09/07/2019

ARQUITETURA E PAISAGEM


São Vicente nos anos 1960. Foto: Boris Kauffman.



SÃO VICENTE EM TRÊS TEMPOS


ARQUITETURA E URBANIZAÇÃO NA ÁREA INSULAR


ARQUITETO EDISON ELOY DE SOUZA


Preliminarmente é preciso compreender que o território atual do município de São Vicente é composto geograficamente em duas partes bastante distintas: uma área menor e insular, parte da ilha de São Vicente, que também engloba o município de Santos, e outra maior e continental, que faz divisa com a Praia Grande na baixada e vai até São Bernardo do Campo no planalto. Desse total somente 16% (dezesseis por centro) é área urbanizada, já que as demais 84% (oitenta e quatro por cento) é ocupada pelas 4 (quatro) áreas ambientais protegidas do Município, que são: o Parque Ecológico Voturuá, o Parque Estadual da Serra do Mar, o Parque Estadual Xixová-Japui e a Apa Marinha Litoral Centro. 

A maior concentração populacional se dá na área insular, em torno de 70% junto à orla, através de edifícios residenciais altos, ocupados por habitações permanentes ou de veraneio, por uma classe media em termos econômicos. Nesta parte também há pequenos enclaves de favelas ou palafitas ocupados por população de baixa renda. Já a parte continental, mais extensa e mais rarefeita em termos de ocupação, é ocupada por população de baixa renda, em torno de 30%, bastante ligada às atividades do polo industrial de Cubatão e aos serviços da Praia Grande. A população atual do município de São Vicente é composta por 332.445 mil habitantes, segundo o censo de 2010, para seus 148 km2, que caracteriza uma cidade fisicamente pequena e dividida nas suas partes físicas; sua densidade populacional média é considerada baixa (2.232,28 hab./Km2 ou 22hab/ha). Porém há áreas especificas do Centro e da Orla que registram densidades maiores, em torno de 22/hab/ha. Essa população é bastante jovem, representando 42% (quarenta e dois por cento) na faixa entre 15 e 39 anos, considerada economicamente ativa. 

A cidade é majoritariamente urbana, com a população de maior poder aquisitivo concentrada na orla (70%) e os demais 30%, de menor poder econômico, habitam na parte continental, apesar de seu maior território, gerando baixa densidade populacional, onde as carências de infraestrutura e serviços públicos são mais acentuadas. Há uma população flutuante, nas temporadas, que chega a representar um acréscimo de 60.000 pessoas, ou seja, em torno de 20% a 25% da população fixa, bastante facilitada pela pequena distancia da capital, (60 quilômetros), pela Rodovia dos Imigrantes, que desemboca praticamente na cidade, ou ainda pela Via Anchieta que chega a Santos, ambas vias de ótima qualidade. As atividades econômicas da cidade se desenvolvem principalmente nas áreas de serviços, comércio. 

A localização e geografia da cidade, como continuação natural da orla de Santos, por um lado e ligada ao município de Praia Grande pela ponte sobre o Mar Pequeno, bem como pela Ponte Pênsil por outro, a transforma num inevitável corredor viário de passagem, com suas vantagens e problemas decorrentes. 

EVOLUÇÃO URBANA 

No inicio do século XX foram construídas mansões em lotes de quadras inteiras no centro histórico e comercial, como a Casa do Barão em 1925, a vila do Castelinho em 1931, para atender a demanda dos funcionários das empresas estrangeiras aqui sediadas. Houve também construções de vários casarões importantes de famílias abastadas na área do bairro de Boa Vista próximos à orla, na época áurea do café, algumas até fugindo dos problemas de saúde publica de Santos. 

A partir daí a evolução urbana, já na forma de edifícios residenciais verticais, foi se dando em pontos isolados no próprio centro, na praia do Gonzaguinha ou ainda na Praia de Itararé. Assim, foram construídos o Edifício Anchieta (1935) no centro comercial; o edifício Gaudio (1939) no Gonzaguinha; o Edifício Mirante (1945), junto a Ponte Pênsil. 

Porém, a grande massa de edifícios construídos na cidade e particularmente na orla aconteceu a partir das décadas de 1950, 60, e menor na de 1970; Há uma retomada a partir de 1977 pela transformação da cidade em Estância Balneária do Estado. Mas mesmo assim foi afetada, nesse período, pela crise que se abateu na economia regional em função do choque do petróleo, da redução das exportações, da modernização dos portos, e privatização da Cosipa e da grave poluição de Cubatão em 1982. 

A maioria dos edifícios construídos teve função residencial e foi projetada para veraneio, isto é como residência de fim de semana ou temporada, dada a proximidade da capital de São Paulo. Salvo algumas exceções os programas arquitetônicos se constituíam de pequenos apartamentos, tipos quitinetes, realizados por companhias construtoras que aqui se instalaram, realizando empreendimentos a preço de custo, isto é, financiados pelos próprios proprietários durante sua construção, já que não existiam os programas de financiamentos atuais. Note-se que grande parte deles se constituiu de construções feitas meramente com interesse comercial, da chamada especulação imobiliária, com pouca ou nenhuma preocupação arquitetônica. Alguns com longa maturação e construção pelos percalços e dificuldades do sistema de financiamento próprio. 

Procuramos selecionar neste trabalho algumas honrosas exceções, feitas por arquitetos antigos ou atuais que conseguiram produzir obras diferenciadas na paisagem. Ainda assim, elaborados eventualmente com algumas concessões comerciais. 

A linguagem arquitetônica utilizada em geral por esses profissionais se prendeu ao período realizado, de forte transformação formal, com a ascensão do movimento moderno da Arquitetura, em termos nacionais e internacionais, que pregava formas puras, a honestidade e a independência estrutural, as divisórias leves, a devolução do solo livre e a permeabilidade do pavimento térreo, através dos pilotis, o teto jardim etc. A tônica geral era a eliminação dos ornamentos, adereços e romantismo do período anterior e a busca de um desenho mais limpo e racionalista. 


ESTRUTURA VIÁRIA E VOLUMETRIA URBANA 

O desenvolvimento urbano é definido por sua estrutura viária. Com relação ao traçado urbano geral de São Vicente é curioso observar que, mesmo nas áreas planas, ele não seque o padrão convencional das cidades portuguesas ou espanholas tradicionais, formado por quadras ortogonais de 100m x 100m num tabuleiro uniforme, monótono e sem criatividade. 

Em São Vicente se observamos o desenho da maioria dos bairros vemos que eles seguem um padrão de arruamento mais variado, bastante aleatório, dando a impressão que são frutos de loteamentos especulativos, mas mais espontâneos. 

Com relação aos edifícios em geral temos que diferenciar os edifícios da orla e alguns mais recentes no interior da ilha e do continente daquelas raras edificações remanescentes do período passado, ou ainda das construções espontâneas. Enquanto os edifícios altos têm uma linguagem moderna, isto é são prismáticos, funcionalistas com o emprego de materiais de acabamento mais contemporâneos, as antigas residências ainda guardam um estilo mais livre, romântico, com varandas e ambientes generosos e o emprego de materiais tradicionais. 

Na configuração volumétrica urbana, principalmente na orla da ilha, a influencia maior talvez tenha sido o modelo da orla de Copacabana no Rio Janeiro, como tantas outras cidades litorâneas brasileiras. 

Não tivemos outras influencias estrangeiras ou estilos, como por exemplo, observadas em cidades costeiras americanas, como na Miami Road em Miami EUA, onde prevalece um interessante conjunto urbano “art - deco”, ou ainda os edifícios realizados, por exemplo, pelo Arquiteto Hans Scharoum na Finlândia, com linguagem claramente ligada às formas navais. 

Lembramos também que grande parte desses edifícios da orla de São Vicente e Santista, principalmente os pioneiros, sofreu, ou ainda sofrem, um processo de reforma e atualização, chamada de “modernização” ou retrofit, com a aplicação de novos revestimentos cerâmicos externos, em geral danosos ao seu aspecto original e nem sempre adequados ao espírito que os nortearam, alterações estas que contribuíram para descaracterizá-los. 

Um detalhe funcional importante do programa arquitetônico desses edifícios residenciais é quanto aos seus estacionamentos de veículos; Nos mais antigos eles são inexistentes, pois não se previa a tamanha sanha automobilística que viria nos anos seguintes; nos edifícios mais atuais, eles são resolvidos acima do solo em garagens suspensas de capacidade limitada, devido aos problemas de subsolo, em rocha ou em camadas frágeis sob areia superficial, aspectos que apresentam um grande desafio para as boas soluções de projeto. 

A seriedade desse problema de subsolo e a solução incorreta das fundações podem ser claramente observadas nos famosos edifícios inclinados da orla Santista, que apresentaram vários problemas de recalques diferenciais, de difícil e cara solução técnica, comprometendo sua funcionalidade, apesar de terem um bizarro apelo turístico. 

ROTEIROS DA ARQUITETURA ATUAL 


A fim de mostrar o resultado dessa evolução urbana apresentamos um levantamento dos seus exemplares mais significativos na forma de um Guia de Arquitetura da Área Insular de São Vicente. São inúmeras obras selecionadas por critérios de qualidade arquitetônica ou histórico, entre toda a produção construída nessa área. Ele é apresentado através de roteiros de visitação que seguem os bairros oficiais definidos pelo município. 

ROTEIRO CENTRO HISTÓRICO E COMERCIAL 

O centro é o coração da cidade e reúne as principais construções históricas e tradicionais, o forte comercio, incluindo edifícios de serviços e residenciais. Aí se encontra a Igreja Matriz, o mercado, as praças principais, o comercio de rua, o shopping Center, as varias repartições publicas. Ele está localizado muito próximo da orla, particularmente da Praia do Gonzaguinha, bem como das ligações com São Paulo e com as demais cidades da baixada como Santos e Praia Grande. 

PLANTA HISTÓRICA JULES MARTIN 1878. 

Foi aqui que a cidade de São Vicente começou a se estruturar em 1532. Inicialmente como povoação, depois como Vila e posteriormente como cidade, mas somente em 1895, 363 anos após a sua fundação. Neste fragmento de mapa de 1878 vemos que os limites iniciais da cidade eram o Morro dos Barbosas, a Rua do Porto (atual Marques de São Vicente), Rua da Pedreira (atual Rua Visconde de Tamandaré), Rua do Rocio (atual Rua João Ramalho) e atual Praia do Gonzaguinha. Dentro deste perímetro ficavam as principais praças e edificações principais como a Igreja Matriz, Casa de Câmara e Cadeia, o pelourinho, etc. A partir daí a cidade cresceu, aumentou seu arruamento, a oferta de transportes, como bondes e vans, mas é curioso observar que a malha viária central original pouco se alterou através dos tempos. Hoje o centro da cidade ainda concentra os principais monumentos históricos remanescentes, numerosos edifícios públicos e principalmente o comercio varejista, que é extremamente pujante e movimentado. 

IGREJA MATRIZ / 1532-1757 

A primeira Igreja Matriz foi construída sob as ordens de Martim Afonso de Sousa, em 1532, próximo à praia onde foi fundada a Vila de São Vicente. Dez anos depois, um maremoto destruiu essa construção. A segunda foi erguida pelo povo em um local mais distante do mar que, entretanto foi destruída por piratas. Em 1757, a atual igreja, singela, de estilo característico desse período colonial, é a terceira e foi reconstruída sobre as ruínas da anterior. Seu nome é uma homenagem a São Vicente Mártir, santo espanhol que deu nome e é padroeiro da Cidade. Durante a restauração da estrutura original, que foi concluída em 2006, foram descobertas lápides próximas ao altar e na escadaria da entrada. 

MERCADO MUNICIPAL / 1929-2001 

Construído em 1729, funcionou durante 186 anos como a Primeira Câmara Municipal. No prédio também funcionavam a Cadeia e o quartel da Polícia. Porém, desde 1870, São Vicente já necessitava de um posto central de abastecimento, pois todo o comércio era realizado por alguns armazéns, pequenas quitandas e vendedores ambulantes. Assim, em 1929, o local foi transformado em Mercado Municipal. Atualmente, apesar de ele ter sido restaurado recentemente, infelizmente o edifício não funciona plenamente como mercado de abastecimento de alimentos, restando apenas alguns poucos boxes de alimentos, complementados por outras lojas comerciais e serviços populares, alheios à função de abastecimento, descaracterizando o edifício. Além disso, funcionou também até recentemente como terminal rodoviário da cidade de forma muito precária e improvisada. Pela sua importância histórica, mereceria uma revitalização e animação. 

CASA MARTIM AFONSO / 1895 

Instalada numa edificação do final do século XIX e que foi parcialmente demolida em 1997, é uma homenagem a Martim Afonso de Sousa, fundador da cidade de São Vicente. Atualmente, a Casa abriga dois espaços de exposições: A Casa de Madeira e a Casa do Barão de Piracicaba. A Casa de Madeira, localizada nos fundos da Casa Martim Afonso de Sousa abriga o “Sitio Arqueológico do Bacharel”, tendo como atração uma parede histórica do inicio do século XVI, além de pecas arqueológicas coletadas na escavação do sítio e painéis explicativos das pesquisas realizadas sobre sambaquis de 2.000 ou 3.000 anos e da ocupação indígena com cerâmicas tupis de 800 anos. Essas pesquisas se iniciaram em 1997, continuaram em 2009 pelo arqueólogo Manuel Gonzalez, evidenciando vestígios da ocupação europeia do século XVI ao XX, num total de 800 pecas. A Casa do Barão de Piracicaba é a edificação que sobrou da casa construída por Rafael Tobias de Aguiar Barros, o 2º Barão de Piracicaba, em 1895 para sua residência de verão. Após vários usos, no final da década de 1990 a casa encontrava-se abandonada. Adquirida pela Prefeitura, a Casa do Barão de Piracicaba, foi transformada em espaço cultural, sendo inaugurada no ano 2000 nas comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. O espaço atualmente é utilizado para exposições na parte superior e para o Centro de Documentação e Memória de São Vicente (Cedom-SV) na parte inferior. A Casa Martim Afonso fica aberta para visitação pública de terça a domingo, das 10 às 18 horas. 





EDIFICIO NOVA ERA / 1955 / Engenheiro João Birman 

Primeiro edifício residencial construído na Praça, possui 8 pavimentos-tipo com 4 amplos apartamentos por andar e acesso aberto no térreo. Seu tratamento simples, sóbrio, monocromático em verde revela detalhes e acabamentos interiores bastante requintados, como vemos no hall de entrada. Neste edifício viveu o escritor e filosofo italiano Pietro Ubaldi até o seu fim em 1972. 

EDIFICIO ANCHIETA / 1935 /Eng. Arquiteto Ernesto Behrendt 

Tradicional esquina da cidade, antigo Edifício ZUFFO, construído nos alinhamentos das vias, está situado na confluência da Rua Frei Gaspar com Rua Martim Afonso e voltado para a Praça Barão de Rio Branco; Sua volumetria se prolongava por estas vias em corpos assobradados que serviam ao comercio. Ele foi o maior centro comercial da cidade até fins do século passado. Também foi o principal ponto de encontro cívico e de diversão dos cidadãos vicentinos por vários anos. No pavimento superior funcionou inicialmente o Serviço Royal de Autofalantes da cidade, transmitindo as principais noticias do Brasil e do mundo e animava os bailes ao ar livre da cidade. Posteriormente ai se instalou a Associação Comercial da cidade. No térreo funcionou o Bar Esporte de São Vicente, onde se reuniam os boêmios da cidade. Uma reforma posterior descaracterizou a cobertura do edifício original criando um espaço utilitário, numa espécie de sótão como se pode ver nas imagens.Hoje está um tanto descaracterizado no seu aspecto funcional e pictórico, abrigando uma loja de calcados no nível do térreo e uma escola de cabeleireiros nos andares superiores, com acesso por escada bastante limitado e inseguro. 

HOSPITAL SÃO JOSÉ (Santa Casa de São Vicente) / 1929-30 

Este edifício hospitalar, de características construtivas simples, foi erguido pela benemerência e abnegação dos cidadãos da cidade no inicio do século XX, como acontece com todas as Santas Casas desse tipo. No primeiro ano de funcionamento só havia o pavimento térreo para o atendimento médico; Posteriormente foi executado o pavimento superior para os quartos dos pacientes. Com o tempo foi sendo ampliado até a configuração atual, que ocupa toda a quadra da Rua Frei Gaspar com Rua 15 de Novembro e Rua Ipiranga, no centro da cidade 



GRUPÃO (ESCOLA DO POVO)/ 1898-1913 

Este tradicional Colégio vicentino foi fundado em 1893 com o nome de Escola do Povo por um grupo de Maçons santistas era destinado exclusivamente a alfabetização popular. Em 1913 tornou-se Escola Estadual conhecida com o nome popular de Grupão. Hoje ele é ocupado pela Escola Técnica estadual ETEC Dra. Ruth Cardozo, ligada ao Centro Paula Souza, que coordena todo o ensino profissionalizante do Estado de São Paulo. O edifício atual, de características formais neoclássicas, tem 1811 m2 de área construída, num terreno de 3.000m2 em pleno centro da cidade sofreu varias reformas e ampliações interiores, mas manteve varias características como o pátio central, seus pisos ladrilhados, sua escadaria de acesso e sua fachada original. Esta fachada conserva as colunas que sustentam em seu frontispício triangular, símbolos ligados à maçonaria e à educação, como o globo terrestre, o compasso e o livro. Está localizado em tradicional praça central da cidade, conhecida pelos Jardins da Cia City, que reunia vistosa arborização, o coreto municipal, substituído posteriormente pelo prédio dos Correios que continua no centro da praça. Hoje a praça está descaracterizada pelas construções do Camelódromo, mercado popular de artigos importados numa ponta e de uma lanchonete da rede Mcdonalds na outra, comprometendo um dos espaços públicos mais privilegiados e centrais da cidade. 

EDIFICIO CENTRO EMPRESARIAL / 1988 /Arquiteto Hugo Braz 

Edifício de escritórios com linguagem tipicamente modernista, que tem como referencia formal claramente os edifícios do Arquiteto Carlos Bratke na Av. Berrini em São Paulo. Seus materiais de acabamentos são despojados, porém reforçam, com muita clareza, os volumes e as aberturas do corpo principal, bem como das prumadas verticais de circulação.Projetado originalmente para centro medico, hoje reúne não só consultórios, mas também outros escritórios e associações de classe. 

RESIDÊNCIA RUBENS CASTANHO / 194 /Arquiteto Nilo Ramos Villaboim 

Legitimo exemplar da Arquitetura modernista para fins residenciais executado no período. Três pavimentos definem claramente as funções; no subsolo os serviços e o abrigo de autos em pilotis, a sala de estar no 1º pavimento, quase ao nível da rua, acessada por rampa curva e os dormitórios no pavimento superior. 













SEDE DA SUCEN /1987 / Projeto: Denes & Levy Associados 

Edifício de programa arquitetônico diferenciado para sede de autarquia ligada ao controle de endemias regionais. Solução baixa em 3 pavimentos, aberta e ventilada com estrutura modulada de concreto aparente, amplas aberturas, vedações externas em tijolo aparente, rampas de acesso e muros de elementos vazados. Típica linguagem característica do período moderno de materiais aparentes. As configurações das saliências de concreto da fachada denotam a existência de quebra sois para proteção das aberturas de vidro, eliminados provavelmente por falta de manutenção. 

PREFEITURA MUNICIPAL/ 1885 

Casarão tradicional da cidade edificado pelo Cel. Julião Caramuru (Julião Leocádio Neiva de Lima) em estilo eclético, com materiais importados, como telhas francesas, vidros belgas, mármore de Carrara, madeira de Riga e mobiliário fino. Ele ocupava toda a quadra com frente para a Rua Frei Gaspar, fundos para a Rua João Ramalho e lateral para a atual Rua Tibiriçá. O Cel. Julião Caramuru foi destacado cidadão e político de São Vicente, tendo chegado a presidir a Câmara Municipal. Antes de se tornar o atual Palácio Martim Afonso, sede da Prefeitura Municipal serviu para acomodar a Câmara Municipal de São Vicente. Sua fachada restaurada em 1982 está tombada pelo Condephasv. 

CASA DO BARÃO / 1925 

Este casarão eclético edificado no final do século XIX em uma grande área verde, tombada pelos Conselhos de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Município e do Estado de São Paulo. O casarão foi construído pelo barão alemão Von Prietzelwitz, em 1925 e vendido em 1944 para um médico, que montou a primeira clínica cardiológica do País, em São Vicente. Em 1965, o imóvel foi entregue à Caixa Econômica Federal, em função de dívidas não quitadas. No ano seguinte, a instituição financeira cedeu o imóvel, em comodato, ao Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente. O casarão tem 1.600 metros quadrados de área construída num terreno de 7.700 metros quadrados, reformado e restaurado graças ao apoio financeiro da iniciativa privada. O local conta ainda com um museu cujo acervo tem 1.380 peças, entre móveis antigos, quadros, fotos, animais embalsamados, objetos das culturas caiçara e indígena, quadros a óleo com reproduções históricas e até os ossos de uma baleia azul encontrada durante escavações de uma obra no Itararé. O museu funciona de terça a domingo, das 9 às 15 horas. Numa construção complementar aos fundos funciona uma pequena Biblioteca Municipal. Nos fundos também ainda existe aquela que é considerada primeira casa construída em São Vicente, destinada ao Cel. José Lopes, como vemos na ilustração. 

EDIFICIO STUDIO 60 / 1982 /Arquiteto Sylvio Sandall Pires 

Linguagem moderna para este edifício residencial de 9 pavimentos tipo, com o uso do concreto aparente par realçar a estrutura e as sacadas frontais, além do tijolo aparente tratado nas vedações externas. Nota-se certo maneirismo no tratamento do pavimento térreo. 


ROTEIRO BIQUINHA / MORRO DOS BARBOSAS 


Na realidade esta área pertence à região central da cidade, da qual é contigua e está localizada num canto da Praça 22 de Janeiro, que reúne os vários símbolos da fundação da cidade. Este ponto geográfico, de caráter histórico e estratégico da cidade, caracteriza-se pela sua grande reserva verde em pleno centro e pela enorme bandeira nacional hasteada no seu topo. No seu sopé se encontram os dois marcos históricos mais simbólicos da cidade de São Vicente: A Biquinha de Anchieta e a Ponte Pênsil. 

MUSEU DO MOSTEIRO (EX-RESIDÊNCIA FAMILIA SUPLICY)/ 1900 

Esta bela Mansão tem seu nome ligado a vários acontecimentos históricos de São Vicente. Ela se compõe de vários e amplos aposentos de dormir, de estar, de serviços e esta bela varanda e alpendre de madeira nobre. Todos os materiais da construção e acabamentos são originários da Europa. Ele está restaurado e bem conservado, junto ao Hotel Chácara do Mosteiro, e guarda relíquias e objetos dos primeiros tempos da cidade e da Historia do Brasil, como azulejos, telhas, moedas, etc., bem como mantém exposta a tradição das primeiras fazendas de cana, uva e café da região, graças à dedicação de seu curador particular Sr. Neri Ambrósio. As primeiras mudas das espécies trazidas da Europa foram plantadas a sua volta para a devida aclimatação e plantio em larga escala nas novas terras. O nome dos Barbosas deriva das primeiras famílias que habitaram o Morro ainda no século XVIII. A mansão foi construída e ocupada originalmente pela família Suplicy, no inicio do século 19. Após longo período desativada a Mansão foi ocupada pelos padres beneditinos, tendo com visitantes ilustres o Cardeal Pacelli, que se tornou o Papa Pio XII. Também se registraram outras visitas ilustres como D.Pedro II e Janio Quadros. Durante a 2ª. Guerra Mundial foi base de observação e operações do monitoradamente dos navios alemães que por aqui navegaram.O renomado pintor Benedito Calixto (1853-1927), nascido em Itanhaém, se utilizou deste lugar para perpetuar suas pinturas da orla de Santos e São Vicente. 

EDIFICIO MIRANTE/ 1935 / Arquiteto Luiz Muzi 

Este é um dos primeiros edifícios residenciais da orla com concepção moderna, de volumetria elegante, com detalhes neoclássicos no bloco circular da circulação vertical, composta de escada e elevadores, com destaque volumétrico no seu coroamento. Sua elegância, sobriedade e qualidade arquitetônica perduram até os dias de hoje. Ele possui 13 pavimentos tipo, mais o pavimento térreo e a cobertura, prevista para bar, boate e restaurante.Projeto do mesmo arquiteto do tradicional Edifício Gaudio na praia do Gonzaguinha e do Edifício Astro na orla Santista, semelhantes no estilo. 

CONJUNTO RESIDENCIAL DOS ESTADOS 

Interessante conjunto residencial separado por blocos, com nomes de Estados Brasileiros. De Arquitetura singela, com somente três pavimentos que saem diretamente do solo foi realizada com materiais tradicionais, como alvenaria e telhados cerâmicos, esquadrias padronizadas e cor discreta, se integra adequadamente na natureza exuberante do seu entorno. Além de posição privilegiada com vistas para o mar, tem na sua implantação seu ponto forte: São dois blocos laterais salientes com outro mais recuado, criando um pátio comum de vivencia e estacionamento. Atualmente está completamente diferente, pelas alterações havidas nos seus revestimentos. 




PONTE PÊNSIL / 1911-1914 Projeto: August Kloenne / Bruckenbauanstalt Eng. Miguel Presgreave / Mario Gambaro. Idealização: Eng. Saturnino de Brito 

Cartão-postal número um da cidade de São Vicente, a Ponte Pênsil foi inaugurada em 21 de Maio de 1914 sendo a primeira do gênero a ser construída no País. A ponte foi tombada como patrimônio histórico pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) em 30 de abril de 1982 e pelo Condephasv. Ela foi construída como parte do sistema de saneamento básico da cidade de Santos, juntamente com os seus canais de drenagem, a fim de transportar o esgoto sanitário dessas cidades para lançá-lo no Oceano Atlântico, junto a Fortaleza de Itaipu na Praia Grande, sobre o chamado Mar Pequeno. Desde a sua inauguração até os dias de hoje ela continua aberta ao trafego de veículos, em mão única, nos dois sentidos, ligando São Vicente à Praia Grande, como opção à Ponte sobre o Mar Pequeno. 

Do ponto de vista técnico ela é uma ponte suspensa por cabos ou tirantes de sustentação. De silhueta curva bastante harmoniosa ela tem 180 metros em um único vão livre entre os eixos das torres de 23 m de altura cada, em treliças metálicas suspensas por 16 cabos de aço, sendo 12 de 64m e 4 de 83m.A viga de rigidez é simplesmente apoiada com distancia entre apoios de 177,60m, dividida em 30 painéis com 6m de lado e duas diagonais. Cada um dos montantes que dividem os painéis é suspenso aos cabos por meio de pendurais. Os cabos na parte externa de ponte são retos e inclinados a 32 graus. A pista de rolamento em madeira está encaixada entre duas vigas de rigidez, com uma dimensão de 6,40m. Os 2 tubos que transportavam os esgotos já não existem mais, e no seu lugar há somente tubulação para o transporte de água potável. A manutenção da Ponte vem sendo realizada ao longo do tempo com a supervisão do IPT de São Paulo. A ponte sofreu recentemente uma reforma completa, com a substituição dos seus cabos de sustentação e seu tabuleiro de passagem do trafego. 


ROTEIRO GONZAGUINHA 

Gonzaguinha é o nome popular da Praia de São Vicente, bastante frequentada e que faz ligação direta com o centro histórico e comercial da cidade. Ela se estende entre o Marco Padrão e a Praia dos Milionários, tendo 800m de extensão, perfeitamente balneáveis, com calçadão, ciclovias e equipada com serviços de apoio como bares, restaurantes e quiosques. Ela reúne algumas das edificações mais antigas e tradicionais da cidade como os Edifícios Gaudio e Tumiaru e uma das Estações Elevatórias de esgoto originais da cidade 

CASTELINHO / 1931 Arquiteto Ernesto Behrendt. Proprietário Humberto Gagliasso 

Conhecido como “Castelinho” este antigo e bem conservado sobrado particular se destaca na paisagem pela sua qualidade volumétrica e pela composição dos seus acabamentos. A partir da esquina sua composição se desenvolve de forma simétrica e harmoniosa para as ruas perpendiculares que compõem a quadra. Em 1946 o imóvel foi transformado em condomínio residencial, com 6 apartamentos, dentre os quais ainda residem descendentes dos primeiros proprietários. Ele faz parte de uma Vila residencial, chamada Jardim Aralinda, conhecida como a dos Ingleses, por reunirem moradores das companhias desse país, na época áurea do café, que podemos ver a seguir. 

JARDIM ARALINDA / 193 Arquiteto Ernesto Behrendt. Proprietário Humberto Gagliasso 

Charmoso conjunto residencial composto de 36 residências de bom padrão, conhecido como Vila dos Ingleses é um verdadeiro Oasis no centro da cidade, que tem o Castelinho como ancora na sua esquina. Casas assobradadas com telhado de barro em vários estilos antigos convivem harmoniosamente em torno de generoso pátio central arborizado. O conjunto é formado por 6 residências de 2 pavimentos mais um sótão, 24 residências assobradadas sem sótão e o castelinho de 3 pavimentos composto por 6 residências. A maioria tem acesso pelo pátio interior e outras dão diretamente nas ruas. O ótimo aproveitamento do espaço da quadra e a engenhosidade da solução arquitetônica faz com que todas as residências possuam garagem de auto, numa época em que esse bem era muito raro entre nos. Suas características o transformam num autentico precursor dos condomínios horizontais de alta qualidade. As entradas do conjunto podem ser feitas tanto pelas ruas João Ramalho como pela Candido Rodrigues. Infelizmente algumas das residências sofreram um processo de “modernização” descaracterizando parcialmente este belo conjunto arquitetônico. 

EDIFICIO TUMIARU / 1948 Incorporadores: Domingos Del Nero e Juvenal Waetge 

Fachada caracterizada pelas cores azuis e brancas dos revestimentos, que destacam as aberturas e as sacadas curvas, hoje envidraçadas. Este é o segundo edifício construído nesta praia, de volumetria simples, bastante recuado da Avenida e tem 12 pavimentos-tipo com 6 amplos apartamentos por andar e estacionamento amplo no terreno dos fundos. 

EDIFICIO GAUDIO / 1946 /Arquiteto Luiz Muzi / Construtor Vitorio Morbin 

Este é um dos mais icônicos edifícios da praia e da cidade, pelas suas características formais pioneiras e pela qualidade do seu projeto e construção. Este edifício está implantado numa esquina de terreno irregular e apresenta uma linguagem moderna original, com destaque para o bloco da escada saliente de frente, com coroamento superior em forma de cúpula, acompanhado das varandas arredondadas na fachada da praia. Os ricos detalhes coloridos em verde também lhe emprestam um caráter original. Semelhante ao edifício Astro no Boqueirão em Santos, do mesmo arquiteto, este edifício residencial tem 12 pavimentos-tipo com amplos apartamentos e térreo com restaurante tradicional, além de uma curiosidade interessante. Como foi construído durante a 2ª. Guerra mundial ele foi provido de um “bunker” em seu subsolo, com capacidade para 80 pessoas, destinado a servir de refugio em caso de ataque aéreo. Hoje serve como discoteca, sem duvida um uso mais agradável. 



ESCOLA ESTADUAL MARTIM AFONSO / 1955 Engenheiro Pablo P. Marrero 

Escola de ensino fundamental com salas de aula na parte superior, administração e recreios no pavimento térreo. Nas fachadas se destacam os painéis laterais alusivos a cidade de São Vicente e o pórtico da entrada central. Esta edificação entra neste roteiro mais pelo valor histórico do que propriamente Arquitetônico. 

CENTRAL TELEFONICA TELESP-VIVO / 1976-1979 /Engenheiro Orestes Pagliuso Neto (Reforma) 

Nas imagens vemos à esquerda a edificação da central original, mais baixa com destaque para as colunas do acesso principal e à direita o edifício isolado de ampliação. Eles revelam situações diferentes do sistema de telefonia no Brasil. No original ainda há atendimento publico no posto de telefones do térreo, além dos equipamentos de telefonia situados nos dois únicos pavimentos superiores.Na ampliação, da época do milagre brasileiro dos anos 70, já se vê um edifício de 6 pavimentos, de caráter industrial, todo fechado, reservado basicamente para abrigar os equipamentos, que ainda eram eletromecânicos, muito volumosos. A expressão desses edifícios da Telesp nessa época era facilmente reconhecida pelo tratamento moderno dado ao prédio fechado pela alvenaria aparente e marcação da estrutura de concreto aparente e as aberturas para a entrada dos equipamentos. Hoje a telefonia mudou muito e está toda digitalizada e computadorizada, onde os equipamentos das centrais são pequenos e cabem em pequenos contêineres industrializados. 

EDIFICIO TIBIRIÇA /1965 / Arquiteto Joaquim Guedes 

Edifício esbelto e profundo de 12 andares, com duas unidades habitacionais por andar, com 2 dormitórios, living, dependências de empregada e garagem.Raro projeto deste arquiteto e Urbanista. Famoso por residências unifamiliares e urbanização de cidades. 



EDIFICIO ÁUREA/ 1971 /Eng. Aloysio Telles de Melo 

Interessante jogo volumétrico em lote de esquina, realçado pelo trabalho movimentado da composição do bloco principal branco, contrastando com as aberturas e o bloco da circulação posterior em azul forte. Edifício residencial com 14 andares-tipo, com 6 apartamentos pequenos por andar com sala, dormitório, cozinha, num total de 84 unidades habitacionais. Possui garagem rotativa no pavimento térreo. 

EDIFICIO ALBATROZ/ 1954 Eng. Aníbal Mendes Gonçalves 

Edifício residencial de 10 pavimentos tipo com apartamentos de 2 dormitórios onde as sacadas das salas são salientes e envidraçadas, criando um interessante movimento volumétrico na fachada principal. O pavimento térreo, bastante recuado é utilizado para comercio.A marcação em vermelho na fachada procura emprestar uma identidade particular ao edifício. 

EDIFICIOS COSTA ATLANTICA E COSTA AZUL/ 1956 Engenheiro Nelson Scuracchio 

Construídos simultaneamente com o Edifício Marrocos contiguo de esquina, estes dois edifícios residenciais justapostos tem destacadas na sua volumetria as sacadas verdes e azuis que dão para o mar. Originalmente essas sacadas eram multicoloridas. São dois blocos de 20 pavimentos cada com uma grande quantidade de apartamentos pequenos e médios. 

EDIFICIO MARROCOS / 1960 /Eng. Nelson Scuracchio 

Situado num ponto focal da praia, na confluência da Avenida Embaixador Pedro de Toledo com as Ruas João Ramalho e Amador Bueno da Ribeira este edifício residencial tira partido dessa posição propondo uma forma circular marcada pelas suas lajes horizontais para compor sua volumetria, garantindo visuais para todas as direções a sua volta. Ele tem 22 pavimentos tipo com apartamentos de 2 e 3 dormitórios + dependências, com comercio no térreo 

EDIFICIO ICARAI / 1950 / Arquiteto Lauro da Costa Lima 

Sóbrio e elegante este edifício residencial é dos primeiros a serem construídos na Praia do Gonzaguinha. Tem dois blocos de 12 pavimentos tipo de amplos apartamentos ligados pelo corpo cilíndrico da circulação vertical, junto à marquise de acesso do edifício. Seu caráter modernista de linhas simples, volumetria bem proporcionada, aberturas claras, acabamentos sóbrios e duradouros, tem uma similitude com o Edifício Mirante localizado junto ä ponte Pênsil. Este projeto é do mesmo arquiteto dos Edifícios Marahu, Humaitá e Mainumbi na Praia de Itararé. 

EDIFICIO AUDAX/ 1953 /Helio Duarte Eng. Domingos Pinto Passareli e Ivo Ferdinando Merlin 

Solução circular para as plantas tipo definem a volumetria curva e convexa em esquina privilegiada da Praia. As aberturas contínuas envidraçadas, marcadas pelas lajes horizontais, privilegiam as visuais para toda a orla. As aberturas não denotam os ambientes internos, se dormitórios ou salas. O pavimento térreo, bastante recuado e a sobreloja em corpo destacado, são destinados a comércio e serviços, com amplos jardins. 










ROTEIRO PRAIA DOS MILIONÁRIOS / BOA VISTA 

A pequena e simpática Praia dos Milionários tem somente 200 metros de extensão e está situada junto às pedras da Ilha Porchat, indo até a Praia do Gonzaguinha, com águas muito tranquilas, formando uma baia ideal para a pratica de pesca e esportes náuticos. Propicia uma bela vista da baia de São Vicente bem como da Ponte Pênsil, em magníficos pores do sol. O nome dos Milionários é uma referência ao hábito dos proprietários de lanchas que ali paravam e ainda ancoram seus barcos para um refrescante mergulho. O bairro de Boa Vista, contiguo a ela, tem a tradição de reduto boêmio da orla, reúne bares, restaurantes e muitos edifícios residenciais e estabelecimentos comerciais. 

EDIFICIO RIVIEIRA / 1956 /Eng. Ivo Ferdinando Merlin 

Edifício residencial de 9 pavimentos tipo + dois mezaninos com salões e térreo de desenho volumétrico simples, com destaque para as jardineiras salientes dos caixilhos da fachada. O detalhe do elemento vazado amarelo do térreo denota uma solução recorrente dos edifícios da época da sua construção. 

ESTACÃO ELEVATÓRIA THOMÉ DE SOUZA / 1932 / Engenheiro Saturnino de Brito 

Remanescente da antiga Estação Elevatória do sistema esgotos da baixada santista. Ela foi projetada em 1932, pelo Engenheiro Saturnino de Brito, juntamente com as demais elevatórias e Usina de tratamento bem como de todo o sistema de tubulações, quando da realização do saneamento básico do litoral, juntamente com os canais de drenagem de Santos e da Ponte Pênsil.Esta parte externa visível é somente o abrigo para o acesso à estação, que já foi substituída por outra enterrada, no mesmo local, com maior capacidade feita pela Sabesp, concessionária desse serviço publico. O abrigo tem planta hexagonal, com grandes aberturas, inclusive chaminés para eliminação dos odores e são revestidas de azulejos importados, tanto interna quanto externamente. Ele é semelhante a outros construídos na mesma época na Baixada Santista. Hoje este patrimônio histórico. 

EDIFICIO GRAJAHU / 1946 Arquitetos João Marino e Ary de Queiroz Barros. Eng. Evaristo V. Costa 

Pioneiro nesta praia este grande edifício residencial tem implantação privilegiada com apartamentos com vistas panorâmicas para o mar. Há um jogo interessante dos corpos que compõem sua volumetria, com elementos pergolados no térreo, apesar dele ser um tanto visualmente pesado na sua implantação com o solo. 

RESIDENCIA ALEXANDER EDOUARD GRIEG-MARIA DILECTA GRIEG/ 1941 

Este grande e tradicional casarão dos áureos tempos do café era cercado de imenso jardim com árvores centenárias e estava situado em uma das Avenidas principais da cidade. Ela foi demolida para provavelmente para dar lugar a outro espigão residencial, ignorando mais uma vez a memória iconográfica da cidade. 











RESIDENCIA OLAVO HORNEAUX DE MOURA / 1946 Arquiteto Gregori Warchavchic projeto original- Jorge Bierrenbach Senra - reforma 

Esta outra bela residência situada em uma das esquinas mais movimentadas do bairro está vazia e aguardando locação comercial. Seu projeto original está assinado por um dos mais importantes arquitetos modernistas do Brasil, Gregori Warchavchic, russo de nascimento, contemporâneo de Lucio Costa, Frank Lloyd Wright e outros artistas da semana de arte moderna de 1922. Este arquiteto foi responsável por obras pioneiras como as residências da Rua Santa Cruz em 1927, Rua Melo Alves em 1929, Rua Itápolis em 1930, ambas em S.Paulo e tantas outras. Ela foi reformada posteriormente por Jorge Bierrenbach Senra, em 1969. Hoje está instalada uma agencia do Banco Itaú Personalite, após nova reforma, que descaracterizou definitivamente o imóvel. 

EDIFICIO FERNANDA /1950. Arquiteto Oswaldo Arthur Bratke 

Este edifício é uma relíquia do brilhante arquiteto brasileiro, Oswaldo Arthur Bratke, autor de memoráveis obras de arquitetura e do urbanismo moderno brasileiro, como o bairro do Morumbi, a Vila Serra do Navio, a Residência Oscar Americano e tantas outras, como o loteamento original da Ilha Porchat e algumas das suas residências iniciais. É pai de outro famoso arquiteto contemporâneo chamado Carlos Bratke. Pequeno edifício residencial de 4 pavimentos, com somente 9 apartamentos, acabamento discreto, proporções agradáveis com tratamento interessante no recuo lateral onde se dá o acesso ao edifício através de rampa de meio lance. Ele contrasta em escala e delicadeza com seu vizinho de frente, o Edifício Caribe, de 22 pavimentos. 

EDIFICIO CARIBE / 1965 / Arquitetos Botti e Rubin 

Enorme torre residencial de 22 pavimentos tipo, com 21.865 m2 de área construída e 3 andares de garagem. Linguagem característica do modernismo na Arquitetura, com estrutura de concreto aparente a mostra, com a torre de apartamentos destacada do embasamento, que neste caso se constitui do bloco de garagens elevado da rua e sobre os pilotis do térreo de acesso ao prédio. Sua localização é privilegiada onde as têm magníficas vistas para as praias do Gonzaguinha e Milionários. Na cidade ele é popularmente conhecido como “picolé”, pela sua forma afunilada para o alto. 













ROTEIRO ILHA PORCHAT 


De geografia privilegiada e situada em posição estratégica, a Ilha Porchat possui ótimas vistas panorâmicas para toda a baia de Santos, São Vicente e mar aberto. Sempre foi reduto de mansões milionárias e atividades ligadas ao lazer, como clubes, cassino e discotecas. Teve um projeto de urbanização realizado em 1942, pelo Arquiteto Oswaldo Arthur Bratke, que previa somente residências unifamiliares, sem edifícios, que evidentemente não foi obedecido. Inclusive, posteriormente na década de 50 o mesmo arquiteto fez projetos de algumas residências, baseadas no seu projeto inicial de ocupação da ilha, que não sobreviveram. Grande parte dos lotes da Ilha Porchat pertenceu a família Porchat e ao Cassino, inaugurado em 1938 e que reunia a aristocracia brasileira. Hoje além de amplas residências, edifícios residenciais ela reúne de lazer e entretenimento como restaurantes, boates e salões de eventos. Ainda preserva muita vegetação sendo rodeada de muitas pedras, portanto sem praias; o acesso aos seus edifícios se faz por caminhos internos, bastante restritos e tortuosos. Oficialmente ela pertence ao bairro do Itararé, ao qual se une por via de ligação terrestre, portanto tornando-se um istmo do ponto de vista geográfico. Pela posição estratégica na entrada da barra sempre esteve ligada à defesa da cidade. Inicialmente conhecida como Ilha do Mudo, folclore sobre seu primeiro habitante, posteriormente foi loteada pela família Fracarolli, para mansões de luxo e cassino. 


EDIFICIOS SANVI E GUARU PORCHAT/ 1962 e 1967 Soc. Engenharia Lima, Nelson Rodrigues Otero 

Suas fachadas principais estão voltadas para a Praia de Itararé, com acessos pela Ilha no seu lado posterior. De bom padrão de acabamento, ambos possuem apartamentos residenciais generosos, tipo duplex. Volumetria trabalhada de grande altura, onde se percebe através das aberturas e tratamento dos materiais, o tipo de dependência interior, se dormitórios ou salas de estar. 

MONUMENTO 500 ANOS/ 2000 / Arquiteto Oscar Niemeyer 

Originalmente previsto para ser construído na entrada da Ilha Porchat, à direita de quem olha a Baia de São Vicente, este monumento foi planejado para abrigar um grande espaço de exposições ligadas ao descobrimento do Brasil, aberto à visitação pública, que não se materializou completamente. Expressão plástica característica desse famoso Arquiteto brasileiro, traduzida por uma casca de concreto em forma de vela branca, com 25m de altura e 25 m de extensão ela está apoiada num grande plataforma-belvedere, imersa em densa mata no alto da Ilha Porchat. As visuais das praias do Gonzaguinha e de toda a baia de Santos são realmente espetaculares, graças à sua implantação privilegiada. Afirmam que o mirante aponta uma linha imaginária em direção ao Congresso Nacional em Brasília, outra importante obra de Niemeyer. 
















ROTEIRO PRAIA DE ITARARÉ

A Praia de Itararé se estende por 2,5 quilômetros, numa larga faixa de areia branca e jardins generosos, que vai da ponte de ligação com a Ilha Porchat por um dos lados, até o emissário submarino na divisa com Santos. Talvez seja a mais badalada da cidade. Ela é servida de bons equipamentos como quiosques, chuveiros, sanitários equipamentos de ginásticas. Sempre há boas condições de balneabilidade e para a prática de esportes em geral. Ao longo dela ou nas proximidades podemos destacar vários pontos turísticos interessantes. O teleférico, que leva ao Morro do Voturuá, extensa área verde que lhe faz fundo, com a plataforma de saltos para asa delta e paraglider, e servido de um restaurante com vistas panorâmicas magníficas.Há um calçadão com quiosques que a acompanha em toda a sua extensão; recantos para churrascos e jogos, bem como restaurantes e bares, frequentes feiras de eventos. A utilização da Praia de Itararé reserva momentos de descontração e prazer, pelas águas calmas e abrigadas, além das ótimas visuais circundantes. De sua extensão é possível se avistar muito verde e os navios ancorados ao largo que aguardam a entrada para o Porto de Santos, bem como aqueles que navegam pelo Canal. 

EDIFICIO MARAHU / 1955. Arquiteto Lauro da Costa Lima 

Legitimo exemplar do período modernista de alta qualidade da Arquitetura Brasileira, que buscava o racionalismo, a simplicidade e a pureza no desenho, sem os enfeites e adereços do estilo neoclássico. Apresenta estrutura aparente, os pilotis no térreo, laje de cobertura plana, marquise e plantas funcionalistas. Este edifício de curvas sinuosas, venezianas originais de madeira, perfeitamente conservado tem implantação privilegiada de frente para a Praia de Itararé e fundos para a Praia dos Milionários.Com 15 andares e 4 unidades por andar, de 2 e 3 dormitórios, num total de 60 apartamentos. Possui toda infra estrutura necessária ao bem morar, composta ar condicionado central, garagens, salão de festas, churrasqueira, gás canalizado, coleta seletiva de lixo e um eficiente corpo de servidores. É a morada do autor deste trabalho. 

EDIFICIO HUMAITÁ / 1961 /Arquiteto Lauro da Costa Lima 

Este edifício residencial de 14 pavimentos tipo mais pilotis no pavimento térreo foi projetado pelo mesmo arquiteto dos edifícios vizinhos, Mainumbi e Marahu e na mesma época. Mas, diferente daqueles, possui uma volumetria prismática de esquina, valorizando e padronizando a caixilharia das aberturas em marrom e jogando com as sacadas salientes brancas em contraste com ela. Também como aqueles a linguagem é modernista, limpa e clara, onde se percebe a estrutura, as vedações e os detalhes construtivos muito bem elaborados. 

EDIFICIO MAINUMBI / 1954 /Arquiteto Lauro da Costa Lima 

Constituído de apartamentos de 2, 3 dormitórios e duplex, este edifício de 13 andares tem uma volumetria prismática marcada pelas lajes horizontais salientes, empenas azuis e composição elegante das aberturas. Está implantado em esquina valorizada da orla do Itararé 

EDIFICIO TROPICAL / 1961-1964 / Arquiteto João Marino 

Este é o edifício de frente para a Praia pertence a um conjunto residencial composto por 2 dois outros blocos, um também de frente para praia outro curvo e mais alto, voltado para a rua Lateral numa implantação interessante, ao redor de um amplo jardim. Volumetria clara com a demarcação dos elementos estruturais e caixilharia bem definidos. 

EDIFICIOS JAMAICA E TRINIDAD / 1961-1964 / Arquiteto João Marino 

Estes edifícios residenciais mais altos e que estão atrás compõem, com o Edifício Tropical, que está na frente, um denso conjunto residencial voltado para um amplo jardim interno.Típicos exemplares modernistas eles tem elegantes proporções, com volumetria marcada pela estrutura, com os pilares e lajes aparentes, peitoris de cores fortes e diferenciadas por blocos e amplas aberturas. 




EDIFICIO MARINGÁ / 1951 / Eng. Arquiteto F. J. Pinotti 

Edifício residencial baixo e singelo, porém diferenciado através do tratamento da volumetria e dos acabamentos. O uso dos materiais como tijolo cerâmico aparente, cobertura de barro, caixilharia de madeira, condutores de águas pluviais, aplicados de forma honesta e aparentes lhe emprestam uma personalidade diferenciada na quadra 

EDIFICIOS PLACE PIGALLE E PLACE VENDOME, 1984-199 Arquitetos Silvio Sandal Pires e Oscar A. Copelache Jr. 

Dois blocos residenciais compõem este conjunto de 13 pavimentos-tipo com apartamentos de 3 dormitórios de frente para a praia (Pigalle) e de 2 dormitórios na lateral (Vendome). Volumetria bem trabalhada com destaque para as aberturas e saliências coloridas.Tem 3 níveis de estacionamento, no térreo, subsolo e mezanino que garantem as vagas necessárias de autos. 

EDIFICIO SAINT DESIR / 1976 / Engenheiro Delfim Pereira 

Volumetria clara marcada pelo requadramento das empenas laterais e do coroamento, com uma composição delicada e precisa das aberturas e com valorização das lajes e a coloração destacada dos peitoris. Prédio de apartamentos de esquina com 13 pavimentos tipo + térreo e mezanino. 

EDIFICIO SAINT CHARLES / 1978. Arquiteto Claudio Abdala / Engenheiro Luis Rodrigues Otero 

Edifício residencial de 13 pavimentos tipo com 4 apartamentos de 2 dormitórios por andar e 1 subsolo de garagem. Linguagem em concreto aparente pintado com trabalho de marcação das lajes, com saliências das varandas das salas de estar com vistas para o mar. 

EDIFICIO IGUASSU / 1945-1948 / Engenheiro Evaristo Valadares Costa 

Este edifício residencial foi dos primeiros a ser construído na Praia do Itararé, juntamente com seu vizinho o Edifício Tamoyo. São 9 andares tipo com 4 apartamentos por andar, mais um pavimento térreo de aparência bastante robusta pelo seu tratamento de pedra, ocupado por comércio. Hoje está situado em esquina de grande movimento viário, na chegada da linha amarela junto à orla, que lhe prejudica a implantação outrora isolada, porem ainda preserva suas características e cores originais. Foi refugio de importantes artistas aqui radicados como o filosofo italiano Pietro Ubaldi. 












EDIFICIO TAMOYO / 1947-1951 /Evaristo Valadares Costa e Eng. Plácido Dall Acqua 

Imponente edifício residencial de conformação interessante em movimentada esquina da Avenida da orla, com forma curva arrematando o “corner” das vias, privilegiando as visuais para a praia. Constituído de 6 unidades habitacionais de 2 dormitórios nos 11 pavimentos tipo + térreo também utilizado para as unidades, que nascem do solo, sem pilotis. Não há garagem no prédio. Linguagem limpa com clara exposição das aberturas, onde se percebe o tratamento diferenciado dado aos dormitórios e as salas de estar. Hoje sua implantação está prejudicada por se encontrar “ilhado” entre duas avenidas de grande movimento viário que dão para a orla. 

EDIFICIO TREZE LISTAS / 1958-61 /Eng. Pedro Sformaglia 

Edifício residencial com 13 pavimentos-tipo, de Interessante volumetria curva e cromatismo vibrante, que faz alusão ao número de faixas e às cores vermelho e branco da bandeira paulista. Curioso tratamento decorativo foi dado às colunas dos pilotis, bastante altos e vazados, entremeados pela rampa de acesso ao edifício e do estacionamento. Sua implantação está numa perpendicular à orla na primeira quadra, junto a antiga linha do trem. Nessa condição sua insolação e visuais hoje ficaram prejudicadas pela construção de outro edifício à frente, lindeiro à praia. Hoje sua pintura colorida foi modificada para um tratamento monocromático. 

EDIFICIO COLUMBIA / 1950- 1954 / Engenheiro René Andraus 
Este edifício residencial de 14 pavimentos com 4 apartamentos por andar é um dos pioneiros da Praia. Destaque na pintura avermelhada para os elementos “art-deco” aplicados nas fachadas. Seus terraços salientes movimentam as fachadas laterais e de frente do edifício. O edifício com movimentada volumetria dá fundos para a antiga Estrada de Ferro. 

EDIFICIO ANDORRA / 1963 / Arquiteto Marlio Raposo Dantas 

Edifício residencial de 14 pavimentos tipo, de esquina, com interessante volumetria movimentada pelas suas fachadas curvas e o jogo das sacadas salientes.Tratamento bastante claro dos materiais de acabamento através da marcação das lajes estruturais e das varandas em concreto aparente e das paredes curvas. O pavimento térreo fica praticamente junto ao alinhamento da Avenida, prejudicando seu acesso. 

EDIFICIO JAPUI / 1963 /Engenheiro Alberto Sanches Bitencourt 

Edifício residencial com 16 pavimentos, linguagem moderna, simples sem adereços, com predomínio horizontal das aberturas pintadas em azul e peitoris horizontais uniformes e uma caixa d’água superior destacada. Térreo ocupado com o acesso e garagem em 2 níveis. 

EDIFICIO DIVISA / 1949 /Construtora Guerra & Gomes 

Pequeno edifício residencial de 7 pavimentos tipo com amplos apartamentos de 3 dormitórios com dependências, mais o térreo destinado ao comercio, situado na divisa entre São Vicente e Santos. Sua volumetria é diferenciada na quadra pelas fachadas constituídas de empenas vermelhas e de amplas varandas curvas salientes, tratadas de forma contrastante.Pertence a primeira safra de edifícios do Itararé, junto com os edifícios Iguassu e Tamoyo. 



ROTEIRO PARQUE BITARU 

Esta área abrange a tradicional Vila dos Pescadores (antigo Porto Guamium) cujas bordas dão para a Baía do Mar Pequeno entre a Ponte Pênsil e a ponte do Mar Pequeno, ambas que ligam ao Continente em direção à Praia Grande. No Biturú se encontram além da Rua Japão com peixarias e restaurante, o Centro de Convenções e Teatro Municipal (hoje adaptados para outras funções), o Fórum, a E.E. Prof. Leopoldo José Santana, a Câmara Municipal, a Universidade Estadual UNESP e os dois cemitérios verticais da cidade, na sua parte mais alta. 

FORUM DE SÃO VICENTE / 1974 /Projeto Departamento de Obras Publicas / SP 

Edifício construído nos moldes de projeto-padrão dos vários fóruns do Estado de São Paulo, elaborados pelo extinto Departamento de Obras Publicas (DOP). Sua linguagem segue o repertorio modernista, com a nítida separação entre o longo volume prismático horizontal elevado, claramente definido, revestido por grelha de concreto e que protege as aberturas e o bloco térreo solto de acesso. O acréscimo posterior do volume com o mapa de concreto na esquina não se incorpora adequadamente ao conjunto arquitetônico. 

CEMITÉRIO VERTICAL MUNICIPAL (MEMORIAL DE SÃO VICENTE) / 1998. Eng. Roberto Diz Torres 

Na quadra inteira doantigoCemitério Municipal tradicional, de sepultamento horizontal foi construída esta torre vertical, com 9 andares com 4.000 jazigos e 2.000 ossuários, capela, 2 velórios e administração. Equipada dos demais complementos adequados, para aumentar sua capacidade e resolver carências para os sepultamentos. Administrado pela Sempre, empresa concessionária pela Prefeitura do Município sua volumetria arquitetônica busca de linguagem contemporânea limpa com emprego de vidro e marcação das lajes estruturais. 

CEMITÉRIO VERTICAL METROPOLITANO / 2001 /Arquiteto Francisco Jose Carol 

Cemitério vertical em torre de 12 pavimentos-tipo, destinados a gavetas para sepultamentos, mais demais complementos, com acabamentos sofisticados, administrado pela iniciativa privada. Curiosamente edificada na mesma praça de outra torre de igual função do cemitério tradicional, configurando um exagero funcional no zoneamento da cidade.



*Edison Eloy de Souza, arquiteto pela FAU-USP. Mestre e Arquitetura e Urbanismo. Professor universitário. Presidente dos Sindicato dos Arquitetos de São Paulo (1983). Presidente do IASP; vice-presidente do IAB e Conselheiro do CREA-SP. Gerente Regional do CAU/SP na Baixada Santista.


Patrimônio arquitetônico para ser apreciado à beira mar

Projetado em 1955, o Edifício Marahu, na Baixada Santista, guarda o melhor das construções modernistas brasileiras


Por Raul Juste Lores

Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura

 
Preservação impecável do sexagenário Marahu; o segundo à direita dele, o Edifício Humaitá, é do mesmo arquiteto, Lauro da Costa Lima (@drone.cyrillo/Veja SP)


Quando o Edifício Marahu foi projetado, em 1955, em São Vicente, a Baixada Santista vivia um particular boom. A abertura da Via Anchieta, entre 1947 e 1953 (a pista sul), propiciou uma corrida de paulistanos que queriam um pied à terre à beira-mar. Para sorte de Santos, São Vicente e Guarujá, o período coincidiu com a melhor produção arquitetônica da história do mercado imobiliário brasileiro. Muitos dos renomados arquitetos e engenheiros da capital desceram a serra e puseram seu talento a metros da areia.

Um desses profissionais era o engenheiro-arquiteto paulistano Lauro da Costa Lima. Nascido em 1917, ele estudou no Colégio São Bento e se formou em engenharia pelo Mackenzie em 1941. Foi estagiário no escritório de Eduardo Kneese de Mello, e pronto abriu o seu. Seus primeiros projetos para São Vicente datam dos anos 1940.

Como a Anchieta começou a ser construída em 1939, era natural que houvesse uma corrida para chegar lá primeiro. O Cassino da Ilha Porchat tinha sido aberto em 1938, quando os raros carrões ainda desciam pelo velho Caminho do Mar, e o arquiteto Oswaldo Bratke até planejou um condomínio de casas de alto padrão para a “ilha” (na verdade, um promontório rochoso ligado ao continente), que não foi executado. É justamente diante do istmo que liga a Praia do Itararé à Ilha Porchat que se instalou o Marahu. O arquiteto soube tirar proveito do terreno: os apartamentos têm vistas para a Praia do Itararé, nos fundos para a Praia dos Milionários, além da Porchat.


No encontro das praias Itararé e Milionários, o Edifício Marahu, em São Vicente (@drone.cyrillo/Veja SP)


Tudo nele remete ao melhor da arquitetura moderna brasileira: os pilotis, a marquise sustentada por finas colunas em V, a ondulação da fachada que cita o Copan (lançado três anos antes). Com quinze andares, quatro apartamentos em cada, de dois e três quartos, teve alguns ocupantes ilustres, do ex-presidente Jânio Quadros ao falecido cartola do Corinthians Vicente Matheus.

As venezianas de madeira impecavelmente bem conservadas e o concreto aparente matam de inveja os diversos vizinhos da orla que passaram por reformas pouco inspiradas, com a substituição das pastilhas originais por lajotas baratas (muitos ficam com cara de banheiros gigantes). Lauro da Costa Lima fez vários outros edifícios na cidade: Icaraí, Mainumbi e Humaitá.


Publicado em VEJA SÃO PAULO de 8 de janeiro de 2020, edição nº 2668.



MUSEU À BEIRA DO OCEANO



Projeto de Lina Bo Bardi concebido para São Vicente foi a base da Casa de Vidro e do MASP. Tornou-se um ícone da invenção e considerada uma das 50 melhores imagens de arquitetura do mundo.

Além de edifícios com projetos arquitetônicos arrojados, São Vicente já foi alvo da vanguarda artística paulistana, que se deliciava nas praias, e que inspirava obras que deixariam a cidade imortalizada da história da arte e da cultura. Em 1952 surgiu em São Paulo a ideia do MASP, projeto modernista conjunto de Pietro Maria Bardi e Assis Chateaubriand que seria considerando o primeiro da América Latina nessa categoria. O Museu de Arte de São Paulo funcionou nas instalações dos Diários Associados até que ganhasse sede própria no Parque Trianon, na avenida Paulista. 

Mas o protótipo que deu origem ao mais conhecido museu da Capital foi um projeto elaborado em 1951 pela mesma arquiteta, Lina Bo Bardi. Era o Museu à Beira do Oceano, concebido para ser construído na praia de São Vicente ( não se sabe se seria no Gonzaguinha ou no Itararé). Na época o a cidade era governada pelo prefeito Charles Dantas Forbes, conhecido pelos seus esforços e marca pessoal em transformar São Vicente numa sofisticada estância balneária. O projeto nunca saiu do papel, talvez por falta de recursos ou falta de terreno, já que a construção sobre a faixa de areia dependia da autorização do governo federal. Mesmo assim o projeto de Lina Bo Bardi foi desdobrado como base da nova sede do Museu de Arte de São Paulo, tornando-se objeto permanente de estudos de engenharia e arquitetura em obras especializadas no Brasil e no exterior. 

“Em seus estudos para o Museu à Beira do Oceano (1951), Lina Bo Bardi concebe um paralelepípedo elevado do solo por pórticos transversais, com a face voltada para o mar inteiramente transparente. Nas perspectivas internas a autora utiliza da mesma técnica de foto-colagem de Mies para apresentar a transparência do recinto expositivo em relação à paisagem. Entretanto o desenho de Lina Bo Bardi se mantém fiel à sua formação italiana reproduzindo algumas características da pintura de De Chirico e de Sironi. Comparado ao desenho de Mies, o plano de piso assume uma proporção muito maior em relação às obras expostas e apresenta uma continuidade em perspectiva com o plano horizontal da paisagem. Ao acentuar o vazio, o espaço entre os objetos expostos, Lina recria a suspensão temporal da pintura metafísica. Na exposição representada encontram-se obras antigas e modernas, entre elas a mesma Guernica de Picasso reproduzida com destaque no desenho de Mies. Já comparece um objeto da cultura popular brasileira – uma carranca de barcos do Rio São Francisco, tema que viria a dominar suas preocupações no final daquela década.

Como o Museu à Beira do Oceano não foi construído, a arquiteta teria a oportunidade de experimentar a transparência total no projeto da sua residência, a Casa de Vidro. (...) O projeto do segundo Masp partiu dessa situação, com duas diferenças em relação aos projetos do Museu à Beira do Oceano e da Casa de Vidro. A primeira é a maior intensidade de ocupação da pinacoteca do Masp pelas obras dispostas nos suportes de vidro que a afasta do vazio metafísico sugerido no Museu à Beira do Oceano. A segunda é que o Masp assumiu a continuidade visual e espacial com a cidade, disfarçada na Casa de Vidro pelo enfoque na vegetação”.



BARDI, Lina Bo, Museu à Beira do Oceano, Habitat, São Paulo, n. 8, e BARDI, Lina Bo. Museu de Arte di San Paolo del Brasile, in L’Architettura, Cronache e Storia, Roma, n. 210, abril;1973.






O projeto “Museu à Beira do Oceano”, de Lina Bo Bardi, ilustra a capa da oitava edição da Revista Habitat, lançada em 1952.


Lina publicou um artigo sobre as propostas arquitetônica e educacional que pensou para a construção deste museu na praia de Itararé, em São Vicente.


A edição conta com o texto "Balanços e perspectivas museográficas: o Museu de São Vicente", escrito por P.M. Bardi, que comenta o projeto de Lina:


“Se o Museu de São Vicente lograr êxito nos seus desígnios, isto é, se tornar um organismo através do qual o homem da cidade possa tornar-se aos poucos, contemporâneo de todo o mundo moderno, cada vez mais conscientemente, teremos criado um meio de tornar a cultura um fato verdadeiramente vital e popular”.
O projeto do Museu não se concretizou.

Crédito: Instituto Bardi / Casa de Vidro



Cobertura e cúpula do Edifício Gáudio. Foto de Mário Rodrigues. 


VICTÓRIO MORBIN, figura marcante da vida cultural e empresarial de São Vicente nas primeiras décadas do século passado. O construtor do emblemático Edifício Gáudio, onde chegou a realizar exposições de artes plásticas, deixou outras obras na cidade e também vivas lembranças dos concursos de beleza feminina nas praias vicentinas.

Prédios de São Vicente. MÁRIO RODRIGUES. https://www.instagram.com/prediosdesaovicente/



De vila praiana e bucólica dos anos 1910 a cidade de turismo de massa nos anos 1970. O fenômeno foi registrado pelo fotógrafo paulistano Boris Kauffmann, nos anos 1950, como nesta cena bucólica do Boa Vista e da Ilha Porchat. Ao fundo, em destaque, o Edifício Grajaú. Kauffman também registrou o apogeu turístico da Praia do Gonzaguinha , que inciasva a demolição das cassas para dar lugar aos grandes edifíciode apartamentos. 


Das cinco grandes cidades da Baixada Santista – Guarujá , Santos, Praia Grande e Cubatão – São Vicente é a que mais se destaca como ponto geográfico e turístico. 

Todas essas cidades possuem seus encantos e virtudes, incluindo as pequenas como Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá e Bertioga – mas São Vicente se impõe pelo seu patrimônio natural, fortemente marcado no relevo pelos contornos belos e harmoniosos das praias e morros. 

Essa paisagem, comparada com poucas da região, tem ainda a vantagem de se apresentar como um fenômeno de proximidade e acessibilidade, o que, para o turista e morador, representa o conforto do aconchego e da constante sensação de permanência e desejo de retorno. 

Tudo que é artificial na cidade pode ser facilmente identificado, sobretudo quando se trata de problemas urbanos e equivocadas intervenções humanas na paisagem. Elas sempre ocorreram e se ampliam na medida em que vertem para cá os constantes fluxos migratórios das regiões pobres do país, em busca de trabalho e renda. Também o turismo predatório de fim-de-semana, apesar das medidas reguladoras, persiste como uma ameaça, seja porque destrói o meio ambiente, seja porque estimula os aspectos ruins da expansão imobiliária. 

São Vicente não é uma cidade de grandes posses e sua arrecadação não é muito significativa em relação às demais cidades do litoral. Não possui a força política da sua principal vizinha – Santos - e mesmo assim persiste e resiste na sua autonomia política e na sua sobrevivência como opção de vida urbana. 
A cidade resiste ao tempo. Não se degrada geograficamente e sempre se supera como comunidade e organização social. Até quando? Como no passado colonial, sua trajetória ao longo das primeiras décadas do século XX é uma luta pela sobrevivência da natureza, através de mudanças e permanências na relação entre paisagem natural e a intervenção humana. 

Estamos quase na terceira década do século XXI e poucos sabem com certeza como será São Vicente nos próximos 50 anos. 

Sabemos que a paisagem vai sofrer mudanças profundas nos próximos anos e que o crescimento vertical é uma tendência praticamente irreversível. Como foi nas décadas passadas, ele também deverá ser o grande fator de transformação da economia local nas próximas décadas. 
Sabemos como foi o passado vicentino, quando a sua posição de liderança foi sendo gradualmente reduzida pelo espírito de autonomia e desenvolvimento das suas filhas – sobretudo a vila santista. Atingiu um ponto preocupante de decadência e dispersão nos anos 1980, recuperou-se um pouco mais tarde e agora tenta definir novos rumos diante das novas perspectivas que se abrem na economia regional. 

São Vicente, pela sua conurbação histórica com a cidade de Santos e agora com Praia Grande, é o principal alvo de expansão dos negócios da Baixada Santista e ponto estratégico-logístico dessas transformações sócio-econômicas da região. A cidade pode ser um novo suporte portuário regional de importação e exportação e sua área continental – muito próxima a ao pólo industrial de Cubatão e ao Planalto Paulista – continua sendo um grande potencial de desenvolvimento. 

SÍTIO VOTURUÁ




Uma das cachoeiras do Sitio Voturuá. Parte do sítio foi doado por Dona Felipa Emmerich à prefeitura para que a cidade instalasse uma base de abastecimento de água. As terras do sítio foram transformadas no Horto Municipal, criado em 1954. A captação sistemática para abastecimento e a modificação das condições que permitiam o fluxo natural de água provocaram a extinção das cachoeiras. 



CRISE DE ABASTECIMENTO. 

"Em 1951, o Prefeito José Monteiro tentou resolver a crise do abastecimento de água - verdadeira calamidade pública - através da abertura de poços artesianos. Abriu o primeiro poço no Parque Bitaru fornecendo 36.000 litros.  Depois abriu mais dois no Voturuá, que fornecia 10.000 litros por hora quarto poço na Rua Bento Viana, que não chegou a fornecer 15 mil litros e perfurou o quinto e último poço, ainda no Voturuá, também sem a obtenção do um volume de água satisfatório. Constatou-se que esses poços ajudavam o abastecimento, mas não ofereciam condições de solucionar a crise. Na foto acima, vê-se no primeiro plano o Prefeito José Monteiro, o então futuro Prefeito Charles A. de S. Dantas Forbes, o então futuro vereador Oswaldo Toschi, o vereador Edmar Dias Bexiga, o Médico Gilberto Lins Cavalcanti e o Chefe do Cadastro Municipal, João Rodrigues Caldeira". Poliantéia Vicentina, 19982.

Comentários- São Vicente na Memória

Fernando Simão: Na minha infância, meados dos anos 60, lembro que havia cortes diários no fornecimento de água em SV. Menino ainda, tinha que carregar baldes de água para minha casa no centro de SV. Morava nesta época no 2o. andar de um prédio sem elevador. O problema só se resolveu com a construção do tunel-reservatório do morro da Nova Cintra no final da década de 70. Desde então o reservatório abastece SV e Santos. Com o crescimento desordenado das 2 cidades , e sem novos investimentos desde aquela época, é provável que teremos problemas em futuro próximo.

Orlando Bexiga: Meu tio Edmar Dias Bexiga está a esquerda da foto

A EXPLOSÃO IMOBILIÁRIA


Nas décadas de 1940 e 1950, em função da construção da rodovia Anchieta e do pólo industrial de Cubatão, São Vicente torna-se foco do turismo regional e alvo de uma intensa de expansão imobiliária, acompanhada da verticalização de moradias. Até então predominavam as antigas casas populares geminadas na região central; os chalés de madeira e pequenas casas de alvenaria nos bairros periféricos da ilha; os sobrados de classe média nos bairros próximos da orla; e finalmente os casarões da classe alta, esbajando grandiosidade e refinamento arquitetônico em todos os estilos em voga. 

Esse cenário vai ser modificado pela indústria da construção civil, voltada principalmente para os edifícios da orla e da avenida presidente Wilson. O preço do metro quadro praiano entra em ascesce inflacionária obrigando uma reorganização dos negócios da construção civil em busca da massificação da unidades imobiliárias. Entram em cena a especulação, quando as mansões permanecem por longos tempo fechadas ou são alugadas e adaptadas para pequenos hotéis e pensões de turismo sazonal.

Num segundo momento vieram as demolições e a o grande volume de processos de autorização para construção de edifícios. Entre 1950 e 1970 , segundo dados do IBGE, foram construídas em São Vicente 30 mil unidades habitacionais, cerca de 10 mil por ano. Em alguns períodos esse número atingia a soma de mil unidades por mês. Segundo relado da Poliantéia Vicentina (1982) o fenômeno teve como contrapartida um surto imigratório causado pela grande oferta de mão-de-obra, logo ocupada por imigrantes, sobretudo os nordestinos. A publicação traz ainda uma curiosa relação nominal de edificações que eram consideradas sinônimo de transformação e progresso da antiga e pacata vila balneária do estrangeiros residente e paulistanos: 

“Edifícios principais, construídos ao longos de três décadas e que refletiram os estilos arquitetônicos das diferentes épocas, bem como do poder aquisitivo dos bairros e do seus proprietários:

Edifício Icaraí - Edifício Gáudio - Edifício Tumiaru – “Castelinho” Jardim Arealinda, Edifício Grajaú - Edifício Jomar - Edifício Brasil - Edifício Divisa - Edifício Inajá - Edifício Induá - Edifício Paulista - Edifício Tamoio - Edifício Marabá - Edifício Mirante - Edifício São José - Edifício Columbia - Edifício "Grupo dos Estados" - Edifício Vitória - Edifício Iguassu - Edifício Vila Rica - Edifício Atlântida - Edifício São Nicolau - Edifício Albatroz –Edifício Vitória – Edifício Audax – Edifício Manumbi – Edifício Marahu”. 

GÁUDIO 
“Imponente, gerando a imagem de uma torre vicentina. O Gáudio é o segundo edifício mais antigo das nossas praias, inaugurado em 1948 (o primeiro foi o Edifício Icaraí). Possuía no subsolo um abrigo de proteção antiaérea e um salão de artes, no qual foram realizadas muitas exposições. 

Seu construtor foi um valoroso empreendedor imobiliário, que radicou-se em São Vicente na década de 40: Vitório Morbin. O restaurante Gáudio proporcionou muitas reuniões sociais e transformou-se num “point” de jovens e encontros comerciais. 

É, através de quase 70 anos, uma referência turística da Praia de São Vicente, que popularmente passou a ser chamada de “Gonzaguinha” no início da década de 40, porque em seu jardim – o único que existia na orla da praia – a juventude passou a fazer o seu “footing”, como já se fazia no Gonzaga, em Santos. O prefeito Polydoro de Oliveira Bittencourt, reagindo a esse tratamento diminutivo a São Vicente, denominou esse local como Largo e Jardim das Caravelas, cujo nome o povo não assimilou. Todos ainda se referem a ela, em toda a extensão, como o Gonzaguinha de quase 70 anos passados”. (Boletim IHGSV). 

As praias de São Vicente pela lente do fotógrafo Boris Kauffman nos ano 1950

 



O prédio do antigo Cassino da Ilha Porchat na Ilha que tem o mesmo nome, onde hoje se encontra o Ilha Porchat Clube (á esquerda na foto) , palco de grandes shows e da presença de grandes personalidades que viviam o "glamour" dos grandes cassinos.....ao fundo a casa da familia "Forbes" onde nasceu o antigo prefeito da cidade, Charles Souza Dantas Forbes.....estima-se que a foto seja por volta de 1936/37... (Paulo Costa- IHGSV)


NÃO EXISTEM MAIS

 MORTE LENTA DE UMA ÉPOCA PELAS DEMOLIÇÕES



Casas centenárias em ruínas causavam transtornos na cidade em 1970. Nessa época ainda era possível encontrar no centro vicentino edificações do século XVIII e XIX.


Mansão da família Robert Barhan, na rua Visonde do Rio Branco, 280
.
Casarão dos anos 1930 da rua Frei Gaspar, usado posteriormente como colônia de férias e depois demolido para dar lugar a um shopping Center. 



CASARÃO DOS AURICHIO. Foto 1: Ruínas de um palacete do início do século XX na esquina das ruas Visconde de Tamandaré com Santa Cruz, no centro da cidade. Foto 2:  Agostinho Auricchio, que residiu ali entre 1939 e 1945. Ele foi último proprietário dessa casa. Era  comerciante dono uma padaria no bairro paulistano do Pari, onde trabalhou até 1932. Veio para São Vicente nessa época indo residir com a família no bairro do Itararé. Em 1939 muda-se para o casarão da rua Visconde de Tamandaré, onde residiu até ao seu falecimento, em 1945. Foto 3: Matriarca da família Aurichio com uma neta Casamento da filha caçula de Agostinho Auricchio. O patriarca Agostinho Auricchio havia falecido há pouco tempo. Foto 4: Familiares e convidados reunidos no hall do Casarão da rua Visconde de Tamandaré, esquina com Santa Cruz.  Hall do Casarão da Rua Visconde de Tamandaré no início dos anos 1940. Foto 5. O Edifício Maria Auríchio, construído por uma incorporadora em uma parte do terrena da família. 
Acervo e informações: Selma de Brito, bisneta de Augustinho Aurichio. 







DEMOLIÇÕES NAS RUAS TIBIRIÇÁ E JOÃO RAMALHO. Há algumas décadas o centro de São Vicente ainda era um bairro residencial. Em meio ao comércio - ainda tímido  e restrito a poucas ruas e imóveis - viviam as famílias mais tradicionais da cidade, em casas, sobrados, palacetes e até mansões. Eram médicos, advogados, contabilistas, farmacêuticos, comerciantes, alfaiates, ferreiros , eletricistas, enfim, gente da classe média e alta que movimentavam diariamente  a vida econômica  vicentina. Essas duas edificações demolidas há poucos meses é prova das transformações que atingem o centro e vão se acelerar ainda mais nos próximos anos.



Residência da família de Alexander Grieg, proprietário da Agência de Vapôres Grieg e Cônsul da Noruega, em Santos. Foi demolida em 2017. 


Esquina da Freitas Guimarães com Rangel Pestana em imagem captada pelo Google antes e durante a demolição. Imagens extraídas do Google entre 2010 e 2013. 

Esta casa já na existe mais, a não ser na memória dos que se acostumaram a vê-la durante o tempo em que esteve na esquina das ruas Rangel Pestana e Freitas Guimarães, no Boa Vista. Antiga residência de veraneio, edificada em alvenaria e pedra no estilo dos antigos bangalôs europeus, a casa serviu de espaço funcional para alguns órgãos públicos da cidade e também comitês políticos em períodos eleitorais. Ultimamente especulava-se que ali seria a filial de uma famosa pizzaria santista. 

Mas, entre histórias e especulações, a bela casa vicentina não resistiu ao intenso ritmo da especulação imobiliária que toma conta bairro (o Boa Vista está relativamente mais próximo do Gonzaga do que a própria Ponta da Praia, o mais badalado bairro da orla santista). A casa foi demolida para dar lugar ao um prédio de 21 andares. No mesmo processo de aquisição e demolição, o imóvel vizinho, que lembrava um castelinho, também foi ao chão em questão de apenas algumas horas. A casa seguinte ao castelinho, de menor porte e talvez mais antiga, foi mantida intacta graças à uma dificuldade legal de comercialização. Ela ainda está lá, com o velho alpendre virado para a rua Rangel Pestana, o que provavelmente indica que era o imóvel mais antigo de todos e originalmente ocupava todo o terreno antes da construção das casas demolidas. 

Outra casa que também se foi estava na rua Gonçalo Monteiro, ao lado da agência do Itaú. Os vizinhos ficaram aliviados com a remoção, pois a situação de abandono era bem pior do que o prejuízo cultural da demolição. Enfim, aí está uma São Vicente do passado que aos poucos vai desaparecendo para surgir uma São Vicente transformada por edificações novas e que refletem o espírito sócio-econômico de hoje, como foi nas décadas anteriores. Sábado, 30 de julho de 2011 

Casa da esquina da rua Messia Assu com a Presidente Wilson,  preservada em sua estrutura, porém desfigurada com uma reforma modernizante que alterou praticamente todas as suas características originais. Pertencia ao deputado e médico Olavo Horneaux de Moura. 

A velha que casa que serviu durante anos como hotel ou motel , na avenida Presidente Wilson com Amador Bueno da Ribeira, desapareceu para dar lugar a um fast-food. 

Casa da esquina da Floriano Peixoto com Freitas Guimarães também demolida, bem como a casa vizinha, que servia de pousada. 

Campos Sales esquina com João Ramalho. Esse prédio que abrigou durante muitos anos um hotel nos altos e diversas lojas na salão de baixo foi demolido. A queda foi tão rápida e só foi percebida porque essa esquina tornou-se rota alternativa da Linha Amarela, por causa das obras do VLT. 

Casas demolidas na bifurcação das ruas Sorocabanos e Frei Gaspar. 

Casas já demolidadas nas ruas Quintino Bocaiuva e Visconde do Rio Branco no centro da cidade. 

CENTRO. Essa casa preservada na esquina das ruas João Ramalho e Visconde do Rio Branco é considerada a mais antiga da cidade. Era residência da família Ivo Roma Nóvoa, chefe da sucursal de A Tribuna em São Vicente. Já serviu de instalações de vários empreendimentos comerciais. O quintal antigo, onde se via uma velha palmeira e que servia de estacionamento agora uma nova edificação de quatro andares. Foi residência nos anos 1940 -1960 da família de Ivo Roma Nóvoa, chefe da sucursal do jornal A Tribuna em São Vicente. 
Esse antigo sobrado da Presidente Wilson, próximo do cruzamento com a Messia Assu, foi demolido para ceder espaço para uma nova edificação comercial. 


Casas geminadas na rua Djalma Dutra sofre aos poucos a desconfiguração dos traços originais. . 

Casa já demolida na Rua Gonçalo Monteiro 

Casarões da rua Ipiranga, o mais antigo dos anos 1930, à esquerda, resistiu à demolição que fez desaparecer seu vizinho, embora de estilo colonial era da década de 1960, sofrendo algumas alterações modernizantes. 
 

CASAS DA ANTIGA VILA DOS ESTRANGEIROS 

 VILA BETÃNIA- BOA VISTA


Rua Rangel Pestana



Rua Messia Assu



Viela da rua Pero Corrêa.



Avenida Presidente Wilson. 


Rua Freitas Guimarães


Rua Freitas Guimarães.



CHALÉS  DA VILA SÃO JORGE




CHALÉS E BANGALÔS. Numa época em que as serrarias e a madeira beneficiada eram abundantes; e as ferrovias eram a força dominante dos transportes, os chalés, bangalôs, casas e sobrados desse material era a melhor alternativa para o alto custo da alvenaria (tijolos e revestimentos). São Vicente era repleto dessas edificações simples e graciosas. Restam pouquíssimas em alguns bairros mais antigos. Esses exemplares ainda resistem na Vila Vila e São Jorge. 







A CONTRUÇÃO DO EDIFÍCIO INAJÁ

Registro da revista Acrópole, 1951.





Registro da Construção do Edifício Inajá em 1951 revela uma São Vicente ainda com muitas casas próximo da orla e com baixa ocupção na Vila Valença, Jardim Indepêndência e Vila São Jorge.
HÁ 70 ANOS. Edifício Inajá em dois tempos: Registro da revista Acrópole em 1951 e imagem atual pelo Google Maps. Obra do famoso arquiteto Lauro da Costa Lima.

Fotos, pesquisa e colaboração: Mário Rodrigues Júnior

Edifício Grajaú

Ilustração: revista Acrópole


Fundos do edifício na Praia dos Milionários. O recuo entre o edifício é bem mais curto do que mostra essa ilustração. O prédio foi construído sobre a areia da praia, em trreno de marinha, de propriedade da União. Originalmente era revestido de pedra goiana, muito utilizada em piso ao redor de picinas. Atualmente o revestimento é de cerâmica em cores gêlo e azul. Na foto do satélite aparece o recuo original e também o registro cadastral da rua Miguel Presgrave, supostamente desaparecida pela ação das ressacas, como foi amplamente divulgado na época da construção. Na verdade os edifícios e casas é que foram construídos na faixa de areia conforma provas fotos da década de 1930. (CALUNGAH)


QUATRO PREDINHOS DO BOA VISTA


MÁRIO RODRIGUES JÚNIOR

Morador do Boa Vista em São Vicente há oito anos, ao me deparar com uma imagem antiga do bairro em um perfil do instagram, algo me chamou a atenção. A imagem aérea, fotografada do maciço de São Vicente, retrata trechos do bairro Boa Vista, parte do Gonzaguinha e uma pequena área da Vila Valença, ainda repleta de vegetação.
Pronto! Finalmente consegui encontrar uma imagem que retratasse o local exato onde moro: a Rua Floriano Peixoto esquina com a Avenida Quintino Bocaiúva, embora o edifício nem sequer havia sido construído, exibindo na imagem um terreno com vegetação rasteira.

Em um segundo momento, algumas construções me chamaram a atenção. Perceba que, no canto esquerdo da imagem, há dois edifícios sendo erguidos na praia. Mais a esquerda, o Edifício Grajahu e na sequência, o Edifício Inajá. Ambos modificaram a paisagem urbana, precursores dos paredões de pedra deste lado da baía de São Vicente. Essas duas construções indicam que a imagem data, possivelmente, entre as décadas de 40 e 50, visto que o projeto do Grajahu foi apresentado em revistas e jornais em 1946 (1), e o Edifício Inajá foi apresentado finalizado na Revista Acrópole em 1954 (2).
(1) http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/100/11
(2) http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/193/17

Na busca da minha relação como morador desta cidade, e por me sentir pertencente a ela, acabei por me interessar por outras construções retratadas, dos quais quatro edifícios que já estavam firmes e fortes na cidade, sendo pioneiros dos “predinhos” de três andares desta área do bairro.
 
Notem que ao olhar para o centro à direita da imagem, destacam-se quatro construções de cores claras e em quadras já delimitadas. Três construções na rua Gonçalo Monteiro, respectivamente Edifício Jangada, Marco Aurélio e Primavera, este último na esquina com a rua Freitas Guimarães; e o quarto, o Edifício Itanhaém, localizado na Freitas Guimarães com a Floriano Peixoto.


Os quatro foram construídos para funções residenciais e projetados para veraneio. Com uma arquitetura simples, sem muitos ornamentos, o estilo se rendeu ao gosto da época. Muros eram inexistentes. Apenas uma pequena limitação para que o pedestre notasse a separação do uso público do privado.
Uma característica comum aos predinhos aqui mencionados é a utilização de revestimentos em pedra no embasamento. Não se sabe ao certo se esse detalhe está presente desde a concepção das construções, mas é claramente presente nos Edifícios Jangada e Marco Aurélio. Nos Edifícios Primavera e Itanhaém, é preciso um esforço maior para perceber essa peculiaridade, em razão de terem sido bastante modificados desde as suas configurações iniciais. O próprio Jangada, apesar de sua fachada revestida de pedras, teve um elevador acrescentado posteriormente para facilitar o acesso dos moradores no dia-a-dia.
Uma das hipóteses levantadas é a de que as construções deste período utilizavam esse revestimento no embasamento para evitar a umidade vinda do solo, já que os edifícios foram construídos literalmente em cima da areia da praia. Outra hipótese seria o gosto da época. É muito comum encontrarmos construções deste período no litoral, dando uma característica mais rústica e praiana às construções.
Presentes até hoje na paisagem vicentina, em meio a novos empreendimentos imobiliários, os quatro predinhos testemunharam a verticalização da cidade. Guardam características de um modo de habitar do bairro e despertam a memória afetiva das pessoas que passam ali diariamente, assim como eu, morador do Boa Vista e um eterno curioso da arte de morar.

Referências:
http://saovicentenamemoria.blogspot.com/2010/01/vila-valenca-e-boa-vista.html
http://peabirucalunga.blogspot.com/2019/07/as-orlas-do-gonzaguinha-e-itarare.html
17/02/2021
Mario Rodrigues Junior - Nascido em Santos e atual morador vicentino, Mario é apaixonado por arquitetura. Técnico em Turismo pelo SENAC (Santos, 2002), iniciou o trabalho como Guia de Turismo, atuando por 8 anos na Secretaria de Turismo da cidade de Santos. Licenciado e Bacharel em História (UNISANTOS, 2009), cursou a pós-graduação (Lato Sensu) em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável (UNINTER 2012). Atualmente é líder de projetos da de uma agência de viagens especializada em viagens de estudo do meio.

CONVITE HABITACIONAL AOS SANTISTAS








MORAR EM SÃO VICENTE RESOLVERIA A CRISE DE MORADIAS EM SANTOS. 

É o que relatava o "Repórter Calunga" da Gazeta Popular, numa edição de 1931. Provavelmente se tratava do jornalista e cronista vicentino Edison Telles de Azevedo. A reportagem descreve a crise de moradias em Santos e mostra São Vicente como alternativa para as famílias que precisavam de casas mais espaçosas e com preços acessíveis de aluguel. O repórter identifica vários pontos de obras de contrução civil na cidade - como esta rua rua João Ramalho- e também a "grandiosa Vila Santo Antônio, investimento do industrial paulista José Antônio Zuffo, com 57 prédios-modelo, construídos próximo à praça João Pessoa". O Repórter Calunga caprichou no texto, ao mesmo tempo noticioso e publicitário, mostrando aos santistas as vantagens da mudança para São Vicente, como as belezas naturais, facilidade de transporte e o tranquilo estilo de vida vicentino. CALUNGAH. (Clique e amplie para ler o artigo em detalhes).
Arquivo digital da Biblioteca Nacional. RJ

Acima alguns sobrados de Umberto Quagliasso - de 37 construídos em 1931- que sobreviveram à construção de edificio na orla do Gonzaguinha.  Abaixo Edifício Verde Mar, contruído dentro da vila de casas da viela João Ramalho, no Gonzaguinha. Recentemente recebeu uma pintura que alterou totalmente o aspecto original, como mostra esses regitros  do google street view de 2010 e 2020


PLANTAS DO EDIFÍCIO MIRANTE







Uma das cachoeiras do Sitio Voturuá. Parte do sítio foi doado por Dona Felipa Emmerich à prefeitura para que a cidade instalasse uma base de abastecimento de água. As terras do sítio foram transformadas no Horto Municipal, criado em 1954. A captação sistemática para abastecimento e a modificação das condições que permitiam o fluxo natural de água provocaram a extinção das cachoeiras. 


MATA ATLÂNTICA NO HORTO 































Museu do Escravo, que abriga escultura do artista Geraldo Albertini. 


O antigo Horto Municipal de São Vicente, hoje Parque Ecológico, volta a fazer parte do roteiro turístico da cidade. Em breve, as atrações naturais, totalmente recuperadas, e o trabalho que vem sendo desenvolvido no Parque, transformarão o local em ponto de visita obrigatória tanto para turistas como para munícipes e, principalmente, estudantes de todos os níveis. 
Com uma área de 850 mil metros quadrados de muito verde, o Parque Ecológico de São Vicente se constitui numa excelente opção de lazer. Abriga o Museu do Escravo, pequenos animais, aves, área para piquenique, estufa, viveiro, sementeira, bica de água potável, treze nascentes de água, acesso ao maior reservatório de água da Sabesp, localizado no alto dos morros Voturuá (lado de São Vicente) e Santa Terezinha (Santos), além de várias trilhas em direção à parte mais "fechada" da Mata Atlântica, onde o ar se apresenta como dos mais puros.Localizado na Rua Catalão, 620 (muitos só conhecem o acesos pela Avenida Dona Anita Costa, rua paralela à Catalão), na Vila Voturuá, o Parque Ecológico de São Vicente está aberto ao público diariamente das 8 às 18 horas, com entrada franca. 
Desde o início da atual administração, os responsáveis pelo então Horto Municipal, engenheiro Tércio Garcia Júnior (diretor de Parques e Jardins) e o chefe do Departamento de Administração do local, Idevanir dos Reis, apresentaram ao prefeito Antonio Fernando dos Reis um estudo completo visando não apenas a recuperação do Horto, mas sua transformação em Parque Ecológico. 

Transformado em Parque Ecológico em janeiro de 1991, através do artigo 275 da Lei Orgânica do Município, o antigo Horto vive novos tempos. O processo de transformação em parque ecológico não é simples. Exige uma série de cumprimentos, mas oferece maiores facilidades para negociar com os diversos órgãos governamentais, visando ao cumprimento de um dos objetivos, que é a ação conjunta para o estudo e proliferação da fauna e flora. 
Segundo pesquisas, as primeiras mudas e sementes chegadas ao horto, para enriquecimento de sua flora natural, foram enviadas pelo Serviço Florestal do Estado (horto da Cantareira) e pela Escola Agrícola "Luiz de Queiroz", de Piracicaba. Posteriormente recebeu coqueiros-anões, vindos de Ilhéus (Bahia). 



























Na floresta calunga, o Museu da Escravatura 

O Museu do Escravo é uma atração à parte no Parque Ecológico. Apresentando peças originais do tempo da escravidão, um pilão e um carro de bois, o Museu ocupa uma área de destaque. Localizado numa casa feita de taipa, seu salão reúne cerca de 800 peças feitas em argila pelo escultor Geraldo Albertini. 
Inaugurado em maio de 1976, o Museu esteve praticamente abandonado nos últimos anos, desmotivando inclusive o artista Geraldo Albertini, responsável pelo acervo ali existente. O telhado chegou a ruir, danificando várias peças. Com a nova mentalidade em desenvolvimento no Parque Ecológico, o Museu foi recuperado e reinaugurado em 19 de janeiro de 1990. 
Visitar o Museu é fazer um passeio pelo período da escravatura no Brasil. 
As peças são tão perfeitas que algumas chegam a impressionar. Com uma habilidade incrível, Albertini reproduziu várias cenas da época, usando apenas argila e suas inseparáveis ferramentas: um pente um canivete e um clipe arredondado de forma tosca e preso numa madeira. As cenas são dispostas em bancadas e numa sequência que facilita a compreensão da História do Brasil. 
A visita começa pela bancada do leilão do escravo, onde vários negros eram examinados e vendidos, e fica evidente a dor da separação dos parentes; depois a bancada do samba, quilombo, Lei do Sexagenário, capoeira, capitão-do-mato, castigo com vários instrumentos de tortura da época, inclusive o tronco; as manifestações religiosas dos negros: umbanda e candomblé; a fundação de São Vicente, a lei do Ventre Livre, a casa de farinha, o engenho de açúcar, o batuque, a Lei Áurea e a bancada da vingança - quando livres, os negros perseguem os capitães-do-mato e outros. 
Além dessas peças, outras belíssimas, como a reprodução perfeita do marco do IV Centenário da Fundação de São Vicente. O museu apresenta, ainda, uma sala de visitas com cadeiras antigas e a Santa Ceia entalhada em madeira (São Vicente, 1532-1992)

AS PRAIAS DO MACIÇO JAPUI-XIXOVÁ-ITAIPU


São Vicente ainda possui na sua orla marinha três praias que não foram alvo de especulação imobiliária e loteamentos residenciais e comerciais. Elas se localizam na área continental no bairo do Japui e Morro do Xixová, na divisa com o município de Praia Grande, que até 1969 era território vicentino. Apesar do isolamento, esse locais são próximos das áreas urbanas e, por isso mesmo, muito freqüentados por banhistas, sobretudo jovens estudantes nos finais de semana e períodos de férias. O acesso a alguma delas só pode ser feito á pé, por trilhas e estradas de terra. Empresas de turismo promovem regularmente passeios monotorados nesses locais, onde podemos ter a noção de como eram as nossa praias e matas na época que a região era habitad somente pelos silvícolas e tmabém na época da chegada dos colonizadores portugueses. 

Paranapuã ou Praia das Vacas- Possui cerca e 600 m de extensão e está localizada na encosta do Morro do Japuí, em frente à Ilha Porchat. A tranquilidade e o panorâmico de toda a baía de São Vicente São os destaques. O acesso pode ser feito de carro, pela Avenida Eng. Saturnino de Brito, que se encontra à esquerda da saída da Ponte Pênsil, no sentido Centro-Japuí. Na década de 1970 essa praia foi usada para a construção de uma unidade da antiga FEBEM Fundação do Bem Estar do Menor( atual Fundação Casa), para acolher crianças e adolescentes que cometiam delitos na região. A unidade foi desativada e transferida para a área continental. Em 2004 a mesma pria foi ocupada membros de uma comunidade indígena de Intahaém, que vieram participar de uma encenação da fundação da Vila de São Vicente. A ocupação durou até que fosse cumprida uma ordem da justiça federal , e virtude do local ser uma área de preservação. 
Praia do Itaquitanduva- Pertence Parque Estadual Xixová-Japuí, equivalendo a 300 metros dos 900 alqueires do parque. Ainda preservada, pelo difícil acesso, a praia recebe surfistas e aventureiros, que vão até ela por trilha no meio da mata. 
Prainha Porta do Sol- A menor praia de São Vicente. Pertence ao Ministério da Marinha e está fechada à visitação pública. Possui aproximadamente 100 metros de extensão e está situada bem ao lado da Praia de Paranapuã (Praia das Vacas).


PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL XIXOVÁ-JAPUI, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e UNESP. 2010.






LIMA MACHADO E O SÍTIO PARANAPOÃ


INTENDENTE LIMA MACHADO – Espírito empreendedor e altruísta

Antônio de Lima Machado, que foi Intendente e vereador em São Vicente, e a quem deve a nossa cidade benefícios de monta, não só como administrador público e legislador, mas também como homem de negócios e cidadão prestante à coletividade - Antônio de Lima Machado é a figura sobre quem recaiu a nossa escolha para ser o primeiro biografado. 
Manoel Antônio Machado, pai do nosso homenageado, veio da Ilha Graciosa, arquipélago dos Açores, Portugal, no começo do século passado, precisamente no ano de 1814, acompanhado de sua esposa, Domingas Maria da Conceição, casal que teve mais nove filhos. Instalou-se com a família, de início, na vizinha localidade de Cubatão, – na época, pouco mais que um trecho alagadiço da primitiva estrada que, mal e mal, conduzia a São Paulo. 
Novos e vigorosos, o casal de açoreanos, desejosos de progredir, dedicaram-se com afinco à lavoura, o que lhes permitiu, com o decorrer do tempo, adquirir e ampliar espaçosa área de terra para cultivo. Foi nessa altura, em 19 de novembro de 1840, que veio ao mundo aquele que constituiria o nosso biografado de hoje – Antônio de Lima Machado. Dispondo o casal, já então, de recursos que lhe permitiam melhor cuidar da educação dos filhos, puderam os pais proporcionar a esse filho uma educação mais esmerada, aproveitando os predicados de inteligência de que dava mostras. 

INSTALOU BEM MONTADO ESTÁBULO 

Com a idade de 31 anos, Antônio de Lima Machado, que não gozava de boa saúde, trocou a vida agreste da lavoura, em Cubatão, por local em que melhor pudesse refazer-se dos males que o afligiam e também dar adequado emprego aos seus conhecimentos e preparo intelectual. Nesse sentido, transferiu-se, já casado, para São Vicente, no ano de 1871, adquirindo uma residência, em espaçoso terreno, na rua 15 de Novembro, esquina da José Bonifácio (demolida aproximadamente há oito anos), que pertencia a Francisco Sá. Recuperando aos poucos a saúde, passou a desenvolver atividades várias, de compra e venda, movimentando algum capital de que dispunha, produto de trabalho ao lado de seus familiares, que continuaram lavradores em Cubatão. Ao mesmo tempo, aproveitou os amplos fundos da residência, onde valendo-se de seus conhecimentos na criação de vacas leiteiras de boa raça. Para poder apascentar as réses, cujo número ia paulatinamente aumentando, adquiriu uma fazenda, composta de várias porções de terra na Praia do Paranapoan, entre elas a que pertenceu à viúva de Francisco Xavier dos Passos, éste, em vida, também conhecido por "Chico Botafogo”. Como ainda não existia a Ponte Pênsil, o gado atravessava em jangadas apropriadas, amiudadas vezes, o canal na altura da “Pedra do Mato" até à Prainha, daí se encaminhando para a pastagem de dita fazenda. Quando as travessias não se podiam fazer, devido às fortes correntezas ou à agitação do mar, as vacas limitavam-se a pastar na várzea junto à Biquinha, local outrora conhecido por Largo 13 de Maio, hoje Praça 89 de Janeiro. Um serviçal de côr, chamado Marcos, era quem cuidava do gado e o ordenhava, ajudado nesse mister por Abelardo Pereira. 
Bem administrado, o negócio prosperou, quer com a venda do leite, quer com o periódico fornecimento de gado para abate. Sua lhaneza no trato e sua prosperidade financeira, devida àquela e outras atividades lucrativas, influíram decisivamente no conceito sempre crescente que foi alcançando, refletindo-se na vida pública e política local. 

DISTRIBUIÇÃO DE LEITE ÀS CRIANÇAS POBRES - PEDITÓRIOS 
A esposa de Lima Machado, dona Helena Anta Machado, graças ao seu feitio filantrópico e às boas maneiras no trato com os seus semelhantes, tornou-se benquista entre a população. De graça, fornecia leite do estábulo, habitualmente, às crianças mais pobres das redondezas, e Bocorria, na medida do possível, a pobreza que vinha bater-lhe à porta, não poucas vezes para que intercedesse junto ao marido, quando Intendente, para a obtenção de facilidades ou favores. Acontecia que Lima Machado, nessa função, em sua residência, na rua acima eitada, também conhecida como "Beco do Machado”, em intenção ao seu nome, era constantemente requestado com pedidos por parte de munícipes, inclusive da Praia Grande, que para isso empreendiam longas caminhadas. Nem sempre eram bem sucedidos os solicitantes, já por não dispor a Intendência de recursos suficientes para a todos atender, ja porque certas pretensões conflitavam com suas normas de administrador probo e cumpridor da lei. 
PRAIA E FAZENDA PARANAPOAN 
As paragens de Paranapoan tiveram, no passado, talvez maior movimentação e importância, na vida vicentina, guardadas as proporções, do que na atualidade. Em sucessivas épocas, ali foi, por longo tempo, senzala de escravos, com os seus senhores de engenho; plantação e colheita de cana, fabricação de açúcar mascavo e de caninha, garapa, melado, rapadura, potes, panelas e outros artefatos de barro, para uso e consumo local, ou que eram transportados em dorso de animal e negociados, a dinheiro ou em permuta de suprimentos, pelo litoral a fora e serra acima. A retirada de lenha das luxuriantes matas circunvizinhas constituía modalidade a mais de trabalho, destinada a combustível para as atividades locais, ou ser enviada, geralmente em canoas, para a redondeza, ao natural ou em forma de carvão. Tinha Paranapoan, em decorrência, uma população fixa, embora não muito numerosa, e outra flutuante, pois ali vinham, periòdicamente, mercadejar sitiantes das cercanias. 
CAPELA E ENGENHO
Como não podia deixar de ser, seguindo os ditames da doutrina cristā dos povoadores de nossas imensas plagas, lá foi erigida uma capela, levantadas as paredes com pedra bruta e firmadas com cal de ostras; as vigas eram de cerne de urucurana e fixadas com pregos de airi, ou brejauva, designação como é mais conhecida essa espécie de palmeira. Ao serem demolidas suas ruínas, pelo ano de 1912, foram encontrados, incrustados nas paredes, medalhões, moedas de bronze da época em que foi levantada a capela, escritos alusivos à ereção do pequeno templo, e uma pena de ganso, aparelhada para se poder com ela escrever, como era uso em tempos pretéritos. 
Ao que se presume, a capela teve como padroeiros Santo Inácio e Nossa Senhora da Conceição. A imagem da padroeira, que por largo tempo ali foi venerada, está ao que sabemos, desde 1913, de posse dos herdeiros do Intendente Lima Machado, residentes em São Paulo. 
Ajusante da capela, construída numa elevação, fluia um curso de água, que se despenhava mais adiante, formando uma cachoeira que movia duas rodas de engenho, uma para servir à moenda de cana e fabricação de açúcar, a que já nos referimos, outra, menor, utilizada para ralar mandioca e fabricar polvilho, como sabemos, de substancial aplica ção culinária, em doces e salgados, e na época até para fins medicamentosos. Desse empírico centro industrial, desde há muito não existe qual quer vestígio. 
Da fazenda que Lima Machado, mais tarde, adquirira na Praia de Paranapoan, onde -- como dissemos – o gado de sua propriedade, sempre que possível, ia pastar (daí a designação pela qual, até hoje, é impropriamente chamada - Praia das Vacas), - era caseiro um irmão do popularíssimo e benquisto “João do Morro", de nome Alfredo Pereira de Almeida, que sucumbiu a mortal mordedura de uma jararacuçu. Nessa praia, existiu, em longinqua era, a "Fortalezinha" ou "Casa de Pedra", Tortificação ali levantada na era colonial. 
ESCRITURA PÚBLICA - 1891 
Na escritura pública da venda do sítio Paranapoan, em 12 de Tevereiro de 1891, aparece, entre outros, o nome de Antônio de Lima Machado. Esse sitio dividia, de um lado, com a "Prainha", em frente à bôca da barra de São Vicente, e "Pasto Grande" e partia da "Fortalezinha" ou "Simiıinduba" no cume do morro.
ATIVIDADES DO INTENDENTE 
Nas suas funções de Intendente, Lima Machado percebia cem mil réis por mês, fazendo reverter essa importância em benefício da própria Intendência. Montado em seu cavalo branco “Democrata", diàriamente Inspecionava os serviços públicos. Convidava as crianças a retirar o eapim das ruas, a título de economia para a Intendência. Mandou construir uma caixa dágua no Morro dos Barbosas, à sua própria custa, poly não havia renda do município. Foi quem construiu o primeiro muro fronteiriço do cemitério local. Fundou com outros dedicados cidadãos a ex-"Escola do Povo", hoje Grupo Escolar e Ginásio Estadual, praça Cel. Lopes. 
CANDIDATO A VEREADOR 
Na sessão do Partido Republicano Governista, realizada em 12 de dezembro de 1901, Leôncio Ratto recomendava o nome do correligio nário Intendente Antônio de Lima Machado para desempenhar o cargo de vereador, levando em consideração o seu prestígio, amizade e trabalhos prestados. Assim foi organizada a seguinte chapa para sufrágio: Antônio de Lima Machado, Hermann Hayn, Leôncio Ratto e Joaquim Bento Alves de Lima, e para o têrço: Alberto Drumond e dr. Costa Barros l'ereira das Neves. Para Juiz de Paz: dr. João Antônio da Costa Dória, Joaquim Vilas Boas Sobrinho e Augusto de Carvalho. Para a referida eleição assinavam no livro competente apenas setenta e sete eleitores. 
RUA LIMA MACHADO 
Por ser difícil a passagem dos entêrros pelo caminho estreito e sinuoso então existente, o Intendente Lima Machado mandou abrir, em linha reta (1900-1901), uma rua partindo da avenida Cap. Mor Aguiar ao cemitério local. Essa via tomou o seu nome. Entretanto, não existe documentação oficial a respeito, legalizando-a. Essa rua tem agora iní eio na praça Bernardino de Campos (ex-Largo da Santa Cruz e da La Vandaria). Em 1899, na planta cadastral da cidade, constava como rua Aurora, da citada praça até a av. Cap. Mór Aguiar. 
Vereadores (em 1948 e 1964), tentaram, sem sucesso, retirar o nome de Lima Machado da placa da rua, ignorando talvez o seu passado e o seu trabalho em benefício da própria Intendência e do povo vicentino. Com o relato que hoje fazemos para conhecimento dos nossos leitores, acereditamos, esses camaristas estarão bastante arrependidos do ato im pensado que tentaram pôr em prática.
OUTRAS NOTAS 
Seu velho hábito era cortar, a canivete, pequenos pedaços de pau, e girar entre os dedos seu pequeno chaveiro. Nos seus últimos tempos, usava chapéu de palha, andava de tamancos, de bengala e em mangas de camisa. Deixando a política e o importante cargo que exerceu, continuou a ser benquisto e respeitado. 
Era sôgro do 1.° Juiz de Paz de São Vicente, Augusto Moreira de Carvalho, pelo casamento de sua filha dona Robertina Machado de Carvalho. 
Por seu falecimento, ficou a fazenda do Paranapoan para a sua filha única, dona Robertina Machado de Carvalho, tendo seu marido, quando do seu passamento, vendido as terras ao cel. Bento Nogueira, por vinte e quatro contos de réis. Hoje, naquele local, ergue-se um edifício moderno, servindo de Colônia de Férias e pertencente ao Governo do Estado. 
SEU FALECIMENTO 
O Intendente Lima Machado faleceu em São Vicente, aos 19 de outubro de 1911, com 71 anos, estando os seus restos mortais no cemitério desta cidade, em campa perpétua doada pela Prefeitura. As autoridades e o povo compareceram aos seus funerais e o comércio cerrou as portas, rendendo-lhe assim a última homenagem, numa prova frisante da estima de que gozava o prestante cidadão, grande amigo de São Vicente e de sua gente. 
10-1-1965 – Edison Telles de Azevedo. Vultos Vicentinos. 1972

Paratinga: uma ponte para o ecoturismo em São Vicente 

Cachoeiras reúnem mais de 6 mil pessoas; Prefeitura quer desenvolver projeto com a comunidade 

Diário do Litoral


 Cachoeira conhecida como ‘escorregadeira’ é uma das mais visitadas; local fica lotado aos finais de semana 

Foto: Daniela Origuela/DL 

Escondidas às margens da Serra do Mar, na Área Continental de São Vicente, três cachoeiras chegam a reunir mais de seis mil pessoas por final de semana ensolarado. Não há estrutura para os visitantes. A falta de segurança e os acidentes são constantes. Em meio aos problemas, a comunidade oferece serviços ao público e trabalha para manter o espaço livre da degradação. Na última semana, equipes da Prefeitura visitaram a região e manifestaram a intenção de desenvolver projeto de educação ambiental e turístico naquela localidade. 
“Tem tanta coisa para se fazer no Meio Ambiente que temos uma demanda excessiva de projetos. Estamos desenvolvendo uma incubadora de projetos que vai ficar responsável por fazer uma apuração mais detalhada. Para essa região de trilhas e cachoeiras temos a ideia de fazer um trabalho de educação ambiental junto à comunidade”, destacou Vitor Vitório, secretário municipal de Meio Ambiente. 
Segundo a secretária adjunta de Meio Ambiente, Silmara Casadei, que tem experiência no trabalho sustentável de coleta seletiva e com catadores no Parque Ambiental Sambaiatuba (na área do antigo lixão), são necessários estudos e parcerias para viabilizar o projeto e empoderamento da comunidade. 
“As comunidades já estão aqui, inclusive em área que seria de preservação. Precisamos trabalhar urgente para fazer o congelamento disso para que não haja mais invasões. Temos que entrar em contato com os coordenadores do parque estadual Serra do Mar. Vamos sentar e pensar um projeto para cá, mas com certeza tem que ser envolvendo as comunidades. Elas têm que se empoderar desse espaço. A degradação é grande e, às vezes, a falta de conhecimento aliada à algumas atitudes faz com que a coisa piore cada vez mais. É um trabalho de formiguinha, mas acredito que dá para fazer muita coisa”, afirmou ­Silmara. 
"Essa foi a primeira visita de reconhecimento do local. O governo tem a intenção de potencializar o ecoturismo na cidade. Verificamos que as trilhas e cachoeiras de Paratinga, até por reunir milhares de pessoas e ter uma comunidade que sobrevive dessas visitas, devem ser incluídas no projeto de tornar São Vicente sustentável e rota desse tipo de turismo no Brasil", afirmou o secretario de Turismo, Henrique Marx. 



























Comunidade 
Em Paratinga, logo que chega, o visitante encontra a cachoeira conhecida como ‘escorregadeira’. O acesso se dá por baixo do viaduto por onde passa a linha férrea. O Diário do Litoral esteve no local em dia de semana e nublado, mas, aos finais de semana, a quantidade de bicicletas, motos e carros estacionados naquela região é muito grande. São pessoas, na maioria jovens, da própria Área Continental e de bairros da Praia Grande. 
“Estou em Paratinga há dois anos. Montei um bar que é de onde eu tiro o meu sustento. Final de semana tem muita gente. Lota tudo. No meu bar ofereço tilápia, camarão, porquinho, cerveja e guaraná”, disse o comerciante Carlos Eduardo da Silva Cordeiro Gaspar, de 33 anos. 
Em frente ao bar há uma placa indicando as porções disponíveis. Logo mais à frente outra fala que é proibido jogar lixo. A sujeira que os visitantes deixam espalhada nos dias de muita frequência incomoda o comerciante. “Tento conscientizar as pessoas para não jogarem lixo. Coloco plaquinha e tudo. O problema que sofro mais é a falta de saco de lixo, de tambores para o lixo e da prefeitura recolher o lixo”, afirmou Eduardo, enquanto recolhe materiais espalhados ao lado de uma pequena lagoa. 
O morador levou a equipe da prefeitura e a Reportagem para conhecer as demais quedas d’água. O acesso se dá por trilhas. No caminho sítios, bares fechados e o barulho do trem de carga que passa na ponte férrea que fica por cima de um curso d’água que vem da serra. A água desemboca no Rio Branco. Em toda aquela região, que tem parte sob os cuidados do Parque Estadual Serra do Mar, há vestígios de ruínas históricas. “Fui estudar a história daqui. Os escravos passavam por aqui, sabia? Eles traziam banana lá de cima. Lá em cima na cachoeira tem uma roda gigante e um trilho que eles desciam banana”, afirmou.






SANTANA DO ACARAÚ







Inauguração em 1937 da Estação Ferroviária do Acaraú, área continental serrana de São Vicente. A linha ainda utilizada para cargas portuárias e industriais. Há também um pequeno núcleo de moradias atendidas pelo município. Santana do Acaraú foi uma antiga região de sitiantes vicentinos, dentre eles as famílias de Frei Gaspar (século XVIII) e do comerciante Fernando Bittencourt, agricultor e vereador no início do século XX.





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