo na sede de campo do C.R.Tumiaru no Japuy. Sem piscina, era o que me restava. Local indesejável para a natação.
Nunca reclamei de nada. Cumpria as ordens do técnico Zequinha e aos poucos fui me acostumando. Sempre saia daquelas águas com o rosto borrado de lodo. Eu era infantil e fui campeão paulista varias vezes nadando os 50 mts. livre e costas. Ganhei muitas medalhas mas.....
A natação não me atrai. Nadava por obrigação e nunca por prazer. Até que um dia entrei em uma quadra de basquete e não sai mais. Mudei para uma casa que dava fundos para as quadras de basquete do Tumiaru e me deslumbrei ao ver aquela garotada correndo atrás de uma bola.
Aos poucos fui deixando a natação de lado, mas à pedidos do meu técnico nadei mais algumas vezes pois eu era o único a trazer pontos para o clube. Confesso que sempre nadei contrariado, não era o que eu queria. Um dia dei um basta ao coxo e corri atrás daquela bola grande.
Joguei basquete no GEMA (Ginásio Estadual Martim Afonso) sendo tri campeão colegial do Estado de São Paulo em (51/52/53), jogando as finais no Ginásio do Pacaembu. Daí em diante não parei mais. Com 16 anos (1953) fui convocado para a minha 1ª seleção brasileira!! WM.


O Astro do E.C. Tumiaru Wlamir Marques está no Hall da Fama da Fiba 2023. O calunga Wlamir viveu longos anos na rua Expedicionários Vicentinos, de onde via o movimento do seu clube de base. Foi também superatleta da natação nas travessias do "piscinão natural" do Japuí. Filho do Dr. Marques, dentista muito conhecido na cidade, Wlamir - juntamente com seu companheiro de quadra Pecente- foi brilhar na quadra do XV de Piracicaba na década de 1950. Contratado pelo E.C. Coríntians Paulista, ali permaneceu até o fim da sua carreira de atleta no início dos anos 70. Brilhou também como campeão na Seleção Brasileira e destaque nas Olimpíadas em Tokio-1964. Tornou-se técnico e depois professor universitário onde formou uma legião de alunos que o veneram como atleta e educador de excelência. A FIBA é o principal órgão oficial federativo do basquete mundial. 

"FIBA- HALL DA FAMA" (113)- 13/05/23





"VENCI O TEMPO" (112)
Com certeza esse texto será um dos mais significativos escritos por mim. Na minha cabeça passa um diluvio de emoções. As palavras não se ajustam, o choro mistura-se com a alegria e o tempo parece parar. Quando eu já pensava em encerrar as corridas, meu fôlego renasceu.
Na semana passada, ainda de manhã, recebi um telefonema da Suiça  dizendo que eu havia sido indicado pela FIBA pra fazer parte do seu "HALL DA FAMA". Vocês fazem ideia de como se recebe uma noticia dessas? É um sonho ou estou entrando em uma nova realidade?
Ouvir aquele portunhol me pareceu sublime. Quem sabe veio de algum planeta? Como medir tamanha sensação? Como explicar aquela convocação? Emoção é algo impossível de ser descrito. Emoção a gente apenas sente e, nos inebriamos diante dos seus enfeitiçados arrepios.
Foi uma linda vitória sobre o tempo quando ele já havia se esgotado. A persistência mostrou a sua força ao me levar além do impossível. A FIBA retrocedeu e foi buscar no meu passado méritos já esquecidos. O passado jamais morrerá, apenas mudará de prateleira.
Confesso não saber mais o que esperar da vida. Não consigo enxergar o que o futuro me reserva. Vivo apenas para o presente e para o passado ao me oferecerem delicias e prazeres jamais imaginados. Obrigado FIBA, obrigado amigos (as) de fé. Cristo acima de tudo e de todos! WM.


- "1962"- 02/05/23- 3ª FEIRA
"OBRIGADO CORINTHIANS" (111)



No dia 1º de Maio de 1962 contratei um caminhão da Luzitana pra fazer a minha mudança para São Paulo. Eu, a Cecilia, o (Wlamir Jr. com 3 anos e a Susi com 2). Deixamos pra trás 9 anos de vida em Piracicaba. Dizer que parti tranquilo não é verdade, aquele frio na barriga me incomodava.
Vir à São Paulo de passagem ou para qualquer outra necessidade é uma coisa, mas vir para morar é outra coisa. Não é tão fácil sair do interior e enfrentar essa cidade turbulenta sem conhecer quase nada. Comprei um guia da cidade e por ali eu fui aprendendo a me deslocar, não foi tão fácil.
A sorte é que eu tinha um carro Chevrolet pintado de vermelho e branco, que me ajudava nos deslocamentos pela cidade. Aos poucos fui me adaptando ao trânsito, embora tenha cometido alguns erros. Trabalhava nos correios da Av. São João e ia de bonde até a porta do  trabalho.
Difícil foi encontrar uma residência. Depois de muita procura fomos morar em um apartamento na Rua Pirineus, próximo da Praça Marechal Deodoro. Ali ficamos por pouco tempo, pois logo em seguida fomos morar na Rua Condessa Siciliano próximo ao mirante de Santana.  Ali fiquei  2 anos.
Depois fomos morar em uma casa própria na rua Antônio Macedo, muito próxima ao Corinthians. Após 10 anos, mudamos novamente para a Rua Reinaldo Cajado no Belém e, em seguida moramos por 32 anos na Rua Caiubi/Perdizes. Hoje resido em apto. próprio na Rua Nova Jerusalém, Tatuapé!
Viemos para São Paulo afim de ficarmos no máximo 2 anos. Era nossa ideia voltarmos para Piracicaba. Pois é, o nosso destino não quis assim, resido nessa cidade há 61 anos e não penso em sair daqui. Serei eternamente grato ao S.C.Corinthians Pta. por me receberem de forma tão carinhosa!  WM


 "BENDITA BOLA" (110)


11/03/23- SÁBADO
"ENTREVISTA"


Não estranhem, hoje vou me entrevistar. Faço uma pergunta que nunca me fizeram: Wlamir, o que mais lhe trás saudades? Da sua infância em São Vicente? Da sua ida pra Piracicaba, ou da sua vinda pra São Paulo? Falo de saudades e não de importância. As 3 foram muito importantes.
Foram 3 mudanças que fortaleceram a minha forma de ser e viver. Resposta: a fase que mais sinto saudades é da minha infância em São Vicente. Fui um jovem desprendido, carregado de fé e de esperança, correndo solto pelas ruas da primeira cidade do Brasil, a "célula mater".
Vivi tempos de guerra aguardando uma possível invasão nazista. Nosso exercito praticava táticas de guerra em frente da minha casa. Descalço, corpo bronzeado e um Zeppelin no céu mostrando toda sua imponência. Vi meu tio chegando da guerra na Itália ao lado do seu cachorro Pirulito.
Corri riscos de vida devido as minhas ousadias. Namorei por pouco tempo uma garota santista. Ir de bonde até Santos para vê-la era muita mão de obra. Até o primário fui ótimo aluno. Depois conheci aquela bola enorme e me desliguei do estudo. Troquei a sala de aula pelas quadras.
Curti os anos 40/50 intensamente. A chuva não impedia minhas artes e traquinagens. Nadei no mar, fiz travessias, fui varias vezes campeão de natação. Furei festas de casamento. Fiz tudo o que um garoto tinha a vontade de fazer, até que um dia aquela bola enorme acabou com tudo! WM.


"RESTAM AS SAUDADES" (109)


"CARNAVAL"- 25/02/23- SÁBADO

Como já fui um grande folião, jamais poderia deixar de comentar os carnavais de hoje. Desde criança fui adepto das folias de momo. Nasci na sede do E.C. Beira Mar em São Vicente que, anualmente promovia lindos bailes de carnaval. Era menor e só podia frequentar as lotadas matinês.
Mais tarde, já engajado como atleta militante da natação e do basquete no C.R.Tumiaru, participei de várias noitadas em sua sede principal e, algumas vezes no ex cassino da Ilha Porchat. Os lindos salões enfeitados ficavam abarrotados de gente e as lindas marchinhas animavam a festa.
Com a minha ida para Piracicaba e com as minhas convocações para a seleção brasileira de basquete, fui obrigado a arrefecer meu ânimo. Isso devido aos longos treinamentos e pelo excesso de viagens ao redor do planeta. Em São Paulo refiz as minhas ansiedades retornando à festa.
No Corinthians formei um bloco com muitos participantes. Saíamos da minha casa à Rua Antônio Macedo. Dali íamos à pé pela Rua São Jorge até o maravilhoso ginásio que hoje recebe meu nome. Como na vida, um dia tudo acaba. Relembro aqueles momentos com muitas saudades!
Hoje não tenho mais paciência pra assistir os desfiles das escolas de samba na tv. Estão repetitivos e cansativos. Todo ano é a mesma coisa. É uma pena, não se faz mais carnaval como antigamente. Cadê as marchinhas? Cadê as damas nos salões? Cadê Pierrot e Colombina? WM.

"SOLIDÃO" (108)

18/02/23- SÁBADO
"TÔ ESPERTO"
Viver sozinho é terrível. Ainda mais aos 85 anos de idade. Sei que as pessoas se diferem, cada um é cada um, não vou generalizar. As experiências de vida trazem ao presente sequelas visíveis e outras já superadas pelo tempo. Cito alguns exemplos de ordem pessoal. 
Tem dias que passo o tempo todo sem abrir a boca. Não tenho com quem conversar. Quando tento falar alguma coisa a voz não sai, as cordas vocais perderam o viço. Dizem que isso é ótimo, porque assim não falo e não ouço besteiras. Concordo mas acho muito estranho!
No almoço ou no jantar sinto-me só ao redor da mesa. Não tenho com quem conversar. Engulo a comida sem sentir seu sabor. Assisto tv sem  comentar e isso é muito esquisito. Cadê a opinião contrária? Dormir sozinho é horrível. Sinto falta daquele aconchego nas minhas insônias.
Parei de dirigir. Minhas pernas não aceitam mais os pedais. Então vou de carona. Também acho isso estranho, detesto ser carona. Sem a presença da mulher amada, ando de mãos dadas com uma bengala, percebem a diferença? Pizza com cerveja pra que? Sozinho a pizza é sem graça e fria. 
Sinto-me perdido nas conversas. Esquecem que eu também quero estar junto. Muitos acham que o meu silêncio indica problemas de surdez. Erro grotesco, pois tudo que eu aprendi na vida foi ouvindo muito e falando pouco.  Não me subestimem, ainda estou esperto, tô vivo!  WM.

 "O TEMPO MUDOU" (107)  28/01/23


"INFÂNCIA MARAVILHOSA"

Ufa! Enfim o verão chegou. Com os primeiros dias do ano cheio de frio e chuva, pensei que o mundo havia virado de ponta cabeça. Mas não, o amigo sol demorou, mas de repente surgiu forte para o deleite dos veranistas. Em São Vicente vivi verões maravilhosos, inesquecíveis.
Fui um rato de praia. Com sol ou com chuva me fazia presente ante as musas paulistanas. Aos poucos elas iam surgindo e os tímidos flertes nem sempre surtiam efeito. Fui um garoto desengonçado, magro e alto, fora dos padrões. Era loiro tostado do sol mas sem convencer as damas.
Creio que naquela época eu chamava mais a atenção pelo porte atlético do que pela aparência. Vivi em São Vicente até os 16 anos. Depois mudei para Piracicaba e lá o sol não teve mais o mesmo valor. Residí entre os canaviais tendo como abrigo o famoso Salto de Piracicaba, maravilhoso!
Cheguei na cidade e logo fui para as quadras. Havia uma expectativa sobre as minhas condições atléticas. Afinal, quem era aquele jovem que os jornais exaltavam tanto? Quando saia na rua era sinal de curiosidade, todos queriam saber quem era aquele rapaz vestindo camisa vermelha?
No começo eu chamava mais a atenção pela figura do que pelas minhas performances nas quadras. Usar camisa vermelha era sinal de um ET chegando na cidade, um espanto. À partir dali não tive mais verões iguais aos da minha infância. O tempo mudou e eu também!


"REPASSANDO A VIDA" (106)

"MEU PRÓPRIO VENTO"- 31/12/22- SÁBADO

Confesso que gostaria de ter sido mais arrojado e menos preso ao rigor da sociedade. Sinto que me faltaram importantes quesitos. Muito cedo me apaixonei pelo esporte e não consegui mais deixa-lo. Fiz do jogo um trampolim para as grandes vitórias e consegui. Valeu à pena, venci!
Deixei de lado a minha juventude e me aventurei pelas quadras do mundo. Abandonei meus projetos futuros, deixando-me levar pelos confrontos e pelas grandes viagens. Fui absorvido por um brilhante sentimento de amor à pátria, hoje esquecido, ultrajado e vilipendiado.
Gostaria muito de ter corrigido os meus defeitos. De não ser tão frágil e vulnerável, de cometer erros e me arrepender por aceita-los. Gostaria de ter saltado mais vezes da Ponte Pênsil, sem receio das consequências. Gostaria de ter sido menos julgado e mais apreciado, quase indefinido.
Sempre fui um jovem do tempo. Poucas vezes ultrapassei as barreiras de uma sociedade usurpadora. Casei muito cedo e assumi os percalços de uma vida altamente controlada. Fui abençoado pelo bom juízo e pelo bom conselho, negando sempre os vícios malignos da humanidade.
Hoje carrego a cruz da idade. Pouco me resta fazer. Arrisco uma vontade ou outra, mas é um desafio que não ouso mais enfrentar. Gostaria muito de retornar aos 18 anos e começar tudo de novo. Seria mais solto, mais intrépido, mais esperto e, sentir a vida oscilando no meu próprio vento! WM.
"FELIZ 2023"


DEIXO O TEMPO ME LEVAR". (105)

"TEMPO E SAUDADE"- 24/12/22- SÁBADO

A idade quase sempre nos leva a esquecer o passado. Pra não esquecer digo: sou o Wlamir Marques. Nasci na sede do E.C. Beira Mar em São Vicente SP no dia 16/07/37. Estudei no Ginásio Estadual Martim Afonso de Souza (GEMA). Comecei no esporte nadando pelo C.R.Tumiaru.
Iniciei no basquete aos 11 anos de idade também no Tumiaru. Em 1952/53 fui bi campeão brasileiro juvenil defendendo São Paulo. Também joguei vôlei e futebol. Fui goleiro do Beira Mar e treinava o atletismo nas areias vicentinas. Sem pista era o que me restava.
Em 1953 mudei para Piracicaba para jogar no XV. Lá eu morei 9 anos e casei com a Cecilia. Lá nasceram meus dois filhos: Wlamir Jr e Susi. No mês seguinte fui convocado para a seleção brasileira com 16 anos. No dia 01/05/62 mudei pra São Paulo para jogar no S.C. Corinthians-62/72.
Fui bi campeão mundial defendendo o Brasil 1959/1963 e duas vezes vice-1954 e 1970. Participei de 4 Olimpíadas-56/60/64/68 com duas medalhas de bronze-1960 e 1964. Campeão sulamericano -58/59/61/63 e penta campeão brasileiro com a seleção paulista-55/58/62/64/70.
Estudei Educação Física na Fefisa-71/72/73. Fui professor do Colégio São Luís 73/84, da Unesp Rio Claro-84/92 e da UMC Mogi das Cruzes-78/79 e da Fefisa- Sto. André- 1975 à 2012. Fui técnico de várias equipes no basquete masculino e feminino -1964 á 2006. Gostava mais do feminino.
Fui comentarista de basquete na TV Gazeta-1971. Tv Band 1975. Tv Cultura e Tv Tupi nos anos 70, Tv Globo 1982, e participei de 4 Olimpíadas com a Tv Manchete- 84/88/92/96. Trabalho na Espn desde 2001 e participei de 4 Olímpiadas- 2004/2008/2012/2016. Saudades.
Fui funcionário dos correios e telegrafos-56 à 68. Trabalhei no centro Esportivo Thomas Mazzoni (Vila Maria). Morei na Rua Pirineus, na Condessa Siciliano, na Antônio Macedo, na Reinaldo Cajado e na Caiubí. Hoje resido na rua Nova Jerusalém (Tatuapé). Sou viúvo e moro sozinho.
Esta será a minha penúltima morada. A próxima será mais distante. Sei que meu tempo é vencido, mas a fé continua. Não sei quanto tempo ainda me resta mas, enquanto viver, quero estar lucido e apto para a vida . Rezo pra isso. "Hoje simplesmente deixo o tempo me levar". (FELIZ NATAL)


COMENTÁRIOS nas páginas do FB  

EX-ALUNOS DO IEEMA (Martim Afonso)

Jansen Gallo: Wlamir Marques, um orgulho da nossa terra.
Antônio Marcos Sola Cecchi Wlamir nosso eterno ídolo ❤️
Eugenio Singer: Valeu Wlamir! Sou de uma geração após a sua. Estudei no Martim Afonso, joguei basquete no CR Tumiaru mas só cheguei a ser campeão infantil da Liga Santista. Da minha geração somente o Lello Dantas se sobressaiu no Flamengo. Tb joguei futebol no São Vicente AC e quase me tornei profissional nos EUA quando fui estudar lá. Agora trabalho com consultoria e me conecto com todo mundo. Meu pai foi médico em São Vicente José Singer. Saudades da nossa terra. Sei que é duro morar só. Quando quiser dá um alô e vamos tomar um Café.

Jansen Gallo: Eugenio Singer quero ir nesse café. Abração


SANTOS ANTIGA

Jurema Gomes Coelho: Abraços meu senhor….uma longa jornada sempre com muito trabalho. E a última jornada ….todos nós iremos. Estudei no Martim Afonso de Souza. Morava em Santos mas estudava lá. Hoje moro no interior de São Paulo. O comércio de café nos trouxe…. Tenha orgulho. Sua vida é linda. Juju.

José Augusto Gabriel: Feliz Natal 🎊

João Batista Andrade Lopes: Bom dia, querido Wlamir, lenda do desporto nacional, que o ambiente do Presépio se faça presente onde você estiver, nasceu Jesus, o Salvador do Mundo, Glória a Deus nas alturas e Paz na terra aos homens de boa vontade, Feliz Natal e Vida Longa!

Joaquim Bastos Neto: PREZADO WLAMIR.......em 1961 , morei com seu irmão, que trabalhava para a radio de Piracicaba , no apto em cima do cafe HAITI , em PIRACICABA .... , estava estudando para a LUIZ DE QUEIROZ. , e o meu amigo Jeronimo LaTerza, , me havia cedido o quarto dele ....... COM MUITA ADMIRAÇÃO, UM FORTE ABRAÇO , E UM FELIZ NATAL E UM PROSPERO ANO NOVO , A VC E FAMILIARES.......

Rubens Silva: Parabéns, Wlamir. Os mais antigos da Baixada Santista te admiram e têm muito orgulho de ti. Um Natal de muita PAZ e AMOR, são meus votos. Vida longa e saúde!!!

Lina Da Silva: Huhhhuh! Parabéns 🎉 🎉🎉🎉👏👏👏👏❤️💋😊👀💪✊Grande Vida! Grande Homem 👨✊😊👏feliz Natal 🎄 🎁🎄muita saúde 🥂 alegrias e felicidades 🥳 Teve uma Rica Vida✨✨✨👏👏👏❤️❤️❤️❤️❤️❤️🙏

ACesar Monteiro: Feliz Natal ! Saúde e Paz. Em 1971 tive o privilegio de "estrear" aos 11 anos na equipe mirim do C.R TUMIARU (São Vicente) com o batismo e presença do idolo WLAMIR MARQUES.

Elisabeth Heymann: Me recordo de vc no Tumiaru Eu praticava natação no Japui e meus pais frequentavam a sede e por isso me lembro de ver vc Foi bom ver sua foto e recordar aquele tempo Seja feliz

Zezito Pimentel: Minha homenagem e meu aplauso de pé por sua vida pessoal e de Atleta ,e vamos seguindo a vida. Feliz Natal e forte abraço.

Angela Ruas Amado: Grande MESTRE, ORGULHO DE SER SUA ALUNA FEFISA TURMA 1980 SER HUMANO DE 5.a GRANDEZA🙏🙏🙏

Zezito Pimentel: Feliz Natal a todos curta este dia com paz amor ,saúde junto aos seus

Manuel Carvalho: Parabéns, Wlamir! Minha admiração! A vida começa é agora!

Estevam Santos de Almeida: Impossível esquecer não só por quem gosta de basquete 🏀 mas por todos aqueles que amam esportes, você representa a nossa baixada santista

Selma Luci Oliveira Santos: Feliz e abençoado Natal pra você. E sua vida será até quando Deus quiser.🙏🙏🙏

Osvaldo Filho: Grande "Alemão", orgulho de São Vicente!!! 🤗🤗🤗

Ester Serra: Wlamir Marques é uma lenda viva brasileira!Gênio!

Ronaldo Nazar: Wlamir foi um dos maiores desportistas de todos os tempos. Feliz Natal...

Pedro Pinto: Feliz Natal e que o Papai do Céu te Abençoe!

Roberto Cappelli: Morei em São Vicente de 1961 a 1981. Sou Corintiano. Servi ao exército 1961/1962 - Segundo Batalhão de Caçadores. Conheci um recruta como eu, era de outra companhia, disse ser seu irmão. Tudo de melhor.

Nilton Bota: Um de nossos heróis. Feliz Natal.

Milton Alonso Arias Arias: Olá Wlamir. Somos do mesmo tempo, da mesma cidade. E C Beira Mar, do Manoel Sierra, Cutuba se vc conheceu. Das sorveterias da rua Martin Afonso. Do Japui, do Zequinha técnico de natação. Do Bifulco, do Mario maluco que tinha loja de armas na praça, do do Leiteirinho, do Jubal e por aí agora.Viva São Vicente que o descobriu pro esporte no mundo.

Arnor Gomes: Deve ter jogado com o Zé Paulo meu tio, no Tumiaru, junto com o Jubal, Leiterinho, acho que o Mono e outros tantos. Eu era menino e acompanhava meu tio nos treinos, ainda na quadra descoberta.

Arnor Gomes: Vlamir, o melhor jogador de basquete no Brasil de todos tempos.

Silvio Ferreira: Deus te abençoe e proteja sempre

Luciana Rosa Bertagnoli: Feliz Natal, professor!

Carlo La Pasta: Grande Walmir!! Um atleta, um gentleman!!

Jose Baffe: FELIZ NATAL, SAÚDE E PAZ !!

Roberto Leite Coutinho: Grande Wlamir Marques , tive o prazer de jogar pelo Vasco da Gama de Santos em Piracicaba em 59 ou 60. Um atleta completo que tive o prazer de acompanhar sua trajetória e continue com o tempo te levando.

Antonio Fernando C Santos: Grande Wlamir. Tão grande e tão esquecido. Povo de memória curta.

Antônio Marcos Sola Cecchi: Wlamir meu primeiro ídolo 🙏🏻

Paulo Roberto Vieira: Brilhante!!!!

Davi Antonio Macena: AMÉM meu brother.

Silvio Fonseca: Craque.

Juarez Silva: Vc jamais será esquecido.

Sergio De Almeida Valente: Jogava muito

Fernando Brant: Legenda!

Regina Helena: Walmir que emoção saber de vc e com saúde. Vc é herói no esporte. Que a vida te leve por bastante tempo e com tudo que vc deseja. Vc merece. Feliz Natal.

Jorge Da Silva Yanez: Belo currículo, parabéns

Jairo Chusyd: Wlamir Marques, ícone do basket brasileiro!

Mário Serafim: Parabéns, jogou muito engrandeceu o nome do Brasil, todo o respeito.

Marco Antonio: Wlamir, boa tarde meu querido!... Morei na rua do Colégio em S. Vicente, era criança e vi você jogar basquete do Ginásio do São Vicente Praia Clube!.... Acho que você morou no Parque Bitaru!... Abração, meu amigo!... Muita saúde e paz para sua vida!...

Socrates Mattosinho: Grande Wlamir Marques entre os cinco maiores jogadores de basquete do Brasil em todos os tempos...morei em SP perto do Pacaembu e assisti no mesmo ginasio grandes jogos do Corinthians contra o Sírio, Monte Líbano, Palmeiras na época os gigantes do basquete brasileiro nos anos 60/70...Ubiratan, Rosa Branca, Amauri Passos, Pecente e muitos outros....feliz Natal gigante!

Jancelina Gomes: Um Natal bem feliz !

Laurindo Lalo Leal Filho: Grande Wlamir! Colaborou no basquete para que o Brasil vivesse anos dourados, interrompidos pelo golpe militar de 1964.

SÃO VICENTE NA MEMÓRIA


Mauro Nascimento Nascimento: Um forte abraço Wlamir. Eu acompanhei sua trajetória vitoriosa no esporte. Sou testemunha de tudo que vc escreveu. Saudades do Sr seu pai. Dr. Oswaldo Marques. Dos seus irmãos também. Fique em paz , vc só tem 2 anos mais que eu. Te desejo um feliz Natal e próspero Ano Novo.

Ernani Neto Camarano: Beleza,eu joguei basket com no Tumiaru.

Hilda S Mattoso: Feliz Natal !Ótimo Ano Novo caro colega do velho MARTIM AFONSO ! 

Joao Carlos Intrieri: Feliz Natal Wlamir.

Marina Camarano: Feliz Natal. Lembro bem.de vc.Tb joguei basquete no São Vicente Praia Clube. O técnico era o Titio

João Carlos Andrade: Seu pai Dr. Osvaldo Marques, foi dentista da minha família. Eu tinha um medo danado do motorzinho que ele usava para nós tratar kkkkk

Jorge Monteiro Junior: Feliz Natal, Wlamir Marques. Nasci também em São Vicente, estudei no Martim Afonso. Convivi muito com seu pai que era meu dentista e amigo da família Monteiro, de grande tradição em São Vicente. Obrigado por tudo o que você representa para nosso país. Aqui entre os Monteiros temos grande orgulho de você. Deus o abençoe abundantemente. Um abraço.

Marlene Rodrigues Correa: Feliz Natal Wlamir

Paulo Sergio Oliveira: 💪💪💪🙏🙏🙏👏🏆🏆🏆🏆🏆🏆

Ayrton Camargo: É isso mesmo, meu companheiro do Martim Afonso.Um abraço de seu fã, que também está na reta de descida, Ayrton da fanfarra. Feliz Natal!

Francisco Márcio Ribas: Dr. Oswaldo Marques, o primeiro presidente do Beira Mar que conheci. Além de todas as atividades também era grande compositor das músicas do bloco do Beira Mar.

Luiz Fisberg: Também do GEMA. Feliz Natal Wlamir!!

Carla Barros: Muito linda a sua história de vida. Parabéns pelo legado. Lendo o seu relato, me recordei de São Vicente, onde morei, e há 38 anos , sai e não mais voltei . A saudade bateu forte. Deus te abençoe.

Wilson Cavalcanti: Wlamir feliz natal através de tempos memoráveis do Martim Afonso e de São Vicente. E também foi goleiro do S.Vicente, nosso clube varzeano. Um grande abraço.

Mary Lilian Chinelatto Ferreira: Ti conheci em Limeira no Nosso Clube. Estava você e o Pecente. Faz tempo hoje estou com 84 anos



"CICLOS DE VIDA" (104)

17/12/22- SÁBADO
"RETROSPECTIVA"

Fazendo uma retrospectiva do meu passado, aos 85 anos cheguei à conclusão que vivi ciclos muito bem definidos em minha vida. Lembro de todos, sou um ativo observador do tempo. Até os 10 anos vivi o 1º ciclo sob cuidados maternais. Filho não faça isso, filho não faça aquilo.
Tive uma mãe muito rigorosa e um pai muito complacente. Aos 11 anos, entrei pela 1ª vez em uma quadra de basquete e, logo me identifiquei  com aquela bola grande e pesada. Ainda jovem, todos diziam que eu era diferente dos demais garotos nos nossos diários e saudáveis confrontos.
Vivi meu 2º ciclo dos 11 aos 36 anos. Fui de corpo e alma um jogador de basquete. Aos 34 anos e já pensando em deixar a carreira atletica, ingressei na faculdade de educação física (Fefisa). Ali começou o meu 3º ciclo, tornei-me professor de educação física especializado em basquete. 
Em seguida iniciei um novo trabalho. Tornei-me professor universitário e parti para o ensino superior. Sem me afastar das quadras, ali dei inicio ao 4º ciclo. Fui também professor de educação física do 2º e 3º graus. De 1973 à 2012 fui um ativo professor com 40 anos de carreira. Saudades!
Em 2012 deixei a docência de lado e me dediquei exclusivamente ao 5º ciclo trabalhando nos canais ESPN como comentarista. Hoje estou no 6º ciclo, o da 3ª idade. O 7º ciclo ainda não conheço, mas quando acontecer pretendo receber a graça de poder estar sempre ao lado do "SENHOR!".  WM.

"PONTE PENSIL" (103)

Maravilhosos momentos

São Paulo, sábado, 15/10/2022

Na solidão do meu quarto recordo meu passado esportivo. Desde muito cedo tornei-me refém do mar e da quadra poli esportiva do meu querido C.R. Tumiaru em São Vicente SP. Lembro muito daquela quadra rustica de saibro e do "cocho" armado no lodaçal do mar pequeno no Japuí.

Muito jovem eu já era um andarilho pelas ruas da minha querida cidade. A Ponte Pensil era minha deusa e a Ilha Porchat minha musa. Mais tarde herdei uma bicicleta do meu irmão. Pedalei muito para chegar aos locais onde Martim Afonso fundou a cidade. Eu era muito feliz e sabia disso.

Vi cimentarem cada centímetro daquele lindo quadrilátero. A quadra engalanou-se. Ajudou a transformar meu sonho em realidade. Fui um predestinado, recebi um lindo presente e nunca mais o deixei. Segui fielmente sua cartilha, fiz parte daquele maravilhoso cantinho de amor.
Hoje sinto na pele que o tempo me trouxe cicatrizes. Aos 85 anos seria impossível não encontrar obstáculos no meu cotidiano. Felizmente possuo um teto pra honrar todas as minhas juras de amor. Comungo com Deus e com Suas palavras carregadas de sentimentos de fé.

Tenho como companheira uma bengala. Sei onde piso e pra onde vou. Não preciso criar mais nada, sigo apenas o tempo que me resta. Essa é a vida que eu sempre imaginei ter. Sou imensamente feliz. Não anseio pelo futuro pois carrego comigo momentos maravilhosos. "Jesus ainda me quer!".



"A IDADE DA RAZÃO" (102)

"MARTIM AFONSO X PADRE ANCHIETA"
23/07/22- SÁBADO

Sempre me perguntam se hoje eu jogaria basquete? A pergunta tem lógica. As ações daquele garoto de São Vicente jamais poderão ser comparadas com as ações de hoje. Há 85 anos atrás eu morava na praia onde tudo começou. Bastava juntar alguns amigos e a pelada começava.
Nunca joguei basquete na praia. Ali eu jogava futebol, nadava, jogava volei e praticava o atletismo. No ano de 1953 fui campeão colegial do estado no arremesso de peso nas finais disputadas no Estádio do Pacaembu. Eu não era forte mas tinha muita explosão no braço direito.
Também saltava em altura, extensão e triplo. Nunca tive técnico, tudo eu fazia por imitação e sozinho, nunca tive companhia. Podia errar à vontade que ninguém me corrigia. O basquete comecei em uma quadra de saibro no C.R. Tumiaru em 1948. Praticava tudo ao mesmo tempo.
Fica a pergunta: como eu faria hoje se tivesse que fazer tudo o que fiz na praia ? Logico que não seria igual, talvez pudesse ser mais um garoto frustrado por não ter dado sorte nas escolhas da vida. Poderão achar que o meu talento daria certo em qualquer tempo e lugar. Será mesmo?
Desenvolver talentos é a grande questão do nosso esporte. Quantos garotos hoje em dia possuem talentos sem poder desenvolvê-los? Eu fui um garoto desprendido, larguei tudo por uma causa. Nunca me preocupei com o futuro, o futuro é que veio ao meu encontro e agarrei-o.
Sempre digo que eu não sirvo de exemplo para os jovens. Aos 16 anos larguei o estudo e saí de casa em busca de aventuras. Hoje eu não seria o mesmo garoto. Não posso dizer que faria tudo do mesmo jeito. Afinal, nasci na praia de Martim Afonso e nunca no Tietê do Pe. Anchieta. WM.

O TEMPO NÃO ESQUECE (101)

 "O GOLEIRO"
- 09/07/22- SÁBADO


Quando o assunto é futebol sempre desperta algum interesse. Durante a minha infância em São Vicente algumas vezes fui goleiro. Isso tinha um motivo: eu era horrível com os pés e não me escolhiam para a linha. Sendo assim eu ia para o gol. Ali eu era sempre o 1º a ser escolhido.
Isso acontecia na praia. Não havia traves, a marcação do gol era feita com dois paús fincados na areia. A bola era de couro com o bico embutido e amarrado, ou então, qualquer tipo de bola desde que fosse redonda. Ali eu fazia as minhas artes e diziam que eu agarrava bem.
Até que um dia vários jogadores do E.C.Beira Mar me convidaram para jogar aos seus lados na várzea. Por sinal, eu nasci na sede desse clube que era a nossa casa e meu pai era o Presidente. Aceitei o convite e meti a cara. Garoto ainda e com 15 anos me colocaram no 2º quadro.
Como todos diziam que eu pegava bem, também passei a jogar no 1º quadro. Resultado: jogava nos dois, no 1º e no 2º. Alguns amigos sabendo disso me levaram para treinar no infantil do Santos F.C. cujo técnico era o Luiz Alonso Perez (Lula), mais tarde técnico do Pelé e cia.
Cheguei a treinar também na equipe principal do Santos. Muitos me pediam pra continuar, mas não era o que eu queria, eu já estava com o basquete na cabeça. Nos anos de 1952/53 fui bi campeão brasileiro juvenil com a seleção paulista. À partir dali tudo mudou em minha vida.
A minha história de goleiro ficou famosa, tanto assim que treinei no C.R. Flamengo, no XV de Piracicaba e só não treinei no Corinthians porque o Dr. Wady Helu (Presidente) não permitiu. O técnico Aymoré Moreira (na época) insistia, mas eu nunca pretendi me tornar goleiro profissional.
Eu poderia ter sido um ótimo nadador, um grande atleta no salto em altura e extensão, um razoável jogador de volei e um goleiro de alto nível, mas não. Fui para o basquete defendendo por 20 anos a minha pátria e me tornando medalhista olímpico (2) e bi campeão mundial! WM.


"A NOIVA DA COLINA" (100)

 02/07/22- SÁBADO

"XV DE NOVEMBRO"

Com 16 anos de idade deixei São Vicente e fui morar em Piracicaba SP. Foram 9 anos dedicados à "Noiva da Colina". Cheguei na cidade no dia 28 de Novembro de 1953 e saí no dia 01 de Maio de 1962. Muitos até achavam que eu era piracicabano devido ao meu tempo de estada.
Seria uma grande honra ter nascido em Piracicaba SP. Mas eu era um vicentino que correu atrás daquilo que mais gostava e, ali encontrei uma cidade com as portas abertas para a minha felicidade e maturidade. Muito jovem e cheio de esperanças busquei encarar uma nova vida.
No começo achei tudo estranho. Era um garoto das praias vivendo no meio dos canaviais. Naquele tempo a cidade ainda vivia certas tradições, tais como: só podia entrar nos cinemas vestindo paletós. Foi um espanto quando sai na rua com uma camisa vermelha. Achavam a cor feminina.
Era pra mim estudar no Colégio Piracicabano, mas fui apenas um dia na escola, pois era sempre convocado para as seleções brasileiras e paulistas e era obrigado a me afastar das aulas. Após 16 anos, voltei à estudar na (FEFISA) e me tornei professor universitário de basquete.
O XV marcou época no basquete brasileiro. Estava situado entre as melhores equipes do país devido às suas conquistas. Com o ginásio da cidade sempre lotado, o povo orgulhava-se dos nossos feitos. Mas por problemas financeiros o XV foi perdendo sua força. "Uma pena"!
Confesso que, se eu tivesse que começar tudo de novo, começaria do mesmo jeito. Em Piracicaba casei com a minha esposa Cecilia (in memoriam) e ali nasceram meus dois filhos, Wlamir Jr. e Susana (Susi). Obrigado Piracicaba, foi uma grande honra estar ao lado de vocês! WM.

"MEUS 14 ANOS" (99)

11/06/22- SÁBADO
Essa história eu já contei, mas sempre retorna à minha cabeça, afinal foi onde tudo começou. Iniciei os treinamentos de basquete aos 11 anos de idade no C.R.Tumiaru em São Vicente. Aos 13, comecei a defender a minha escola (GEMA-G.E.Martin Afonso) em campeonatos colegiais.
Em 1951, a Liga Santista de Basketball promoveu o 1º campeonato infantil da baixada santista. Até então eu não era federado e o Tumiarú decidiu participar. Eu estava com 14 anos e fui inscrito pela primeira vez na Liga. Treinamos alguns dias e fomos disputar o torneio inicio.
Esse torneio foi disputado entre 10 clubes da região no Ginásio do C.A. Santista. Era um tornei relâmpago com jogos disputados em dois tempos de dez minutos. Quem ganhava continuava jogando e, quem perdia caia fora. Ganhamos os jogos eliminatórios e conseguimos chegar à final.
A final foi entre o Tumiarú e o Internacional de Santos. Não havia um favorito, mas foi onde eu comecei a despontar no basquete santista. Vencemos o Internacional por 19 x 11 e eu fiz os 19 pontos do Tumiarú. A minha participação gerou espanto no jornal "Tribuna de Santos".
O torneio aconteceu num domingo de manhã e, na segunda feira saiu uma reportagem dizendo que eu deveria ser proibido de jogar no meio daquela garotada. À partir dali todos queriam saber quem era aquele garoto que sozinho fez todos os pontos da sua equipe. Pois é, era eu! WM.

Construção da quadra esportiva do E.C. Tumiaru, na rua Benjamin Constant e fundo para a rua Expedicionários vicentinos. Anos 1960. Jornal Cidade de Santos. Hemeroteca da BN. 


"SOU CALUNGA" "SOU DO MAR" (98)



19/03/22- SÁBADO

A história é longa, não consigo conta-la por inteira nesse espaço, mas eu sou Calunga. Era assim que me chamavam quando eu era criança. Isso ficou eternamente marcado em minha vida. Entre tantas definições o nome Calunga refere-se aos escravos e ao mar. Cruzamento perfeito!
Aprendi que quando me chamavam de Calunga era pelo fato de eu ter nascido em São Vicente SP. Confesso que sempre me orgulhei de ser um Calunga da gema, mas nunca me preocupei em saber a origem dessa expressão. Sendo assim, corri atrás da sua definição.
Fui no Google e lá estava escrito em detalhes a história dos Calungas. À cada frase eu me situava na história. Me chamou muito a atenção o relacionamento dos Calungas com o mar. No mar eu comecei a minha carreira atlética e, me orgulho muito de ter nascido ao lado das ondas.
Eu já desconfiava, mas agora tenho a certeza que o fato de ser Calunga me deu a chance de vencer quase todas as atribulações da vida. Algo sempre me impelia à frente, nunca recuei, sempre dei um passo adiante. Nunca será tarde demais vencer o tempo: espero continuar vencendo!
Hoje é uma manhã gloriosa. Acordei querendo saber quem sou e o que represento. A minha realidade está exposta, não escapo do diapasão, nasci assim, vivi assim e vou morrer assim. Sou Calunga, vim da tempera dos escravos, vim da luta, vim do mar, sou o que DEUS me deu! WM.

"REVIRAVOLTA" (97)


12/03/2022- SÁBADO
Com onze anos de idade iniciei as minhas atividades esportivas. Comecei com a natação, depois fui para as quadras jogar basquete e voley, sem esquecer que também fui goleiro e praticante do atletismo. Devo tudo ao C.R.Tumiaru e à praia de São Vicente SP. Ali comecei a ser atleta.
Por questões de saúde e à conselho médico fui obrigado a diminuir as minhas atividades físicas. Muito jovem e com o coração dilatado, passei a me dedicar exclusivamente ao basquete. Minha história no basquete brasileiro já é conhecida. Esse texto não pretende explorar outros feitos.
Em 1971, ainda jogando no Corinthians com 34 anos, fui aconselhado pelo Dr. Bacalla, nosso médico, a prestar vestibular na FEFISA (Faculdade de Educação Física de Santos André). Segui seu conselho e corri atrás de uma sala de aula após 16 anos afastado. A necessidade falou mais alto.
Passei no vestibular e, quando percebi, o meu interesse maior estava na minha formação profissional e, muito menos do que qualquer outra conquista atlética. Iniciei o curso de licenciatura em Fevereiro de 1971 e terminei em Dezembro de 1973. Em seguida deixei as quadras.
Enfim, chegou a reviravolta. De repente me tornei professor de educação física com especialização em Basquetebol. Foi a mais importante decisão em minha vida. Fui professor na FEFISA de 1975 à 2012. Hoje sinto que ainda estou em minha sala de aula, saudades. Wlamir Marques.
Fonto: revista Mundo Ilustrado. Acervo: Lais Böker Lara.


" TRAJETÓRIAS" (96)

11/12/21- SÁBADO

Vamos a mais uma história. Elas são muitas e ainda vivas em minha memória. Vou falar das minhas traquinagens à partir dos 10 anos de idade. Sim, porque antes dos 10 eu vivia sob as ordens e conselhos tutelares, alguns oportunos e outros obrigatoriamente impostos.

O mais importante dos conselhos era estudar e estudar. É claro que por residir em São Vicente a praia era um refugio. Nos finais de semana era meu único divertimento. Ia ao encontro dos amigos e da bola. Aquela bola cheia ou murcha preenchia o meu final de semana. Era feliz assim.

À partir do momento em que comecei a praticar esportes, o prazer da conquista nunca mais me deixou. Corria ao meu lado um sentimento de superação, sempre querendo vencer à mim mesmo. Nunca tive medo ou receio dos confrontos, até porque o meu adversário era eu mesmo.

Naquele tempo eu praticava varias modalidades esportivas. Além dos campos de futebol, São Vicente não possuía infraestrutura esportiva. Sem piscina, sem pista e sem espaços próprios, eu praticava tudo na areia e no mar. Assim era a minha vida, estudar e praticar esportes.

Mas eu contrariei a regra que dizia: Se o esporte atrapalhar os estudos largue o esporte. Eu fiz ao contrário, larguei os estudos. Precocemente fui galgado à seleção brasileira e isso me tirou qualquer possibilidade de levar os estudos à sério. Por um tempo me afastei das salas de aula.

À partir dos 16 anos minha vida virou um turbilhão. Passei a não ser mais dono de mim, comecei a pertencer à nação. Somente à partir dos 35 anos de idade é que decidi voltar a estudar. Precisava cuidar do futuro. O final atlético se aproximava e eu não possuía uma profissão.

Durante 12 anos fui funcionário dos Correios (56/68). Era um emprego federal, mas não era isso que eu queria. Em 1971 prestei vestibular na FEFISA e passei. Em 1973 me tornei Professor de Educação Física e parei de jogar. Ali comecei uma nova vida e uma nova história! WM.


"O TEMPO" (95)


06/12/21- 2ª FEIRA

Não é fácil estar com 84 anos e sentir-se só. Até porque o tronco e os membros já não são mais os mesmos. Ainda bem que ainda me resta a lucidez mental, entretanto, não é tão fácil manter a cabeça no seu devido lugar. O esforço para mantê-la mostra-se claramente nesse texto.

Não me basta apenas dialogar comigo mesmo, necessito ouvir vozes, sons e tons. Sinto que muitas vezes não sou uma pessoa interessante, acho-me cansativo, sem protagonismo, quase sempre um entrave. Reajo mas está difícil, o adversário é forte, mas por ora estamos empatados.

Às vezes venço e às vezes perco. A luta é incessante, não há como demovê-la. Daqui para a frente preciso aprender o intrigado dilema da vida, viver dependendo do tempo. O tempo provoca a erosão da vida, jamais da alma. Não estou depressivo, tudo que vem logo passa. WM.

"ILHA PORCHAT" (94)

04/12/21- SÁBADO


Não sei se foi sonho ou realidade, mas na minha cabeça paira a imagem da Ilha Porchat ainda cercada de água. Ela será sempre um ponto de referência, assim como a Ponte Pênsil, da minha querida São Vicente. Até os meus 16 anos fui dono daquele pedaço. Como esquecê-la?

Não possuía escritura, mas era dono. Quando garoto sempre fui arrojado, sem noção dos perigos da vida. Era um andarilho, sempre descalço, shorts estampados e, sem camisa desfilava pelas ruas vicentinas de chão batido. Passadas largas com total liberdade.

Não lembro das minhas travessuras ao lado de amigos. Sempre fui solitário, às vezes tendo ao meu lado uma bicicleta herdada do meu irmão e um estilingue. Sabem aquelas coisas que do irmão mais velho vai passando para o mais novo? Pois é, era assim e continua assim.

A Ilha era desabitada, contando na sua base apenas com um casino permitido no Brasil. Fui um assíduo frequentador das suas trilhas e ruas de terra. Inúmeras vezes dei a volta em torno da ilha desafiando suas pedras e, terminando com um garboso mergulho na pedra do Tarzã.

Hoje está tudo diferente, prédios altos dão ares de progresso. A ilha perdeu seu glamour. As praias ao redor ofuscaram seus encantos. A pedra do Tarzâ perdeu sua identidade, sumiu. Mesmo assim eu continuo sonhando alto, fazendo de conta que ainda é minha! WM.


"ADORO VOCÊ" (93)


27/11/21- SÁBADO


Como já disse varias vezes, escrevo no face por necessidade e pra me distrair, além de ser um exercício de memória. Estou recluso em casa e as lembranças do passado chegam em minha cabeça como cachoeira. Hoje retorno no tempo carregado de inesquecíveis histórias.

Quando criança colecionei figurinhas de jogadores de futebol. Também comecei a torcer por um clube. Nasci na baixada santista e não era torcedor do Santos F.C. Torcia para o mais fraco: "O leão do macuco", o famoso Jabaquara das cintilantes camisetas vermelhas e amarelas.

Também possuía uma grande simpatia pela A.A. Portuguesa Santista. Muitas vezes saia de casa e de bonde ia até o campo da briosa assistir seus jogos. Lembro de um domingo em que meu pai me levou no campo da portuguesa pra assistir um jogo entre o Jabaquara x Corinthians.

Eu era novinho e vi jogar no Corinthians o Domingos da Guia, Servilio e o goleiro Bino. Nesse jogo destacou-se pelo lado do Jabaquara o Ciciá. Um jogador de meio de campo que mais tarde veio para o Corinthians. De contra peso também vieram mais dois do Jabuca: Gilmar e Balthazar.

O Ciciá não foi o destaque que se esperava, enquanto o Gilmar foi goleiro da seleção brasileira ao lado do cabecinha de ouro Balthazar. Quando saí de São Vicente e fui para Piracicaba, surgiu no Santos um tal de Pelé assombrando o mundo. Resultado, virei um santista Pelézista.

Em 1962 quando vim jogar no Corinthians era torcedor do Santos, mas isso logo mudou. Convivendo com vários jogadores de futebol do Timão, acabei torcendo por eles e me tornei um ferrenho defensor das suas causas. Não perdia um jogo realizado na fazendinha.

Convidado pelo meu amigo e técnico Oswaldo Brandão, às vezes viajava com a delegação para assistir seus jogos no interior de São Paulo. Hoje sou um fiel torcedor. Perdão aos opostos, mas me orgulho muito dessa escolha: "Naquele ginásio deixei um pedaço de mim".

O maior orgulho da minha vida é ter o meu nome gravado naquele maravilhoso ginásio do Parque São Jorge. Ali eu defendi com muito orgulho a camisa de numero 5. Foram 10 anos de muito amor e suor. Obrigado amado Corinthians, sempre juntos, "adoro você". WM.


" ATLETAS DO SÉCULO" (92)

20/11/21- SÁBADO


Deixando a modéstia de lado, lembrei de algo que o tempo infelizmente esqueceu, mas para mim é de grande importância. Vamos relembrar: Há alguns anos atrás a ESPN Brasil fez uma enquete popular à fim de eleger os 5 melhores jogadores do basquetebol brasileiro no século 20.
 
Faço esse testemunho de cabeça pensada e sem qualquer prenúncio de vaidade. Apenas conto um fato histórico, hoje totalmente esquecido. É típico nesse país esquecerem do passado, com exceção feita ao futebol, infestado de todas as honras e privilégios da nossa mídia esportiva.

Em uma linda cerimônia realizada no C. A. Monte Líbano na capital paulista, a ESPN Brasil fez a entrega dos troféus aos eleitos. Até hoje é um dos meus troféus prediletos enfeitando minha prateleira. O evento foi muito prestigiado pelos aficionados e pela imprensa em geral.

A enquete teve uma enorme participação popular, afinal o basquetebol brasileiro era uma das principais modalidades esportivas do país, conseguindo grandes feitos internacionais. Até ali estávamos entre os 5 melhores países do mundo, mas hoje infelizmente ficamos para trás.

Foram eleitos: Marcos Abdala (Marquinhos), Ubiratan (Bira), Oscar Schimidt, Amaury Pasos e Wlamir Marques. Lamento muito ver que grandes jogadores ficaram de fora, mas a pedida foi para eleger apenas 5. Foi uma grande honra ter sido um dos eleitos. WM.


Amaury, Wlamir, Renê, Ubiratan e Rosa Branca. Corinthians. 



"SELEÇÃO PAULISTA NO JAPÃO" (91)

13/11/21- SÁBADO. 

Em 1963, logo após a conquista do bi campeonato mundial, a CBB foi convidada pela federação japonesa para realizar 7 jogos amistosos no Japão contra a seleção japonesa. Tokio se preparava para as Olimpíadas de 1964. O convite foi repassado para a Federação Paulista.

Naqueles tempos a seleção paulista era a base da seleção brasileira. O técnico indicado foi o Prof. Moacir Daiuto que, na época era técnico do S.C.Corinthians Pta. Feita a convocação, treinamos alguns dias na capital. Em seguida nos preparamos para a longa e maravilhosa viagem.

Saímos de São Paulo com destino à Kopenhagen (Dinamarca) com escala em Lisboa via Varig. Em seguida pegamos outro voo da Japan Air Lines com escalas no Cairo (Egito), Karachi (Paquistão), Calcutá (Índia), Bangkok (Tailândia), Hong Kong (China) e Tokio (Japão).

Chegamos no Japão exaustos, além do fuso horário como sempre nos incomodando. Alguns dias depois, já mais acostumados com o horário, fizemos a nossa 1ª apresentação em Tokio. Vencemos com uma certa facilidade, éramos muito superiores à seleção japonesa.

Em seguida, viajando de trem, jogamos em Niigata, Osaka, Kioto, Hiroshima e mais duas vezes em Tokio. A excursão foi maravilhosa e emocionante, principalmente quando visitamos o museu da bomba atômica em Hiroshima. Jamais esqueci daquele grande momento.

Voltamos para o Brasil com escalas em Honolulu (Hawai) e Los Angeles (USA). Demos a volta ao mundo. No ano seguinte (1964), voltei ao Japão para às Olimpíadas. Ali fomos medalha de bronze e, fui o porta bandeira da delegação brasileira no desfile de abertura e encerramento. WM.

LUZ DO SEU OLHAR (90)




02/11/19-SÁBADO

Você está lá em cima. Daqui de baixo consigo vê-la, estou mais perto, logo vou conseguir alcançá-la, o tempo é a razão da demora.

Por enquanto estou por aqui, não há motivos para deixar de ser terreno, as agruras se perderam e as dores não mais me incomodam.

Quero ficar por aqui um pouco mais, não importam as mazelas do meu país,
não vivo mais às custas dessas leis e normas inconsequentes.

Homens feitos de trapos, feios, ranços de azedo e de bagaços descartáveis.

Pois é, aí eu sei que tudo está lindo e maravilhoso, você merece estar nesse espaço, é divino, imortal e iluminado.

Ah! ia esquecendo, o seu olhar bate na minha varanda, está lindo, você é meu sol e minha vida. Te amo. WM.

3º CAMPEONATO MUNDIAL (89)


30/10/21- SÁBADO. 

À titulo de curiosidade, conto algumas passagens vividas pela seleção brasileira na conquista do seu 1º título mundial em Santiago do Chile (1959). Iniciamos os treinamentos no mês de Agosto de 1958 para um campeonato que deveria ser realizado em Novembro.

A primeira fase da preparação aconteceu em Aguas de São Pedro SP. O técnico indicado pela CBB foi o Kanela. Foram convocados 35 atletas. Nessa fase por questões de trabalho nos correios eu não participei. Já nessa 1ª etapa aconteceram varias dispensas de jogadores.

Em seguida fomos para o Rio de Janeiro, com encontro marcado no Hotel Paissandú na praia do Flamengo. De lá fomos para a "Ilha das Enxadas" situada na Baia da Guanabara (Escola da Marinha). Durante essa preparação recebemos a noticia do adiamento da competição.

Por falta de tempo para a o término do seu ginásio, a federação chilena conseguiu junto à FIBA a transferência do evento para o mês de Janeiro de 1959. À seguir saímos da ilha e fomos para Volta Redonda RJ. Após o Natal voltamos a nos encontrar no Rio de Janeiro para os acertos finais.

No início de Janeiro voamos para o Chile. Tínhamos 2 jogos amistosos contra a seleção chilena em Santiago, vencemos os dois. A seguir fomos para Temuco disputar a fase de classificação. Ficamos alojados no Hotel de La Frontera. Brasil e União Soviética se classificaram para as finais.

Voltamos à Santiago como 1ºs do grupo após enfrentarmos a União Soviética, Canadá e México. Em Santiago ficamos hospedados no Hotel Carrera. A fase final foi disputada no Estádio Nacional em quadra aberta com piso improvisado de madeira em uma das suas ferraduras.

Como se observa, os treinamentos eram longos. O Hotel Paissandú era apenas um ponto de encontro, quando à seguir outros locais eram destinados à nossa concentração. Somando o tempo, foram 6 meses de treinamentos para a conquista do nosso 1º título mundial. WM


C.R. TUMIARU (88)

23/10/21- SÁBADO. "ONDE TUDO COMEÇOU"

Minhas lembranças esportivas começam pelo C.R.Tumiaru. Sei que poucas pessoas ouviram falar desse clube vicentino fundado em 1905. Sua origem vem dos tempos das grandes regatas. Enfatizo que ainda hoje temos a presença do Remo nos grandes clubes do Brasil.

Exemplos: C.R. Flamengo, C.R. Vasco da Gama e a presença dos remos no escudo do S.C.Corinthians Pta, e por aí vai. À partir dos meus 10 anos de idade comecei a frequentar a sede náutica do Tumiaru no Japuí. Em seguida dei início à pratica da natação. Sem piscina nadava no mar.

Duas passarelas de madeira adentravam no mar formando uma piscina de 25 metros com 4 raias de cortiça em sua extensão. Naquele espaço eu treinava e competia, sempre dependendo das marés, às vezes vazando ou enchendo. Sem reclamar era o que tínhamos na época.

Nesse tempo também comecei a frequentar sua sede principal na Praça Cel. Lopes. Em principio a quadra de voleibol e de basquete eram formadas com piso de saibro e, foi ali que eu comecei a me interessar também pelo "cestobol". Aos poucos troquei a natação pelo "bola ao cesto".

Pouco tempo depois a quadra foi cimentada e entrei na escolinha de basquete comandada pelo Beto (ex-jogador). Como já disse, não posso esquecer das minhas origens. Até os 16 anos defendi o Tumiaru com muito orgulho, até o dia em que me transferi para Piracicaba. WM.

"GINÁSIO DO IBIRAPUERA" (87)


16/10/21- SÁBADO

Sem qualquer objetivo maior, cheguei à conclusão que talvez eu seja um dos poucos que se dedicam a contar histórias do nosso passado esportivo, mais precisamente sobre o basquetebol brasileiro. Escrevo aqui coisas que se perderam no tempo, infelizmente esquecidas.

Recentemente o atual governador de São Paulo quis transformar o maravilhoso Ginásio do Ibirapuera em um shopping. A reação popular foi tanta que a sua ideia foi vencida. Mais uma vez venceu a razão. Pois bem, aquele ginásio tem uma linda história desde a sua fundação.

No ano de 1950 foi disputado na Argentina o 1º Campeonato Mundial de Basquetebol Masculino. A Argentina foi a campeã e, naquela ocasião escolheram a cidade de São Paulo para sediar o 2º Campeonato Mundial em homenagem ao 4º centenário da fundação da cidade (1554/1954).

A seleção brasileira na qual eu fazia parte com 17 anos, se preparava no Rio de Janeiro. Faltando um mês para o inicio dos jogos, a cúpula do ginásio do Ibirapuera em obras desabou e isso criou um impasse, já que, infelizmente não havia mais tempo hábil para a sua recuperação.

Sendo assim, a CBB conseguiu junto à FIBA a transferência do evento para o Ginásio do Maracanãzinho no Rio de Janeiro, também em obras. O ginásio encontrava-se inacabado com uma quadra improvisada em sua arena. Ali conquistamos um brilhante vice campeonato mundial.

O Ginásio do Ibirapuera continuou as suas obras e no ano de 1957 fez a sua inauguração oficial com um jogo de basquete entre a Seleção Paulista x Seleção Argentina. Vencemos com a presença do governador Jânio Quadros e com os paulistanos lotando suas dependências. WM.


"1952- GINÁSIO LUNA PARK" (86)


09/10/21- SÁBADO

"PRIMEIRA VIAGEM INTERNACIONAL"

Essa história não posso deixar de contar antes que ela desapareça de vez da minha cabeça. No ano de 1952 dei início às minhas participações no basquetebol adulto. Estava com 15 anos e defendia o C.R.Tumiaru de São Vicente, clube filiado à Liga Santista de Basketball.

Nesse ano a liga recebeu um convite da Federação Argentina para participar de alguns jogos naquele país. Saiu a convocação e eu fui chamado. Em 1952 também defendi a seleção paulista juvenil e vencemos pela 1ª vez o brasileiro. Em 1953 fomos bi campeões.

O técnico da LSB foi o Adalberto Mariani de Santos. De São Vicente foram convocados 5 jogadores: Cabeção, Sidney, Nivaldo, Pecente e Wlamir. Os outros eram jogadores de Santos. Treinamos durante 10 dias. A viagem foi à bordo do navio argentino "Corrientes".

Embarcamos no porto de Santos sabendo que a viagem seria feita em 3 dias pra ir e 3 dias pra voltar. O navio era de passageiros de 2ª classe. Na passagem pelo golfo de Santa Catarina o mar revolto muito nos incomodou, mas conseguimos chegar inteiros em Buenos Aires.

Ficamos hospedados no Hotel Royal localizado no centro da capital (Florida/Lavalle). Dali saímos para jogar em 2 cidades do interior (Colônia e Corrientes). O mais importante estava por vir. A disputa de um triangular no famoso Ginásio Luna Park de Buenos Aires.

Participaram duas seleções argentinas. Uma da capital, outra do interior e a Liga Santista. Os argentinos campeões mundiais de 1950 participaram. Eu jogava de pivô e era titular da liga. Minha presença chamou muito a atenção devido à minha pouca idade.

A imprensa argentina também deu destaque às minhas atuações. Era um garoto com 15 anos disputando rebotes contra os campeões mundiais. Perdemos os 3 jogos, mas no final recebi convites pra ficar na Argentina. Recusei todos, jamais pensei nessa possibilidade.

Essa minha 1ª participação internacional repercutiu no Brasil. Passei a fazer parte do futuro. Em 1953 com 16 anos fui convocado para a seleção brasileira. Faço essa narrativa para lembrar que, com muito orgulho fiz parte de uma linda história do basquetebol brasileiro. WM.

1972- "OLIMPÍADA DE MUNICH/ALEMANHA" (85)


02/10/21- SÁBADO

Minha ultima participação na seleção brasileira aconteceu no 5º Campeonato Mundial disputado em Lubliana (Eslovenia/Ex.Yuguslávia) no ano de 1970. Minha despedida foi honrosa, pois ali conquistamos um vice campeonato mundial ficando apenas atrás da Yuguslávia.

Desde 1953 eu sempre estive presente em todas as competições internacionais, exceto o mundial do Uruguai em 1967 quando o técnico Kanela afastou-me da seleção. Em 1972, com 35 anos, eu ainda estava em atividade. Era técnico e jogador do S. C. Corinthians Pta.

De repente fui surpreendido com uma convocação do técnico Kanela para as Olimpíadas de Munich em 1972. A minha convocação foi amplamente divulgada pela imprensa ao saberem que a intenção do técnico Kanela era me levar como jogador e seu assistente técnico.

Muito honrado aceitei o convite. Seria a minha 5ª Olimpíada como atleta, além da possibilidade de poder colaborar com os meus companheiros. Era um fato inédito, jamais acontecido no basquetebol brasileiro. Sendo assim me apresentei para os treinamentos.

Começamos os treinos no Rio de Janeiro e ali eu fazia as duas partes do trabalho, treinava e comandava. Naquele tempo eu estava no 2º ano da Faculdade de Educação Física (Fefisa) e comecei a sentir que aquele afastamento estava prejudicando a minha futura formação profissional.

Resultado: Depois de uma semana pedi afastamento da seleção e voltei para a sala de aula. Isso era o que eu pensava naquela época, mas hoje eu me arrependo de não ter ido. Eu possuía amparo legal por defender a pátria com abono de faltas, mas pensei em 1º lugar no meu futuro.

Infelizmente a participação do Brasil não foi de acordo com o esperado. Voltaram de Munich com a 7ª colocação e isso gerou comentários desabonadores à seleção e ao técnico. Em Novembro de 1973 aos 36 anos, encerrei a minha carreira de atleta e tornei-me professor. WM.

" MÉXICO, 1995. 2ºs JOGOS PANAMERICANOS" (84)


 25/09/21

Essa história não posso deixar de contar. Para ilustrar: Os 1ºs Jogos Panamericanos foram realizados em Buenos Aires/Argentina no ano de 1951. Em seguida a cidade do México foi a escolhida para sediar os 2ºs jogos em 1955. Ainda com 17 anos essa foi a minha 3ª convocação.

Os treinamentos foram realizados no Rio de Janeiro. Ficamos alojados no Forte Copacabana, treinando em quadra de cimento aberta. O mais curioso aconteceu com a nossa viagem para a cidade do México. No total foram 5 dias pra ir e 5 dias pra voltar, uma verdadeira odisseia.
 
A delegação brasileira viajou em 3 aviões de paraquedistas (C47) da FAB, muito utilizados na 2ª guerra mundial. Bancos laterais de madeira e sem pressurização, contando apenas com um orifício em suas janelas. Escalas à cada 3 horas com voos diurnos, nunca fizemos voos noturnos.

Vamos à viagem:
1º dia: R. de Janeiro/B. J. da Lapa (Ba)/Carolina ( Ma)/Belém (Pará)
2º dia: Belém (PA)/Cayena (GF)/Georgetown (GI)/Trinidad Tobago.
3º dia: Trinidad Tob./I.Martinica (FR)/I.Barbados(ING)/ San Juan (PR)
4º dia: San Juan (PR)/Guantanamo (USA)/S. de Cuba/Havana(CUB)
5º dia: Havana (CUB)/Merida (MEX)/Vera Cruz (MEX)/México (MEX).

Foram 5 dias de viagem com pernoites em cada escala. O piso do avião era de metal que também servia de cama. Era normal entrarmos no avião onde cada um buscava seu espaço para deitar e relaxar o corpo. Imaginem o nosso estado atlético quando chegamos no México.

O nosso técnico foi o Ten. Cel. José Simões Henriques. Foi ele quem me lançou na seleção brasileira pela 1ª vez com 16 anos em 1953. A nossa grande proeza foi derrotar a Argentina com seus campeões mundiais. Houve empate na 1ª colocação entre o Brasil, USA e Argentina.
 
No saldo de pontos ficamos em 3º. O Brasil venceu a Argentina, perdeu para os USA e a Argentina venceu os USA. 1º- USA, 2º Argentina, 3º Brasil. Contra a Argentina os mexicanos torceram pelo Brasil. No final, devido à minha atuação e idade, me carregaram nos ombros. WM.


"MELBOURNE/AUSTRÁLIA- 1956 (83)

04/09/21- SÁBADO


Custo acreditar que há 65 anos atrás (1956) eu disputei a minha 1ª Olimpíada. Estava com 19 anos de idade, residindo em Piracicaba, solteiro, e fazendo o serviço militar no Tiro de Guerra 36. O sargento Yamaciro não quis me dispensar. Hipoteticamente servi à pátria.

Ao ser convocado pela CBB, fui dispensado do tiro para que eu pudesse me dedicar aos treinamentos na capital paulista. Também transferiram meu tiro de guerra para Rudge Ramos, e foi lá que eu prestei o juramento à bandeira logo após o meu retorno ao país.

Essa era a minha 5ª participação na seleção brasileira adulta. Treinamos ao redor de 1 mês, concentrados no antigo DEFE na capital. Confesso que essa seleção não foi a melhor à ser formada, algumas ausências diminuíram o seu poder, voltamos apenas com a sexta colocação.

Essa foi a Olimpíada do Bill Russel dos EUA. Um jogador com 2.18 mts., quando os nossos pivôs não passavam de 1.95 mts. Talvez por ser muito novo, essa Olimpíada foi a que menos me empolgou. Achei-a fria em comparação com as outras que eu participei.

A viagem para Melbourne foi uma loucura. Saímos de São Paulo com destino à São Francisco (EUA) e, por lá ficamos 3 dias à espera de um avião da Panam que nos levaria para Honolulu/Hawai com previsão de pernoite. Do Hawai seguimos viagem até Sidney em voo da Qantas.

De Sidney pegamos outro voo para Melboune. Nossa viagem demorou 6 dias. Nessa época os jatos estavam apenas começando, pois a maioria dos voos eram feitos à hélices. Na volta vim direto para São Paulo com 86 horas de voo e mais 3 horas de ônibus até Piracicaba. WM.

"ROMA. 1960. (82)


28/08/21- SÁBADO

Sempre me perguntam: Wlamir, das 4 Olímpiadas que você disputou (56/60/64/68) qual foi aquela que ficou mais marcada em sua vida? Confesso que eu poderia responder que foi a de Tokio (1964), pois além de ser medalhista (bronze), fui o porta bandeira da delegação brasileira.

Mas a de Roma (1960) foi imbatível. Primeiro que a nossa preparação foi toda feita em Lisboa/Portugal. Fomos disputar os Jogos Lusos Brasileiros e por lá ficamos. Jogamos 4 vezes contra a seleção portuguesa em Lisboa, Porto, Aveiro e Coimbra. Rodamos Portugal de ponta a ponta.

À convite do Comitê Olímpico Português ficamos alojados em um quartel da policia militar de Lisboa. O ginásio de esportes era o nosso quarto. Minha cama ficava debaixo da cesta. Acordava de manhã com ela me olhando. Coisas do amadorismo, hotel nem pensar.

Na hora dos treinos afastávamos as camas para as laterais. Ficamos em Lisboa 1 mês. Dali fomos visitar a cidade de Fátima, quando na volta recebi a noticia do nascimento da minha filha Susi. Meu querido amigo Geraldo José de Almeida (in memoriam) foi quem me deu a noticia.

Ele estava à caminho de Roma e parou em Lisboa. Nessa época ele era locutor esportivo da Rádio Panamericana e gravou uma fita com a minha esposa Cecilia falando do nascimento da nossa filha. Alguns dias depois voamos para Roma. O inicio da competição se aproximava.

Fora a emoção pela conquista da medalha de bronze, Roma é fascinante. Eu estava com 23 anos e tudo me emocionava. As ruínas, o coliseu; tudo aquilo me levava a um mundo de sonhos e aventuras. Queria ter uma conversa muito séria com Nero, mas não deu, ele fugiu! WM.

"ESSE SOU EU" (81)


25/08/21, 4ª FEIRA

Constrangido conto um segredo: Atualmente não gosto de me ver em fotos, lives ou imagens. Não gosto de ser mostrado, pois na minha cabeça não consigo me identificar com aquilo que mostram. Sei que não posso escapar da idade, mas sinto-me muito distante daquilo que vejo.

Reconheço que não posso viver do passado, esse ficou pra trás há muito tempo. A decadência física aniquila, restando apenas a maturação da alma. Não gosto de falar ao mundo da minha indolência, sou relutante, não aceito ser o que atualmente pareço ser.

Ainda penso, raciocino, possuo regras regiamente estabelecidas, não extrapolo em vaidades, pois sei quem sou e o que desejo. Sou um observador da vida, sabendo reconhecer todos os erros e defeitos da humanidade. Nada me foge, nada me escapa, ainda possuo a visão do tempo.

Enquanto escrevo penso na repercussão. Será que o tempo me fará entender que não represento mais nada? Que sou passado? Sou uma figurinha difícil, talvez carimbada, mas de fácil acesso. O tempo, somente ele, será capaz de entender quem sou.

Não sofro e não caduco, não possuo lamúrias, não reclamo e nem choro. Permaneço no meu canto entendendo cada vez mais quem sou. Não abro mão das minhas vontades, sou ainda um guerreiro, sempre procurando encontrar um sopro de vida e de amor. Esse sou eu! WM.


"A GRANDE VIAGEM"  (80)


 21/08/21- SÁBADO

Dando continuidade às datas históricas em minha vida, vou relembrar a minha vinda para a cidade de São Paulo. Oriundo de Piracicaba, fiz a minha mudança para a capital no dia 01/05/1962. Estava me transferindo do XV de Piracicaba para o S.C. Corinthians Pta.

Foi uma radical mudança de vida. Depois de 9 anos residindo em Piracicaba, com esposa, filhos, e trabalhando nos correios, não tive duvidas, precisava dar um novo alento em nossas vidas. Para a época não era muito comum esse tipo de transferência, mas arriscamos.

Contratamos um caminhão de mudanças da Lusitana e fomos residir na capital em um apartamento na Rua Pirineus, próximo à Praça Marechal Deodoro e da Av. São João. A escolha da residência foi em função da proximidade com o correio central. Bastava pegar o bonde (camarão).

A minha vinda para o Corinthians aconteceu no mês de Março de 1962, bastando somente a transferência do trabalho e a liberação do XV dando-me condição de jogo. Isso tudo demorou um certo tempo. Só mudei para São Paulo após tudo estar resolvido e decidido.

Acostumado com a tranquilidade de uma cidade do interior, vir para a capital não é fácil. Já conhecia a cidade, mas há uma grande diferença entre visitar e residir mas, aos poucos fomos nos adaptando. Hoje faz 59 anos dessa grande odisseia. Com certeza faria tudo de novo. WM.


TOKIO 1964/2021 (79)


07/08/21- SÁBADO

Os Jogos Olímpicos de Tokio 2021 estão terminando. Isso me leva a lembrar do ano de 1964, quando nessa cidade o basquetebol masculino do Brasil conquistava a sua 3ª medalha de bronze (1948/1960/1964). Foi a única medalha conquistada pelo Brasil nesses jogos.

Historicamente devo recordar que disputamos as finais ao lado dos EUA, Únião Soviética e Porto Rico. No cruzamento US 1º x 2º BR, perdemos para os soviéticos por 53 x 47 nos últimos segundos. Essa derrota nos levou à disputa da medalha de bronze contra Porto Rico.

Fizemos a preliminar da grande decisão entre EUA x União Soviética. Vencemos Porto Rico por 76 x 60. Terminando o jogo fomos para o vestiário nos recompor, pois ao final da decisão subiríamos no pódio para receber a nossa sonhada e difícil medalha olímpica de bronze.
 
Lembro que esse pódio foi o último do basquetebol masculino do Brasil em toda a sua história olímpica. Faz 57 anos. Já no vestiário, recebemos a visita do Almirante Paulo Martins Meira, tesoureiro do COB e presidente da CBB à fim de nos cumprimentar pelo grande feito.

Além dos cumprimentos, também veio dar à cada um de nós 60 dólares que tínhamos direito por estarmos à disposição do COB por 30 dias na vila olímpica. Não sei hoje, mas naqueles tempos cada atleta tinha direito a receber 2 dólares por dia. Fui em outras 3 e não recebi nada.

Brincando, perguntei se ele estava pagando 60 dólares de premio, mas não, ele disse que nós éramos amadores e que não poderíamos receber prêmios em dinheiro. Fica a pergunta: Quanto custa à nação o prestigio mundial pela conquista de uma medalha olímpica?

Para alguns vale dinheiro, para outros só vale a medalha. Faço outra pergunta: Quais as garantias de vida que o nosso governo oferece aos seus medalhistas ? Nenhuma. Exceto o futebol, logo todos esquecerão dos nossos "grandes heróis". Sempre foi assim! WM.

"PRA VARIAR" (78)


31/07/21- SÁBADO

Só pra variar, dessa vez não vou escrever sobre a Covid e sobre Tokio 2021. De vez em quando preciso desviar a atenção dessas notícias. É massacrante. Assistir politica, olimpíada morna (salvo exceções) e Covid na TV, é um convite a ficar debaixo das cobertas.

Também não é pra menos, o frio não me desperta qualquer tipo de ânimo. Meias de lã, luvas e todos os acessórios disponíveis contra o frio uso-os sem cerimônia. Uma talagada de conhaque dizem que também resolve, mas aí eu pulo fora, prefiro um quentinho chá de camomila.

Dei folga ao Netflix, mas posso recomendar a série "Outlander" e o filme "O quarto de Jack". Gosto é algo muito pessoal. Há uma frase famosa dizendo que gosto não se discute. Se não gostarem me desculpem, eu gostei muito. Ah! ia esquecendo, também não discutam politica.

Dizem que religião e futebol também não se discute. Futebol então é até caso de morte. Volta e meia um torcedor é baleado nas ruas. Voltando ao frio, nessa hora eu queria estar em Fortaleza saboreando uma deliciosa carne de sol ao lado das patolas de caranguejos e cerveja.

Ainda bem que o meu tempo de professor já passou. Acordar cedo com esse frio pra dar aulas de educação física é pra nunca mais esquecer da profissão mas, confesso que tudo valeu à pena. Como sempre digo, repetiria tudo de novo, foi maravilhoso. Fiquem com DEUS! WM.

"TOKIO-2021" (77)


Participei de 4 Olimpíadas como atleta: 1956-Melbourne-1960-Roma-1964-Tokio-1968-México. Também participei como comentarista de televisão em mais oito: (TV Manchete): 1984-Los Angeles- 1988-Seul- 1992-Barcelona- 1996-Atlanta. (ESPN): 2004-Atenas- 2008-Pequim- 2012-Londres- 2016-Rio de Janeiro.

Para a Olímpiada de Tokio (2021) fiquei de fora. Os canais ESPN não possuem direitos de transmissão. Nada à me queixar, os motivos são justos. Sendo assim, confesso que sempre me empolguei com cada participação, seja como atleta ou comentarista.

Por estar afastado e pela pandemia, ou pelos horários dos eventos, ainda não senti as emoções oriundas dos jogos. A sensação que sinto é de receios, quando nada se mostra espontâneo aos atletas. A falta de publico e as máscaras talvez sejam fortes indícios para essa apatia.

É claro que torço pelas cores brasileiras. Apenas me resguardo pelos insucessos, quando em Jogos Olímpicos não somos maiorais em várias modalidades. Torcer pelos outros é desagradável. Com o basquete pátrio fora das disputas não tenho muito à comentar.

Peço desculpas pela veemência, mas os 12 Jogos Olímpicos que participei dificilmente serão superados por Tokio (2021). Salvo exceções, vejo tudo muito frio e não consigo me emocionar. Sinto-me muito distante daquilo que um dia vivi e que já foi minha casa. WM.


"TOKIO- DESFILE DE ABERTURA" (76)


 23/07/21- 6ª FEIRA

Escrevo esse texto com o desfile de abertura dos Jogos Olímpicos de Tokio em andamento. Os países ainda estão desfilando e não posso deixar de exprimir a minha decepção com o que vejo.
 
Sei que a minha opinião não será unanime, mas pra quem já participou dos desfiles talvez possa entender o meu desagrado. Eu venho do tempo em que os desfiles eram laços muito significativos para qualquer atleta.

Fazer parte de uma delegação e desfilar com a bandeira do seu país à frente, com certeza não haverá glória maior. Mas, hoje a desfeita e o desrespeito impera. Me parece mais desfile de bloco carnavalesco.
Das 4 olimpíadas que eu participei deixei de desfilar em duas por capricho dos meus técnicos. As outras duas estão até hoje incrustadas em minha cabeça. Jamais esqueci dos seus significados em minha vida.
Não gosto de ver bandeiras chacoalhadas sem qualquer respeito ao símbolo pátrio. Uma delegação contando com 301 atletas (Brasil), não pode se fazer representar com apenas 4. Tonga tinha mais que isso.
 
Já sei, vão dizer que estou superado, que não entendo nada de desfile olímpico e que falo bobagens. Não se esqueçam que eu participei de 4 jogos como atleta e mais 8 como comentarista. Já vi acontecer de tudo.

Peço desculpas, mas eu não poderia ficar omisso. Fiquei um tempão aguardando a chegada da delegação brasileira e, quando chegou a hora, foi como um relâmpago, nada vi que pudesse me orgulhar.

Pois é, sou de outros tempos, sou oriundo de outros sentimentos pátrios. Não consigo me acostumar com os deveres da nação sendo vilipendiados. Cadê a delegação brasileira com 301 atletas? WM.

"DESFILE DE ABERTURA- JUSTIFICATIVA"


Sendo o responsável pelo texto em que faço comentários à respeito da delegação brasileira, cabe à mim agora justificar a atitude do COB por desfilar apenas com 4 componentes. (2 atletas e 2 dirigentes).

Segundo informações, houve uma ordem ou um pedido da comissão organizadora dos jogos para que as delegações desfilassem apenas com um mínimo de 4 componentes e no máximo com 20. Isso devido ao acumulo de pessoas em plena pandemia.

Se houve um pedido oficial das autoridades japonesas, essa ordem deveria ser cumprida por todos. Se foi apenas um pedido, esse pode ser aceito ou não. O Comitê Olímpico Brasileiro obedeceu o pedido.
Tudo me leva a crer que o Brasil foi um dos poucos países a respeitar o pedido. Até onde eu assisti, muitas delegações desfilaram com numero de participantes acima de 20.

Quanto à outros fatores, fica à critério de cada um achar se gostou ou não do que viram. De minha parte eu não gostei, mas vou sempre respeitar opiniões contrárias. Agora vamos aos jogos, boa sorte Brasil!
WM.

"SOL" (75)


 24/07/21- SÁBADO

É maravilhoso ver e sentir em pleno inverno a força de um lindo sol refletindo na janela do meu quarto. Imagino que ele deve estar pedindo para entrar, mas eu reluto, sempre vem junto um ventinho deselegante. Sei que tem gente que gosta do frio, eu não gosto.

E pensar que joguei basquete na cidade de Charleroi/Bélgica, com temperatura de 16 graus abaixo de zero. Juro que não consegui molhar a camisa, meus poros congelaram. Agradeço à Deus por ter nascido em um país de clima tropical. É lindo sentir a primavera chegando.

Essa é a hora que dá saudades da bermuda, da sandália, da camisa regata, do chopp e da panelada de camarão no bafo e do marisco. É uma pena estar longe dos caranguejos, pois desde criança sou degustador das suas patas. São Vicente deu-me o prazer de saborea-los.

Hoje eu vivo na terra das lasanhas, das pizzas, das feijoadas, etc. Sobre as bebidas alcoólicas já deixei-as de lado, a não ser tomar uma latinha de cerveja nos almoços dominicais. Isso mesmo, uma só. O teor alcoólico faz grandes estragos em minhas envelhecidas artérias.
 
Infelizmente nessa época do ano o frio bate em nossas portas. Não há como escapar das suas garras. Além da covid, ter que viver enrolado em cobertores e agasalhos foge das minhas origens vicentinas. Sentir aquele toque de sol na pele é um maravilhoso sentimento de vida! WM.


"MUITO OBRIGADO" (74)


18/07/21- DOMINGO

Dia 16/07/21- sexta feira passada, foi um dia muito agitado pra mim. Há um ano e meio enclausurado em meu apartamento devido à Covid 19, dessa vez me vi obrigado a sair da toca.

Existe uma lenda que fala sobre o inferno astral vivido pelas pessoas quando da aproximação do seu aniversário. Pois é, eu não sofri inferno algum, muito ao contrário senti-me no céu.

Nesse dia recebi inúmeras mensagens de carinho dos meus queridos amigos (as) do Facebook.
 Desculpas, foram muitas as manifestações, não tive tempo pra responder em letras, apenas em símbolos.
 
Fiquei quase toda a tarde recebendo a homenagem do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) por ter sido eleito para o "Hall da Fama" da entidade. Foi um grande momento, ser reconhecido em vida é uma supremacia.

À noite participei com a minha família de um encontro comemorativo do meu aniversário obedecendo todo o protocolo: mascara, álcool e todos os cuidados necessários à fim de afugentar o peçonhento.

Hoje é domingo, o dia está lindo na capital. O sol veio trazer um maior brilho ao nosso templo de vida. Muito obrigado à todos, vocês foram maravilhosos, fiquem com DEUS. Bjs e abs, WM.

"MEUS ANJOS" (73)


10/07/21- SÁBADO
Não vou falar do frio porque estamos no inverno e o frio pede passagem. Não vou falar da pandemia porque os canais informativos de televisão só falam dessa tal CPI sem pé e sem cabeça. Não vou falar de futebol porque já assisti coisas melhores, hoje é perda de tempo.

Não vou falar desse povinho aloprado frequentando baladas proibidas. Não vou falar de comida, porque hoje em dia há delivery pra tudo e entregam na nossa porta. Não vou falar de automóvel. O meu está na garagem há tempos, saindo apenas para algumas comprinhas.

Não vou falar da minha casa de praia. Fátima deve estar sentindo minha falta. Não vou falar do meu apartamento. Parece toca de coelho me protegendo dos predadores. Não vou mais falar dos políticos. Aqui eu me calo. Não vou falar de basquete, já tem muita gente falando.

Não vou falar da minha idade, porque na minha cabeça não sinto a idade que tenho. Não vou falar das minhas pernas, elas já foram, ficaram no tempo. Não vou falar de religião, sou apenas um homem de fé. Não vou falar das minhas manias, nasci assim e vou morrer assim.

Não vou falar de saudades, porque saudades a gente sente e não fala. Mas vou falar das maravilhosas mensagens de amor recebidas nos meus sábados. Creiam, meus dias ficam melhores. Obrigado meus anjos de luz, jamais os (as) esquecerei, adoro vocês! WM.

"SONHOS" (72)


03/07/21- SÁBADO

Dizem que os sonhos são devaneios em nossas vidas, e que os pesadelos são resquícios dos nossos pecados. Sinceramente não acredito em quase nada do que leio à esse respeito. Sonho é algo muito particular. Não acredito em regras pré estabelecidas. Meu sonho é aleatório.

Cada qual tem sua forma própria de sonhar. Percebo que tem muito a ver com o passado. Por exemplo: Às vezes sonho que estou jogando basquete. Mas não é o basquete consagrado, é outro muito além da realidade. Dou saltos impossíveis e sou muito melhor do que fui.

Muitas vezes quero correr e não consigo. É um estranho paradoxo, salto muito e nada corro. Sempre chego à cesta voando, sou um míssil, mas driblando demoro uma eternidade. Como Freud explicaria isso? Nunca fui traumatizado pelo jogo, muito ao contrário, sempre fui muito feliz.

Nunca estive em situações complicadas. Sempre fui um atleta com princípios educacionais e morais. Sempre me preparei para vencer, e as derrotas sempre me ajudaram a superar a vida e seus percalços. Certas derrotas nos ensinam muito mais do que certas vitórias.

Interessante, não consigo sonhar com o futuro. Não me vejo projetado em naves espaciais ou estabelecendo residência em Marte. Também não consigo sonhar com o presente. O presente já é a minha própria sobrevivência. Sem mistérios prefiro sempre sonhos de amor! WM.

"A FUGA" (71)


26/06/21- SÁBADO

Tenho guardado em minha memória várias datas significativas. Algumas se sobressaem devido à sua importância. Vou contar uma história ocorrida no dia 21/12/1958:-- Nessa época a seleção brasileira de basquetebol se preparava para a disputa do 3º Mundial no Chile.

À convite da prefeitura, fomos para Volta Redonda RJ à fim de darmos sequência aos nossos treinamentos. No dia 20/12/58 me dirigi ao técnico Kanela pedindo dispensa dos treinamentos, pois a minha esposa Cecilia estava próximo de dar à luz do nosso primeiro filho.

Nessa época eu residia em Piracicaba e jogava no XV. O técnico Kanela não aceitou o meu pedido de dispensa. Confesso que a resposta não me agradou, pois eu queria estar junto da minha esposa em uma fase tão importante das nossa vidas. Era o nascimento do nosso primeiro filho.

Não tive duvidas: Na madrugada do dia 21 fugi pela janela do meu quarto. O hotel era térreo. Dali fui direto para a rodoviária e entrei no primeiro ônibus para São Paulo. Em seguida peguei outro ônibus para Piracicaba. Cheguei na cidade às 10 horas da manhã do dia 21.

Para encurtar a narrativa, o Wlamir Jr. nasceu na madrugada do dia 22/12/58. No dia seguinte o técnico Kanela sentindo a minha ausência, na mesma hora me cortou da seleção. Para mim estava tudo bem, o mais importante era eu estar ao lado da minha esposa e do meu filho.

No dia 24/12, recebi um telefonema dizendo que o técnico tinha voltado atrás e que eu deveria me apresentar no dia 26 /12 para dar continuidade aos treinamentos, dessa vez na Ilha das Enxadas (Escola da Marinha). Mais tranquilo, aprontei a mala e voltei para o Rio de Janeiro.

Como é do conhecimento de todos, fomos campeões do mundo pela primeira vez em Santiago. Retornando ao Brasil, já dentro do avião, o Kanela dirigiu-se à mim e disse bem baixinho ao meu ouvido: "Wlamir, quase que nos estragamos tudo". Sem dizer nada eu apenas sorri.

Nesse mundial eu fui eleito pela imprensa internacional como o melhor jogador e cestinha da competição. Conto essa história sem qualquer vaidade, ali era eu e mais onze heróis brasileiros. Mas me orgulho muito de ter tomado aquela atitude. Hoje eu faria tudo de novo! WM.

"O TEMPO" (70)


19/06/21- SÁBADO

Incrível como o tempo passa rápido. Já estamos no meio do ano e não fiz absolutamente nada. Faz 16 meses que os dias não se diferem, são todos iguais. A rotina não se renova. Vem a noite, vem o dia e nada se modifica. Felizmente ainda me resta a fé e a esperança.

Pelo bem da vida e da saúde, disponho da quarentena como meu bem maior. Percebo que o mundo está reagindo, mas com muita demora e desconfiança. Algumas certezas são reais mas as duvidas prevalecem. Não posso prever nada. A luz do fim do túnel permanece oculta.

O lado bom disso tudo é que todos serão contemplados. Todos serão vacinados. Como sempre acontece, só o tempo será capaz de eliminar todas as dificuldades terrenas. Um dia a salvação será cantada em praça publica. Não sei se chegarei até lá, mas ainda penso no futuro.

Não podemos fraquejar. A humanidade precisa entender que o mundo não é e nunca mais será o mesmo. Nossas ideias e hábitos não serão mais reconhecidos como certos e absolutos. Precisamos refletir sem mágoas e sem receios. Jamais voltaremos a ser o que fomos.

Não sou negativista, não luto contra nada. Acima de tudo sou brasileiro. Defendi minha pátria com resultados altissonantes. Vesti a verde amarela com muito mais carinho do que qualquer politico metido em CPIs ou em suntuosos palácios. "O tempo será o dono da razão!" WM.


"EMOÇÕES" (69)


12/06/21- SÁBADO

Outro dia me perguntaram qual foi a minha emoção ao me tornar campeão mundial de basquetebol ? Em princípio parece ser fácil a resposta, mas não é bem assim. Emoção é um sentimento indescritível. Sentimos seus efeitos mas não conseguimos explicar. Confesso que não consigo descrever em palavras esse tipo de sentimento.

Se buscarmos no dicionário os termos mais sensíveis, mesmo assim não alcançaremos o objetivo. Exemplo: Como descrever os arrepios na pele com o hino nacional do seu país tocando, e você no pódio com a medalha dourada pendurada no pescoço? A resposta só pode estar nas lágrimas!

Em seguida fizeram outra pergunta: E quando você foi bi campeão mundial, dá pra explicar? Também não, mas vou contar uma história: Possuo na minha casa um globo terrestre comprado em uma das minhas viagens. É destaque no meu quarto e sempre está ao meu lado.

É um eterno companheiro. Por felicidade conquistei aquele globo duas vezes nas quadras. Não há cantinho que eu não conheça e não há oceano que me impeça. É meu domínio, a minha história garante as duas conquistas. É um símbolo representativo e de muito valor estimativo. A conquista foi maravilhosa, vencemos 6 continentes!

Sei que um dia deixarei o planeta, mas as lembranças ficarão por conta de uma linda história de amor. Amor, como assim? Onde o amor entra nessa história? Explico: Não dá pra separar a emoção do amor. A emoção será sempre sentida quando houver um envolvimento amoroso.

Fui bi campeão mundial pelo forte sentimento de amor à minha família e à minha pátria. E a emoção professor? Sem pensar muito respondi: "Ela sempre correu ao meu lado". Deu pra entender? WM.

" SIMPLES MAGIA" (68)


05/06/21- SÁBADO
Alguém pode estar perguntando por que eu escrevo no Facebook? Em primeiro lugar é pela ociosidade. Não trabalho mais e aqui satisfaço minhas vontades. Uma delas é escrever momentos do meu cotidiano. Não possuo ideias fixas, possuo apenas momentos.

Em segundo lugar é porque gosto de escrever. Há tempos que procuro levar mensagens de fé e carinho aos meus amigos (as). Afirmo que não sou escritor. Me falta a verve do articulista, escrevo da forma que sou. Com erros e acertos é o coração quem escreve.

Também digo que não sou um grande expert da língua portuguesa. Meu repertório é simples, sem firulas e sem pretensões acadêmicas. Apenas me esforço pra me fazer entender. Em terceiro lugar escrevo pra mexer com a minha cabeça. Se parar vou perdê-la de vez.

Não gosto de textos longos, embora muitas vezes sejam inevitáveis. Sei que textos longos desmotivam a leitura. Não concordo mas aceito a desculpa. Não dou preferência à qualquer tipo de tema. Muitas vezes começo a escrever sem saber o objetivo final.
 
Também não tenho onde postar meus pensamentos. O Face é a minha única saída. Aqui eu posso interagir com meus amigos e amigas. Sou muito grato por aceitarem do jeito que sou. Algumas mensagens me chegam "lá de cima", diretas para o meu cérebro. Simples magia! WM.

"PRISIONEIRO DO DESTINO" (67)

29/05/21- SÁBADO


Parece roteiro de cinema. É como me sinto: "prisioneiro do destino". Há 15 meses atrás fui alertado de que eu seria uma presa fácil para contrair a Covid 19. Confesso que me assustei, a novidade estourou como uma bomba. Pensei: Como enfrentar essa guerra sem armas?

Fui favorecido pela idade e pelo momento. Retido dentro de casa devido à uma cirurgia de quadril, continuei a penitência. Com muitas dificuldades de locomoção, além da difícil recuperação, vi-me obrigado a trancar a porta de casa e esconder a chave. Ali iniciei a minha reação.

No começo tudo me pareceu normal. Já estava acostumado com a clausura. Mas estar cativo por vontade própria é bem diferente de ser obrigado. À partir dali comecei a enfrentar as batalhas. Vencer a cabeça foi a primeira. Como aceitar àquele momento com tantas noticias ruins?

O tempo foi passando e cada vez mais fui me afastando da sociedade, exceto da minha filha Susi e da minha neta Fernanda. Moro sozinho, mas sempre tive suas presenças nas minhas horas de solidão. A rotina criou o hábito. As aventuras e as dores se foram, vencidas pelo tempo.

Agora estou à frente do meu laptop. Continuo no mesmo ritmo. A penumbra é suave, me acalma e me anima. Minhas esperanças não morreram. Um dia retorno ao planeta. Tenho certeza que ele não me abandonou. Venci todas as batalhas, mas a guerra continua. WM.

"TELEVISÃO" (66)


26/05/21- 4ª FEIRA

Salvando a Netflix, está muito difícil assistir televisão nesse país. Os noticiários são os mesmos em todos os canais informativos. Não falam de outra coisa: Covid 19, CPI, mortes, Uti, politica, governo Bolsonaro e outras baboseiras. A Rede Globo é a campeã, por enquanto imbatível.

É claro que existem exceções, dependendo sempre do gosto de cada um. As transmissões esportivas são sem graça. A falta do torcedor equilibra qualquer disputa, seja jogando em casa ou fora. Faz 15 meses e a ladainha é a mesma. A bateria do controle remoto é a que mais sofre.

Não é fácil ficar em casa sem o artificio da televisão. Não há como disfarçar a rotina do dia à dia sem qualquer atração. Pra quem leva a pandemia a sério tem o dever de se resguardar. Ficar pregado em um sofá à espera de um milagre é muito difícil e complicado.

Moro em apartamento. Minhas andanças são restritas. Vou do quarto para a sala, da sala para a cozinha e, de vez em quando uma ligeira passagem pelo banheiro e pela varanda. Possuo 3 aparelhos de tv. Pra que? não me servem pra quase nada. O melhor à fazer é dormir.

Tenho a certeza que tudo isso é passageiro. Mas por enquanto o vírus continua atacando. Já tomei as duas vacinas e poderia sair por ai à fim de me distrair, mas me falta coragem. Adoro minha casa, amo meu aconchego, mas a TV brasileira parece ter casado com a Covid 19. WM.

"MOMENTOS" (65)


22/05/21- SÁBADO

Muitas vezes por falta de assunto retorno ao passado. Quase sempre desprezo o presente. Essa pandemia nos leva a longos pensamentos, na maioria das vezes alheios à nossa vontade. Entretanto sou um homem feliz. Não possuo ideias malignas e muito menos martirizantes.

Tenho ao meu lado um sofá desgastado pelo tempo que suporta minhas horas de reflexão e de dor. Dor? Por que não? A dor faz parte do meu tempo, já não sou mais o mesmo, minhas articulações não são obras de arte eternas, elas sofrem variações muitas vezes irremediáveis.

Não estou reclamando de nada, sei o que tenho e sei o que sou. Na pratica abro a cortina da sala e, através de uma varanda recebo raios de sol e a vista panorâmica de uma cidade friorenta. O que mais eu posso querer? Sou feliz assim, vivo só, não caduco em controvérsias.

Não sou obrigado à nada. Trabalhar é coisa do passado. Viver das quadras deixou de ser obrigação. Hoje estou aprendendo a viver por etapas, à cada tempo sou obrigado a me refazer. Enquanto o físico altera sua rotina, a mente reflete lucidez e experiência.

Não sofro por nada, meus algozes se perderam no tempo, não corro atrás de nada. A vida não me pertence mais, estou ao sabor da vontade divina. Enquanto isso, vou sempre à busca de mais um pouco. Assim sou eu. Meu destino? Só cabe à "ELE" decidir! WM.


"ARREPENDIMENTO" (64)

 21/05/21

No ano de 1972 fui convocado pelo técnico Kanela para ser seu assistente técnico e jogador à fim de disputar os Jogos Olímpicos de Munich/Alemanha.
 
Nesse tempo ainda estava em atividade e em boa forma física e técnica. Me senti muito honrado com o convite pois essa seria a minha 5ª olimpíada disputada como atleta. (56/60/64/68/72)

Os treinamentos foram realizados no Rio de Janeiro e desde o 1º dia me apresentei. Começamos os treinamentos de forma muito diferente das outras vezes, eu atuava como técnico e jogador.

Nesse tempo eu cursava o 2º ano da Fefisa (Faculdade de Educação Física de Santo André SP). Treinei a primeira semana, mas sempre preocupado com o afastamento das aulas. Com 35 anos não podia correr o risco de perder o ano. Pensei muito e resolvi pedir dispensa dos treinamentos e da função.
 
Confesso que até hoje me arrependo de ter pedido essa dispensa, pois eu possuía garantias de lei que não perderia o ano. Estava à serviço do país e tinha o abono oficial de faltas.
 
Deixei os treinamentos e retornei para São Paulo, pois na minha cabeça o mais importante era a minha formação profissional e não continuar sendo apenas jogador de basquete.

Pois é, deixei escapar a minha 5ª participação olímpica. Hoje eu penso que deveria ter ido até o final, mas....... WM.

"REFLEXÕES" (63)


15/05/21- SÁBADO

Nunca imaginei que o mundo passaria novamente por outra tragédia biológica. Ouvi muito falarem das pestes que assolaram o planeta em outros tempos mas, jamais poderia supor que isso aconteceria no meu tempo. Com toda a ciência de hoje, perdemos feio pra mais um vírus.

Ao mesmo tempo essa pandemia faz-me refletir sobre a minha vida e seus reflexos. Moro sozinho e quase sempre me vejo prostrado no sofá com a tv desligada e, sem qualquer motivo meu pensamento é levado à minha maravilhosa infância. Não consigo esquecê-la.

Lembro dos meus 7/8 anos de idade, quando minha mãe nos domingos de manhã me levava na escola dominical da Igreja Presbiteriana Independente de Santos. Pegávamos o bonde 2 em São Vicente e descíamos no final da Av. Ana Costa (Santos). Ali estava a igreja.
 
Não fui criado em igreja católica. Não frequentei missas e nem cultos evangélicos. Na escola dominical aprendi várias passagens bíblicas, inclusive sobre Adão e Eva. Jamais esqueci a voz da pastora dando floreios à respeito da cobra, da maçã, do paraíso e do pecado original.

Se ainda hoje é um enorme tabu falar de sexo, imaginem naqueles tempos. Por que destruíram Sodoma e Gomorra? E a abertura do mar vermelho para que os judeus escapassem dos egípcios? Como explicar a lógica de tudo isso? Será que os deuses eram alienígenas?

Vejam o efeito da pandemia. Me levou a questionar a Bíblia e dar créditos ao Erick Von Daniken, quando ele sugere que os deuses eram astronautas. Não sou religioso, sou um homem de fé, sou cristão. Enquanto no oriente a religião mata, aqui a fé sobrevive! WM.

"PAPO DE QUARTA FEIRA" (62)

12/05/21

Sempre digo que não gosto de escrever sobre basquetebol. Foi a minha principal modalidade esportiva mas, hoje me esquivo de forma proposital em não emitir opinião. O que eu tenho à dizer não se encaixa mais nos dias atuais. Não é mais um jogo, hoje é uma luta.

Não estou dizendo que me afastei da modalidade. Com certeza nunca assisti tanto basquete na tv como agora. Estou atualisado, sei o que vejo, o que ouço e o que sinto. Muitos poderão estranhar minhas opiniões, afinal já saí das quadras e a sala de aula ficou na saudade.

Em primeiro lugar não gosto do que vejo. Se eu procurar encontrar nas quadras o trabalho coletivo da modalidade, não encontro nada. Imitar a NBA não serve para o NBB. Ambos primam por serem peladas organizadas, mas com diferenças na qualidade técnica dos jogadores.

Não gosto do rodizio exagerado. O entra e sai tira muito das virtudes e das responsabilidades do atleta. Jogando bem ou jogando mal as substituições são em série, quase que programadas. Com certeza hoje eu não seria o que fui quando os titulares jogavam 40 minutos.

Ah! Wlamir mas hoje o jogo é mais intenso, as defesas são mais fortes, o desgaste físico é maior. Meus caros, hoje há o profissionalismo, o atleta é full time, não trabalha e não estuda. Treina de 4 a 6 horas por dia, quando nos áureos tempos treinávamos só as 2ªs, 4ªs e 6.ªs feiras.

Sempre digo isso mas sou voto vencido. Está jogando bem fica na quadra, está jogando mal sai da quadra. Será que estou falando grego? Sair pra descansar? Descansar do que? O atleta de ponta não cansa. São os melhores e serão esses que trarão as vitórias para os técnicos.

Sempre digo que ninguém é campeão do mundo contando com 12 jogadores em ação. Isso é palha de treinador. Quem ganha são aqueles 7 ou 8 jogadores que decidirão o jogo à seu favor. Na NBA todos jogam, mas na hora H são os melhores que decidem o jogo, ou não?

Também não gosto do que ouço. Algumas narrações usam lemas motivacionais que a pratica não mostra. Fora aqueles comentaristas que não sabem pra quem estão comentando. O fato deles entenderem de basquete, não quer dizer que todos entendem seu vocabulário.

Na maioria das vezes eles estão comentando pra si mesmo. Usam palavras pessoais e importadas como se o publico dominasse de pronto todas as suas expressões. A didática é pratica, palavras simples valem muito mais do que as longas ladainhas, sempre mal explicadas.

Como já disse, também não gosto do que sinto. Não me vejo mais na quadra, não consigo mais me situar naquele espaço. A individualidade era em prol do coletivo. Hoje me parece que a individualidade é em prol de si mesmo. Cada um joga como quer à fim de mostrar suas proezas.

Peço desculpas pelo longo texto. Sei que tenho mais coisas à dizer, mas é melhor parar. Não quero desmerecer a modalidade que me deu tudo na vida. Não tenho como modificar o presente, meu tempo passou e o barco segue seu rumo. O meu barco sempre foi repleto de esperanças! WM.


"INSENSATEZ" (61)


08/05/21- SÁBADO
Em todos os tempos das nossas vidas, somos donos das nossas vontades. Observando seus tempos, quantas vezes vocês sentiram vontades em suas vidas? Infinitas vezes? Desde o dia em que nascemos, damos o 1º choro anunciando a vontade de viver.
A vontade nem sempre é benéfica e nem sempre maléfica. Eu por exemplo já tive muitas vontades. Algumas eu não consegui realizar e, outras eu não quis. Confesso que muitas vontades eu consegui sem merecer, e outras me arrependo de ter conseguido.

Notaram que a vontade é um nato sentimento humano. Querer ser, ou ter alguma coisa, dizem que basta apenas ter vontade. Exemplo: Ser astronauta pra mim é uma enorme ficção. É nessa hora que dizem ser tudo possível, bastando ter vontade, mas...
 
As dificuldades encontradas muitas vezes nos tiram o prazer da vontade. Já imaginaram os problemas oriundos dessa façanha? Estamos aptos a enfrentar tantos problemas? É muito diferente da vontade de namorar quando não depende só de um. Há uma segunda vontade em jogo.
 
Vontade é algo que dá e passa. Exemplo: Estou em casa e sinto vontade de sair mas não devo, não quero contrair o vírus. E as pessoas que vão nas baladas, sentem vontades do que? De se divertirem ou de matarem seus pais e suas mães? Pensem nisso, a insensatez também mata! WM.

"VESTIDO BRANCO" (60)


01/05/21- SÁBADO

Hoje pulei da cama e vim direto para o laptop. Alguma coisa mexeu com a minha cabeça dizendo: Vai lá Wlamir, escreve o que você tem vontade. Não pude negar a ordem. Aceitei e agora me vejo enfrentando as teclas. Será um jogo perfeito, homem x máquina.
 
As letras rolam em minha cabeça. Giram em torno de ideias e pensamentos. Não consigo encontrar um tema que sintetize todas as minhas vontades, mas vou em frente. Lubrifico meus neurônios imaginando absurdos e as mais belas cenas de amor, mas....

Começo a perceber que não estou sendo convincente. Escrevo apenas por escrever, me falta conteúdo, penso em tudo e não escrevo nada. Até um certo ponto isso é ótimo, nada me preocupa, estou tranquilo. Cabeça fria tem muitos detalhes à mostrar, inclusive serenidade.
 
De repente, raios de luzes rondam meu cérebro. Fagulhas mostram imagens brilhantes. Aos poucos sinto-me arrastado por um vento que me leva além do horizonte. Afinal, pra onde estou indo? O trajeto me assusta mas...... ao longe vejo uma forte luz incandescente.

Corro ao seu encontro. Preciso entender esse mistério. Me aproximo e logo identifico o grande amor da minha vida. "ELA" estava ali, na porta de entrada do céu vestida de branco. Maravilhosa como sempre, sorriu, me beijou e disse: "Venha comigo Mi, estava lhe esperando". WM.

"PRESENTE E PASSADO" (59)

24/04/21- SÁBADO

Fui atleta durante 26 anos da minha vida. Fui professor de educação física por mais 40. Joguei e trabalhei até a exaustão. Cheguei ao final da obra desgastado fisicamente e mentalmente. Diz o ditado que: "A cabeça comanda, o corpo padece". Contingências do esporte.

A carreira atlética é carregada de acidentes e incidentes. Treinos exaustivos, contusões leves e graves, fora as cirurgias. Vitórias e derrotas fazendo parte de um curriculum morto no tempo. Mal festejo o passado, já foi, já passou, pois esse apenas enriquece a memória.
 
O presente será sempre mais ativo que o passado. Enquanto o passado traz histórias e medalhas, o presente nos leva ao futuro. O presente é atuante, elege o tempo e o determina, não deixa pra depois. O passado é um drops repleto de sabores permanentes em minha boca.

O presente é claro e objetivo, o passado é nostálgico e sentimental. Dizem que hoje somos o resultado de um passado, mas hoje também somos o espelho do futuro. O tempo passa e o presente ressente-se do passado, quando a altivez da juventude, esvaiu-se, escapou.
 
Essa é a minha vida. Hoje tento encontrar explicações dos meus sabores e temores. Cometi erros e acertos que me incitam a reencontrar o elo perdido da juventude. Sei que não encontrarei mais as forças perdidas, mas sempre tentarei enriquecer a pureza da minh´alma. WM.

BASQUETE PARA SENTIR E REFLETIR (58)

22/04/2013
 
 
Observar, analisar, entender, organizar e realizar :- dilemas da vida e do basquete.

O torcedor curioso geralmente fala muito e sabe pouco. Muitas vezes opina como um profundo conhecedor da matéria, mas não consegue avaliar as dificuldades básicas em um jogo de basquete. Isso não é defeito, apenas são opiniões fora da realidade. Quantas vezes emitimos opiniões sobre assuntos desconhecidos. No íntimo somos todos curiosos e opinantes. Muitas vezes a vaidade sobrepõe-se à verdade.

O leigo sempre procura encontrar razões para o bem ou para o mal, sem conhecer a fundo o que representa jogar uma modalidade tão complexa. Nem sempre joga-se bem, nem sempre joga-se mal. Faz parte do jogo e do homem. Não existe o infalível.

Todas as modalidades de confrontos físicos, provocam momentos difíceis de serem superados.
O basquete mal jogado traumatiza mais do que agrada. São falhas técnicas ou humanas? As respostas ficam por conta das múltiplas certezas e incertezas do jogo.

O basquete é um jogo onde os pontuais erros de arremessos superam os acertos. Os excessivos erros exemplificam muito bem as dificuldades e as suas consequências. Não é tão fácil arremessar com exatidão. Alguns fatores influem nessa utópica perfeição. Essa experiência vem apenas das quadras. O basquete vive exclusivamente daquele quadrilátero, nunca ao redor. Os livros não jogam, não ganham e não perdem.

Nem sempre o objetivo no basquete é jogar bem ou mal, quando apenas jogar para muitos é o suficiente. São momentos de prazer, jogar sem compromisso, errar, acertar, participar, etc. Divertir-se no basquete também é uma forma de melhor entende-lo.

Muitos jovens começam a praticar o basquete e desistem. Quais os motivos? Não assimilam as dificuldades? Má formação do instrutor? Sentem-se fisicamente inferiores? Receio dos contatos? Evitar a truculência? Como resolver esses sintomas? Professor, antes de conhecer basquete, conheça em primeiro lugar o ser humano.

Essas anomalias ocorrem geralmente nas atividades femininas. Os traumas são marcantes, difícil esquece-los. Esse é um dos principais motivos das suas antipatias das quadras. Odeiam o basquete pela má orientação, quando na maioria das vezes, elas sentem o basquete mais parecido com uma luta do que um jogo. Isso é um fato.

Ensinar basquete é uma ciência exata. Não pode haver erros. É extrair do iniciante o que ele possui de melhor, da pratica à alma. É importante mantê-lo fiel ao esporte. É uma demonstração de dignidade. É muito fácil dar aulas de educação física, o difícil é ensinar. Esse é o maior problema. Saber jogar é uma dádiva, saber ensinar é um dever.

Os profissionais estão além das paixões. São os predestinados. Homens da guerra. O difícil é saber como enfrenta-la. É onde a vitória transcende e a derrota não se curva. Prof. Wlamir Marques.


"SENTIMENTOS" (57)


10/04/21- SÁBADO
Infelizmente o tempo real não retroage. De tempo em tempo o passado retorna refazendo minhas energias. Renasço com a cabeça girando em torno de lindas aquarelas. Tempos bons que me chegam de graça, revendo maravilhosas lembranças de amor.

O amor sempre foi a característica principal da minha vida, jamais o deixei. Fui um amador no sentido exato da profissão e da vida. Até hoje trago na pele os arrepios envolvendo amores e emoções. Jamais irei prescindir desses sentimentos, fazem parte da minha essência de vida.

Meu respeito pelo ser humano é eterno. Não abro mão dos seus efeitos. As pessoas que me ouvem, com certeza querem ouvir mensagens vindas do coração, jamais por interesses mesquinhos. Enquanto a humanidade sofre por falta de amor o meu resiste e sobrevive!

Estou vivo e aceso. Minhas labaredas alcançam o infinito. Sou ágil e forte para enfrentar os desatinos oriundos dos incautos e dos desajustados. Não me permito ser sorrateiro, não trapaceio e não abdico dos bons costumes, venho de outros tempos. Meu passado é minha luz.

Não sou alma penada. Minha vida é um livro aberto com 84 páginas (anos) à serem lidas. Sempre serei fiel à mim e à Deus. Não abro mão dos meus acertos e defeitos, pois foi assim que a vida me fez. Nesses tempos difíceis não existe sentimento mais significativo: "Amo vocês" WM.


"DECLARAÇÃO DE AMOR" (56)

17/04/21- SÁBADO


MEUS QUERIDOS EX ALUNOS (AS):

Há cinquenta anos atrás (1971) eu era um atleta pensando em deixar as quadras para entrar nos picadeiros da vida. A troca foi pré-determinada. O salto foi enorme, com certeza o de maior qualidade em toda a minha vida. Saía das glórias esportivas para pisar nos difíceis chãos da vida.

Optei em ser professor de Educação Física imaginando ser a continuação de mais um jogo do perde e ganha. Puro engano, em sala de aula nunca perdi. Aos 34 anos voltei a fazer parte de uma classe. Voltei aos livros, aos cadernos didáticos e à empatia com a profissão.

Não dei chances ao comodismo, procurei ser um aluno exemplar. Era um bi campeão do mundo à busca de conhecimento. Sabia tudo de bola, mas quase nada do relacionamento humano em sala de aula. Ao lado dos meus colegas, comecei a sentir a minha importância futura.

Por ser mais velho ou pelo passado esportivo, fui eleito entre 400 alunos para ser seu representante junto à direção da faculdade (Fefisa). Ao assumir esse papel lembrei-me das quadras, onde durante 10 anos fui o capitão da seleção brasileira de basquetebol bi campeã do mundo.

Observando os professores cheguei à algumas conclusões. Alguns professores eram respeitados apenas por darem notas baixas, despertando medo. Nunca gostei de me submeter àquelas terríveis provas. Ali eu só queria aprender, sem precisar provar nada.

O meu maior desejo era um dia poder entrar em uma sala de aula com métodos diferentes. Nos meus 40 anos de magistério a minha vontade de ensinar sempre esteve acima de qualquer nota. Assim me fiz e assim fui. Uma exceção? Talvez! Hoje digo que o amor venceu! WM.

OBS: Nos meus tempos de docência acadêmica, tive ao meu lado mais de dez mil alunos (as) graduados (as) ou, em cursos de especialização técnica em basquetebol. Me orgulho muito em dizer que nunca reprovei um aluno (a) em toda minha vida. Nunca tive motivos para qualquer reprovação, todos (as) foram maravilhosos (as). Pensando nisso, só tenho que agradecer à todos pela convivência. Muito obrigado meus queridos ex alunos (as), ao lado de vocês fui feliz e aprendi muito. WM.


"QUE PAÍS É ESTE? (55)

27/03/21- SÁBADO
Sempre busco em meu cérebro palavras de conforto. Mas não está sendo fácil. Olho para o mundo e não me animo a escrever sobre meus sentimentos. Não sou o paladino de causas perdidas, nem o homem ponto zero. Enquanto isso, o mundo pune e se pune. Isso é muito triste.

Ouço diariamente que estão faltando vacinas, oxigênio, leitos de UTI, remédios, enfermeiros (as), médicos, ambulâncias etc. E mais, também ouço que a policia está fechando baladas nas quebradas da noite. Meu Deus que povo é este? Enquanto isso morrem os puros e os inocentes.

Vejo na tv que estão roubando vacinas dos centros de saúde, além das vacinas clandestinas. É vergonhoso ver os políticos usarem as vacinas para se promoverem. Também vejo o povo sendo traído pelos furadores de filas. Esse é o famoso jeitinho brasileiro de ser. Seres incorrigíveis.

Vejo também que há muitos fraudadores de ocasião, enquanto outros resistem e se matam na luta pelo dim dim de cada dia. Sei também que a permanência em casa é um purgativo. A rotina do dia a dia se esvai nos sorrisos amarelos, nos enjoos e na derrocada dos seus anseios.

Tudo isso é uma triste toada sem ritmo e sem cadência. Desafina e se perde em si mesmo. É muito difícil dar o tom certo nessa triste melodia. Decepcionado só me resta dizer: Sou apenas um brasileiro cumprindo meus deveres de cidadão. Afinal: "QUE PAÍS É ESTE ?" WM.

ET: Ontem à noite foi lançada uma nova novela: "Quem inventou a Butanvac"? Não percam os próximos capítulos. Quem vencerá o duelo: Brasil x Estados Unidos. Já vi esse filme: Quem inventou o avião? Santos Dumont ou os Irmãos Wright ? A Globo se diverte, é um prato cheio.


ÁGUIA DE HAIA" (54)


20/03/21- SÁBADO

Hoje no senado federal, um baiano com óculos arredondado e bigode avantajado, fez um discurso que me chamou muita atenção. Seu nome: "Rui Barbosa". Mas o que é isso professor, isso aconteceu em 1914, como ousa dizer que foi hoje ? Pois é, esse discurso é eterno, é para sempre, real e atual. Vestimos a carapuça!
 
Afinal o que foi dito de tão importante? Querem mesmo saber? Eis parte do discurso: " De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto". Entenderam o meu agrado?

Falem a verdade, existem palavras mais atuais do que essas? 107 anos se passaram e esse país continua o mesmo. Incrível, esse homem foi um grande visionário, soube ver no passado nossas mazelas futuras. Todas perpetuadas nos poderes da nação e afins. Infelizmente, esse discurso bate de frente com as nossas despetaladas esperanças.
 
Desculpas pelo termo, mas esse é o país da traquinagem. Está cada vez mais impregnado de amaldiçoadas paixões pessoais e partidárias. São poderes exalando fétidas decisões, usufruto das perigosas e malignas representações (salvo exceções). Não merecemos tê-los no timão das nossas causas, somos muito mais fortes do que qualquer cambada.

Não sei quanto tempo mais vou viver. Apenas espero que um dia esse discurso não sirva mais de lição para o nosso país. Que seja extinto de vez, para que um dia possamos eleger a honra, a honestidade e a dignidade, ao invés de elegermos senhores carregados de má fé e de total falta de respeito pelo seu povo. DEUS há de nos ouvir! WM.
 
ET: "Por que Rui Barbosa foi chamado de Águia de Haia? Por sua atuação na conferência de Haia (Holanda) recebeu do Barão do Rio Branco o epíteto de "O Águia de Haia". Teve papel decisivo na entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial. Já no final de sua vida, foi indicado para ser juiz do Tribunal Mundial, cargo de enorme prestígio, que recusou".

"A BOLHA" (53)


17/03/21- 4ª FEIRA 

Não quero parecer indiferente. Sei também que nas horas mais criticas do meu tempo não posso ser omisso. Não estou falando de politica e dos políticos, esses não me servem, é baixa a minha estima por eles. Quero falar dessa louca pandemia infectando nosso esporte!
 
Participei da seleção brasileira de basquetebol por 20 anos. Fui capitão por 10. Há 73 anos atrás entrei em uma quadra pela
 
primeira vez. Até hoje faço parte daquele espaço sagrado. Sendo assim me associo à razão e me credencio a escrever sobre um assunto tão sério.
 
Acho um absurdo ver atividades esportivas sendo disputadas durante essa terrível pandemia. No basquete deram o nome de "bolha". Esse sistema e outros, não evitam a propagação da Covid 19. Vários participantes se afastaram dos campos e das quadras por contraírem a maldita doença.

Se eu tivesse algum mando, com certeza daria um basta nessas atividades. Não é justo submeter nossos (as) atletas e comissões técnicas à esse sacrifício. Vi atletas do vôlei feminino jogando com mascaras. Sabemos o quanto a mascara dificulta a respiração! Com certeza não deve ser confortável.

Fora os deslocamentos, vestiários, convívios, abraços, confrontos físicos, e mais, sem a presença do público, motivo de apáticos eventos. A bola da vez não é o jogo de vôlei, basquete, futebol ou qualquer outra modalidade. A bola da vez é a Covid 19. "Já pensaram nisso" ?

Dizem por ai que o esporte não deve parar de ser transmitido por ser o único instante de lazer na televisão com essa pandemia. Podem até dizer que não entendo nada disso. Enganam-se, sei tudo o que acontece, é a grana sempre falando mais alto. Gente! brincar de bola com esse bicho nunca dará certo! WM.

"A GUERRA CONTINUA" (52)


13/03/21- SÁBADO.
Faz um ano que iniciei a quarentena e devo continuar. Não posso desmerecer a sagacidade da Covid 19. À cada dia os recordes estão sendo batidos. Os números são assustadores, até porque as vacinas ainda não alcançaram seus reais objetivos. Até quando ?

A falta de vacinas preocupa. O trabalho leva o povo às ruas. O cotidiano nos leva a crer que ainda estamos longe de uma solução. Por sua vez, os idosos encontraram meios de serem vacinados, mas o funil lá na frente será enorme. A espera será longa. Enquanto isso....

Não modificarei meus cuidados. Se cheguei até aqui foi à custa da prevenção. Sou aposentado, podendo ficar um ano retido em casa. E quem não pode ? Mesmo vacinado não tenho o livre arbítrio de ir e vir. Até segunda ordem continuarei enfrentando essa bomba ambulante.

Desde o começo da pandemia, dependemos unicamente das nossas atitudes. Com certeza, muitos dos infectados em um certo momento relaxaram. Se deixaram envolver pela omissão, pela obrigação ou pelo descuido. Os cuidados são estabelecidos mas cada um cuida de si.

Desculpas pelo desagradável tema, mas os abusos ocorrem, muitas vezes alheios às nossas vontades. Juntos vamos enfrentar essa odisseia. O bicho é esperto e tão cedo não dará tréguas. Continuará derrubando barreiras. Sem esmorecer vamos vencer." A guerra continua!". WM.

"TRAVESSIA" (51)

06/03/21- SÁBADO


Está muito difícil varar o tempo. Os dias passam com o mundo estarrecido. Um ano perdido e o vírus continua rondando o planeta. Não ouso mais pedir tempo, não sei mais o que dizer á humanidade. O jogo é difícil e nossas forças se esvaem diante de um perigoso adversário.

Busco de forma incessante mil estratégias para enfrenta-lo. Vou no meu cérebro à busca de soluções, mas por enquanto só encontro a esperança. As vacinas percorrem o mundo da salvação, mas ainda sem divisor de águas. À cada dia as mortes se repetem e se repetem!

A Covid 19 é mais veloz que a ingerência humana. Não há medida que possa sufocar essa agilidade peçonhenta. Os discursos perdem-se no vazio, não há uma forma decente de expressar a verdade. Ainda estamos gatinhando, dando pernas à um povo teimoso e inconsequente.

Urge buscar a luz, salientar nossos anseios pela vida, enfrentar os desmazelos, abdicar dos prazeres daninhos à nossa alma. A salvação só depende de nós. Somos animais racionais, fomos feitos à imagem de DEUS e, não cabe à nos deixarmos de lado sua luz e sua sapiência.

Um dia viajarei sem retorno, mas enquanto puder vou lutar pelo meu tempo. É meu direito terreno. Não me entrego às vicissitudes da vida, quero e preciso ser consciente dos meus deveres de cidadão. Sou forte e dono do meu tempo, com galhardia enfrentarei essa travessia! WM.

"COISAS QUE APRENDI" (50)

27/02/21- SÁBADO

Faz quase um ano que vivo a agonia de uma pandemia. Preso em minha gaiola rejeitei o encontro com um vírus indesejável e mal acabado. Olho para trás tentando analisar minha rabeira e observo que o tempo foi maligno, improdutivo e inútil, simplesmente desconfiado e fútil.

Tive muito tempo pra pensar e muito pouco pra falar. Tranquei portas e janelas, conheci cada detalhe do meu templo, vi imagens há tempos esmaecidas. Rompi a napa do meu sofá sem piedade. Até hoje a rotina se repete, não há como modificar, coisas vieram pra ficar.

Comer e dormir, dormir e comer, a ordem tanto faz. As preferências se perderam, não há mais escolhas. Olho pra trás e longe vejo que já fui atleta. Força muscular, saúde perfeita, mescla de emoção e superação. Suor e fadiga, sintomas da determinação!

Confesso que não fazia ideia do futuro e continuo não fazendo. Se fraquejar parto mais cedo, mas eu sinto que ainda não chegou a hora. Esse texto escancara de vez a minha lucidez. A obra prima não está no presente ou no passado, mas na forma de gerir a vida e o tempo!

Mente indestrutível. Amor com perfume de flor. Fartos momentos afastado dos sentimentos de rancor e dor. Dogmas do tempo, usufruto do saber, jamais me deixei vencer. Rompo o dia com intensa sabedoria, "coisas que aprendi" com essa terrível pandemia! WM.

ESSE BRASIL NÃO É O MEU" (49)

20/02/21- SÁBADO

Desconheço se isso já aconteceu em outros países, mas ver e ouvir na tv que brasileiras (técnicas de enfermagem) aplicaram a vacina do vento, é pra desacreditar de vez na humanidade. É incrível, injetam a agulha e não inoculam o liquido. Isso é obra de satanás, difícil de acreditar.

Temos também os bandidos que subfaturam em cima da Covid. Gente furando fila, falta de oxigênio, falta de vacina, políticos tirando vantagens, etc. Devo estar cometendo um enorme desatino, mas começo a imaginar que o vírus adora levar brasileiros para a cova.

Hoje vejo um deputado federal desafiando um sistema que se diz democrático, fiel cumpridor da constituição e isento politicamente. Isso não é verdade, todos são indicados politicamente e, por oficio são todos partidários (salvo exceções). Estou escrevendo mentiras?

E o combustível que só nesse ano já subiu 34%. Já tivemos um presidente da republica dizendo que o Brasil por si só se sustentava, e que o pré sal seria a salvação da nação. No passado criaram um slogan: "O petróleo é nosso". Com certeza não é meu e nem seu!

Ouço as noticias e me abismo ao ver tantas coisas ruins acontecendo no mundo. No Japão estão dizendo que as Olimpíadas serão realizadas de qualquer jeito. Como assim? De qualquer jeito? Acho que vão pedir paz ao vírus, e que ele tenha o bom senso de não infectar os participantes?

Confesso que o meu maior defeito é pensar demais. A solidão é macabra, aos poucos nos consome. O isolamento social fere meu raciocínio, não consigo mais encontrar coerência. Sou brasileiro e me orgulho disso, mas isso pouco importa, esse Brasil não é o meu! WM.


"SONHO DE MENINO" (48)

13/02/21- SÁBADO



Ontem à noite tive um sonho muito estranho. Acordei sobressaltado, já sabendo que nada daquilo era verdade. Sonho é um sonho, mas esse foi diferente, quase real. Na maioria dos sonhos sempre há um pingo de verdade. Esse foi relativamente fiel no tempo. Vamos à ele:

Ainda garoto em São Vicente, fui avisado por um serviçal que um politico português queria conversar comigo na prefeitura. Juro que me assustei, afinal por que um politico português queria conversar comigo? Sendo assim, fui ao seu encontro de calção, sem camiseta e pés no chão.
 
Era assim que eu andava pela cidade, longe de qualquer requinte. Chegando lá vi um homem enorme vestindo roupas bufantes, chapéu empenado, sapato colorido, barba preta e calça espalhafatosa. Era uma figura estranha. Minhas pernas tremiam e o meu olhar se perdia.



Antes de qualquer manifestação, ele se apresentou e disse: Eu sou o "Martim Afonso de Souza" e vim de muito longe pra cuidar de você. Cuidar de mim ? Que história é essa ? Quem cuida de mim é o meu pai e a minha mãe. Nunca imaginei que pudesse ter um segundo pai.

À seguir começou a falar sobre o "Marco Histórico" na baia de São Vicente, do "Parque das Naus" no Japuí, da "Ilha Porchat", da "Biquinha", do "Gonzaguinha", do "Gáudio", da "Ponte PênsiL", da "Expedicionários Vicentinos" e da"Av. Presidente Wilson", minhas ultimas moradas.

Também falou do "E.C. Beira Mar e da "Praia do Itararé". De forma carinhosa referiu-se ao "C.R. Tumiaru". De repente olhou nos meus olhos e disse: "Hoje você dará um grande salto em sua vida". 

Fiquei pálido e imaginando como aquele ser pomposo poderia prever meu futuro.
 
Naquele momento me disseram que aquele homem fundou a minha querida São Vicente (1ª cidade do Brasil) no dia 22 de Janeiro de 1532. Quando eu ia abrir a boca pra dizer alguma coisa, despertei. 

Foi uma pena, eu tinha muitas coisas pra dizer e agradecer, mas não houve tempo! WM.


"CORAÇÃO DE BOI" (47)

23/01/21- SÁBADO

Durante 4 anos (1948/1952), pratiquei 5 modalidades esportivas simultaneamente. Porém, aos 15 anos de idade meu coração começou a ter estranhas palpitações. Minha mãe muito preocupada me levou no médico de família. Dr. Alcides, muito amigo do meu pai.

O médico constatou que eu estava com o coração muito dilatado para minha idade (coração de boi) e, recomendou que eu diminuísse as atividades físicas. Sendo assim, decidi continuar só com o basquete, pois eu já fazia parte da seleção paulista juvenil e era o que eu mais gostava.

Considero também o fato de morar encostado no C.R Tumiarú, bastando pular o muro que nos separava para cair em uma quadra (Hoje Ginásio Wlamir Marques). O ano de 1953 foi muito importante em minha carreira. Tornei-me bi campeão brasileiro juvenil com a seleção paulista.

Também foi o ano em que eu fui convocado pela primeira vez para uma seleção brasileira adulta aos 16 anos e, me transferi para a cidade de Piracicaba. Cabe afirmar que as palpitações terminaram e eu pude seguir a minha vida tranquilamente. Sem qualquer tipo de problema.

Quanto ao meu passado atlético, creio ser bastante conhecido. Dois livros foram publicados sobre minha vida pessoal e esportiva. O exercício de memória foi pra resgatar um saudoso passado. Sem vaidades mas muito orgulhoso, deixo aqui gravado minhas lembranças. WM.

LIVROS: "Um disco voador que posou em Piracicaba" (Moacir Nazareno) e "Wlamir Marques, o diabo loiro" (Auri Malveira).

"O GOLEIRO" (46)


16/01/21- SÁBADO

Considerada a modalidade mais importante do país, o futebol não poderia passar em branco na minha vida. Por mais que eu tentasse jogar com os pés não conseguia. Sentia imensas dificuldades no controle da bola. Confesso que nunca gostei de jogar na linha, era mais fácil jogar no gol.

Foi na praia que comecei a ser goleiro. Com morrinhos de areia eu estabelecia a meta. Era um prato cheio para os batedores, todos tentando me vencer, mas eu pegava bem, era o que diziam meus colegas. Por imitação tentava fazer igual aos grandes goleiros.

Com os pés eu era sempre o ultimo a ser escolhido, mas como goleiro passei a ser o 1º. Aos 15 anos de idade e jogando na praia, fui convidado para jogar na várzea vicentina. Lá fui eu defender o E.C.Beira Mar. Meu pai era o presidente do clube cuja sede era nossa casa.

Ali eu nasci, isso mesmo, nasci na sede do Beira Mar. No inicio defendia o segundo quadro. Como eu agarrava bem logo me promoveram para o primeiro. Muitas vezes eu jogava no segundo e no primeiro. Alto, magro e acostumado com bola de basquete, não estranhava a de futebol.

Amigos arrumaram um jeito de eu treinar no juvenil do Santos F.C. cujo técnico era o Lula, mais tarde técnico do consagrado esquadrão da vila com Pelé e cia. Com a minha ascensão no basquete logo deixei os treinos. Mas todos diziam que eu seria um ótimo goleiro se continuasse.

Em 1955 à pedido do técnico Kanela treinei no Flamengo do Rio com o técnico Bria. Em Piracicaba treinei no XV. No Corinthians houve um pedido do técnico Aimoré Moreira para que eu treinasse no gol, mas o clube não autorizou, eu era do basquete. Aí abandonei o futebol de vez! WM.

"O PLAGIADOR" (45)


09/01/21- SÁBADO

Sempre fui fã do Atletismo. Se não tivesse enveredado para o basquetebol, seria mais um atleta atuando nas pistas do Brasil. Também fui um emérito plagiador. Todo meu começo esportivo sempre foi na prática tentando imitar os grandes atletas do meu tempo.

Treinava sozinho, nunca tive professores ao meu lado. Via, gostava e praticava. Em 1948 assisti pela 1ª vez uma competição de atletismo na pista do Saldanha da Gama em Santos. Ali foram disputadas as provas de atletismo dos Jogos Abertos do Interior. Foi o começo de tudo.

À seguir, criei a minha própria pista na Praia de São Vicente. Não havia pista de atletismo na cidade. Na areia fofa eu saltava extensão, altura e triplo. Minhas marcas eram riscadas na areia e eu sempre tentando superá-las. Para os arremessos eu usava o material da escola.

Arremessava peso, dardo e disco. Menos martelo, pois a escola não o possuía. Para tudo eu improvisava, até mesmo o sarrafo para o salto em altura. Duas varas fincadas na areia e uma corda amarrada nas bases imitando o sarrafo. Sem técnica, saltava do jeito que havia visto.

Em 1953 por ocasião das finais do Campeonato Colegial do Estado, na pista do Pacaembu, fui campeão no arremesso de peso, além de nadar, jogar basquete e vôlei. No salto em altura consegui saltar (1.85m), mas por falta de melhor estrutura (pista) também deixei o atletismo de lado.

Além de usufruir das belezas naturais da minha cidade, fui um rato de praia. Subia morro, descia morro, corria, contornava a Ilha Porchat pelas pedras e, terminava na pedra do Tarzan para um arrojado mergulho. Ali eu também imitava o homem que recebeu seu nome na pedra. WM.

"ESTOU SÓ" (44)

 SÁBADO- 02/01/21

Voltei pra minha capital. Agora sim, agora estou em paz, não ousei e não me atrevi; por enquanto incólume. Estava com saudades de dedilhar meu notebook, de escolher as palavras certas e de buscar o sentido da vida. Não é fácil o retorno, nem sempre preenche minhas vontades.

À cada recomeço não percebo o fim, vou em frente na busca da sorte e do ponderável, absorvendo novos ares com respiros
ofegantes. Solidão coerente, aparência pungente de um cidadão. Há muito tempo sem contar os dias, apenas contando os minutos voados no tempo.

Por vezes o tempo me escapa, mas corro atrás do seu rabicho, sou levado pra estratosfera, lá não há conflitos de existência. Um dia ainda mudo pra lá. Não sei quando mas o voo é solitário. Deslumbro um céu rajado e uma onda gigante abraçando os perseverantes da fé.

Ligo a TV e não encontro vida. Há uma fantasia tapando meus olhos, tento acionar o belo e não o encontro, tento encontrar a bela e não me fascino, apenas faço de conta, sonho de mentiras. Minhas palavras são leves como o vento, saem por aí espalhando súplicas e carências. Estou só!!!


Seleção Paulista, heptacampeã brasileira Em pé: Daiuto (técnico), Wlamir, Wilson, Joy, Hélio Rubens, Victor, Ubiratã, Mordomo. Agachados: Aristeu (massagista), Jatir, Adilson, Rubens, Zé Geraldo, Rosa Branca e Emil Rached. o Ano é 1970.


"BOLA BRANCA" (43)

25/12/20- 6ª Feira

Meu início esportivo deu-se em uma época muito especial dos campeonatos colegiais do Estado de São Paulo. Tudo aconteceu no ano de 1949, quando o GEMA (Ginásio Estadual Martim Afonso) de São Vicente participou pela 1ª vez dos jogos em várias modalidades.

Possuindo crescimento prematuro aos 12 anos de idade, praticava simultaneamente 5 modalidades esportivas: Natação, vôlei, futebol, atletismo e basquetebol. O vôlei não era minha preferência. Jogava porque era alto e saltava bem, mas tecnicamente fraco. Joguei por imitação.

Sendo assim, eu era quase que obrigado a defender o GEMA também jogando vôlei. Era muito jovem e a minha participação esportiva sempre esteve ao lado dos mais velhos. Estava no 2º ano do ginásio enquanto meus companheiros no 2º ou 3º anos do cientifico.

O Tumiarú também participava da Liga Santista de vôlei e o meu tio Odair era seu técnico. Ali eu treinei algumas poucas vezes, mas sempre ouvindo pedidos para que eu me dedicasse mais à modalidade. À exemplo da natação, nunca pensei em ser um jogador de vôlei.

Quero lembrar que o GEMA sempre foi um forte concorrente em varias modalidades. O vôlei era uma delas, mas muito longe de possuir a mesma qualidade do basquete, que foi tri campeão colegial do estado (1951/52/53), jogando sempre as finais no Ginásio do Pacaembu.

PS: Hoje é dia de Natal (25/12/20) e estou à caminho de Massaguaçú. Devo voltar no dia 04 ou 05/01/21, ou seja, no ano que vem. Voltando continuo os meus exercícios de memória. Fiquem com DEUS, bjs e abs,wm.


"VEIO PRA FICAR" (42)

24/12/20- 5ª Feira .



Como já disse em texto anterior, dei inicio à natação no ano de 1947 no C.R.Tumiaru em São Vicente. Com 10 anos dei as minhas primeiras braçadas no coxo do mar pequeno (Japuí). Comecei de forma grosseira. Sabia apenas nadar. Um espalhador de água

Ainda infantil fui campeão paulista nos 50 metros livre e costas em competição realizada no Clube Floresta (hoje Espéria) na capital. Nadei também em outras competições sem perder uma prova. Não era bom nadador mas ganhava. Sinceramente, não gostava de competir.

As provas eram aos domingos. Para escapar do martírio, eu me escondia nas matinês do Cine Anchieta. Mas não adiantava, o técnico Zequinha sempre me encontrava e me obrigava sair do cinema para competir na piscina do Tênis Clube de Santos. Em São Vicente não havia piscina.

Acontece que eu era medalha garantida e o Tumiaru se destacava contando com meus pontos. Sempre nadei contrariado, ainda mais nadando naquele coxo de lodo puro. Nunca levei a natação à sério. Com certeza pela falta de melhores condições estruturais (piscina).

Também nadei travessias. Participei ainda garoto da travessia do canal de Santos, da baia de São Vicente e do mar pequeno. Não era fácil praticar natação em São Vicente. Sempre contava com as alternâncias das marés nem sempre favoráveis. Mar, será sempre mar!

Nadei muito mais à pedido da minha mãe do que por vontade própria. Com exceção do basquete; o voley, atletismo e futebol pratiquei-os sem dar continuidade. Algo especial me aguardava no futuro. Foi quando o fascínio pelo basquetebol veio pra ficar de vez em minha vida!" WM

"MEU FUTURO" (41)

19/12/20- Sábado

Nunca imaginei que fosse passar por tantas situações de guerra em minha vida, mas a imaginação é fértil: Em cada canto do meu apartamento há uma trincheira. Me escondo em suas frestas fugindo das escaramuças. Lá fora o caos se propaga em um suicídio coletivo!

Não ouso e não me aventuro, não abro mão dos meus artifícios, mascara e álcool fazem parte do meu dia a dia, sou um etílico ambulante. São 9 meses de batalha, sem saber o fim disso tudo. A vacina é a salvação? A politica resolve? Não, não resolve, é outro vírus peçonhento!
 
Sou um dinossauro em fase de extinção, mas que não seja pela Covid 19, prefiro partir em silêncio, sem deixar rastros ao inimigo. Me entristece saber que depois de 83 anos de vida, eu possa sucumbir às vontades de um bichinho feio e mal acabado. Vírus oriundo de satanás!

Vou respirando o ar do meu tempo, a febre não veio, o cheiro de churrasco preenche minhas vontades, e o odor das flores enaltecem minhas necessidades. Não sei se é sorte ou excesso de cuidados, estou retido mas não me entrego, ainda sou uma esperança viva!

Nos filmes de aventuras sempre os mocinhos enfrentam bandidos. Gibis dos meus tempos mostravam grandes heróis. Não sou o Cap. Marvel, nem o Cap. América ou Super Homem. Sou apenas um ser humano lutando pela vida, buscando um tempinho à mais em "meu futuro". WM.

"O GAMBITO DA RAINHA" (40) 

12/12/20- Sábado

Após 3 dias de muita chuva e vento em Massaguaçu, retornei à capital. Casa de praia é um problema. A maresia é um inimigo feroz, se deixar ela acaba com todos os privilégios. Não pago condomínio mas luto permanentemente contra os infortúnios. Não posso dar tréguas.

Não importa, a visão não muda. Me alegra ver a dança dos coqueiros e a chuva derramando lágrimas. Não há substituto para tanta natureza, ela está ali de sorriso aberto trazendo vida ao planeta. Sem elevador, sem fuligem e sem o abominável trânsito. Saudáveis visões do tempo!

Hoje estou aqui no meu apartamento curtindo a solidão e sujeito às alternativas tecnológicas. Possuo a TV Express cheio de canais à minha disposição, e a Netflix preenchendo meus desejos cinéfilos. Por falar nisso, assistam a série: "O Gambito da Rainha", é maravilhosa.

Não se enganem, o filme não tem nada à ver com as pernas finas da rainha. Não é uma série longa, dá pra ver em duas vezes tranquilamente. Dei apenas uma parada porque estava na hora de dormir. De manhã acordei ansioso e terminei a sessão. Valeu muito ser paciente.

Assim vou vivendo. Os remédios me dão vida e o relógio digital dá os números. Batimento cardíaco entre 50/60, pressão arterial entre 11/12 por 6/7, e o oxigênio no sangue 97/98%. Preso dentro de casa o desafio continua. O tempo conserta tudo, vejo luzes à minha frente! WM.

"SELEÇÃO CEM CEM" (39)

03/12/20- 5ª feira

"WALDEMAR BLATSKAUSKAS" (In memorian)

Em 1964 foi convocada uma nova seleção paulista de basquetebol para a disputa de mais um Campeonato Brasileiro. Diferentemente dos dias atuais, o brasileiro era disputado à cada 2 anos entre as seleções estaduais. Não havia à nível nacional competições inter clubes.

O campeonato foi realizado em Recife Pe. A seleção paulista era na época a base da seleção brasileira bi campeã do mundo. Nessa convocação, foi chamado para participar o nosso querido e saudoso companheiro Waldemar Blatskauskas, bi campeão mundial em 1959 e 1963.

Por motivos particulares o Waldemar não aceitou a convocação. Treinamos alguns dias na capital para em seguida viajarmos para Recife. Lá chegando, recebemos a noticia de que o Waldemar tinha sofrido um acidente automobilístico próximo à cidade de Campinas (cidade natal) e falecido.

A noticia mexeu com nossa emoção. Era muito difícil aceitar sua morte. Decidimos então que em sua homenagem ganharíamos de todos os adversário com contagens acima dos 100 pontos. Sem faltar com o respeito às demais seleções, nossa promessa deixou marcas insuperáveis.

Dito e feito, promessa cumprida. Naqueles tempos chegar aos 100 pontos era uma importante marca. Era também a nossa 5ª conquista consecutiva (1955/57/59/61/64). O jogo final foi contra o Ceará que derrotou a seleção carioca. A previsão era uma final entre São Paulo x Rio de Janeiro.

Vencemos, 138 x 67. Voltando para São Paulo fomos à Campinas prestar nossas homenagens ao querido companheiro. Cito esse fato para que lembrem do inesquecível Waldemar e dos atletas que fizeram o basquetebol brasileiro chegar ao ponto mais alto do planeta. WM.

Ps- (Por motivo de viagem (Massaguaçu), antecipo esse texto de sábado- (05/12), para quinta feira- 03/12)

"GINÁSIO DO IBIRAPUERA" (38) 

01/12/20- 3ª Feira

A cidade de São Paulo foi escolhida pela Fiba para sediar o 2º campeonato mundial masculino de basket-ball a ser realizado em 1954. Motivo: Homenagem ao 4º centenário da cidade. Para tanto a cidade necessitava de um ginásio à altura do evento. Até então contava apenas com o ginásio do Pacaembú e, alguns outros pertencentes à clubes, mas com tamanhos reduzidos.

Sendo assim deram inicio à construção de um ginásio que comporta-se um grande publico. À partir do dia 16 de Julho de 1954 a seleção brasileira deu inicio aos seus treinamentos para o mundial na cidade do Rio de Janeiro. Enquanto isso, a construção do ginásio do Ibirapuera que já encontrava-se em fase de conclusão, sofreu um enorme imprevisto.
 
Próximo do inicio da competição a ser realizado no mês de Novembro, a sua cobertura desabou, ocasionando com isso a transferência do mundial para o ginásio do Maracanâzinho, também em construção. Não havia tempo hábil para a recuperação do Ibirapuera. Logicamente foi uma grande decepção para o povo paulistano apaixonado pelo basquete.
 
Lembro que o ginásio do Ibirapuera só foi oficialmente inaugurado no ano de 1957 com um jogo amistoso de basquetebol entre a seleção paulista e uma seleção argentina. Além da vitória, me lembro muito bem desse jogo pois tive a honra de ter participado. Foi uma linda festa, ginásio lotado, contando com a presença do Governador Jânio Quadros.
 
Fora isso, quantas e quantas vezes participei de grandes eventos naquele ginásio maravilhoso. Lembro o ano de 1963 por ocasião dos Jogos Panamericanos em São Paulo, quando o jogo final entre o Brasil x EUA houve lotação máxima, com o povo sentando nas escadas de acesso às poltronas. Também joguei ali defendendo o XV de Piracicaba, o Corinthians Pta, a seleção paulista e a seleção brasileira inúmeras vezes.

Recentemente fui agraciado ao lado de outros desportistas, com um diploma do Governo de Estado de São Paulo entregue pelo governador Geraldo Alckimim referente às minhas participações naquele ginásio. Agora leio com muito pesar que aquele monumento do esporte paulista e brasileiro está pra ser demolido para a construção de um Shopping Center.
 
Ora, se acham que necessitam de um novo espaço para o esporte, que construam um outro ginásio maior e mais moderno, sem necessariamente destruir o que já foi feito com muito sacrifício pelo povo paulistano. Estou triste, vão acabar com a minha e com a nossa história. Não dá pra entender tanta desfeita a uma população apaixonada pelo seu maravilhoso ginásio do Ibirapuera.

Deixo 2 perguntas: 1-O que vou fazer com aquele diploma que foi motivo de muito orgulho em minha vida ? 2- Governador Doria: Fora a Mega Sena ou a Loto, o senhor já jogou alguma outra coisa? WM.

"ERROS E ACERTOS" (37)

28/11/20- Sábado

"LIGEIRA INTROSPECÇÃO"

A inércia doméstica me leva a meditar sobre várias experiências ocorridas em minha vida. O tempo me leva a isso, até porque vivo apenas do presente e do passado, sem me preocupar com o futuro. O amanhã me soa estranho. Ainda não cheguei lá, se chegar, ótimo!

Sei que cometi muitos erros. Sinto também que acertei mais do que precisava. Com certeza hoje eu não repetiria os mesmos desatinos, pensaria um pouco mais nos desmazelos, não cometeria tantos deslizes, seria mais comedido, nem tanto intrépido e arrojado!

Muito jovem me tornei adulto. Fui à luta sem a experiência do tempo. Aprendi com os erros. As cabeçadas foram aos poucos se encaixando. A vida é uma grande lição onde as escolas não a preconizam. Vivo com a perseverante impetuosidade de não me deixar vencer.

Volto no tempo e me entrego. Tudo foi importante mas nego alguns sentimentos. Falhei quando não podia e acertei quando devia. Hoje percebo que os rompantes da juventude nem sempre são corretos. Querer gerenciar nossas próprias regras torna-se um grande erro!

Sinto que o tempo me foi pródigo. Ganhei de presente a ousadia e a euforia do vencedor. Erros e acertos fazem parte da humanidade, não podemos extingui-los, mas podemos reconhecê-los. É o que tento dizer: Se errei e acertei, me perdoem, fui e serei sempre um ser humano! WM.


"COMO ESQUECER ?" (36)


21/11/20- Sábado

Janeiro de 1954- Sulamericano Extra- Mendoza/Argentina

Temas vigentes não me despertam mais qualquer interesse. Tenho sido muito seletivo. Na tv só mudam as caras. Os assuntos são os mesmos, nada muda. Sendo assim recorro à minha memória à fim de não deixa-la desaparecer. Sem vaidades e sem sofismas vamos às histórias de uma vida atletica. O passado ressurge e sobrevive.

No dia 27/11/53 mudei de São Vicente para Piracicaba. Só pra lembrar fui morar na Rua Bernardino de Campos, atrás do Colégio Dom Bosco. O espaço era muito simples, quarto e banheiro. Ali residia também o meu querido amigo Manoel Bortolotti (Mané). Ele era técnico e jogador, e eu apenas um jovem sonhador.

Aos 16 anos era a 1ª vez que eu saia da casa dos meus pais. Tudo me parecia estranho. Um calunga vicentino das praias no meio das arraigadas pronuncias. Tudo muito diferente. Nem tive tempo de me acostumar com aquele ambiente. Cheguei e já fui para a quadra, afinal, era uma cara nova à ser mostrada na cidade. Loiro e queimado do sol.

Comecei a treinar, pois dali a alguns dias iriamos para Franca representar a cidade nos Jogos do Obelisco. Fomos de trem até Campinas e de Campinas para Franca pela Mogiana. Lá chegando nos hospedaram em uma sala de aula. Era uma escola provida de uma guadra escura e aberta. Ali seriam realizados os jogos.

Pra quem não sabe os Jogos do Obelisco foram criados para as disputas das primeiras cidades participantes do basquetebol nos Jogos Abertos do Interior de 1936, e Piracicaba fazia parte. Nesses jogos recebi uma noticia que tornou-se um grande marco em minha vida. Fui notificado de que eu tinha sido convocado para a seleção brasileira adulta.

A noticia também dizia que eu deveria me apresentar em São Paulo para os exames médicos. Incrível, aos 16 anos ser chamado para uma seleção brasileira adulta estava muito longe das minhas aspirações. Sem medo enfrentei a barra. Saí de Santos com destino ao Rio de Janeiro para os treinamentos. Era a minha 1ª seleção brasileira, como esquecer? WM.

 

"ALVI NEGROS" (35)


14/11/20- Sábado

Por falta ou por excesso de assuntos, tais como: Covid 19, Trump x Biden, politica, etc., retorno às histórias do meu antigo "faroeste". Poderia escrever também sobre os esportes televisivos, mas por questões éticas me abstenho. Prefiro não emitir opinião, seria muito seletivo.

Como tenho dito, só joguei basquetebol sério em clubes alvi negros. Deixei a natação para me dedicar ao bola ao cesto do C.R.Tumiaru (alvi-negro) em São Vicente. A motivação veio pela conquista da medalha de bronze do basquetebol brasileiro na Olimpíada de Londres em 1948.

No dia 27 de Novembro de 1953, com 16 anos, fui para Piracicaba. Minha mãe aceitou a proposta e lá fui eu para a Noiva da Colina. Ali fiquei por 9 anos. Ali casei e ali nasceram meus dois filhos: Wlamir Jr. e Susi. Com muita honra defendi o XV de Novembro piracicabano (alvi-negro), saudades!

No dia 01 de Maio de 1962 fiz minha transferência para São Paulo. Vim defender o S.C.Corinthians Pta. (alvi-negro). Não foi fácil sair do interior e vir para a capital com esposa e dois filhos pequenos. Não me faltou coragem. Meu orgulho é enorme. Foram 10 anos de muito amor!

Em Julho de 1972, quando a nova diretoria do Corinthians decidiu diminuir os investimentos no esporte "amador", aceitei a proposta do Tênis Clube de Campinas (alvi-negro). Continuei residindo na capital pois estava cursando o 2º ano da Fefisa (Faculdade de Educação Física de Sto. André).

Também defendi por 19 anos a Seleção Paulista e por 18 anos a seleção brasileira. Afirmo que as escolhas do preto e branco foram apenas coincidências maravilhosas e saudosas. Em Novembro de 1973 com 36 anos, encerrei a carreira de atleta e me tornei professor! WM

 

"O ALEMÃO" (34)


07/11/20- Sábado

Não vou escrever sobre o presente. Sendo assim recorro ao passado. Um passado que ainda vive em minha memória. Nunca abri mão de certas passagens. Foram tantas que posso virar uma Ane Frank falando do meu dia a dia. Sou e sempre serei um homem imensamente feliz.

Lembro muito da minha infância vivendo a 2ª guerra mundial. Tenho assistido vários documentários na Netflix e no Smithsonian que me levam a um passado cheio de recordações. Hoje tenho absoluta noção dos motivos que levaram o mundo àquele terrível acontecimento.

Quando criança sentia o momento, mas não entendia o por que daquilo tudo. A baixada santista era alvo dos submarinos alemães que rodeavam nossas costas. Diariamente vivíamos em blecautes à fim de tirar a visão dos possíveis bombardeios vindos dos seus poderosos canhões.

Tropas do exercito brasileiro faziam treinamentos nas ruas de São Vicente. Inúmeras vezes vi soldados deitados na calçada da minha casa simulando atos defensivos contra a invasão alemã. Minha inocência achava tudo aquilo muito interessante, a janela era meu camarote.

Varias vezes vi passar nos céus da minha casa o famoso dirigível Zeppelin. Era um espetáculo ver aquela grandiosidade no ar. Não sei até hoje se aquilo servia como artefato de guerra, era muito vulnerável à tiros de qualquer espécie, mas ali estava ele com toda a sua imponência.

Lembro como se fosse hoje do fim da guerra. Estava na rua brincando quando vi aos 8 anos de idade a cidade inteira explodindo de alegria. Buzinaços, rojões e gritos de euforia infestavam meus ouvidos. Sem saber o motivo, só fiquei sabendo ao chegar em casa.

O mais interessante disso tudo é que por ter os cabelos loiros me chamavam de alemão. O Wlamir era pouco citado, com exceção da família. Inocentemente tinha medo de sair às ruas. Todos detestavam os alemães, e eu tinha receio de ser preso. Inocência pura! WM.


"QUE PENA" (33)


31/10/20- SÁBADO

A minha esperança era subir na minha bicicleta Philips e seguir em direção ao Japuy. Mas com tempo ruim a pretinha não suportaria tanto esforço. Ruas esburacadas, poças de água, chuva e vento na cabeça, era assim a minha querida São Vicente. Incrível, 73 anos já se foram.

Pra quem não sabe o Japuy era meu reduto de nadador do C.R.Tumiarú. Ali nunca entrei em uma quadra de basquete. Fui ao lado de outros um verdadeiro rei do lodo. Sem piscina, contando apenas com um coxo desafiando nossas braçadas. Não era fácil mas era o que tínhamos.

Algumas vezes ia e voltava à pé, outras de bicicleta, com passagens pela maravilhosa Ponte Pensil. Ao lado de intrépidos companheiros, muitas vezes nos atirávamos da ponte no mar pequeno. Loucura pura. Em seguida subia nas arvores ao redor pra comer jambolão.

Aos poucos fui deixando aquele coxo ao frequentar a nova sede do Tumiarú na Praça Coronel Lopes. Posso dizer que traí a natação, pois logo me apaixonei pelo bola ao cesto e comecei a substituir o chão onde pisava. Quadra de saibro, mais tarde cimentada e alí tudo começou.

Muito cedo, aos 12 anos de idade comecei a fazer parte da equipe de basquetebol do GEMA (Ginásio Estadual Martim Afonso). Praticamente comecei na escola, ali não treinava mas jogava. No Tumiarú eu jogava 21 o dia inteiro. Assim eu aprendi a maravilhosa arte do jogo.

Que pena, hoje é sábado e não vou poder mais praticar meu esporte favorito. O tempo passou muito rápido, deixando sequelas difíceis de superar. Mas aquele coxo não sai da minha cabeça e, aquela quadra de saibro jamais a esqueci. O que falar de São Vicente ? Minha vida!! WM.


"HOJE TENHO JOGO" (32)


24/10/20- Sábado

Hoje é um dia especial. É sábado e não posso faltar. "O Diabo Loiro" está chegando: diziam os jornais da época. Viagens por esse mundo afora. Não era fácil, estradas esburacadas, ora de taxi, de kombi ou de ônibus velho e apertado, avião era coisa rara. Sem reclamar, éramos felizes!

A tal hora partíamos de um local determinado e chegávamos em cima do laço. Do ônibus direto para o vestiário. A quadra aberta já estava lotada, mal iluminada, mas isso não importava, todos queriam ver algo diferente, pois ali estava chegando o "Disco Voador" com seus voos.

Certas viagens eram muito longas. Pernas enrijecidas, alimentação prejudicada, pouco tempo pra repouso. A responsabilidade era enorme, não podia falhar. Pouco tempo pra trocar de roupa e vestir aquele uniforme sempre mal cuidado, mas acima de tudo vinha o dever.

Éramos sempre recebidos de forma estranha. Os alienígenas estão chegando naquele cantinho da cidade. Éramos vistos como seres de outro planeta, afinal éramos campeões do mundo de basket-ball, (bola ao cesto, cestobol ou basquetebol). Eram os termos da época.

Hoje é sábado, não vou trabalhar. Vou direto para a quadra de cimento, aro mole, tabela escurecida pelo tempo, placar manual, pintura quase apagada. Torcida gigante para o time da casa, mas sem efeito, afinal ali estavam os pilares do basquetebol mundial, mesmo sendo brasileiros.

Seria uma linda história de ficção se não fosse verdade, mas o progresso modificou o passado. Hoje a honra é secundaria. Outros interesses falam mais alto, não se luta mais pelo pão de cada dia. Hoje nada falta, apenas faltam aqueles sábados inesquecíveis. "Hoje tenho jogo". WM.

"TEMPO TERRENO" (31)

26/09/20- Sábado

Hoje é o meu dia. Trago junto um grande companheiro de insônia, o meu amigo sol despertando cada vez mais cedo. Logo logo vou receber seus primeiros raios. O clarão desperta no horizonte, vem pra alegrar essa pandemia inquietante e traiçoeira.
 
Já disse e repito, detesto a noite. Se pudesse deletaria seus momentos. A Netflix é o melhor paliativo para as angustias noturnas. Por falar nisso, assistam Enola Holmes, Phanton Thread,
Palmeiras na neve e o Professor Polvo, valem à pena.

Daqui à pouco vou à cata dos meus remédios. Devo acionar a maquina de café, esquentar o pão integral e levar a bandeja para a mesinha da sala. Ligo a tv, assisto um pouco e desligo, os noticiários não me agradam, me irritam, não vou começar o dia enraivecido.
 
O que fazer nesse sábado ? Não sei, devo apenas deixar as horas passarem. Gostaria muito de poder entrar em um boteco, pedir uma Original e jogar conversa fora com os bebuns de plantão. Mas não dá, com certeza abreviaria meu tempo terreno.
 
Estou aqui, ainda é noite. Vou pra cozinha preparar meu café da manhã, estou só, gostaria muito de ter alguém ao meu lado, mas...."Não posso pensar, porque se pensar eu choro". WM.




"ATÉ ONDE POSSO" (3O)

19/09/20- Sábado

Pronto, saí da cama rapidinho. Já não consigo mais produzir o sono como antigamente. Não sinto firmeza no tempo, abro os olhos e não recupero mais a sensação da perda, o melhor é levantar e dar mais tempo à razão e ao dia.

A rotina continua: Banheiro, remédios, café, pressão 11,6 x 6,8, sentar e escrever. Faço 6 meses de quarentena e a guerra não para, não vejo a Covid distante, ela está na minha porta, se eu cochilar caio em sua teia.

A salvação tem sido o Netflix, embora eu tenha diminuído a quantidade. Às vezes não sabia mais o que estava assistindo, estou substituindo a quantidade pela qualidade.

Ontem assisti embevecido o filme sobre a vida de Mahatma Gandhi, maravilhoso. Eu que pensava saber quase tudo, aprendi mais essa. O homem foi fera, fez a independência da India e morreu assassinado. Exemplo aos nossos políticos, recomendo!

Não tenho muito o que esperar para o futuro. A tal vacina ainda está sendo testada, é a única salvação. O tempo passa e o meu também. Minhas forças aos poucos vão definhando, devo perder fácil no braço de ferro, mas ganho em lucidez, minha cabeça ainda ferve de esperanças, sou repórter de mim mesmo.

Não sei se chego até onde quero, mas devo chegar até "onde posso". Assim é a vida. Que DEUS nos ajude!!!! WM.


"ESTAMOS JUNTOS" (29)

11/09/20- Sexta feira


Hoje abro uma exceção. Nossa conversa semanal dos sábados foi transferida para hoje, sexta feira. Motivo: Daqui a pouco deixo a minha toca e parto em direção à casa de Fátima. Pra quem não sabe, a casa de Fátima é o meu paraíso na praia de Massaguaçu (Caraguatatuba SP).

Ela me espera no lugar de sempre. Linda e maravilhosa no pé da areia. Pintada de azul e branco em homenagem as cores do seu manto. Faz algum tempo que me afastei do seu convívio, a pandemia impediu minha presença, mas hoje decidi visita-la, não quero mais adiar.
 
Juro que vou todo paramentado, com mascara e tudo aquilo que tenho direito. Vamos também comemorar o aniversário da minha neta Fernanda no domingo dia 13/09. Churrasco no sábado e no domingo. O bolo faz parte do enredo. E a cerveja ? Vai rolar mas com moderação.

Volto na segunda feira dia 14/09, ou melhor, volto à realidade, sem sonhos e fantasias, mas sempre ao som das trombetas. Afinal a vida continua, não darei tréguas na minha eterna busca de amor e felicidade. Não sinto a decadência, apenas vivo no meu tempo e isso me basta.

Se der mando algumas fotos. Quero guardar todos os momentos. Não haverá banda na minha chegada, mas haverá bandeirolas agitadas no sopro dos ventos, colorindo ainda mais um lindo dia de sol. Não fiquem com inveja, estamos juntos, levo-os (as) em meu coração! WM.


"ELE ESTÁ PRESENTE" (28)

05/09/20- Sábado

Mais um sábado em minha vida. Lá fora o sol mostra os primeiros sinais de sua existência. Ainda tímido devido à névoa cobrindo a capital, tipico da pauliceia, quem vive aqui sabe disso.
 
Essa é a vantagem de acordar cedo, ver o sol nascer. Dizem que com a idade aumentando o sono vai diminuindo, é a pura verdade, cada vez durmo menos, ou melhor, durmo apenas o necessário.
Já estou de pé, tomei meu café da manhã, tirei a minha pressão, meus batimentos cardíacos e a quantidade de oxigênio no sangue.

Resultado: Pressão arterial 11,6 x 6,9, batimentos 61, oxigênio 97%. Isso tudo extraído do meu relógio digital, presente de aniversário da minha filha Susi e da minha neta Fernanda, estou moderninho.

Já vivi muitos sábados em minha vida. Quando atleta era dia de entrar nas quadras. Frustrado porque não podia comer feijoada. Trauma atlética. Hoje os atletas estão nas mãos das dietistas engolindo sapo, isso pode e isso não pode. Fim de conversa, faça o que eu digo e não faça o que eu faço.

Sabem o que vou fazer nesse sábado? Como sempre nada. Faço parte do grupo de risco, mas ainda não chegou a minha vez, quero estar por aqui um pouquinho mais, é o que peço nas minhas orações pra N.S. do Carmo, cujas homenagens são celebradas no dia do meu aniversário, 16/07.

Peço desculpas pela conversa jogada fora. Com essa pandemia está cada vez mais difícil variar os assuntos, todos morrem na primeira esquina. Vou em frente, minha avenida é larga e extensa, não vou me deixar vencer, "ELE está presente"! WM.

"VENHAM CONHECÊ-LO" (27)

29/08/20- Sábado


Dia lindo e maravilhoso na capital paulista. Os olhos brilham e o sol reflete a harmonia do tempo com o homem. Ainda é inverno, daqui a 24 dias ele começa sua viagem para 2021, sempre trazendo aquele friozinho chato e mal educado. Não gosto nem um pouco dessa estação, amua meus sentimentos.
Logo chega a primavera e as flores desabrocham, encantando ainda mais a natureza exuberante da minha alma e dos meus tempos.
 
O verão logo logo bate às nossas portas. É o requinte dos amores e da paixão. Quem sabe até lá podemos estar mais próximos, quem sabe nos abraçar e fortuitamente extrair um beijo há tempos guardado.

Estou enferrujado, as pernas bambeiam, a pele não é mais a mesma, os cabelos se foram, mas o coração ainda bate forte, não abre mão dos seus direitos de amor e felicidade.

Meu lar é a minha vida, meu reduto de luz, sem fantasmas e sem algozes. Vivo a essência que me resta, absorvo o suspiro fumegante da vida, não me entrego, enfrento as agruras de um jogo que não perdoa, mas vou vencendo.

Estou aqui mais uma vez, firme e forte, escrevendo a hora e a vez, saúde e paz é o que me resta. Bem vindos meus anjos, ELE está ao meu lado, venham CONHECÊ-LO. WM.

FRIO E CHUVA (26)

22/08/20- Sábado

Mas o que é isso São Pedro ? Pra que mandar chuva e frio ao mesmo tempo ? Não dá pra maneirar ? Uma coisa de cada vez ? Além desse tal de coronavírus que continua matando gente pelo mundo afora, nos obrigando a viver cada vez mais fechado dentro de casa.

Não sei como o povo está aguentando 5 meses de quarentena. A mascara veio pra escamotear um pouco a pandemia, mas lá fora o infeliz continua matando gente, não dá pra encarar, o malandro é traiçoeiro e sorrateiro.

Confesso que a minha salvação é a Netflix. Depois que a descobri as horas passam voando, fora as palavras cruzadas que sempre enriquecem meu repertório, herança do meu pai.

Vou aproveitar e vou tocar em um assunto que pode até não agradar certas pessoas, mas tenho que fazê-lo, ok ? Faço um pedido: Por favor, não me convidem pra participar de lives ou entrevistas. Minha vida está berta em dois livros e no blog da ESPN. Ali conto tudo o que me lembro sobre a minha vida, não aguento mais dizer onde comecei e onde terminei a minha carreira esportiva.
 
Fora isso, não sou especialista em celular, não sei como acionar toda aquela parafernália virtual, prefiro a distância. Também não gosto de ver todo aquele pessoal engaiolado dentro de casa esperando a vez pra falar, todos com cara de que comeram e não gostaram. Acho aquilo tudo horrível, não quero ser mais um. Desculpas pra quem não gostou dessa afirmação, estou sendo sincero.
 
É isso aí, com um sábado desse não há muita coisa pra enaltecer. Quero apenas dizer que me sinto otimamente bem aos 83 anos e, ainda ansioso por melhores momentos em minha vida. Fiquem com DEUS, saudades, bjs e abs,wm.

ROTINA (25)

15/08/20- Sábado

Hoje é sábado e estou aqui mais uma vez ao lado dos meus queridos amigos e amigas. Incrível, amanhã dia 16/08 vou completar 5 meses de confinamento, tentando iludir e enganar a Covid 19.
 
Segundo a lenda, faço parte da área de risco. Mas qual risco? Dizem que é o risco de morrer. Por enquanto estou em vantagem, estou vivo e aceso. Como sou do lar, o apartamento é o meu esconderijo, meu fiel companheiro.
 
Acordo entre 5:30 e 6;00 horas da manhã. Me especializei em ver o sol nascer, a varanda é a minha testemunha. Por sinal, está amanhecendo cada vez mais cedo, acho isso ótimo, detesto a noite.

Saio da cama e vou direto pra cozinha, mas antes é claro, uma ligeira passada pelo banheiro. Tomo meus remédios e preparo meu café. Esquento meu pão na sanduicheira e lá vamos nós.
 
Ligo a tv nos noticiários e desligo em seguida. O assunto não muda, só falam da Covid 19 e de politica, cansei dessas baboseiras, ou então, vou no Smithsonian, atualmente meu canal favorito.

Como novidade, transformei as minhas tvs em smart. Tenho 3, uma na sala de 40¨ e outras duas de 32¨. Com isso passei a assistir a TVE com todos os canais e com a Netflix. Foi a minha salvação, assisto em média de 5 a 6 filmes por dia, termina um já começo com outro. O tempo voa, passa tudo muito rápido, o sofá está aguentando.

Depois vem o almoço, a soneca da tarde, o chazinho da paz, a janta prontinha na geladeira, mais filmes e, por volta da meia noite vou pra cama.
 
Rotina meus anjos, não consigo escapar das suas garras. Mas a vida ainda me quer, preciso fazer por merece-la. Fiquem com DEUS, vamos em frente, até porque atrás não vejo mais gente.
WM.

"ELE ESTÁ PRESENTE" (24)

08/08/20- Sábado
Mais um lindo e maravilhoso sábado. Mais um dia que me apego ao sabor dos tempos. Muito pra relembrar e muito pra esquecer. Vivendo e aprendendo, lendas e mitos da vida.

Não sofro pelo passado, muito menos pelo futuro, sou presente e por isso descubro verdades. Os erros e enganos fazem parte das trajetórias, nem sempre programadas, mas existem.
 
Torpes relatos, soberbas no comando, intransigência de ideias e pensamentos, inexpugnável barreira, sofismas de uma vida.

Não importa viver, o importante é saber viver. Sinais nos alertam, dizem o que não queremos ouvir, omitimos o rancor e exaltamos a sabedoria do ser, obras de uma vida.
Não se enganem, estou calmo e feliz, o tempo sorri em minha vida, sofro apenas pela ausência do justo e do correto. Chegou o momento de exterminar o supérfluo, "ELE" está presente. WM.


"ESTOU AQUI" (23)

01/08/20- Sábado

Entramos em Agosto. Quando criança diziam que era mês de cachorro louco e de empinar pipas (papagaio). Eram expressões populares hoje extintas, ainda mais aqui na capital onde raramente encontro os tomba latas nas ruas, a não ser os luxuosos bibelôs de madames, sempre presos em valiosas coleiras. Fazem parte da família, adoráveis e fieis.

É o mês dos ventos, vindo daí a motivação para empinar pipas. Sempre vejo da minha varanda alguns objetos voadores. Herança dos tempos, acho que a pipa jamais morrerá.
 
Que pena, hoje não posso abrir a minha escrita semanal dizendo que o dia está lindo e maravilhoso na pauliceia. Tempo nublado. Acordei com uma temperatura de 14 graus. Fechadinho dentro de casa driblo a temperatura, nem frio e nem calor, inverno suportável, cobertor à postos à minha espera.

Um cara anda dizendo por aí que todos os brasileiros irão pegar a Covid 19. Não sei se está chegando a minha vez, mas por enquanto estou firme e forte. Meus sintomas são oriundos dos tempos e não da praga. Basta não dar chances ao inimigo.

É isso aí meus anjos, ainda estou vivo, estou aqui! WM.


"BIS" (22)

25/07/20- Sábado

Mais um lindo sábado. Sol radiante e apaixonante com sabor de quero mais. Hoje é dia de honrar a cabeça, livrar as letras do meu tempo, sem freios e sem arreios. Ser o que sou já é o que me basta, o imponderável não mais me pertence.

Vivo à sombra de um teto abrasador, ainda irrequieto. Quero ser tudo ao mesmo tempo e bagunçar meus anos de vida. Extremamente eloquente, presente divino dos reinos da natureza. Não sei até quando, mas enquanto puder serei aquele eterno guerreiro, intrépido, sorrateiro e atrevido.
 
Não perco por omissão, enfrento a vida com precisão, morro mas não me entrego, prefiro a glória de DEUS. Nunca quis ser o melhor, apenas me apavora ter sido o pior.

Meu mês de Julho está indo embora, é um vai e vem e tudo se renova. Não sei se chego ao próximo, preciso e quero lutar, não sinto a hora da agonia, meu peito bate forte pedindo "bis", Que DEUS nos ajude! WM.

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ADORO VOCÊS (21)

18/07/20- Sábado

Hoje é sábado, dia de acender as minhas letras. O dia está lindo, é um dia de agradecimento. Nem sempre o sol nos abençoa. Lenitivo sideral!

Não está frio e nem calor, é assim que eu gosto, abro a porta da minha varanda em busca da renovação aeróbica, não há coronavírus voador, ainda bem!

Já com 83 anos completos creio estar andando pra trás. Pressão arterial regulada, dores ausentes, sono em alta, apetite moderada, açúcar rejeitado, febre só de amor.

Caramba, vocês me deram muito trabalho. Ler 600 mensagens de aniversário ou mais não é mole, mas venci o desafio, juro que começaria tudo de novo.

Obrigado meus queridos (as), adoro vocês! WM.


"UFA!!! CHEGUEI" (20)

17/07/20- 6ª Feira

Cheguei nos 83 anos. Confesso que nunca imaginei chegar até aqui. A vida não possui tempo de validade, à qualquer momento ela desaparece e não volta mais. Por enquanto ainda estou valendo, devo fazer jus ao legado oferecido, preciso merecer seus apreços.

Com a graça de DEUS estou aqui. Fica a pergunta: Foi difícil ? Não, não foi difícil. Vivi e vivo a vida com grande intensidade, não me deixei derrotar em momento algum, continuo lutando, sei dos meus deveres, agora muito mais aguçados. Tento ser contemporâneo e ativo.

O que esperar do futuro ? Aos 83 não penso em futuro, vivo à cada dia. O importante é viver sem máculas e sem ódios. A fé no amor não subscreve, é permanente, insubstituível. Todos os dias olho pra trás. Alguns exemplos me norteiam, tento segui-los, por isso estou aqui!

O momento é sublime, não tento ultrapassar as barreiras do tempo e, nem substituir a experiência pela volúpia desafiadora da vida. Todas as minhas etapas foram e são valiosas, não sucumbi à depressão e as agruras dos anos, com algumas exceções repetiria tudo de novo.

Esse é o instante da graça e de agradecimentos. Obrigado meus amigos e amigas, suas mensagens de amor refletem sons dentro do meu peito ainda carregado de esperanças. Um dia nos encontraremos, a estrada é limpa e cristalina, aconchegante, carregada de carinho e muito amor.

Obrigado meus queridos (as), "DEUS está presente, vamos em frente!" WM.

SÁBADO (19)

11/07/20

Hoje é sábado e o dia amanheceu cinzento. O fog paulistano muitas vezes nos assusta. Dá a impressão de fim do mundo, mas logo reage. O sol voltou trazendo a luz dos meus dias.

Hoje é sábado das infinitas lembranças. Uma feijoada, churrasco, a infalível cerveja, um pilequínho carregado de tira gosto, um sopro marinho desalinhando meus cabelos.

Hoje é sábado, dia de ousar, de sair da linha, de correr atrás do balão, de soltar pipas ao vento, de ler meu gibi carregado de heróis, de sentir as emoções da vida.

Hoje é sábado, dia de chegar e não partir, dia de ficar e resistir, dia de encontrar e ser feliz. Dia do zero, do recomeço, do beijo eterno, do amor inflando nossa alma quente e duradoura.

Hoje é sábado, estou feliz e você está ao meu lado! WM.

"LIVE 1"

05/07/20- Domingo

P- Onde você nasceu e quando?
WM- Em São Vicente SP. no dia 16/07/37.
P- Quando começou no basquetebol e onde ?
WM- Comecei aos 11 anos no C.R.Tumiaru.
P- Qual foi a motivação que o levou à pratica ?
WM- A Olimpíada de Londres em 1948.
P- Por que ?
WM- O Brasil foi medalha de bronze.
P- Com quantos anos você foi para a seleção brasileira ?
WM- Com 16 anos.
P- Não era muito novo ?
WM- Era mas isso não foi levado em conta.
P- Quantos anos você jogou pela seleção brasileira ?
WM- 18 anos.
P- É verdade que você só jogou em clubes alvi negros ?
WM- Sim, é verdade.
P- Quais clubes ?
WM- Tumiarú, XV de Piracicaba, Corinthians e T.C. de Campinas.
P- Foi escolha pessoal ?
WM- Não, foi coincidência.
P- Você foi campeão mundial ?
WM- Sim, duas vezes (1959 e 1963)
P- Também foi medalhista Olímpico ?
WM- Sim, 2 vezes, bronze em 1960 e 1964.
P- Você foi porta bandeira da delegação brasileira ?
WM- Sim, nos Jogos Olímpicos de Tokio em 1964.
P- Também foi vice campeão do mundo?
WM- Sim, duas vezes (1954 e 1970)
P- Quantos anos você foi capitão da seleção?
WM- Dez anos (1960 até 1970)
P- Quando você encerrou a carreira de atleta ?
WM- Em 1973
(continua)

"LIVE 2"

06/07/20- 2ª Feira

P- Quem foi seu 1º técnico ?
WM- O Beto (ex jogador) na escolinha de basquete do Tumiarú.
P- Você praticou outras modalidades esportivas ?
WM- Sim, pratiquei futebol, natação, vôlei, atletismo e basquete.
P- Como foi na natação ?
WM- Fui campeão paulista nos 50 metros livre e costas.
P- Dizem que você foi goleiro, é verdade ?
WM- Sim, joguei no E.C. Beira Mar em São Vicente.
P- Que clube é esse ?
WM- Da minha cidade natal, nasci em sua sede.
P- Como assim ?
WM- Era minha casa, meu pai era o presidente.
P- Então você jogou na várzea ?
WM- Sim, aos 15 anos jogava no 1º e no 2º quadro.
P- Dizem que você treinou futebol no Santos F.C. é verdade?
WM- Sim, treinei no juvenil do Santos com o técnico Lula.
P- Por que não seguiu a carreira ?
WM- Gostava mais de basquete e fazia parte da seleção paulista juvenil.
P- Então por que você foi treinar ?
WM- À pedidos dos amigos santistas e do meu pai.
P- O que você conquistou com a seleção paulista juvenil de basquete?
WM- Fui bi campeão brasileiro em 1952 e 1953.
P- Por que não continuou ?
WM- Porque em 1953 já fazia parte da seleção brasileira adulta.
P- Tendo 16 anos por que não disputou mais o juvenil ?
WM- O técnico Kanela não permitiu mais que eu disputasse.
P- Quem foi seu 1º técnico na seleção brasileira ?
WM- Foi o carioca José Simões Henriques (1953)
P- Você disputou campeonatos colegiais ?
WM- Sim, fui tri campeão colegial do estado (51/52/53).
P- Qual colégio você defendeu ?
WM- Ginásio Estadual Martim Afonso (GEMA) de São Vicente.
(continua)

"LIVE 3"

07/07/20- 3ª Feira
P- Qual jogo você fez mais pontos ?
WM- Foi no 1º campeonato infantil da Liga Santista.
P- Infantil ? explica melhor ?
WM- Foi em um torneio início realizado em 1951.
P- O que aconteceu ?
WM- A final foi entre o Tumiaru x C.Internacional de Santos.
P- E aí ?
WM- Vencemos o jogo por 17 x 11 e eu fiz os 17 pontos do Tumiaru.
P- Simbolicamente foi o jogo que você mais pontuou ?
WM- Isso mesmo, só eu pontuei no meu time, fato inédito.
P- Por que você foi para Piracicaba SP ?
WM- Para disputar os Jogos Abertos do Interior em 1955.
P- Por que foi com tanta antecedência ?
WM- Cheguei em Piracicaba no dia 27/11/53 para cumprir estágio.
P- Como estágio ? Não entendi.
WM- Estágio obrigatório de 14 meses em caso de transferência.
P- Quanto tempo você jogou no XV de Piracicaba ?
WM- Foram 9 anos. Cheguei em 1953 e sai em 1962.
P- Ficou esse tempo todo na Noiva da Colina ?
WM- Pois é, lá eu casei e lá nasceram meus dois filhos.
P- Dizem que você além de jogar também trabalhava ?
WM- Sim, jogava no XV e trabalhava nos correios.
P- Dava pra conciliar ?
WM- Sempre dava um jeitinho.
P- Por que você saiu do XV e veio para o Corinthians ?
WM- Após 9 anos de Piracicaba decidi mudar de vida.
P- Saiu por questões financeiras ?
WM- Sim, não tinha como recusar a proposta do Corinthians.
P-Com certeza o XV não gostou ?
WM- Sim, os diretores não liberavam minha transferência.
P- E o que aconteceu ?
WM- Fui trocado com um jogador de futebol.
(continua)

"LIVE 4"

 08/07/20- 4ª Feira

P- Trocado com um jogador de futebol ? Conta essa.
WM- O XV contratou erradamente um jogador de futebol.
P- Como assim ?
WM- Na hora da inscrição na FPF o atleta era do Corinthians.
P- O que fez o XV ?
WM- Pediu ao Corinthians a liberação do atleta (Ubiraci).
P- E o Corinthians cedeu o jogador ?
WM- Sim, em troca da minha liberação.
P- O XV aceitou a negociação ?
WM- Sim, nessa hora o futebol falou mais alto.
P- Aí você veio pra São Paulo ?
WM- Sim, no dia 1º de maio de 1962 mudei pra capital.
P- Você jogou 10 anos no Corinthians ?
WM- Sim, de Maio de 1962 à Julho de 1972.
P- Onde você foi jogar depois do Corinthians ?
WM- Fui para o Tênis Clube de Campinas.
P- Quanto tempo você jogou no Tênis de Campinas ?
WM. Um ano e meio (1972/1973) residindo na capital.
P- Por que saiu do Tênis ?
WM- Vim ser técnico e jogador do Palmeiras.
P- Dava pra conciliar as duas funções, técnico e jogador ?
WM- Nos 2 últimos anos de Corinthians exerci essa função.
P- No Tênis de Campinas também ?
WM- Sim, eu jogava e era meu técnico.
P- Chegou a jogar no Palmeiras ?
WM- Não, fui apenas técnico.
P- Por que você não jogou ?
WM- Naquele ano de 1973 eu já havia jogado pelo Tênis.
P- Você não tinha condição de jogo, é isso ?
WM- Isso mesmo, então fui só técnico.
P- Foi por isso que você parou de jogar ?
WM- Isso mesmo, estava com 36 anos e resolvi parar.

"LIVE 5"

09/07/20- 5ª Feira


P- Por que você parou de jogar ?
WM- Exatamente pra ouvir essa pergunta.
P- Como assim ?
WM- Preferi ouvir isso do que ouvir "por que você não para" ?
P- Você ainda estava em forma ?
WM- Sim, estava muito bem, sem problemas.
P- Quando foi seu ultimo jogo oficial ?
WM- Em 1973 nos Jogos Abertos de São Bernardo do Campo.
P- Qual foi o adversário ?
WM- Foi na decisão do 3º lugar contra São Bernardo.
P- Vocês ganharam ?
WM- Sim, ganhamos e nesse jogo eu fiz 45 pontos.
P- E mesmo assim você parou ?
WM- Sim. Me formei professor e decidi por outra vida.
P- Não se arrepende de ter deixado as quadras ?
WM- Nâo, em minha cabeça haviam outros planos.
P- À partir dali você passou a lecionar e ser técnico ?
WM- Sim, era técnico do Palmeiras e professor no Col. São Luis
P- Então sua vida mudou radicalmente ?
WM- Totalmente, ali estava o meu futuro.
P- Sei que você também foi professor de basquete da FEFISA.
WM- Isso mesmo, ali me formei e trabalhei até 2012.
P- É verdade que você não gostava de ser técnico ?
WM- É verdade, fui técnico apenas por questões financeiras.
P- O que o incomodava ?
WM- A quadra, a rotina e o ser humano, salvo as exceções.
P- Você também foi técnico do basquete feminino ?
WM- Sim, eu gostava muito. São mais "atletas" que os homens.
P- Como assim ?
WM- Mais responsáveis, mais dedicadas, mais solidárias.
P- Por que não continuou ?
WM- Falta de tempo. Se pudesse estaria ali até hoje.
(continua)

 "LIVE 6"

10/07/20- Sexta feira

P- Quanto tempo você ficou no Palmeiras ?
WM- Quase 3 anos, (73/74/75)
P- Você foi campeão no Palmeiras ?
WM- Sim, em 1975 fomos campeões estaduais.
P- Então era uma equipe poderosa.
WM- Fortíssima, já contando com 3 estrangeiros.
P- Por que você deixou o Palmeiras ?
WM- Por interferência no comando.
P- Como assim ? Quem interferiu ?
WM- O dono do time quis interferir e eu pulei fora.
P- Quer contar melhor essa história ?
WM- Não, os responsáveis já faleceram.
P- Aí você foi pra onde ?
WM- Em 1976 fui pra Guarulhos. Trabalho de base.
P- A mudança foi radical, do adulto para a base ?
WM- Foi oferta de trabalho e eu não podia recusar.
P- Quanto tempo ficou em Guarulhos ?
WM- Um ano. Mudou o prefeito acabou o projeto.
P- Depois de Guarulhos pra onde você foi ?
WM- Fui para a Hebraica pra ser técnico e coordenador.
P- Gostou do trabalho ?
WM- Foi mais um trabalho, apenas isso.
P- Percebo que no fundo você guarda mágoas.
WM- Mágoas não, mas muita decepção com os homens.
P- Você repetiria tudo de novo ?
WM- Não, algumas passagens deletei do meu curriculum.
P- O que mais marcou na sua vida esportiva ?
WM- Os títulos conquistados e a minha profissão.
P- O que restou de mais saudoso em sua vida ?
WM- Ser professor universitário e atleta.
(Fim)
 

"JOGO GANHO" (18)


04/07/20- Sábado

Mais uma semana que se foi. Hoje é sábado, dia de acionar meu lap top. São 06:25 hrs da manhã e os primeiros raios de sol despontam na minha varanda. Sol ainda fraquinho, coisas que só o inverno consegue explicar.

O frio está chegando, à cada dia alguns graus à menos vão tirando nossas roupas do armário. Incrível, algumas peças faz muito tempo que não as via, estão lá guardadinhas me chamando, preciso reencontra-las.

Devo recuperar suas utilidades mesmo retido de forma compulsória neste apartamento que chamam de lar, ou melhor, também de prisão. Não estou depreciando meu espaço, com vírus ou sem vírus não saio de casa, meu iglu é perfeito.

Futuramente essa história do corona será contada em verso e prosa. Somos a geração 2020, vamos ficar na história, daqui a 100 anos seremos lembrados. Quem viver verá!

Querem novidades ? Acionem os noticiários das tvs que vocês vão ficar sabendo de tudo o que está acontecendo de ruim em nosso país. Já faz algum tempo que não dou audiência.

Ah! ia esquecendo. Dizem que dias antes dos aniversários os aniversariantes enfrentam um tal de inferno astral. Não é o meu caso, não faço ideia do que seja isso, afinal 83 anos de vida não é pra qualquer um, nada pra reclamar, apenas a agradecer.

Estou feliz, nada me fará baixar a guarda, o jogo ainda não terminou, é jogo ganho até quando DEUS quiser! WM.

 

"SUPORTAR É PRECISO" (17)


27/06/20- Sábado

Manhã imperfeita na capital. Chuva trazendo um frio ainda leve, começou o inverno. Tudo continua na mesma, nada mudou, estamos correndo atrás do tempo sem sair do lugar.

Não conto mais as horas, não encontro mais minhas manhãs, tardes e noites, tudo parece igual, não consigo disfarçar meus dilemas, eles se repetem, mas "suportar é preciso".

O cotidiano perdeu-se no caminho, a esperança adia seu temperamento, é volúvel e incerta. Vejo horizontes distantes. Somos sábios pra entender que naufragamos, somos a essência de nós mesmos, somos culpados pelas vicissitudes, criamos e não sabemos digerir a empáfia humana.

Pecamos pelas pretensões, sofremos pela incompetência, deixamos de ser a solução, passamos a ser problemas.

Não consigo pensar no futuro. não há trégua, não há tempo pra reagir, estamos trocando a vida pela sobrevivência. Mas"suportar é preciso". A vida segue. WM.


"PENADO CATORZE" (16)

10/05/20. Domingo

Nos meus áureos tempo de juventude, cada vez que eu ouvia essa musica muito me comovia. Até os dias de hoje tenho gravado em minha cabeça seus versos tão representativos e dedicados a uma abençoada mãe.

É um tango, quase sempre carregado de histórias trágicas, de vidas mal vividas, de amores desfeitos e mal compreendidos. Por isso, peço licença para prestar essa pequena homenagem à minha mãe e as mães de vocês.

Numa cela sombria, do presidio distante o penado 14 seus dias foi findar
dizem os companheiros que o próprio presidiário morreu fazendo gestos na ânsia de falar.
Naquela noite fria, o preso delirava seu rosto tão estranho fazia pena ver nenhum dos carcereiros porém teve piedade, nenhum entrou na cela querendo compreender.
Deixou uma carta escrita com frases tão dolentes que um velho presidiário ao ler se comoveu
o pobre fratricida de alma tenebrosa que
em toda sua existência o amor não conheceu.
E na carta dizia, senhor juiz eu peço
pra ver minha "mãezinha" imploro por favor
pois ao fechar meus olhos eu quero dar um beijo
na fronte envelhecida do meu "primeiro amor" WM.

 

"MEU LAPTOP" (15)

07/05/20- 5ª Feira

Alô, alô, aqui quem fala é o Wlamir Marques, o amigo das corujas. Ontem à noite fui deitar às 23:30 hrs e às 03:30 hrs o sono foi pro beleléu. Tentei recupera-lo mas a cuca não reagiu, me dei por vencido.

Nessa hora o melhor é levantar e foi o que eu fiz. Agora estou aqui sentado à frente desse laptop, meu fiel e inseparável companheiro de todas as horas. É obediente, só faz o que eu mando. Não reclama de nada, é totalmente submisso.

O bom é que ele sabe de tudo. Conhece à fundo todos os meus acertos e defeitos. Nunca me pediu nada e é um grande conhecedor das minhas vontades. Quando começo a escrever já sabe o que eu penso. Muitas vezes como agora, advinha o que eu ainda não pensei. Nesse momento de confinamento obrigatório, não há nada melhor.

Cansado do sofá, sentar nessa cadeira é revigorante. Pra quem mora sozinho como eu, sabe muito bem que a falta do dialogo pode levar à solidão e à depressão, restando apenas o virtual.

Não é o meu caso, nem sei dizer o que é depressão, mas sei muito bem o que é solidão. Preciso ser versátil pra não cair nas suas armadilhas. A televisão e o virtual ajudam, mas não resolvem a falta de companhia. Saber viver só é uma arte!

Dizer que já acostumei com a solidão é uma baita mentira. É um tipo de sentimento que não acaba, não tem fim. Quando imagino que ela se foi, de repente retorna como um tsunami, arrasando a paz e a tranquilidade das minhas horas.

Mas nesse ponto sou forte, meu poder de imaginação é insuperável, não me entrego, conheço esse jogo, jamais vou aceitar uma derrota para o imponderável.

Oba!, que legal, parece que o sono está voltando. Meu travesseiro me chama. Esse também é meu amigo, me ajuda e me acalma. Já ouvi, não precisa gritar, estou indo. WM

 

"TORÇAM POR MIM" (14)


06/05/20- 4ª Feira

Pronto, decidi não escrever mais sobre a insônia. Isso é coisa de velho. Como dizem por ai, não sou velho, sou experiente. É um gênio quem criou essa frase, merece todo meu credito, foi perfeito. Palavras que consolam.

Novamente começo o dia fuçando as noticias na internet. Podem ser fake news, mas vamos a elas:

1- Em primeiro lugar não poderia deixar de externar a minha tristeza pela morte do meu querido amigo e técnico Renato Brito Cunha. Foi meu técnico nas Olimpíadas de Tokio em 1964 (medalha de bronze) e em 1968 na Olimpíada do México (4º lugar). Que DEUS o tenha!

2- Essa noticia me assustou: Dizem os cientistas que o Brasil pode ser o novo epicentro da Pandemia. Está vendo meu povo,

até nisso somos diferentes, damos muito pouco valor à vida.

3- Essa é boa: Vacina contra a Covid 19 começa a ser testada na Alemanha. Tomara que dê resultado, não está sendo fácil andar mascarado pelas ruas e, a toda hora passar álcool nas mãos. O pior é que as minhas mãos gostaram e sempre querem mais. Acho que vou ter que recorrer ao AA.

4- Vocês não acham que o Moro deveria continuar na lava-jato ? Aí sim, ele seria um forte candidato à presidência do Brasil, mas agora, não sei não!

5- A Regina Duarte acha que está sendo dispensada. Sempre fui seu fã, mas pra mim não deveria ter aceito esse rabo de foguete. A cadeira de ministro deve queimar a bunda de muita gente.

6- Já tive carro da Nissan. Achei ótimo, foi perfeito, mas prefiro o HRV da Honda. Pois é, a Nissan pretende enxugar a sua linha de montagem ao redor do mundo, permanecendo apenas no Japão, China e Estados Unidos. Será que os carros feitos no Brasil também pegaram a Covid 19 ?

Acordei cedo mas estou feliz. Agora volto pra cama, quero ver se durmo um pouquinho mais, torçam por mim! WM.

"FALSAS NOTICIAS" (13)

 05/05/20- 3ª Feira

Mais uma noite mal dormida. O bom sono não se repetiu. Já não estranho mais, tenho pela frente um dia inteiro pra recupera-lo. Essa anomalia não me preocupa mais.
Por mais indiferente que eu possa estar, entro na internet e sinto a sensação de terra arrasada. Rapidinho li o seguinte:

1- 110 milhões de brasileiros acreditam em notícias falsas, diz a pesquisa. Eu faço parte desses milhões, não há como evitar.

2- Ator Flavio Migliaccio suicido-se e deixou uma carta dizendo que cansou de conviver com a falsidade.Se todos pensarem dessa forma restarão poucas pessoas no planeta.

3- Roberto Carlos faz contrato milionário com a Globo. Vai cantar aonde ? Por via conferência ?

4- Dólar vai a 5.50 reais. Pra mim tanto faz, não preciso dele, não viajo mais.

5- Cogitam o uso obrigatório de mascaras na cidade de São Paulo. Podem cogitar o que quiserem, o povo não obedece.

6- TSE julga em Junho se as eleições municipais serão adiadas.
Pra mim não vai fazer nenhuma falta. Cansei de ver o povo votar em politico corrupto.

7- O mais triste li no comunicado oficial da LNB (Liga Nacional de Basquete). Em reunião por via conferência os clubes decidiram por unanimidade cancelar a temporada NBB 2019/2020. É triste mas não havia outra medida a tomar. Prevaleceu o bom senso. Tomar a medida é fácil, o difícil é a repercussão. O futuro dirá!

Não sei ainda o que vai acontecer com as outras modalidades esportivas, mas no momento não há clima para a continuidade ou o inicio de nada.
 
Já erraram e vão continuar errando ao preverem os momentos de pico do corona vírus. De pico em pico cada vez vai morrendo mais gente. A situação está sem controle e o povão não reage, deixa acontecer.

Me desculpem, hoje o texto acordou com baixo astral. Infelizmente não há como aguentar tantas desgraças ao redor do mundo. Vamos melhorar ? É claro que vamos. Desde que não seja mais uma noticia falsa. WM.

"CRISTO RENASCEU" (12)

11/04/20- Sábado

Agora são 05:23 hrs. da madrugada. A bem da verdade não é hora de vir no lap top. Ainda é muito cedo. Acredito que muita gente ainda deve estar dormindo. Mas pra ficar rolando na cama e pensar em bobagens, prefiro levantar e começar o dia.

Por falar em dia, hoje é o famoso sábado de aleluia. Também é dia de malhar Judas. Mas que história é essa de malhar Judas ?

Não sei se nos dias de hoje essa tradição ainda prevalece. Aqui na cidade de São Paulo nunca vi acontecer. O gigantismo da cidade muitas vezes se omite e esquece das tradições.

No meu tempo de criança, lá na minha querida São Vicente, fui um exímio malhador de Judas. Fazíamos bonecos forrados de pano ou jornal e amarrávamos esses espantalhos nos postes da cidade. Ao meio dia, com pedaços de pau, começávamos a malhação. Depois da malhação botávamos fogo nos bonecos. Era uma festa!

Mas quem foi esse tal de Judas ? O que foi que ele fez ?

O seu nome verdadeiro era Judas Iscariotes. Pois é, esse cara era um dos 12 apóstolos de Cristo e traiu-o em troca de 30 moedas de prata. Entregou Jesus aos seus perseguidores. Depois se arrependeu e se enforcou.

Essa história está na bíblia. Se quiserem mais detalhes basta consulta-la. Isso se você tiver um exemplar em sua casa, se não tiver aí já é um outro assunto, é melhor deixar pra lá!

Essa história da malhação de Judas foi trazida ao Brasil pelos portugueses e espanhóis. Isso lá no tempo em que se amarrava cachorro com linguiça. (nada à ver com o Felipão).

Hoje nós temos que malhar ao lado do Judas, um bichinho feio e mal encarado, cheio de más intenções e que está atazanado as nossas vidas.

Está difícil, mas não podemos esquecer que "CRISTO RENASCEU" e jamais nos abandonará. WM. (06:37 hrs)

 

"E O VENTO LEVOU" (11)

05/04/20- Domingo

O que é isso moço ? O que o vento levou ? O corona ?

Nada disso, hoje é domingo e não quero escrever sobre esse vírus maldito. Já chega o que dizem os noticiários na televisão. O Ibope agradece, audiência total. Não assisto mais já faz algum tempo. Creio não estar cometendo pecado algum.

Mas vamos ao tema: Como sempre acontece, ao despertar pela manhã, permaneço ainda na cama por um certo tempo. A partir dali a cabeça começa a funcionar. Penso em mil coisas ao mesmo tempo, até a hora em que ela estanca e começa a esmiuçar detalhes e passagens antes vividas.

Hoje me veio à mente um filme que marcou época em minha juventude. Fora outras películas que também deixaram fortes marcas em minha história de cinéfilo. Um dia escrevo mais sobre isso, são muitos os filmes que me agradaram ao redor dos tempos.

Esse filme recebeu o nome em português de : "E o vento levou".

Ele foi lançado no dia 15/12/1939 nos Estados Unidos. Para destacar a sua importância, ele foi indicado para 13 Oscar e venceu em 8 categorias.

Por favor, não imaginem que eu tenha assistido essas entregas. Nesse ano de 1939 eu tinha apenas 2 anos de idade. Nasci no dia 16/07/37, na minha querida São Vicente SP.

O filme é de longuíssima duração. Imaginem um filme com 3 horas, 12 minutos e 26 segundos. Me lembro que na ultima vez que passaram o filme na televisão ele foi dividido em 2 partes e em dias separados.

Os atores foram maravilhosos. Vivien Leigh (Scarlet O´ Hara), Clark Gable e Olivia de Haviland deram shows de interpretações. Direção impecável, contando com 3 diretores ao mesmo tempo. fora os coadjuvantes.

É uma pena que esse filme esteja esquecido. Os mais jovens deveriam conhecer mais à fundo o que era fazer cinema naqueles tempos. Deveriam mostra-lo mais vezes.

Bom, para um domingo acho que o papo foi legal, ou não?

Foi só pra sair da rotina e adoçar um pouco mais os nossos dias um tanto sofridos. WM.

 

"HEI DE VENCER" (10)


28/03/20- Sábado.

Hoje é sábado, meu dia preferido da semana. Sempre foi. Desde a minha infância e, até mesmo quando eu jogava basquete, esses dias modificavam minhas atitudes. Eram dias de liberdade, quando ainda jovem, livre e solto, corria de encontro à minha praia.

Saudades da minha querida São Vicente. Ali nasci e fui criado pelos meus pais até os 16 anos. Era um rato de praia, loiro e queimado de sol. Ali eu realizava todas as peraltices que tinha direito. Não eram muitas mas eu me divertia, era feliz e sabia disso. Além de ter uma linda juventude pela frente.

Por força do destino, transferi meu tempo para o basquete. Fui um jovem predestinado pela sorte, DEUS me deu o dom das conquistas. Consegui proezas imortais até hoje relembradas.

Mas hoje o meu sábado é diferente. O peso da idade não me oferece regalias. Estou compulsoriamente retido dentro da minha casa relembrando façanhas que não voltam mais.

Hoje é diferente, aliás, tudo está diferente, jamais o mundo voltará a ser o que era. Com erros e acertos estamos sendo bombardeados. É uma guerra com trincheiras vulneráveis, com armas de grande poder mas sem efeito prático.

Infelizmente o vírus está matando de forma muito rápida todas as nossas reservas morais e intelectuais dos tempos.. Assim como eu, os idosos perderam suas forças, estamos vulneráveis, considerados "grupo de risco". Esse modernismo é muito louco, impiedoso e sorrateiro.

Hoje vivemos um sábado de dor. Resta-nos apenas aguardar o sopro divino que venha nos tirar do caos e das trevas. Uma coisa é certa: "continuo feliz", não sofro pela vida e muito menos pela morte, hei de vencer, DEUS está ao meu lado! WM.

 

DESABAFO (9)


Desculpas, vou externar uma opinião:

Tem muita gente que não pode ficar em casa, é gente do trabalho ou da rua. Esses devem voltar urgentemente ao batente. É incrível, talvez por falta de assunto ou de vontade, usam o face pra falar de politica.

Você que está aí na sua casa por um motivo muito sério, pois não podemos brincar com esse corona vírus, não tem outra coisa pra fazer a não ser escrever sobre politica?

Aproveita o tempo meus caros e pensem nas mensagens positivas, passem esperanças a quem necessita, de uma palavra de conforto aos mais idosos, já que todos eles estão em grupos de riscos.

Aprendam a ficar em casa, façam o que nunca fizeram, pensem no próximo, deem forças à sua família, passem coragem aos mais desafortunados, entendam a angustia do mundo, mas não, ficam pregando posições politicas quando nenhum dos políticos estão pensando em vocês.

Pergunto: Por que nessa hora tão trágica da nossa existência, vocês se preocupam em falar do presidente, do Lula, do Dória e dessa corja de aproveitadores? O que vocês estão ganhando com isso? Adeptos? Mas adeptos do que? Dessa politica sem vergonha que assola a nação?

Parem com isso gente, ou então façam o seguinte: Vão pra rua, entrem em um bar e peçam uma cerveja gelada acompanhada de amendoim ou daquilo que você mais gosta. Chama um cara pra sentar ao seu lado e comece a conversar de politica. Quanto tempo vocês acham que ele vai aguentar a sua lenga lenga?

Ah! meu povo, parem com isso, vamos pensar nas nossas vidas, estamos chegando ao fim, não possuímos garantias de sobrevivência, lembrem que estão morrendo quase mil pessoas no mundo por dia, daqui à pouco será por hora.

Vejam, estou pra fazer 83 anos de vida, acho que já vivi o bastante, então eu peço: Por favor, respeitem a humanidade, ela está agonizando, mudem de assunto, vamos pensar na decência do ser humano e não nas suas falcatruas.

Tudo bem? Não se zanguem, sou do bem, se quiserem escrevo mais. WM.

 

"QUE DEUS NOS AJUDE" (8)


24/03/20- 3ª FEIRA

Hoje o dia amanheceu lindo aqui na capital. Um sol brilhante de Outono veio trazer um pouco de luz à essa endiabrada quarentena. Atenção gente, vitamina D à vontade, de graça.

É claro que o encarceramento se torna necessário, sou um fiel seguidor, fico aqui na minha trincheira à espera do imponderável. Guerra calada com efeitos catastróficos.

Confesso que a minha retirada obrigatória das ruas não me amedrontam. Há 5 anos que vivo só, levanto a hora que for e não sou obrigado a qualquer ajuste de sobrevivência, acostumei com a solidão, isso já é um grande feito, minha grande amiga.

Imagino como deve parecer estranho pra você que, todos os dias sai para o trabalho. Não acostumou ainda? Está difícil?

Não liga não, a causa é pertinente, pois se ainda não há vacina ou remédio contra o tal do corona, ficar em casa por enquanto é a única solução. A sua vida depende só de você.

Se você está com saudades daqueles pileques de final de semana, não se desespere, a obrigação da quarentena veio pra desfazer os enormes equívocos em nossas vidas, ou não? Não esqueça, os abusos são armas à favor do corona.

Fale a verdade, você ainda não sentiu diferenças nas suas atitudes? Se não, pare um pouco pra pensar: Essa não é a hora das grandes ousadias, principalmente se você estiver na condição de risco como eu. Não ouse desafiar o inimigo, ele é malandro, gosta de penetrar no descuido das suas vontades, facilita pra ver o que acontece!

Estou aqui, meu laptop é sagrado, nos aceitamos com enorme gratidão. Estou preocupado mas estou feliz. Não vou abrir mão da minha obstinada solidão, companheira das minhas intimas reflexões. "Que DEUS nos ajude!" WM.

 

MEUS QUERIDOS AMIGOS E AMIGAS (7)


2ª FEIRA- DIA 11/03/19- 02:25H)

Isso mesmo, essa é mais uma madrugada sem regozijos. O sono não vem; a noite é tenebrosa com seu silêncio penetrando em meus ouvidos sem dó e sem piedade. Estou só, não tenho com quem trocar palavras, viuvez absoluta. Não culpo ninguém, a vida me quiz assim, é difícil acostumar. A solidão é um beneficio nem sempre primoroso, quase sempre dói e machuca, fere e assopra.

Aos poucos vou esquecendo as dores, minha perna esquerda pede paz, a cama não é o seu sustentáculo, a noite não é benvinda, preciso do sol ardendo em minha mente, quero ouvir sons, mesmo que seja o latido de um big dog insistindo também em não ficar só.

Ora senhor Wlamir Marques, converse consigo mesmo, ambos se necessitam, há um vácuo em seus pensamentos, esqueçam do passado e vivam para o presente. Não precisam contar carneirinhos, eles estão velhos, não conseguem mais saltar os obstáculos.

Ótimo conselho, vou rezar pela milésima vez, chega de enfrentamentos, vou encostar minha cabeça em um bom travesseiro , preciso vencer minhas carências, avante professor! Bjs e abs, wm.

.....

Como já disse, fui um garoto muito precoce, atrevido. Muito jovem, disparava pelas ruas vicentinas à busca de aventuras. Muitas vezes sozinho, fui um andarilho.

Comecei praticando natação no Tumiaru, lá no Japuí, na sua sede náutica. Ia e voltava à pé, cansar jamais.

A Ponte Pênsil era o meu orgulho, simbolo dos meus tempos. No dia 02 de Setembro de 1945, voltando de um treino para minha casa, a cidade festejava. Gente nas ruas se abraçando, fogos explodindo, buzinaço e estrondos de euforia arrepiando minha pele. Ali era o jovem Wlamir sentindo toda a alegria da humanidade, pois naquele lindo dia, terminava a 2ª guerra mundial.

PS: Esse texto foi escrito no dia 03/12/15. WM.

 




16- Meus 81 anos...(16/07/18)

1937- Ano em que nasci (São Vicente)

16/07- Dia em que nasci

1943- 1º dia de aula (Colégio D,Pedro 2º)

1945- Final da 2ª grande guerra mundial

1947- Inicio da pratica desportiva

1948- Nasce o basquete em minha vida

1950- Brasil perde a copa do mundo de futebol

1951- Campeão Infantil (1º título da LSB)

1952- Campeão Brasileiro Juvenil (Sel.Paulista)

1953- Bi Campeão Brasileiro Juvenil ( Sel.Paulista)

1953- 1ª convocação para a seleção brasileira adulta.

1953- Tri campeão colegial do estado (Gema)

1953- Transferência para Piracicaba

1954- Sulamericano extra- Mendoza/Argentina

1954- Vice campeão do mundo (Seleção Brasileira)

1955- 2ºs Jogos Panamericanos (México)

1955- Campeão Brasileiro (Sel. Paulista)

1956- 1ª participação olímpica Melbourne/Austrália)

1957- Casamento com a Cecilia

1958- Bi campeão Brasileiro (Sel. Paulista)

1958- Campeão Sulamericano (1º título)

1958- Nasce meu filho Wlamir Marques Jr.

1959- 3ºs Jogos Panamericanos (Chicago/USA

1959- Campeão Mundial (Sel. Brasileira- Chile))

1960- Campeão Sulamericano (2º título)

1960- Nasce minha filha Susi (Suzana F. Marques)

1960- 2ª participação olímpica (Roma/Itália- Bronze)

1961- Campeão Sulamericano (3º título)

1961- Troféu Helms (melhor atleta amador)

1962- Tri campeão Brasileiro (Sel. Paulista)

1962- Transferência para o S.C.Corinthians Pta.

1963- Campeão Sulamericano (4º titulo)

1963- 4ºs Jogos Panamericanos (São Paulo/Brasil)

1963- Bi Campeão Mundial (Rio de Janeiro

1963- Excursão ao Japão- Sel.Paulista- 7 jogos.

1964- Tetra Campeão Brasileiro (Sel. Paulista)

1964- 3ª participação olímpica (Tokio/Japão- Bronze)

1964- Porta bandeira da Delegação Brasileira (Tokio)

1966- Vice Campeão do Mundial extra (Chile)

1967- 5ºs Jogos Panamericanos- Winnipeg/Canadá

1968- 4ª participação olímpica (México/México- 4º)

1970- Vice Campeão do Mundo (Liubliana/Yuguslavia

1970- Ultima participação nacional.

 

 O TEMPO NÃO PASSOU (6)

16/06/16

Preciso que DEUS me ajude a escrever esse texto sem qualquer motivo para fantasia, oriunda de extrema vaidade.

Sempre disse que no basquete o ufanismo pessoal não existe. Seus feitos advêm do social, longe da inútil soberba.

Ninguém joga sozinho. Sempre alguém passa, defende, corre ao lado, pega rebote, sacrificam desejos pelo coletivo.

No entanto, sempre alguns assistem os jogos e ousam apontar os melhores jogadores envolvidos naquelas tramas.

No México (1968), aos 31 anos, fui escolhido entre os 5 melhores. Ali nunca foi só o Wlamir, foram 12 heróis brasileiros.


"O TEMPO NÃO PASSOU" (5)


(19/05/16)

Em 1956 participei da minha 1ª Olimpíada, (Melbourne/Austrália). Estava com 19 anos, quase veterano de seleção. Recém havia iniciado namoro com minha futura esposa Cecilia. Habitualmente escrevia muitas cartas apaixonadas.

Na vila conheci um carioca corredor dos 100 mts. rasos que, sabendo das minhas cartas, fez-me um inédito pedido Wlamir, você não quer escrever uma carta para a minha namorada? Respondi que sim, mas precisava do seu nome.

Resultado: Em minhas horas de folga escrevia 2 cartas, uma para minha Cecilia e outra para uma fictícia namorada.


BASQUETEBOL, SEGREDOS E MISTÉRIOS (4)


Muitas vezes assistimos jogos de basquetebol e ficamos apenas extasiados com a dinâmica e a plástica do jogo, omitindo os seus meandros. Confesso que em certos jogos me desligo totalmente de qualquer senso critico. Apenas observo o que acontece com a bola e os seus efeitos. É mais tranquilo, sofremos menos.
Entretanto, um jogo de basquetebol possui na sua intimidade alguns segredos visíveis e outros jamais desvendados. Erra quem imagina conhecer todos os seus mistérios. Um dia cairá sentado de boca aberta, admirado com o seu fracasso.
Em síntese, o jogo pode ser visto sob vários aspectos. A base divide-se em 4 conceitos:- 1-técnicos-2-táticos-3-físicos-4-psicológicos. Para as vitórias e derrotas, esses 4 itens explicarão de forma objetiva os motivos. Não se ganha ou se perde um jogo acidentalmente, sempre haverá um motivo capaz de diferenciar a razão da emoção.
1- Técnica. É o principal quesito para as vitórias e derrotas:- A técnica é a essência do jogo. É a individualidade do atleta colocado à prova. É o domínio do homem sobre uma bola grande, subjetiva, rugosa e bela. Técnica é arremessar, passar, driblar, marcar, bloquear, correr, saltar, infiltrar, etc.etc. Deverá vencer o jogo aquela equipe tecnicamente superior à outra. Em caso de igualdade, a tática auxilia e pode decidir.
2- A tática é o meio utilizado para o melhor uso da técnica. São recursos estratégicos empregados na busca de um melhor entendimento coletivo. Por exemplo: defesa é tática, saber defender é técnica. São varias as estratégias defensivas utilizadas no basquete. Podem ser defesas por zona, individuais e mistas.
A tática defensiva não surge da paixão, escolha, sorteio ou vontade, mas sim da necessidade. Ao mesmo tempo as estratégias ofensivas deverão sempre ajustar-se à cada tipo de defesa. Esse é um dos grandes segredos do jogo e de difícil interpretação visual. Não existe no basquete um ataque único. Todos variam de acordo com as necessidades táticas do momento. Troca-se a defesa, modifica-se o ataque.
3- No aspecto físico, é mais fácil a identificação visual. Altura, peso, velocidade, força, elasticidade, flexibilidade, enfim, essas e outras qualidades físicas poderão influir no resultado de um jogo. Nesse caso, basta observar com mais atenção as vantagens e as desvantagens do momento, principalmente nos rebotes ofensivos e defensivos.
4- O fator psicológico pode ser um forte motivo para vitórias e derrotas. O basquetebol é jogado com a cabeça, tronco e membros. Com o tronco e os membros todos jogam, com a cabeça muito poucos. Sempre quem pontua é a cabeça, poucos acreditam nisso. Tudo é uma questão de convicção e fé. O craque domina a mente, necessariamente não vive da força. As quadras esportivas são templos de pura contemplação. Ali residem as almas dos atletas, carregadas de alegrias e sofrimentos. Assim como na vida.
Naismith jamais poderia imaginar que o seu invento se tornaria tão complexo.

ALGUMAS VONTADES QUE NÃO PASSAM (3)

26/03/2014

Dizem que vontade dá e passa. É verdade, existem as vontades passageiras e existem as permanentes, impregnadas de desejos. Exemplo : A vontade de tomar um sorvete é volátil, na sua impossibilidade a vontade desaparece. É importante observar que a vontade nem sempre é realizada, mas o sentimento de vontade é infinito, não perece.
 
A nossa existência é incrível. Somos seres exclusivos da vontade. Somos humanos oriundos de uma série de vontades, quando na origem, fomos gerados pelo amor e pelo desejo. É complicado sentir vontade, somos sempre bafejados pela possibilidade de aceita-la ou ignora-la. É o maior sentimento da vida. Amar é uma eterna vontade.

Tive milhares de vontades realizadas e não realizadas, outras ainda por realizar. Sinto-me pleno ao conseguir realiza-las, por mais simples que sejam é uma conquista. Mas existem aquelas que me martirizam, fogem do meu alcance e me frustram. Exemplo : Tenho muita vontade de sair pelas ruas gritando: “brasileiros, por favor não se matem”

Tenho vontade de ver um governo sério nesse país, sem trapaças e sem desejos de cobiça. Esse é um exemplo de vontade permanente, mas não possuo forças próprias para alcança-la. Um povo instruído é capaz de alcançar seus anseios, mas a pobreza educacional sempre o leva a aceitar o abominável. A Intelectualidade está mórbida.

Tenho vontade de ver o desporto nesse país nas mãos dos preparados, dos esportistas cultos, dos perfeitos, dos arquitetos do bem. Chega de falsidade, de falsos profetas, de aventureiros e aproveitadores, chega de incompetência. Não suporto viver com tanta ignorância, mas não posso modificar a vontade de um povo inocente e despreparado.

Tenho muita vontade de continuar votando, de eleger os meus pretensos e prediletos candidatos. Mas isso já foi para o espaço, não ouso mais perder tempo sufragando os enganadores da pátria. A idade me faculta o voto e isso cumpro à risca. Não preciso mais ter vontade pra votar. É também uma conquista, cheguei ao limite, não dá mais.

Sinto uma vontade imensa de amar e ser amado. Isso é próprio da vontade terrena, não sou exceção. Sinto muita vontade de renascer e de poder consertar os meus defeitos. Sinto também muita vontade de continuar usufruindo dos meus acertos. Vontade é um estigma para o bem e para o mal. Erramos com ou sem, ela é frágil.

Possuo uma enorme vontade de alcançar os objetivos não realizados, de escrever sem máscaras, de ser genuíno nas minhas ideias sobre a humanidade. De gerar focos de amor, de crucificar as incorrigíveis atitudes mesquinhas do homem, de honrar a família sobre todas as coisas. Sou um ávido perseguidor das vontades, algumas efêmeras.

Desde a infância curto certas vontades. Algumas impossíveis de alcançar, mas ainda fazendo parte de mim. O que seria da vida sem a vontade ? Pretendo estar próximo das minhas infinitas ansiedades, saboreando algumas vontades que não passam. WM.


"UMA HISTÓRIA DE VIDA" (2)

21/04/20- 3ª Feira


Mais uma vez estou madrugando. Agora são 05:20 hrs. da matina. Não é por falta de sono, creio ser mais da natureza humana, quanto mais velhos ficamos, menos dormimos.
 
Acho que isso não acontece somente comigo, estou certo ? Geralmente durmo por noite de 4 a 5 horas e chega, é o suficiente. Depois disso fico rolando na cama e o sono já era.

Pode ser que a falta de sono noturno seja influenciado por àquele cochilo da tarde. É a lei da compensação. Há anos que não abro mão daquela dormidinha da tarde. Se não fizer isso, com certeza vou pra cama sem ver o BBB. Já sei, vão me xingar. Não faz mal, não ligo mais para as críticas, ahahah.
Desde os meus tempos de atleta que eu usava esse recurso como forma de me preparar para os jogos.

Depois virei professor e comecei a acordar na hora do professor de educação física, ou seja, entre 5 e 6 horas da manhã. Geralmente as aulas começavam às 07:30 hrs. Somando o tempo perdido no café da manhã e a locomoção, era o tempo necessário pra chegar no trabalho sem atrasos.

Na Fefisa deixei de dar aulas em 2012. Já estava com 75 anos e era hora de parar. Muitos me perguntavam por que eu estava parando ? Eu já tinha a resposta na ponta da língua : Era melhor ouvir essa pergunta do que ouvir : Por que não para ?
 
Como jogador eu também pensei dessa forma, quando poderia jogar mais um tempo. Com 36 anos eu ainda estava em forma. Lembro que o meu ultimo jogo oficial eu assinalei 45 pontos, ou seja, dava pra continuar um pouquinho mais.
 
Mas preferi dar inicio à minha carreira de professor. Não aguentava mais entrar em vestiário. Ter que enfaixar o pé e calçar o tênis era um suplicio. Fora outras coisas que já me entediavam. Deixei tudo pra trás e comecei uma nova vida.

É isso ai meus amigos (as) de sala de espera. Quando sentei nessa cadeira, juro que não sabia o que escrever. Comecei e deu nisso, "Uma história de vida". Por que não também de amor ? WM.


"SOL É VIDA" (1)

20/04/20- 2ª Feira.

Adoro o Outono, nem frio e nem calor, temperatura agradável. Até a cidade parece outra, sol maravilhoso. Só não gosto do que vem pela frente. Detesto o inverno.

A próxima estação já começa a me arrepiar. Sem escapatória. Acho que o tal do corona deve adorar um friozinho. Ainda bem que já tomei a vacina. Atenção gente, todo cuidado é pouco.
Mais uma semana começando, mais uma semana algemado.

Noticias ? Boas, nenhuma. Ruins, é só entrar na internet ou ouvir os noticiários da televisão. Na internet ainda insistem nos comentários políticos e, nas tvs tragédias. Há tempos que perderam minha audiência.
Pra não dizerem que não falei das flores, ontem a Ivy nos deixou. Não sei porque tanta rejeição, eu gostava dela, além de bonita era muito alegre, não fez mal pra ninguém, mas o povo não a aceitou.
 
A próxima a sair vai ser a Manu. Enquanto isso cada vez que o Babu chora, mais perto ele chega no 1 milhão e meio. O homem é esperto, já ganhou com sobras.

Quero agradecer todas as palavras de carinho sobre o texto de ontem : "Uma doce mensagem". Reproduzi imaginando o retorno do amor nessas horas tão difíceis das nossas vidas, já que ele anda perdido na multidão, quem sabe até esquecido.
 
Hoje não vou judiar de ninguém com texto longo. Esse fica por aqui. Fiquem com DEUS meus anjos, vamos curtir o sol, "ele é vida". WM.


NOTA DO ORGANIZADOR E EDITOR


Deus não é humano, mas é uma pessoa. Deus é semelhante à nós não porque é humano e sim porque é uma pessoa. O ser humano é uma imitação de Deus. A pessoa que somos é Deus em nós. No futuro deixaremos de ser humanos e nos tornaremos pessoas. Hoje sonhamos com um mundo mais humano porque ainda agimos como animais. Sendo mais humanos naturalmente seremos pessoas. Quando isso acontecer, o nosso mundo será um mundo mais feliz porque as pessoas são todas iguais, enquanto os humanos ainda são diferentes. Os humanos pensam muito e agem pouco, de forma incoerente e contraditória. Isso causa muito sofrimento. As pessoas sentem mais e também agem mais, de forma coerente e autêntica. Isso causa felicidade.

PS. Refleti sobre isso quando terminei de ler tópicos das memórias de Wlamir Marques, astro do basquete, sua chegada aos 85 anos, suas provas e lembranças de quando era menino em São Vicente.



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